
A g n u s D e i
PERGUNTAS E RESPOSTAS
Não é preferível chamar Deus de "Jeová" por ser este nome mais conhecido?

Realmente, não se pode afirmar que o nome divino era pronunciado Jeová
nos tempos da escrita das Escrituras Hebraicas. No entanto, a verdade é
que não se pode afirmar também que a pronúncia correta seja Javé, como o
seu Site quer fazer as pessoas entenderem.
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Fico muito contente por ter recebido um e-mail tão extenso quanto ao
problema do verdadeiro nome de Deus! Aliás, o seu artigo é tão longo e
detalhado que certamente deveria (se é que isso ainda não ocorreu) ser
publicado junto à revista "Sentinela" ou "Despertai!", editadas pela
Sociedade Torre da Vigia! De fato, jamais imaginaria que um artigo tão
pequeno e simples, publicado na minha home-page pudesse gerar tamanho
questionamento... Mesmo assim, percebo que começamos muito bem o nosso
diálogo, pois você admite, logo de início, que "realmente, não se pode
afirmar que o nome divino era pronunciado Jeová" - como de fato nunca
foi. Contudo, ao dizer que não é possível também afirmar "que a
pronúncia correta seja Javé", como está escrito no meu site, mantenho a
minha posição inicial - que é a mesma da grande maioria dos teólogos
católicos, ortodoxos, protestantes e até mesmo judeus - ou seja, de que
o nome sagrado de Deus é Javé e vou explicar o motivo desta minha
certeza no decorrer da resposta, ao analisar cada um dos parágrafos do
seu e-mail original...
Seja qual for a pronúncia do nome de Deus, o importante é que o nome
deve ser usado, pois o próprio Jeová (ou Javé) disse que seu nome
deveria ser "declarado em toda a terra" (Êxodo 9:16; Romanos 9:17).
Também, que Jesus usava extensamente o nome divino, fica claro nas
suas palavras em oração a Jeová, registradas em João 17:6: "Eu
manifestei o teu nome aos homens." - Bíblia Sagrada, Edição Pastoral, da
Sociedade Bíblia Católica Internacional e Edições Paulinas, S. Paulo,
Brasil, 1990.
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Que Jesus conhecia a verdadeira pronúncia do nome de Deus, isso é
incontestável, afinal ele era o Filho Unigênito de Deus (aliás, o
próprio Deus - embora talvez você não o admita, se for Testemunha de
Jeová, o que não vem ao caso neste momento); podemos deduzir isso por
causa de sua íntima relação com o Pai, já que era um com Ele (cf. Jo
10,30), tendo certa vez declarado: "Quem me viu, viu o Pai" (Jo 14,9)...
Não haveria então como negar que Jesus certamente conhecia o verdadeiro
nome de Deus. Porém, querer afirmar que Jesus pregou aos quatro ventos o
nome de "Jeová" é antibíblico porque o nome "Jeová" e até mesmo o sacro
tetragrama "YHWH" não aparece em ponto algum do Novo Testamento e as 237
vezes em que ocorre no Novo Testamento segundo a "Tradução do Novo Mundo
das Escrituras" (feita pela Sociedade Torre da Vigia, de propriedade dos
Testemunhas de Jeová) são acréscimos que não se encontram no original
grego. Tais acréscimos arbitrários - assim como quaisquer outros - são
severamente condenados pela Bíblia (cf. Dt 4,2.32; Ap 22,18). E ainda
que Jesus tenha lido na sinagoga (cf. Lc 4,18) o trecho de Is 61,1-2,
onde o tetragrama aparece mais de uma vez no original hebraico, não se
pode concluir que tenha pronunciado como "Jeová" ou até mesmo como
"Javé", uma vez que naquela época já era costume substituir o sacro
tetragrama pela expressão "Adonay", que significa "meu Senhor"; com
efeito, não há nenhum indício que nos leve a crer que Jesus tenha agido
de forma diferente, pois Lucas, ao transcrever em grego a passagem de Is
61,1-2, utiliza o termo "kyrios" (=Senhor) e não o sagrado nome "YHWH".
Logo, a probabilidade de Jesus ter se referido a Deus como "Senhor" é
infinitamente maior que "Jeová" (ou até mesmo "Javé").
O título "Deus" não é nem pessoal, nem distintivo (alguém pode até
mesmo fazer de seu "ventre" um deus; Filipenses 3:19, Edição Pastoral).
No Antigo Testamento, a mesma palavra, Elo.hím, é aplicada a Jeová, o
verdadeiro Deus, e também a deuses falsos, tais como Dagom, o deus
filisteu (Juízes 16:23, 24; 1 Samuel 5:7) e Nisroque, deus assírio. (2
Reis 19:37). Por isso, apenas o nome divino YHWH designa o único Deus
verdadeiro.
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Concordo com o que você diz aqui: YHWH é o santo nome revelado por Deus;
é a identidade de Deus. Entretanto, como veremos mais adiante, tal
tetragrama, se quisermos pronunciá-lo corretamente, isto é, suprindo-o
com as vogais necessárias para a pronúncia, soará como Javé e nunca como
Jeová.
A verdade é que ninguém sabe com certeza como o nome de Deus era
pronunciado originalmente. Por que não? Bem, a primeira língua usada na
escrita da Bíblia foi o hebraico, e ao escrever a língua hebraica os
escritores escreviam apenas consoantes - não vogais. Portanto, quando os
escritores inspirados escreveram o nome de Deus, eles naturalmente
seguiram o mesmo proceder e escreveram apenas as consoantes.
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Aqui, concordo em parte: de fato, ninguém sabia, depois de tanto tempo,
como pronunciar corretamente o sacro tetragrama. Porém, tal problema não
ocorre mais hoje, como veremos mais adiante...
Enquanto o antigo hebraico era uma língua do cotidiano, isso não
apresentava nenhum problema. Os israelitas conheciam a pronúncia do
Nome, e, quando o viam por escrito, supriam as vogais automaticamente.
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Isso é um fato! Portanto, não tenho nada a opor.
Aconteceram duas coisas que mudaram essa situação. [1] Primeiro,
surgiu entre os judeus a idéia supersticiosa de que era errado
pronunciar o nome divino em voz alta; assim, ao se depararem com ele na
sua leitura da Bíblia eles pronunciavam a palavra hebraica "Adhonái"
("Soberano Senhor"). [2] Ademais, com o passar do tempo, a própria
antiga língua hebraica deixou de ser usada na conversação diária, de
modo que por fim se perdeu a pronúncia hebraica original do nome de
Deus.
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Concordo com a segunda parte - que na realidade é mais um fato que se
acrescenta ao parágrafo anterior e que pode ser comprovado
historicamente. Discordo, porém, da sua primeira parte: não se trata de
superstição, mas de uma prática piedosa, de profundo respeito e
reverência, pois queriam observar escrupulosamente ao disposto em Ex
20,4, evitando de pronunciar o Santo Nome em vão. Tal atitude também não
poderia ser classificada como "mera tradição humana", pois tinha como
ponto central aumentar e aprofundar o respeito a Deus. Além do mais, se
fosse realmente uma superstição, certamente Cristo teria se expressado
sobre tal erro, principalmente quando ensinou seus discípulos a orar o
Pai-Nosso: quando ele diz "santificado seja o teu Nome", não complementa
nem com Kyrios (Adonay) e muito menos com YWHW; prefere simplesmente
omitir o Nome... Por que ele perderia momento tão precioso para desfazer
a superstição se esta realmente existisse?
A fim de assegurar que a pronúncia da língua hebraica como um todo não
fosse perdida, eruditos judaicos da Segunda metade do primeiro milênio
AD inventaram um sistema de pontos para representar as vogais ausentes,
e os colocavam em volta das consoantes na Bíblia hebraica. Por
conseguinte, eram escritas tanto as vogais como as consoantes, e a
pronúncia, como era naquela época, foi preservada.
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Perfeito! Estes eruditos judeus a que você se refere chamam-se
"Massoretas" e as Escrituras Sagradas do Antigo Testamento que
compilaram chamam-se "Texto Massorético". Porém é importante observar
que o texto massorético data do séc. X, mais precisamente do ano 916 dC,
quase 1100 anos depois do último livro do Antigo Testamento (o livro da
Sabedoria) ter sido escrito, por volta do ano 150 aC. Em 1100 anos a
pronúncia pode variar e muito! Veja-se, por exemplo, a língua latina:
existem 3 formas de pronúncias: a romana, a tradicional e a restaurada.
Quer ter uma idéia da diferença da pronúncia em cada uma delas? Na
tradicional o C tem som de Q; na romana o C soa como TCH; e na
restaurada o C soa como K. Quem pode, então, garantir que a pronúncia
dos Massoretas era a mesma dos tempos bíblicos? Fora isso, é bom
observar o objetivo original dos massoretas ao acrescentar as vogais de
Adonay ao sacro tetragrama: eles queriam que os leitores se lembrassem
que, ao encontrar o tetragrama, deveriam pronunciar Adonay; jamais
tiveram a intenção de inventar um novo nome para Deus, chamando-o
erroneamente de Jeová.
No caso do nome de Deus, em vez de colocar em volta dele os corretos
sinais de vogal, na maioria dos casos eles colocavam outros sinais de
vogal para lembrar ao leitor que ele devia pronunciar "Adhonái". Disso
se originou a forma "Iehouah", e, finalmente, "Jehovah" (Jeová) se
tornou a pronúncia aceitável do nome divino, em português. Este retém do
hebraico original os elementos essenciais do nome de Deus.
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O que você falou acima eu já havia falado no artigo que você tenta
contestar. Só está, aliás, reforçando o que eu já havia dito. Por outro
lado você diz que Jeová se tornou a pronúncia aceitável... Poderia ser
verdade entre os séc. XVI e XIX quando, por influência do texto
massorético e do costume citado acima, as pessoas adotaram o costume de
chamar a Deus de Jeová; porém, tais pessoas tinham um bom motivo:
desconheciam os conhecimentos linguísticos que hoje temos. Aliás a
própria comissão de tradutores dos Testemunhas de Jeová, em 1950,
declaram: "Se bem que favoráveis à opiniões de que a pronúncia 'Yahweh'
(em português 'Javé') seja A MAIS CORRETA, nós preferimos adotar a
forma 'Jehovah' (em português 'Jeová') pelo fato de já ser bem
conhecida pelo povo desde o fim do século XVI" (Introdução da 'The
Kingdom Interlinear Translation of the Greek Scriptures', pág. 23). Veja
que interessante: descobre-se o verdadeiro Nome de Deus só que este é
deixado de lado pelo simples fato de que o nome anterior é mais
conhecido... Que lógica existe nisto? Na verdade, acabaram trocando o
Nome pelo apelido... Logo torna-se inaceitável chamar Deus de Jeová pois
sabe-se que seu verdadeiro nome é Javé! Se for para continuar a chamar
Deus de Jeová, que não é o seu Nome, é muito melhor continuar com a
forma primitiva de Adonay ou Kyrios, que significa Senhor.
De onde, no entanto, se originaram pronúncias tais como Iavé? Essas
são formas que têm sido sugeridas por eruditos modernos que procuram
deduzir a pronúncia original do nome de Deus. Alguns "embora não todos"
acham que os israelitas antes da época de Jesus provavelmente davam ao
nome de Deus a pronúncia de Iavé. Mas, ninguém pode ter certeza. Talvez
o pronunciassem assim, talvez não.
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Já vimos que os eruditos modernos se baseiam em estudos linguísticos -
logo, numa base científica - e não como fizeram os antigos massoretas
que - embora não possamos deixar de exaltar o trabalho que fizeram - não
tinham fundamento nem conhecimento científico para isso.
Não obstante, muitos preferem a pronúncia Jeová. Por quê? Porque tem
um uso corrente e uma familiaridade que Iavé não tem. Não seria melhor,
porém, usar a forma que talvez se aproxime mais da pronúncia original?
Realmente não, pois este não é o costume relacionado com nomes bíblicos.
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Essa é boa! Quer dizer que você encontra uma pessoa que faz tempo que
não e, por isso, não lembra do bem do nome. Como ela possui uma memória
melhor que a sua, esta pessoa te trata pelo nome, e você, para não ficar
mal, resolve chamá-la de Maria ao invés de Marina. É lógico que, da
primeira vez, muito provavelmente ela não levará isso pois, afinal, faz
muito tempo que vocês não se vêem. Mas, se você continuar a chamá-la de
Maria, certamente uma hora ela virá a te corrigir, não é mesmo? E se, no
próximo encontro você a chamar novamente de Maria? Não ficará chato?
Afinal ela te disse qual era o seu verdadeiro nome... E se em todo
encontro você a chamar de Maria - já sabendo muito bem que o nome dela é
Marina - você realmente crê que uma hora ela não ficará ofendida? Veja
que, agora há pouco, você afirmou que os judeus adotaram o péssimo
costume (superstição) de chamar a Deus de Adonay. O que dizer então
daqueles que insistem em chamar a Deus pelo nome errado e - pior ainda -
fazem questão de propagar o nome errado ao invés do nome correto?
Para tomar o exemplo mais proeminente, considere o nome de Jesus. Sabe
você como a família e os amigos de Jesus se dirigiam a ele na
conversação diária enquanto se criava em Nazaré? A verdade é que nenhum
humano sabe com certeza, embora possa ter sido algo parecido com Ieshua
(ou talvez Iehoshua). Certamente não era Jesus.
Contudo, quando os relatos de sua vida foram escritos na língua grega,
os escritores inspirados não tentaram preservar aquela pronúncia
hebraica original (Ye·shú·a`). Em vez disso, traduziram o nome em grego,
'Ihsoun' (Iesoún). Hoje, é traduzido de maneiras diferentes, de acordo
com o idioma do leitor da Bíblia. Os leitores da Bíblia em inglês
encontram Jesus (pronunciado Djísus). Os italianos escrevem Gesù
(pronunciado Djesu). E os alemães escrevem Jesus (pronunciado Iêsus).
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Deixe-me fazer uma pergunta: ao escrever este tratado você está se
baseando no livreto dos Testemunhas de Jeová chamado "O Nome Divino..."?
Parece-me que sim, pois o que você está falando se encontra nas páginas
9 e 10 do citado livro. Muito bem... vamos falar sobre o nome de
Jesus... Você está me fazendo um grande favor ao colocar o nome de Jesus
(Ieshua ou Iehoshua) na questão. Toda Bíblia - seja qual for a tradução
- tem o costume de conservar a pronúncia mais próxima do original: ainda
que os israelitas pronunciassem 'Ieshua', o FATO é que os gregos
pronunciavam 'Jesous'. Esta última pronúncia, entranto, reproduz um
excelente conhecimento do hebraico, pois conserva suas consoantes e
vogais. Por isso temos 'Iesus' em latim, 'Jesus' em português, 'Jesùs'
em espanhol, 'Jesus' em inglês e alemão, e 'Gesù' em italiano; portanto,
ainda que seja pronunciado de forma diferente em cada uma destas
línguas, a verdade é que a forma do nome não foi alterado.
Devemos parar de usar o nome de Jesus porque a maioria de nós, ou
mesmo todos nós, não conhecemos realmente a sua pronúncia original? Até
agora, nenhum tradutor sugeriu isso. Gostamos de usar o nome, pois ele
identifica o amado Filho de Deus, Jesus Cristo, que deu sua vida por
nós. Seria dar honra a Jesus remover toda menção de seu nome na Bíblia e
substituí-lo por um mero título como "Instrutor", ou "Mediador"?
Naturalmente que não! Podemos relacionar-nos a Jesus quando usamos seu
nome da maneira geralmente pronunciada em nosso idioma.
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Como já expliquei acima, o nome de Jesus - seja a língua que for - está
correta pelo simples fato de que continua fiel ao nome original em
hebraico, mantendo inclusive as vogais e consoantes. Ocorre que o mesmo
não se dá com o nome de Deus, aliás com o nome "Jeová", pois as vogais A
e E - que os tradutores mais competentes têm a certeza de que existem -
simplesmente desapareceram sem deixar vestígios neste caso...
O mesmo se pode dizer de todos os nomes que lemos na Bíblia. Nós os
pronunciamos na nossa própria língua e não tentamos imitar a pronúncia
original. Assim, falamos "Jeremias", não Yir"me"yá"hu. Similarmente,
dizemos Isaías, embora nos seus dias este profeta provavelmente fosse
conhecido por Yesha`"yá"hu. Mesmo os eruditos cientes da pronúncia
original desses nomes usam a pronúncia moderna, não a antiga, ao falar
deles.
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Não! Você está confundindo as coisas! A Bíblia está repleta dos chamados
"nomes teóforos", nomes compostos com o nome de Deus. Isaías realmente
provém de "Iesha-Iahu", que significa "Javé Salva". Ocorre que, quando
"Iahu" se encontra no início da palavra, adquire a pronúncia "Ieh",
segundo a regra fonética da gramática hebraica, segundo a qual a vogal A
no início da palavra adquire o som de E. É o que ocorre, por exemplo,
com o nome de Jesus: "Ieh-shua", ou seja, a primeira parte "Ieh" nada
mais é do que a abreviação de Javé, isto é, "Iah".
E o mesmo se dá com o nome Jeová. Embora a moderna pronúncia Jeová
talvez não seja exatamente igual à pronúncia original, isto de modo
algum detrai da importância do nome. Este identifica o Criador, o Deus
vivente, o Altíssimo, a quem Jesus falou: "Nosso Pai nos céus,
santificado seja o teu nome." (Mateus 6:9).
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Negativo!! Observe-se o que acontece em alguns fragmentos da Septuaginta
(tradução grega do AT) encontrados em Qumran e datados do séc. I aC: o
tetragrama YHWH ao invés de ser convertido para "Kyrios" (Senhor), como
é o usual, é simplesmente transcrito para IAO - a forma hebraica
abreviada de Javé, ou seja, "Iah". Este termo também é usado por Diodoro
Sículo (que viveu antes de Cristo). Já Santo Irineu (+ 202 dC), Orígenes
(+ 253 dC) e São Jerônimo usaram "Jaho". São Clemente de Alexandria (+
214 dC) usou "Iaové". Epifânio (+ 403) e Teodorerto de Ciro (+ 438)
usaram a forma "Iabé", de acordo com a pronúncia dos samaritanos. Por
essas e outras, os competentes estudiosos garantem que o nome próprio de
Deus é "Javé" e jamais "Jeová".
Embora muitos tradutores prefiram a pronúncia Iavé, a Tradução do Novo
Mundo, e também várias outras traduções, continuam o uso da forma Jeová
(Jehovah) por causa da familiaridade do povo com ela, por séculos.
Ademais, ela preserva, como outras formas, as quatro letras do
Tetragrama, YHWH ou JHVH.
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Tal apêgo à tradição não justifica o erro de chamarmos Deus pelo nome
incorreto. Enquanto você não tem a certeza do que é certo, até passa;
mas, depois de descobrir o erro, continuar nele e propagá-lo é coisa
injustificável ao extremo. No caso da Tradução do Novo Mundo é muito
pior, pois insiste, nas novas edições, em manter o nome errado,
inclusive nos lugares onde ele simplesmente não aparece no original (com
destaque especial para o Novo Testamento). Outras sociedades bíblicas
protestantes vêm alterando Jeová para Javé (ou Iahweh) ou mantêm o termo
"Senhor". É como diz o ditado: "errar é humano; mas persistir no
erro...".
Antes disso, o professor alemão Gustav Friedrich Oehler tomou uma
decisão similar, basicamente pelo mesmo motivo. Ele analisou várias
pronúncias e concluiu: "Deste ponto em diante eu uso a palavra Jeová,
porque, na verdade, este nome agora se tornou mais comum no nosso
vocabulário, e não pode ser suplantado." - Theologie des Alten
Testaments, segunda edição, publicada em 1882, página 143.
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Estou me convencendo, cada vez mais que você andou lendo muito o livro
"O Nome Divino". A afirmação do prof. Oehler não procede pelo simples
fato de se apegar a uma tradição errônea - aliás, errônea ao máximo -
baseada no ideal e não no real. Lembra-se da história de chamar a pessoa
pelo nome errado mesmo depois de descobrir o nome certo??
Similarmente, em sua Grammaire de l'hébreu biblique, edição de 1923,
numa nota ao pé da página 49, o erudito jesuíta Paul Joüon diz: "Nas
nossas traduções, em vez da (hipotética) forma Yahweh, temos usado a
forma Jéhovah . . . que é a forma literária convencional usada em
francês." Tradutores bíblicos em muitos outros idiomas usam uma forma
similar.
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1923?? Reafirmo o que disse imediatamente acima...
É, então, errado usar uma forma como Yahweh (Iavé)? De modo algum.
Dá-se apenas que a forma Jeová provavelmente encontrará uma reação mais
rápida por parte do leitor porque é a forma que se tornou "comum" na
maioria dos idiomas. Além disso, o objetivo das palavras é transmitir
idéias; em português, o nome "Jeová" identifica o verdadeiro Deus,
transmitindo esta idéia mais satisfatoriamente, hoje em dia, do que
qualquer dos substitutos. De acordo com isso, o Dicionário Etimológico
da Língua Portuguesa diz: "A forma Jeová, porém, está tão usual, que
seria pedantismo empregar Iavé ou Iaué, a não ser em livros de pura
filologia semítica ou de exegese bíblica." Até mesmo Castro Alves,
escritor brasileiro do século 19, usou o nome divino em seus escritos.
Um exemplo é o seu poema O Livro e a América, da sua obra Espumas
Flutuantes: "Cansado doutros esboços/ Disse um dia Jeová:/ "Vai,
Colombo, abre a cortina/ "Da minha eterna oficina.../ "Tira a América de
lá.""
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Castro Alves? Séc. XIX? Idem ao anterior... :)
A coisa importante não é qual forma do nome usamos para identificar o
único Deus verdadeiro, antes é que usemos o nome e o declaremos a
outros. "Agradeçam a Javé, invoquem o seu nome, contem aos povos as
façanhas que ele fez, proclamem que seu nome é sublime." (Isaías 12:4,
Edição Pastoral, o grifo é meu).
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Faço, então duas observações: se não importa a forma como chamamos ao
único Deus verdadeiro isso significa que eu posso chamá-lo de Alá?
Afinal os muçulmanos também são monoteístas... Ora, se você insiste em
dizer que devemos "usar o nome de Deus e declará-lo aos outros", como
posso fazer isso espalhando um nome que hoje todos (com exceção quase
que exclusiva dos Testemunhas de Jeová) consideram como errado??? É mil
vezes melhor espalhar o título de Senhor, que demonstra a eterna e
inalcançável soberania de Deus, do que propagar injustificadamente o
nome incorreto, para incorrer na ira divina! Você acha importante e
necessário usar e declarar o nome do Senhor? Pois muito bem: use o nome
correto! Ah! E comece a propagá-lo aos Testemunhas de Jeová até que
mudem para "Testemunhas de Javé".
Com respeito ao uso do nome Jeová, em traduções da Bíblia, veja o que
diz o livro Jeová dentro do Judaísmo e do Cristianismo, de Assis Brasil:
"Depois de muitos anos e talvez séculos de omissão nas Bíblias do nome
Jeová, as suas testemunhas modernas formam a única religião cristã a
tomar essa postura de restabelecimento do tetragrama." Porque outras
religiões o omitiram das suas Bíblias? "O nome de Deus foi subtraído",
diz Assis Brasil, "ou por superstição . . . ou mesmo por má-fé, ou ainda
por uma exaltação concentradora do nome de Jesus e de sua mãe, Maria".
No entanto o Sr. Brasil salienta: "Na língua portuguesa, a omissão do
nome de Deus foi reparada integralmente na Tradução do Novo Mundo das
Escrituras Sagradas."
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Desculpa a franqueza: mas essas afirmações são absurdas, tomadas sem
qualquer base... Será que o sr. Brasil também concorda com as
adulterações ao texto original do Novo Testamento, incluindo
arbitrariamente a palavra "Jeová" em centenas de passagens? Ao que
parece, sim... Logo, não há como levar à sério tal invectiva...
Que o nome divino, na forma Jeová, tem sido a forma mais popularmente
aceita em português, se mostra no uso que se faz dela em jornais e
periódicos seculares. A revista Veja usa o nome, por exemplo, na edição
1489 (2/4/97): "Na travessia do deserto, conduzida por Moisés, o povo de
Israel tem diante de si uma nuvem a apontar-lhe o caminho, alimenta-se
de maná, um milagroso alimento que cai do céu, e bebe água que jorra das
pedras. São milagres sobre milagres, a atestar a presença permanente de
Jeová. Não teria cabimento perguntar se aquele povo acreditava em Deus.
E, no entanto, dá-se um fenômeno espantoso, ressaltado por Friedman: a
geração do deserto está sempre a reclamar, ou a trair Jeová adorando
falsos deuses." Outro exemplo, um jornalista, escrevendo no jornal
Diário do Nordeste, se sentiu induzido a perguntar: "Deus tem um nome,
sabia? Sim. O nome divino é Jeová." Exemplos não faltam para mostrar que
a forma Jeová do nome divino é bem aceita. Veja partes de um grande
jornal do país, a Folha de São Paulo: "A grafia correta do nome de Deus
é Javé ou Jeová, e não Iavé." (18/04/98); "Aleluia quer dizer "louvai
jubilosamente a Jeová" (29/09/97); "A sociedade está pasma diante da
corrupção que diariamente explode em todos os lugares, em todos os
níveis. Se houvesse um Jeová necessitado de promover um dilúvio, parece
que não encontraria um justo entre nós."- 14/06/98, os grifos são meus.
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E desde quando tais periódicos são exemplos de fidelidade bíblica? Muito
pelo contrário, em suas matérias costumam muito mais deturpar a fé do
que a promovê-la... Poderia citar uma "pá" de publicações que grafam o
nome divino como Javé ou, como é mais comum, Senhor, mas isso faz-se
desnecessário, afinal papel aceita tudo, não é mesmo. Mas qual a
diferença afinal? 1. Fidelidade; 2. Conhecimento.
A pronúncia Jeová é também corroborada por outros nomes próprios em
hebraico. Na língua hebraica, o nome divino é escrito YHWH. Estas quatro
letras, lidas da direita para a esquerda, são comumente chamadas de
Tetragrama. Muitos nomes de pessoas e de lugares na Bíblia contêm uma
forma abreviada do nome divino. Será que é possível que esses nomes
próprios nos possam fornecer alguma indicação de como se pronunciava o
nome de Deus?
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Já falei sobre isto um pouco mais acima e vimos que favorece a Javé e
não a Jeová... Releia o texto, por favor...
De acordo com George Buchanan, professor emérito no Seminário
Teológico de Wesley, Washington, DC, EUA, a resposta é sim. O Professor
Buchanan explica: "Na antiguidade, os pais muitas vezes davam aos filhos
o nome de suas deidades. Isto significa que pronunciavam os nomes dos
filhos assim como se pronunciava o nome da deidade. O Tetragrama foi
incluído em nomes de pessoas, e eles sempre usavam a vogal do meio."
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Perfeito! Já vimos isso também...
Considere alguns exemplos de nomes próprios encontrados na Bíblia, que
incluem uma forma abreviada do nome de Deus. Jonatã (Jônatas, Edição
Pastoral), que aparece como Yoh.na.thán ou Yehoh.na.thán na Bíblia
hebraica significa "Yaho ou Yahowah deu", diz o Professor Buchanan. O
nome do profeta Elias é "E.li.yáh ou "E.li.yá.hu no
hebraico. Segundo o Professor Buchanan, o nome significa: "Meu Deus é
Yahoo ou Yahoo-wah." De modo similar, o nome hebraico para Jeosafá é
Yehoh-sha.phát, significando "Yaho julgou".
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Observe o "Iaho" acima (que você escreveu como "Yaho") e observe como
concorda com o que eu disse alguns parágrafos acima, quando falei sobre
Iah, Ieh, IAO, Iaho, Iaové e Iabé. Portanto, não podemos jamais admitir
a forma Jeová, mas apenas Javé.
A pronúncia do Tetragrama com duas sílabas, como "Javé" (ou
"Yah.weh"), não permitiria a existência do som da vogal o como parte do
nome de Deus. Mas, nas dezenas de nomes bíblicos que incorporam o nome
divino, o som desta vogal do meio aparece tanto nas formas originais
como nas abreviadas, como em Jeonatã e em Jonatã. De modo que o
Professor Buchanan diz a respeito do nome divino: "Em nenhum caso se
omite a vogal oo ou oh. A palavra era às vezes abreviada como ";Ya", mas
nunca como "Ya-weh". . . . Quando o Tetragrama era pronunciado com uma
só sílaba, era "Yah"; ou "Yo". Quando era pronunciado com três sílabas,
era "Yahowah" ou "Yahoowah". Se fosse alguma vez abreviado a duas
sílabas, teria sido como "Yaho" - Biblical Archaeology Review.
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Número de sílabas?? Estará o prof. Buchanan defendendo a tese de que
palavras de alfabetos distintos devem manter as mesmas sílabas para
expressar o mesmo nome? Espero que não porque senão gostaria de saber
por que Carlos possui 2 sílabas e Karl (alemão) possui apenas 1... E por
que Lutero tem 3 e Luther (inglês) tem 2? Sem comentários...
Esses comentários nos ajudam a entender a declaração feita pelo
hebraísta Gesenius, no seu Dicionário Hebraico e Caldaico das Escrituras
do Velho Testamento (em alemão): "Os que acham que YHWH [Ye-ho-wah] era
a pronúncia real [do nome de Deus] não estão totalmente sem base para
defender sua opinião. Assim se podem explicar mais satisfatoriamente as
sílabas abreviadas [Ye-ho] e [Yo], com que começam muitos nomes
próprios."
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Gesenius? Em que ano ele declarou isso? Sob quais condições?
No entanto, na introdução da sua recente tradução de The Five Books of
Moses, Everett Fox salienta: "Tanto as tentativas antigas como as novas,
para recuperar a pronúncia "correta" do nome hebraico [de Deus], não
foram bem-sucedidas; não se pode provar conclusivamente o "Jeová" que se
ouve às vezes, nem o padrão erudito "Javé" ["Iahweh"]."
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Parece-me que você está retirando citações do "arco da velha", um tanto
quanto defasadas, talvez anteriores a 1950... Deixe-me, novamente,
repetir o que disse a comissão de tradutores dos Testemunhas de Jeová,
em 1950: "Se bem que FAVORÁVEIS às opiniões de que a pronúncia 'Yahweh'
(em português 'Javé') seja A MAIS CORRETA, nós preferimos adotar a
forma 'Jehovah' (em português 'Jeová') pelo fato de já ser bem
conhecida pelo povo desde o fim do século XVI" (Introdução da 'The
Kingdom Interlinear Translation of the Greek Scriptures', pág. 23). -
grifos e parenteses meus. É realmente uma pena que a Tradução do Novo
Mundo das Escrituras tenha eliminado esse comentário... Deve ter
suscitado algumas discussões internas...
Por tudo isso que já foi colocado, fica claro que está escrito no Site
é preconceito, semelhante à declaração publicada no Katholische
Bilderpost (periódico católico da Alemanha): "O nome de Deus, porém, que
eles [as Testemunhas de Jeová] mudaram para "Jeová" é simples invenção
desta seita." (24 de agosto de 1969) Esta declaração do periódico
católico alemão, além de cheirar a preconceito religioso, revela também
péssima pesquisa, visto que, conforme o próprio Site menciona, o
primeiro escritor a usar o termo "Jehova" foi Raimundo Martini, no seu
livro Pugeo Fidei, em 1270, um frade católico da ordem dos dominicanos,
obviamente não era Testemunha de Jeová! - (Antonio Carlos)
-
Não tive acesso ao artigo do referido jornal. Mas seja como for, se por
um lado não se pode afirmar que os Testemunhas de Jeová foram os
inventores do nome "Jeová", por outro é impossível negar que são os
Testemunhas de Jeová as pessoas que mais insistem em propagar o nome
errado de Deus, ainda que saibam e reconheçam que Javé é a forma correta
do Novo Divino... No fundo no fundo, o que houve foi uma mudança de
tática: se antes "Jeová É a versão portuguesa do tetragrama hebraico
JHVH" (Raciocinamos Fazendo Uso das Escrituras, pág. 155), agora -
diante das provas inconstestáveis de que o verdadeiro nome de Deus é
Javé - preferem dizer "a pronúncia original do nome de Deus não e mais
conhecida [...] isto não é importante" (O Nome Divino que Durará para
Sempre, pág. 47). Finalmente, o fato do nome Jeová ter sido usado por
algum escritor católico da Idade Média não dá autoridade para nós
usarmos tal nome atualmente, justamente porque hoje - graças aos avanços
da ciência - sabemos que o nome está incorreto; quanto ao antigo
escritor, ele não incorreu em erro ou culpa simplesmente porque não
possuía o mesmo nível de conhecimento que temos hoje...
