Eunucos podem ser recebidos entre os clérigos, mas não serão aceitos aqueles que se castram.
CÂNON I - Se alguém, doente, foi submetido a uma operação (de emasculação) por médicos, ou se foi castrado pelos bárbaros, pode permanecer no Clero; mas, se alguém em perfeita saúde se castrou, é preciso que, se (já) foi admitido no Clero, se afaste (de seu ministério) e, doravante, não seja promovido. Mas, como é evidente, isso se aplica àqueles que premeditadamente fazem tal coisa e tomam a liberdade de se castrar; assim se alguém foi feito eunuco pelos bárbaros ou por seus senhores, e além disso se mostra digno, esse Cânon o admite no Clero.
Como é salutar ver a perenidade das posições da Igreja, vindas desde os tempos apostólicos! Confirma Balsamon que os divinos cânones apostólicos XXI, XXII, XXIII e XXIV ensinavam que não deviam ser admitidos entre os clérigos nem promovidos ao sacerdócio os que se emasculavam.
Jesus, em Mateus 19,12, diz:
Diz Daniel Butler que "o sentimento de que alguém devotado ao ministério sagrado não poderia ser mutilado era forte na Igreja Antiga: a observância dos Cânones foi tão cuidadosamente cobrada nos últimos tempos que não mais do que um ou dois exemplos foram registrados pelos historiadores."
É de se notar que o próprio Constantino mandou punir com a morte a quem praticava a emasculação.
Segundo nos relata Hefele, houve o caso de um jovem pagão recém-convertido que quis se livrar da inclinação trazida do paganismo e pretendeu se castrar para ser perfeito como os cristãos. Mas as autoridades não concordaram. Completa São Justino: "o jovem desistiu de seu propósito e, não obstante, permaneceu virgem toda sua vida".