Gostaria primeiramente de parabenizá-lo pelo valor que seu site tem para
todos os católicos como fonte de informação sobre a fé cristã e o
Catolicismo. Confesso que meu desconhecimento sobre a doutrina e a
história da igreja fizeram com que eu me afastasse bastante da fé e do
Catolicismo.
Aproveitando a oportunidade, queria que falasse sobre a veracidade das
aparições que se propagam pelo mundo. Em que e em quem acreditar?
Li sobre as aparições em Medjugorje e em uma delas foi revelado que uma
terceira guerra não ocorreria, mas em uma outra aparição em Porto
Alegre-RS, o vidente havia dito que lhe foi revelado que a terceira guerra
mundial era iminente.
O que pensar? Sei que minha fé não deve ser apoiada por essas
questões, mas estou cheio de dúvidas a esse respeito. (Rogério)
Logo, a Igreja Católica não manda que todos, unanimemente, acreditem em qualquer aparição de
Maria ou dos Santos, pois todas estas coisas pertencem ao campo da revelação particular e não da
revelação pública. Por isso, nenhum católico pode afirmar que certa visão ou revelação é autêntica,
nem mesmo os próprios videntes, que estão sendo beneficiados pelas tais visões!
A própria Igreja demora anos e mais anos para "reconhecer" uma visão e só o faz quando não
encontra nada que deturpe a sã doutrina cristã, como foram os casos de Fátima e Lourdes, e que
não são, evidentemente, os casos que ocorrem ultimamente no mundo. Portanto, a Igreja, quando
"reconhece" certa visão, não está obrigando a todos os católicos a reconhecê-la como legítima, mas
simplesmente declarando que, naquela revelação em particular, não existe nada que se oponha à fé
católica. Para isso, faz criteriosa análise dos documentos produzidos pelo suposto vidente e/ou seus
partidários, bem como observa os frutos que produzem (já que é pelos frutos que se reconhece a
árvore, cf. Mt 7,17). Aliás, chegou até minhas mãos, um documento de d. Aloísio Lorscheider,
arcebispo de Aparecida-SP, que trata exatamente sobre esse assunto, mostrando a real visão da
Igreja sobre essas modernas "revelações" que ocorrem no mundo, principalmente neste final de
milênio, quando muitos pregam a conhecida frase antibíblica (pois não se encontra em parte alguma
da Bíblia): "De mil passarás, a dois não chegarás".
Ora, ninguém sabe a data do final dos tempos. Ninguém! O próprio Cristo afirmou isso clara e
categoricamente ao declarar que só o Pai sabe a hora (cf. Mt 24,36) e foi por isso que Ele contou a
parábola das "Dez Virgens" (Mt 25,1-13) e nos recomendou sabiamente: "Orai e vigiai" (Mc
13,33). Quantas vezes pregou-se o fim do mundo e isto não ocorreu? Ao que consta, ocorre desde
a época de São Paulo (cf. 2Ts 2,1-12), passando pelos Adventistas, Testemunhas de Jeová e
outras seitas, como a do Jim Jomes (que levou centenas de pessoas à morte na Guiana), incluindo,
infelizmente, alguns ambientes ditos católicos... São Paulo, porém, já advertira: "Rogamo-vos, irmãos, que
não percais tão depressa a serenidade de espírito e não vos pertubeis, nem por palavra profética,
nem por carta que se diga vir de nós, como se o Dia do Senhor já estivesse próximo. Não vos
deixeis enganar por pessoa alguma..." (2Ts 2,1b-3a). Assim, o cristão deve estar sempre
preparado, como se o Dia do Senhor fosse hoje, já que não sabe - e nunca saberá! - quando será o
dia e a hora exatos.
Ora, tendo encerrado a era das revelações públicas e havendo a Igreja, legítima intérprete das
Sagradas Escrituras, - contra quem, aliás, algumas "revelações" batem de frente, o que seria uma
grande incoerência, já que a Igreja é a coluna e fundamento da verdade (1Tm 3,15), cuja
autoridade foi dada pelo próprio Deus (Mt 16,18-19; 18,18; Jo 20,23), sendo o Cristo a própria
Cabeça da Igreja (Ef 1,22; Ef 5,23; Col 1,18) - não temos necessidade de basear a nossa fé em
cima de "supostas revelações proféticas", bastando-nos seguir as orientações da Igreja, que nos
transmite fielmente a Palavra de Deus (Jesus disse aos Apóstolos da Sua Igreja: "Quem vos ouve, a
mim ouve; quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou" [cf. Lc
10,16]).
Até mesmo os bons frutos que algumas revelações recomendam (orações, terço, penitência etc.), já
são de muito tempo conhecidos e recomendados pela Igreja, demonstrando, mais uma vez, que não
precisamos apoiar nossa fé exclusivamente sobre visões e revelações, mas na Palavra de Deus
divinamente revelada à Igreja e por esta transmitida a todos os homens de boa vontade.
Espero ter respondido à sua questão, mas recomendo
também a leitura da carta-circular expedida por d. Aloísio, que oferece outros detalhes de como
discernir as supostas revelações que "estão" ocorrendo pelo mundo, bem como esclarecendo como
certas visões acontecem. Clique no link abaixo e você será remetido automaticamente para o texto
da carta que já se encontra publicada no Site do Agnus Dei desde o último dia 06 de junho de
1999:
Carta-circular sobre visões e
revelações no mundo atual, por dom Aloísio Lorscheider.