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1. Necessidade de uma renovação
Sem cair em confusões ou em identificações simplistas, deve-se expressar sempre a unidade profunda que existe entre o plano divino de salvação, realizado em Cristo, e as aspirações do homem; entre a história da salvação e a história humana; entre a Igreja, povo de Deus, e as comunidades temporais; entre a ação reveladora de Deus e a experiência do homem; entre os dons e carismas sobrenaturais e os valores humanos.
Excluindo assim toda dicotomia ou dualismo no cristão, a catequese prepara o desenvolvimento progressivo do povo de Deus para a sua realização escatológica, que tem agora sua expressão na liturgia.
A tomada de consciência da mensagem cristã se faz aprofundando cada vez mais a compreensão autêntica da verdade revelada. Essa tomada progressiva de consciência, porém, cresce na medida do surgimento das experiências humanas, individuais e coletivas. Por isso, a fidelidade da Igreja à Revelação tem que ser e é dinâmica.
A catequese não pode, pois, ignorar em sua renovação as mudanças econômicas, demográficas, sociais e culturais sofridas na América Latina.
As situações históricas e as aspirações autenticamente humanas são parte indispensável do conteúdo da catequese. E devem ser interpretadas seriamente, dentro de seu contexto atual, à luz das experiências vivenciais do povo de Israel, de Cristo, e da comunidade eclesial, na qual o Espírito de Cristo ressuscitado vive e opera continuamente.
É impossível, em vista disso, querer impor moldes fixos e universais. Com um sincero intercâmbio de colaborações, devemos guardar a unidade da fé na diversidade de formas.
Já o fato de se batizarem as crianças pequenas, confiando na fé da família, torna necessário uma «evangelização dos batizados», como uma etapa na educação de sua fé. E esta necessidade é mais urgente, quando se considera a desintegração que a família tem sofrido em muitas regiões, a ignorância religiosa dos adultos e a escassez de comunidades cristãs de base.
Esta evangelização dos batizados tem um objetivo concreto: levá-los a um compromisso pessoal com Cristo e a uma entrega consciente à obediência da fé. Daí, a importância de uma revisão da pastoral da confirmação, assim como de novas formas de catecumenato na catequese de adultos, insistindo na preparação para os sacramentos.
Devemos rever, também, tudo aquilo que em nossa vida ou em nossas instituições possa ser um obstáculo para a reevangelização dos adultos, purificando assim a face da Igreja diante do mundo.
Não pode, portanto, a catequese limitar-se às dimensões individuais da vida. As comunidades cristãs de base, abertas ao mundo e inseridas nele, têm que ser o fruto da evangelização, assim como sinal que confirma com fatos a mensagem de salvação.
Nesta catequese comunitária deve-se ter em conta a família, como primeiro ambiente natural onde se desenvolve o cristão. Ela deve ser objeto da ação catequética, para que seja dignificada e se torne capaz de cumprir sua missão. E, ao mesmo tempo, a família se converte em agente eficaz da renovação catequética.
Este fenômeno constitui um fato histórico irreversível que, na América Latina, avança rapidamente e conduz em breve prazo a uma cultura universal: " cultura da imagem" Este é um sinal dos tempos, que a Igreja não pode ignorar.
Da situação criada por este fenômeno, deve partir a catequese para uma apresentação eficaz da mensagem cristã. É urgente, pois, uma séria investigação sobre o efeito dos meios de comunicação social e uma pesquisa da forma mais adequada de dar uma resposta, utilizando-os na tarefa evangelizadora, e uma séria avaliação das realizações atuais.
Conseqüentemente, admitido o necessário testemunho da própria vida, sugerem-se os seguintes pontos: