A g n u s D e i
TEOLOGIA DOS MOVIMENTOS CATÓLICOS
CNBB
04.1997
RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA
1. Histórico
O Pentecostalismo, de longa data presente no Protestantismo, teve seu
despertar com o surgimento de novos movimentos no início do século XX, nos Estados Unidos,
difundindo-se pelo mundo. A partir de 1967 penetrou na Igreja Católica com o nome de
Renovação Carismática Católica ou Renovação no Espírito.
O início deve-se a um grupo de professores e alunos da Universidade Católica da Pensylvania e da
Universidade Católica de Indiana. Em 1967 realiza-se o primeiro Congresso do movimento. O
movimento carismático chega ao Brasil em 1972 através dos jesuítas. Fala-se hoje de cerca 40
milhões de adeptos católicos no mundo, dos quais 30% na América Latina.
Na sua organização, a RCC se apresenta em nível internacional com o ICCRO (= Internacional
Catholic Charismatic Office - em Roma); - em nível latino-americano em Bogotá com realização de
encontros cada 2 anos; - em nível nacional tem um conselho nacional de 15 membros, que se reúne
2 vezes por ano; - existem as equipes regionais de acordo com os Regionais da CNBB.
A Comissão Nacional se encontra em Brasília e consta de 7 membros, que atende as equipes
regionais, promove encontros nacionais e edita o Boletim Nacional.- Em nível local o núcleo ou
equipe de servos organiza reuniões.
2. Linhas Doutrinais
- A RCC deseja dar uma teologia trinitária, centrada porém na
pessoa e missão do Espírito Santo. Jesus, em sua humanidade, recebe o Espírito e o envia. E a
Igreja, como sacramento de Cristo, estende aos homens a unção do Cristo pelo Espírito Santo, que
permanece na Igreja como perpétuo Pentecostes. A plenitude de vida no espírito é um bem comum
da Igreja, embora nem todos se apropriem com igual intensidade. Sem Espírito e seus carismas não
há Igreja. Neste sentido todo cristão deve ser carismático. Os ministérios são carismas de modo
que não há oposição entre Igreja institucional e Igreja carismática. Propõe um sopro do Espírito
Santo para os cristãos terem uma experiência pessoal e vida da presença e ação de Deus,
fazendo-os reconhecer que Jesus Cristo é o Senhor de suas vidas, da Igreja e da história. Professa
um novo Pentecostes, levando a uma vida nova, de acordo com o Espírito.
- Valoriza a oração individual e comunitária, principalmente de louvor, a partir da vida e da Palavra
de Deus. Através de reuniões semanais e Seminários de Vida deseja evangelizar e aprofundar o
estudo da Sagrada Escritura.
- Não pretende constituir uma estrutura, mas engajar-se nas estruturas já existentes da Igreja:
CEBs, paróquias e dioceses. Põe-se a serviço da Igreja para a renovação espiritual.
- O plano de ação se desenvolve em diversos níveis com a associação dos servos, e procura se
situar diante das realidades locais, buscando assim espiritualidade e atividades variadas, quase
sempre fundamentadas no tripé: testemunho, perseverança e crescimento.
3. Avaliação
É útil recordar que o Conselho Permanente publicou orientações, ressaltando
tanto os pontos positivos, como negativos, chamando a atenção para alguns pontos considerados
essenciais. O Documento 53 da CNBB: "Orientações Pastorais sobre a Renovação Carismática
Católica" é um instrumento válido e claro para ajudar o Movimento a crescer e ser útil à Igreja.
Resumimos alguns pontos.
- Aspectos positivos
Assinalam-se os seguintes: a busca da oração individual e comunitária, o
amor à palavra de Deus, a disponibilidade à vontade de Deus, a manifestação dos carismas, a maior
união familiar, o sentido de louvor, a valorização do Espírito Santo, a redescoberta do papel de
Maria, a freqüência aos sacramentos, e o surgimento de vocações sacerdotais e religiosos.
- Aspectos negativos
- A oração em línguas pode gerar a impressão de constituir ponto alto de
espiritualidade e o dom das curas cair no curandeirismo, sem valorizar suficientemente o mistério da
cruz e o valor salvífico do sofrimento.
- O repouso no Espírito pode ocasionar um clima de histeria
coletiva e levar à debilidade psíquica, e o apelo indiscriminado aos carismas ocasionar confusões e
fanatismo, sem distinguir dom do Espírito e desvio psicológico.
- O chamado "batismo no Espírito"
pode criar confusão em relação às dimensões do sacramento do batismo.
- A fácil credibilidade em
profecias e visões podem levar as pessoas a ser joguete do vento de qualquer doutrina,
comprometendo a fé católica.
- A insistência unilateral - pneumatológica - pode deixar sombras no
mistério da Encarnação.
- O fechamento na própria espiritualidade, como única "renovada", causa
tensões na própria Igreja.
- A a interpretação da Sagrada Escrituras, sem a devida preparação e
orientação, pode gerar um fundamentalismo e um intimismo não condizentes com a fé católica.
- A insistência nos exorcismos e na ação maléfica do demônio produz a impressão de que ele é o senhor
do mundo e assim esvaziar a ação libertadora de Cristo.
- Algumas práticas, como a unção do óleo,
aclamações durante e após a Consagração, a comunhão fora da Missa, podem ser utilizadas fora do
espírito litúrgico.
Os pontos acima são reais, se não houver sólida formação ou se a coordenação da RCC não
estiver na mão de pessoas equilibradas e de preparação eclesial.
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