A g n u s D e i

ORIENTAÇÕES PASTORAIS SOBRE A
RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA
CNBB
27.11.1994

I
O ESPÍRITO SANTO NO MISTÉRIO E NA VIDA DA IGREJA

7. Mistério da Igreja surge na história pela missão do Filho de Deus e do Espírito Santo. Enviado pelo Pai, o Verbo Divino assume a natureza humana para instaurar o Reino de Deus na terra e instituir a Igreja a seu serviço, como "germe e princípio" desse Reino ( cf. LG, 5b). Enviado pelo Pai e pelo Filho, o Espírito Santo vivifica a Igreja e a faz crescer como Corpo Místico de Cristo (LG, 8).

8. Estando para consumar a obra que o Pai lhe confiara, Jesus promete o envio do Espírito Santo que continua e aprofunda a própria missão de Cristo (cf. Jo 14,17.26). Ele não falará por si mesmo, mas ensinará e recordará aos discípulos tudo o que Jesus lhes disse (cf. Jo 14,26). Ele glorificará Jesus porque receberá o que é de Jesus e o comunicará (cf. Jo 16,14).

9. Em Pentecostes, pela força do Espírito Santo, os Apóstolos se tornam testemunhas da Ressurreição (cf. At 1,8; 5,32) e a Igreja-comunhão inicia a sua missão, espalhando-se pelo mundo com dons e carismas diferentes. "Jesus continua sua missão evangelizadora pela ação do Espírito Santo, o agente principal da evangelização, através de sua Igreja"(CNBB, Doc. 45, 255). O Espírito Santo, protagonista de toda missão eclesial (RMi, 21) leva a Igreja a "evangelizar com renovado ardor missionário".

10. O Espírito Santo é o intercessor que nos introduz na vida da Trindade, para a realização do projeto de Deus, na adoção filial, na glorificação dos filhos de Deus e da própria criação (cf. Rm 8,19-27). Faz de cada cristão uma testemunha (cf. At 1,8 e 5,32), gera dinamismo interior nos Apóstolos, tornando-os os primeiros evangelizadores na expansão missionária da Igreja, realiza a unidade entre os que crêem para que sejam "um só coração e uma só alma" (At 4,32) e para permanecerem unidos "na doutrina dos Apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações" (At 2,42). Habitando em nós (cf. Rm 8,9), faz morrer as obras do pecado (cf. Rm 8,12). Ele comunica a verdadeira paz, que é comunhão na vida feliz de Deus. É Aquele que "vem em auxilio de nossa fraqueza porque nem sabemos o que convém pedir" (Rm 8,26).

11. O cristão, pela graça batismal, é introduzido na intimidade da vida trinitária, partilhando da sua riqueza na comunidade eclesial. A plena comunhão da Trindade manifesta-se na Comunidade-Igreja e oferece vida nova (cf. 2 Pd 1,4; Ef 4,24; Col 3,10) de relacionamento de filhos com o Pai (Gal 4,6).

12. Quem se deixa conduzir pelo Espírito Santo faz de sua vida um testemunho de Jesus Bom Pastor (cf. Jo 10,10). Não poderá, portanto, retirar-se dos problemas e ambigüidades da convivência humana, mas buscará construir fraternidade. "Não são os que dizem Senhor, Senhor que entrarão no Reino de Deus, mas os que fazem a vontade de meu Pai que está nos céus" (Mt 7,21).

13. O Espírito ensina, santifica e conduz o povo de Deus através da pregação e acolhida da Palavra, da celebração dos sacramentos e da orientação dos pastores. Distribui também graças ou dons especiais "a cada um como lhe apraz" (1 Cor 12,11), sempre "para a utilidade comum". Por essas graças, Ele "os torna aptos e prontos a tomarem sobre si os vários trabalhos e ofícios, que contribuem para a renovação e maior incremento da Igreja (cf. 1 Cor 12,2; LG 12b).

14. O Espírito Santo distribui seus dons aos fiéis, de tal forma que ninguém possui todos eles, como ninguém está totalmente privado deles (cf. 1 Cor 12,4ss). Esses dons são sempre para o serviço da comunidade (cf 1 Cor 14). Não é a experiência dos carismas que exprime a perfeição da salvação, mas a caridade que deve perpassar toda a vida do cristão (cf. Mc 12, 28-31; 1 Cor 13). Procura-la é o primeiro e melhor caminho para a edificação do Corpo de Cristo que é a Igreja (cf. 1Cor 12,31-13,13; LG 42; AA 3).

15. Hoje Ele continua renovando a Igreja através de múltiplas e novas expressões de fé e coerência cristã. Podemos enumerar como frutos do Espírito os novos sujeitos da evangelização; a expansão e vitalidade das CEBs; movimentos de renovação espiritual e pastoral; a própria RCC; o engajamento de leigos na transformação da sociedade; a leitura da Bíblia à luz das situações vividas na comunidade; a liturgia mais participada com a riqueza de seus ritos e simbologia; a busca de evangelização inculturada; a fidelidade de muitos na vida quotidiana; as lutas do povo para a implantação dos direitos humanos; a prática da justiça e da promoção social (cf. CNBB, Doc. 45, 301-302).

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