A g n u s D e i

PERGUNTAS E RESPOSTAS
Quando ocorre uma revelação profética contraditória em qual devemos acreditar?

  • Um irmão católico estava confuso a respeito de duas "revelações" contraditórias e me perguntou (em azul) em qual deveria acreditar. Minha resposta segue logo a seguir (em preto).

    Gostaria primeiramente de parabenizá-lo pelo valor que seu site tem para todos os católicos como fonte de informação sobre a fé cristã e o Catolicismo. Confesso que meu desconhecimento sobre a doutrina e a história da igreja fizeram com que eu me afastasse bastante da fé e do Catolicismo.

    Aproveitando a oportunidade, queria que falasse sobre a veracidade das aparições que se propagam pelo mundo. Em que e em quem acreditar? Li sobre as aparições em Medjugorje e em uma delas foi revelado que uma terceira guerra não ocorreria, mas em uma outra aparição em Porto Alegre-RS, o vidente havia dito que lhe foi revelado que a terceira guerra mundial era iminente.

    O que pensar? Sei que minha fé não deve ser apoiada por essas questões, mas estou cheio de dúvidas a esse respeito. (Rogério)

    • Você de fato tem toda a razão ao afirmar que não deve deixar sua fé ser guiada por supostas revelações, especialmente quando essas revelações não são oficialmente "reconhecidas" pela Igreja, como são os casos de Medjugorje e de Porto Alegre. Digo isso porque a era das revelações públicas terminou exatamente na época da redação do livro do Apocalipse de São João, último livro inspirado da Bíblia; todas as demais revelações posteriores são particulares e dirigidas diretamente às pessoas que as tiveram.

      Logo, a Igreja Católica não manda que todos, unanimemente, acreditem em qualquer aparição de Maria ou dos Santos, pois todas estas coisas pertencem ao campo da revelação particular e não da revelação pública. Por isso, nenhum católico pode afirmar que certa visão ou revelação é autêntica, nem mesmo os próprios videntes, que estão sendo beneficiados pelas tais visões!

      A própria Igreja demora anos e mais anos para "reconhecer" uma visão e só o faz quando não encontra nada que deturpe a sã doutrina cristã, como foram os casos de Fátima e Lourdes, e que não são, evidentemente, os casos que ocorrem ultimamente no mundo. Portanto, a Igreja, quando "reconhece" certa visão, não está obrigando a todos os católicos a reconhecê-la como legítima, mas simplesmente declarando que, naquela revelação em particular, não existe nada que se oponha à fé católica. Para isso, faz criteriosa análise dos documentos produzidos pelo suposto vidente e/ou seus partidários, bem como observa os frutos que produzem (já que é pelos frutos que se reconhece a árvore, cf. Mt 7,17). Aliás, chegou até minhas mãos, um documento de d. Aloísio Lorscheider, arcebispo de Aparecida-SP, que trata exatamente sobre esse assunto, mostrando a real visão da Igreja sobre essas modernas "revelações" que ocorrem no mundo, principalmente neste final de milênio, quando muitos pregam a conhecida frase antibíblica (pois não se encontra em parte alguma da Bíblia): "De mil passarás, a dois não chegarás".

      Ora, ninguém sabe a data do final dos tempos. Ninguém! O próprio Cristo afirmou isso clara e categoricamente ao declarar que só o Pai sabe a hora (cf. Mt 24,36) e foi por isso que Ele contou a parábola das "Dez Virgens" (Mt 25,1-13) e nos recomendou sabiamente: "Orai e vigiai" (Mc 13,33). Quantas vezes pregou-se o fim do mundo e isto não ocorreu? Ao que consta, ocorre desde a época de São Paulo (cf. 2Ts 2,1-12), passando pelos Adventistas, Testemunhas de Jeová e outras seitas, como a do Jim Jomes (que levou centenas de pessoas à morte na Guiana), incluindo, infelizmente, alguns ambientes ditos católicos... São Paulo, porém, já advertira: "Rogamo-vos, irmãos, que não percais tão depressa a serenidade de espírito e não vos pertubeis, nem por palavra profética, nem por carta que se diga vir de nós, como se o Dia do Senhor já estivesse próximo. Não vos deixeis enganar por pessoa alguma..." (2Ts 2,1b-3a). Assim, o cristão deve estar sempre preparado, como se o Dia do Senhor fosse hoje, já que não sabe - e nunca saberá! - quando será o dia e a hora exatos.

      Ora, tendo encerrado a era das revelações públicas e havendo a Igreja, legítima intérprete das Sagradas Escrituras, - contra quem, aliás, algumas "revelações" batem de frente, o que seria uma grande incoerência, já que a Igreja é a coluna e fundamento da verdade (1Tm 3,15), cuja autoridade foi dada pelo próprio Deus (Mt 16,18-19; 18,18; Jo 20,23), sendo o Cristo a própria Cabeça da Igreja (Ef 1,22; Ef 5,23; Col 1,18) - não temos necessidade de basear a nossa fé em cima de "supostas revelações proféticas", bastando-nos seguir as orientações da Igreja, que nos transmite fielmente a Palavra de Deus (Jesus disse aos Apóstolos da Sua Igreja: "Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou" [cf. Lc 10,16]).

      Até mesmo os bons frutos que algumas revelações recomendam (orações, terço, penitência etc.), já são de muito tempo conhecidos e recomendados pela Igreja, demonstrando, mais uma vez, que não precisamos apoiar nossa fé exclusivamente sobre visões e revelações, mas na Palavra de Deus divinamente revelada à Igreja e por esta transmitida a todos os homens de boa vontade.

      Espero ter respondido à sua questão, mas recomendo também a leitura da carta-circular expedida por d. Aloísio, que oferece outros detalhes de como discernir as supostas revelações que "estão" ocorrendo pelo mundo, bem como esclarecendo como certas visões acontecem. Clique no link abaixo e você será remetido automaticamente para o texto da carta que já se encontra publicada no Site do Agnus Dei desde o último dia 06 de junho de 1999:

      Carta-circular sobre visões e revelações no mundo atual, por dom Aloísio Lorscheider.

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