LABOREM EXERCENS
do Sumo Pontífice João Paulo II
aos veneráveis irmãos no episcopado,
aos sacerdotes, às famílias religiosas,
aos filhos e filhas da Igreja
e a todos os homens de boa vontade
sobre o trabalho humano no 90º aniversário
da carta encíclica "Rerum Novarum"
Veneráveis irmãos e dilectos filhos e filhas:
Saúde e bênção Apostólica!
É mediante o trabalho que o homem deve procurar-se o pão quotidiano (1) e contribuir para o progresso contínuo das ciências e da técnica, e sobretudo para a incessante elevação cultural e moral da sociedade, na qual vive em comunidade com os próprios irmãos. E com a palavra trabalho é indicada toda a actividade realizada pelo mesmo homem, tanto manual como intelectual, independentemente das suas características e das circunstâncias, quer dizer toda a actividade humana que se pode e deve reconhecer como trabalho, no meio de toda aquela riqueza de actividades para as quais o homem tem capacidade e está predisposto pela própria natureza, em virtude da sua humanidade. Feito à imagem e semelhança do mesmo Deus (2)no universo visível e nele estabelecido para que dominasse a terra,(3) o homem, por isso mesmo, desde o princípio é chamado ao trabalho. O trabalho é uma das características que distinguem o homem do resto das criaturas, cuja actividade, relacionada com a manutenção da própria vida, não se pode chamar trabalho; somente o homem tem capacidade para o trabalho e somente o homem o realiza preenchendo ao mesmo tempo com ele a sua existência sobre a terra. Assim, o trabalho comporta em si uma marca particular do homem e da humanidade, a marca de uma pessoa que opera numa comunidade de pessoas; e uma tal marca determina a qualificação interior do mesmo trabalho e, em certo sentido, constitui a sua própria natureza.