Sou um varão sexagenário, nunca na minha vida, passou pela minha mente,
não questionar o Criador, mas agora, questiono o nome dado a Ele,
por gerações passadas. Lembrastes muito bem que, Moisés ao questiona-LO
a respeito do "Qual é o Seu Nome" para dizer aos filhos de Israel,
não só disse o Seu Nome, mas reafirmou que Este Nome seria lembrado de
geração em geração, eternamente. Portanto, não há desculpas, como as que
costumamos ouvir: rigoso zelo em escrever, falar e proclamar o Seu Nome para
não blasfemá-Lo. Não é verdade, pois o Eterno, já penalizava com morte,
todo aquele que assim procedesse. Faz tempos que renunciei a fé católica.
Hoje sou protestante, mas isto não me impede de conversar um pouco contigo,
sobre a Cúpula Criadora. Quais os Nomes Reais, Verdadeiros do: Pai, Filho e
Espírito Santo? Na escola aprendemos que nomes próprios de lugares e etc,
escrevem em destaque e não se traduz. Todos os nomes de pessoas ou lugares,
os tradutores (para melhor compreenção) "poderiam" ser traduzidos. Mas 3
Nomes "distintíssimos" esses jamais o homem poderia ter lançado mãos de
artifícios, para traduzi-Los. "Alexandre Thomson" disse: A tradução é
evidente o trabalho de peritos, hábeis e expertos, que procuram extrair
o verdadeiro significado do texto..."
Para mim isto é esperteza demais. Meu nome é Geraldo, aqui no Brasil e
até na "conchicinha" será o mesmo. Se o Nome do Eterno é YAHVEH, jamais
poderiam ter traduzido por Jeová, pois respeitando as regras para nomes
e estes são Especiais, deveriam ter sidos "transliterados" tão somente,
som por som, sílaba por sílaba. Mas o que fez "Roma"? A palavra "deus"
vem do latim = luminosidade, cheio de luz. No grego = Theos. Mas, o que
temos haver com o latim e grego? Optamos pelo Pai de Abraão, Isaque e
Jacó, e não o "deus" dos romanos, e muito menos o "deus" dos gregos
("poço do saber"). Agora, o hebraico é terreno sagrado. Porque fizeram
esta maldade com o Criador? Se houve um silêncilo de 400 anos, entre o
profeta Malaquias e o evangelista Mateus, quando o Criador não falou ao
homem? O que nos espera, nestes 1998 anos de rebeldia? Será que o
Todo Poderoso de Israel (título esse, conhecido pelas nações vizinhas dos
hebreus) ficou feliz em saber que, o homem mudaria o Seu Nome, em cada
lugarzinho desse planeta? Aprendí há poucos dias que a tradução literal
do nome do ex-presidente George Bush é Jorge Arbusto. E eu lhe pergunto:
ele certamente ficaria muito honrado ao chegar no Brasil, e ser
homenageado desta forma? Ou ainda, um benemérito da nossa sociedade,
que sempre se manteve oculto, mas realizando tudo pelo social, e de
repente, um espertinho querendo se aproveitar da situação do momento,
e diz que foi ele quem fez todos os benfazejos da comunidade.
Pergunto: o verdadeiro iria continuar no anonimato ou iria se manifestar?
É isso meu caro Nabeto. Alonguei um pouco, mas era preciso. Estou à busca.
Tenho orado, pedindo ao Eterno que mostre ao mundo, Seu Nome Verdadeiro.
O que me falas sobre a "mutilação" Desses Nomes?
Sinceramente, com um verdadeiro "Shalom"! (Geraldo).
Concordo contigo quanto à sacralidade do hebraico, porém não podemos nos
esquecer que a Bíblia não foi escrita apenas nessa língua: o Antigo
Testamento foi quase todo escrito em hebraico, existindo ainda algumas
passagens em aramaico e, caso consideremos os livros deuterocanônicos (que
os protestantes costumam a chamar de "apócrifos", para negar-lhes a autenticidade,
muito embora tenham existido na versão da Bíblia usada pelos Apóstolos de
Cristo [a Septuaginta]), veremos que também o grego foi usado para a
redação do A.T.; quanto ao Novo Testamento, foi todo escrito em grego
(com exceção do Evangelho segundo São Mateus, que alguns estudiosos crêem
que tenha havido uma versão em aramaico anterior ao grego). Seja como for,
a Divina Revelação foi-nos transmitida em três línguas: o hebraico,
o aramaico e o grego; no tempo de Jesus, falava-se hebraico nas sinagogas,
aramaico nas conversações entre judeus e grego nas transações comerciais
e estrangeiras (o grego seria como o latim na Idade Média e o inglês atualmente,
isto é, uma língua de extensão universal). Os judeus, como sabemos pela
História, professavam uma religião não muito aberta; quantas condenações
vemos no A.T. por um homem judeu se casar com mulher pagã? Mesmo sendo um
tanto fechada, eram proselitistas, isto é, chamavam os pagãos a aceitarem
a fé judaica; mesmo assim, estes convertidos não eram considerados como
"judeus legítimos", mas como de "segunda classe". Jesus trouxe uma
novidade, abrindo a fé cristã a todos os povos, de todas as culturas e
raças: "Foi-me dada toda a autoridade sobre o céu e a terra. Ide e fazei
discípulos as pessoas de todas as nações" (Mt 28,18-19a). Isso,
obviamente, significa pregar a Mensagem de Deus nas diversas línguas
faladas, sem, contudo, adulterá-la, não é mesmo?
Os nomes não seguem regra diferente: é permitido traduzir desde que não
se percam o sentido e não se contrariem as regras gramaticais e
ortográficas... Veja-se, por exemplo, o caso do nome Pedro: os protestantes
colocam em dúvida a autoridade de São Pedro (v. Mt 16,18) porque tal pedra
seria Jesus; porém a língua falada por Jesus era o aramaico e tanto Pedro
quanto pedra têm uma forma invariável: "kefa", tornando o trocadilho
perfeito: "Tu és KEFA e sobre esta KEFA construirei a minha Igreja" -
já nas outras línguas tornou-se variável:
(petros/petra em grego); (petrus/petram em latim); (pedro/pedra em português);
(peter/rock em inglês) e assim por diante... Note-se que, em todos os
casos, a mensagem não foi distorcida, porém todas as outras línguas
diferentes do aramaico possuem formas variáveis e abriu margem para outras
interpretações. O próprio N.T. denota certa preocupação com essas
"traduções" de nomes próprios, tanto é verdade que São Paulo afirma em uma
de suas cartas que "esteve com Cefas" (=Pedro), conservando a forma original
aramaica dentro das regras ortográficas gregas. Mesmo assim, o nome Pedro
(Petros) é frequentemente usado no N.T., em preferência ao aramaico Kefa
(Cefas), o que bem demonstra a legitimidade da tradução do nome próprio para
outra língua (no nosso caso, o chamado aportuguesamento), já que, em todos
os casos, todas essas palavras representam a mesma coisa, isto é, "pedra,
rocha".
O que não pode acontecer, porém, é inventar novas formas, distorcendo o
sentido original, como é o caso do suposto nome de Deus como "Jeová". Ora,
Deus, no A.T. revelou-se como "Aquele que É", através do nome próprio YHWH,
que os judeus conheciam como "Sacro Tetragrama", ou seja, "As Quatro Letras
Sagradas". Sempre que estavam lendo as Escrituras (no caso, os livros do A.T.)
e encontravam este tetragrama, substituíam-no por "Adonay", que significa
"Meu Senhor", em virtude da extrema reverência que tinham ao tetragrama
(diziam que era o "Nome que se via mas não se lia"). No séc. VII os
rabinos fundiram as vogais de "Adonay" ao sacro tetragrama e obtiveram a
forma "Yehowah" (Jeová, em português), já que o primeiro "A" de "adonay"
corresponde, na verdade, a um "E", por ser mudo. Contudo a pronúncia
correta do Sacro Tetragrama é Yahweh (Javé, em português), ou seja,
"Aquele que É" em hebraico (cf. Ex 3,13-17). Mesmo assim, o A.T. cita
Deus com outros nomes como Elohim, El, etc... O mesmo se dá com o nome de
Jesus que, em aramaico - língua falada no tempo de Jesus, seria Ieshua,
que pode ser traduzido também por Josué! Mas não soaria como uma "blasfêmia" ou
"heresia" para muitos cristãos dizer que "Josué é nosso Salvador" ou,
mantendo-se ao original aramaico, "Ieshua é nosso Redentor"?
Já o Espírito Santo é a "Ruah", sendo, assim, na língua falada pelos judeus,
figura feminina e não masculina como na tradução "Espírito" aceita por
gregos e latinos. Observe, contudo, que o sentido original, a existência e
a essência do Espírito Santo não foram alterados, o que legitima a
tradução. Voltaríamos ao mesmo problema do nome próprio de Pedro: "kefa"
para Pedro, figura masculina e "kefa" para pedra, figura feminina...
Será que, por causa disto, Pedro não seria homem, mas mulher? É óbvio que
não, já que a própria Bíblia prefere a forma "Pedro" (Petros) à "Cefas"
(Kefa).
Fora isso, o N.T. não cita o Sacro Tetragrama, mas prefere a palavra
"Kirios" (= Senhor) para se referir, não apenas a Jesus, mas também ao
Pai, o que nos dá a plena certeza do seguinte: devemos crer em um só Deus
Pai todo-poderoso, e em um só Senhor, Jesus Cristo, de igual substância
que o Pai, e em um só Senhor, Espírito Santo, que nos dá vida e falou
pelos profetas: três Pessoas num único Deus e Senhor, a Santíssima Trindade.
E foi assim que Jesus mandou batizar: "em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo" (Mt 28,19b). Além do mais, o próprio Jesus revelou que
tinha um outro nome, provando a sua divindade: ao ser indagado pelo
sumo-sacerdote se era o Filho de Deus, Jesus respondeu com um sonoro e
taxativo "Eu sou" (que é também uma tradução correta para "Aquele que É"),
sendo condenado à morte por blasfêmia. É bem provável que, se o N.T. fosse
também escrito em hebraico, aqui apareceria o Sacro Tetragrama: YHWH.
Com relação ao uso da palavra Deus, Teós, etc., todas elas expressam a
mesma realidade, a existência de um Ser Superior e Divino. Não interessa o
sentido etimológico que os romanos, os gregos, os persas ou qualquer outro
povo antigo davam à palavra que expressava esse Ser em sua língua original.
O que interessa é o sentido ortográfico que possibilita transmitir, da
melhor forma possível, a realidade desse Ser numa maneira que possa ser
acolhida pela cultura daquele povo. Tanto é verdade que São João, em seu
Evangelho, afirma: "No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Teós
(=Deus) e o Verbo era Teós (=Deus)" (Jo 1,1). Será que nosso Deus seria
mais um dos deuses do Olimpo? É claro que não, pois todo cristão é
monoteísta e não crê na existência de outros deuses... mas, como pregar
a Palavra de Deus por todo mundo se o mundo não compreende nem o hebraico
nem o aramaico??? Logo, o sentido etimológico de Teós para João não era o
mesmo que para os gregos, mas expressava a existência do Deus de Abraão,
Isaac e Jacó, dentro do sentido ortográfico da palavra, demonstrando a
todos os povos clássicos (já que, como disse anteriormente, o grego era
[uma língua universal] como o inglês de hoje) que Jesus é aquele Ser
Supremo encarnado e não um simples herói, criatura humana destacável,
cujos poderes fantásticos dependiam da dádiva dos deuses.
Espero ter contribuído com a sua "busca". Que Deus o abençoe e ilumine!