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INÁCIO DE ANTIOQUIA: AOS MAGNÉSIOS |
» PARTE IV - CUIDADO COM OS JUDAIZANTES
Versão Curta Versão Longa VIII.
1Não sejais enganados por doutrinas estranhas, nem por velhas fábulas, as quais são inúteis, pois se ainda vivemos
segundo a Lei dos judeus, devemos reconhecer que não recebemos a graça. 2Ora, os diviníssimos
profetas viveram segundo Cristo Jesus e, por isso, acabaram sendo perseguidos, pois eram inspirados
por Sua graça a convencerem plenamente os descrentes de que existe apenas um Deus, que Se manifestou
por Jesus Cristo, Seu Filho, o qual é o Seu Verbo eterno - não procedendo do silêncio - e que em todas
as coisas agradou Aquele que O enviou.
VIII.
Não sejais enganados por doutrinas estranhas, "nem prestai atenção a fábulas e genealogias intermináveis", e
em outras coisas que os judeus ostentarem. "As velhas coisas se passaram; observai pois todas as coisas
se tornaram novas". Se vivêssemos ainda segundo a Lei dos judeus e a circuncisão da carne,
teríamos que negar a graça que recebemos. Ora, os divinos profetas viveram de acordo com Jesus Cristo e, por isso,
acabaram sendo perseguidos, pois eram inspirados pela graça a convencerem plenamente os descrentes de que
existe apenas um Deus, o todo-poderoso, que Se manifestou por Jesus Cristo Seu Filho, que é Seu
Verbo, não expressado mas essencial. Com efeito, Ele não é a voz de uma expressão articulada, mas uma substância
gerada pelo poder divino, e que em todas as coisas agradou Aquele que O enviou.
IX.
1Se, então, aqueles que eram educados na antiga ordem das coisas se apossaram
da nova esperança, não mais observando o sábado, mas observando
o Dia do Senhor, no qual também a nossa vida foi libertada por Ele e por Sua morte - alguns negam
que por tal mistério obtemos a fé e nele perseveramos para que ser contados como discípulos
de Jesus Cristo, nosso único Mestre - 2como seremos capazes de viver longe Dele, cujos discípulos e
os próprios profetas esperaram no Espírito para que Ele fosse o Instrutor deles? Era Ele que
certamente esperavam, pois vindo, os libertou da morte.
IX.
Se, então, aqueles que eram versados nas antigas Escrituras tiveram a esperança renovada, aguardando
a vinda de Cristo, como ensina o Senhor quando nos diz: "Se acreditastes em Moises,
deveríeis crer em Mim, pois foi de Mim que ele escreveu"; e novamente: "Seu pai Abraão regozijou-se para ver
o Meu dia e, quando o viu, alegrou-se; pois antes de Abraão, Eu Sou". Como poderíamos ser capazes de
viver sem Ele? Os profetas eram Seus servos e O previram pelo Espírito, e O esperaram
como Instrutor e também como Senhor e Salvador, dizendo: "Ele virá e nos salvará".
Portanto, não precisamos mais manter o sábado, como fazem os judeus, ou alegrar-se pelos dias de ociosidade,
pois "aquele que não trabalha, não deve comer". Também foi dito pelos [santos] oráculos: "É pelo suor da tua face que
comerás o teu pão". Mas deixe todo aquele entre vós que ainda mantém o sábado por motivo espiritual,
alegrando-se na meditação da Lei e não no descanso do corpo, admirando a obra de Deus
e não comendo coisas preparadas no dia anterior, não fazendo uso de bebidas mornas ou andando
um certo limite prescrito, não deleitando-se por dançar e aplaudir, e outras coisas sem sentido.
Porém, após a observância do sábado, deve todo amigo de Cristo observar o Dia do Senhor como festa, o
dia da ressurreição, a rainha e comandante de todos os dias [da semana]. Foi sobre isto que o profeta
declarou: "Para encerrar, o oitavo dia". [Foi nesse dia] que a nossa vida renasceu e a
vitória sobre a morte foi obtida em Cristo. Os filhos da perdição, os inimigos do
Salvador negam isto; "o deus deles é o próprio estômago, pois só pensam nas coisas terrestres", são "amantes do prazer,
e não amam a Deus; têm a forma celestial, mas negam o poder disto". Esses são
mercadores de Cristo, corruptores da Sua Palavra; abrem a mão de Jesus e o põe a venda; corrompem
as mulheres, cobiçam os bens de seus próximos e buscam insaciavelmente a riqueza; a estes [malfeitores]
deveis pedir que sejam tocados pela misericórdia de Deus através de nosso Senhor Jesus Cristo!
X.
1Assim, não sejamos insensíveis à Sua bondade. Se Ele nos recompensasse conforme as nossas
obras, certamente deixaríamos de existir. Porém, por termos tornado Seus discípulos, devemos aprender a viver de acordo
com os princípios do Cristianismo. Quem é chamado por outro nome além deste não é de
Deus. 2Abandonando, contudo, o mal, o passado, as más influências, estais vós sendo chamados a mudar de comportamento,
o qual é de Jesus Cristo. Sede temperados Nele, para que ninguém entre vós seja corrompido, já que por vosso
sabor próprio seríeis condenados. 3É absurdo professar Cristo Jesus e judaizar.
O Cristianismo não precisa abraçar o Judaísmo, mas o Judaísmo deve abraçar o Cristianismo, para que toda língua
possa professar a companhia de Deus.
X.
Assim, não sejamos insensíveis à Sua bondade. Se Ele nos recompensasse conforme as nossas
obras, certamente deixaríamos de existir. "Se Tu, Senhor, marcar as iniquidades, quem poderá ficar de pé?".
Devemos, portanto, provar a nós mesmos que merecemos o nome que recebemos (=cristãos). Quem é chamado
por outro nome além deste não é de Deus, pois não recebeu a profecia que nos
fala a respeito disso: "O povo será chamado por um novo nome, pelo qual o Senhor os
chamará, e serão um povo santo". Isto se cumpriu primeiramente na Síria, pois "os discípulos eram chamados
de cristãos na Antioquia", quando Paulo e Pedro estabeleciam as fundações da Igreja. Abandonai, pois,
a maldade, o passado, as influências viciadas e sereis transformados no novo instrumento da graça.
Permanecei em Cristo e o estranho não obterá o domínio sobre vós. É absurdo professar Jesus
Cristo com a língua e cultivar na mente o Judaísmo, que agora chegou ao fim.
Onde está o Cristianismo não pode estar o Judaísmo. Cristo é único; toda nação
que Nele crê e toda língua que O confessa é, por Ele, conduzida até Deus. E aqueles que têm
coração duro devem tornar-se filhos de Abraão, o amigo de Deus; e em sua semente todos
serão abençoados e receberão a vida eterna em Cristo.
XI.
Amados: estas coisas [que vos escrevo] - não que eu saiba algo sobre o vosso comportamento, mas
por ser inferior a vós - tem por objetivo previni-los para que não sejais fisgados pelos anzóis da
vã doutrina, mas para que possais conquistar a segurança plena a respeito do nascimento, paixão e ressurreição
que ocorreram na época do governo de Pôncio Pilatos, sendo verdadeiro e certo
que tais eventos foram efetuados por Jesus Cristo, nossa esperança, de quem jamais possais ser
afastados.
XI.
Amados: estas coisas [que vos escrevo] - não que eu saiba algo sobre o vosso comportamente, mas
por ser inferior a vós - tem por objetivo previni-los para que não sejais fisgados pelos anzóis da
vã doutrina, mas para que possais conquistar a segurança plena em Cristo, que estava com o Pai
antes de todas as eras, e que mais tarde nasceu da Virgem Maria sem qualquer intercurso com o homem.
Ele também teve uma vida santa e curou todo tipo de moléstia e enfermidade que atingia o povo, e realizou
sinais e maravilhas em benefício dos homens; e para aqueles que caíram no erro do politeísmo, Ele
permitiu conhecer o único e verdadeiro Deus, Seu Pai, e experimentou a paixão, sofrendo na
cruz em razão dos judeus assassinos, no tempo do governador Pôncio Pilatos, quando Herodes era rei.
Ele morreu e ressuscitou, e ascendeu aos céus, de volta Àquele que o enviara, e sentou-se
à mão direita de Deus [Pai]; e retornará no fim dos tempos, na glória de Deus Pai, para julgar os vivos
e os mortos de acordo com as suas obras. Todo aquele, que conhece e crê nestas coisas com total segurança,
é feliz; sejais, pois, agora, amantes de Deus e de Cristo, garantia plena da
nossa esperança, para que ninguém possa vos desviar.