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Autores: Laurette Lepage Editora: Loyola Páginas: 116 Formato: 21 x 14 cm Preço: * * * Apresentação | Conteúdo | Amostra | Maiores Informações | Pedidos via Internet |
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"Comunidades: seitas ou fermento?" é uma pergunta decisiva e uma resposta competente que o
autor faz, depois de vários anos de trabalho na América Latina, dos quais cinco foram passados
no Brasil, no Maranhão.
Analisando o homem na sociedade, segundo as várias formas de associação que ele criou no
decorrer dos tempos, passa em seguida a aprofundar a evolução e o sentido da comunidade cristã
na história.
Revela-nos, assim, a comunidade de base, como pertença à Igreja e como educadora na fé.
» CONTEÚDO
» AMOSTRA
A COMUNIDADE CRISTÃ TEM SUAS FONTES NO ANTIGO TESTAMENTO
A comunidade cristã afundou suas raízes, como sua lenta preparação, nos tempos recuados do Antigo Testamento. É impossível descrever aqui os agrupamentos do tempo dos Patriarcas onde Deus estava presente e manifestava-se em lugares previamente determinados, como Barsabé (Gên 21, 31), Siquém (Gên 33,20), Betel (Gên 35,14), Sinai (Êx 19, l6ss.). Nesta larga faixa da história da salvação, Deus formava progressivamente seu povo que com Ele fará Aliança no Sinai.
No tempo do Êxodo, assistimos já a agrupamentos em pequenas comunidades para a celebração da Páscoa. Desde o inicio, a Páscoa é uma festa familiar. Celebra-se na festa da lua cheia, na primavera. Sacrifica-se um cordeiro macho, sem defeitos (Êx 12,3-6). Os convidados comem sua carne, em uma refeição feita às pressas, vestidos como para uma viagem (Êx 12,8-11). O sentido desta reunião e desta refeição é a saída do Egito. A Páscoa é o acontecimento principal da história de Israel. Pouco a pouco, a celebração da Páscoa evolui e, no Deteuronômio, a antiga celebração familiar transforma-se em festa do Templo (Dt 16,1-8).
Rudolf Schnackenburg afirma que a comunidade cristã “tem suas raízes no Antigo Testamento, cresceu em terreno judeu e na atmosfera helenística; mas não é nem judia, nem helenista, é uma nova criação e nada mais que cristã".
ORIGINALIDADE DA ASSEMBLÉIA CRISTÃ
Vem o Cristo; inscreve-se no contexto social e cultural de seu tempo. Encontra uma organização análoga à Igreja de hoje. "Os elementos mais disparatados estão reunidos na Igreja judia: crença popular, semítica antiqüíssima, religião legalista rigorosa unida a uma religião fundada sobre os Livros Sagrados. O comportamento moral correspondia à casuística: esforçavam-se por cumprir exteriormente a lei; pelo seu cumprimento, esperava-se uma recompensa. No Templo, o culto era, essencialmente, um culto de sacrifício, culto prestado pelos sacerdotes e levitas, e de um ritualismo complicado, mantido com rigidez. Os sacerdotes formavam uma autoridade hierárquica (o Sinédrio, a Cúria hierosolimitana) que usou de severidade para com os Apóstolos no tempo do cristianismo primitivo".
Mas Jesus reformou. Jesus celebra a primeira Eucaristia nos moldes de uma celebração familiar e num grupo restrito. A última Páscoa de sua vida realizou-se, não no Templo, mas em um "cenáculo grande, posto em ordem, todo preparado" (Mc XIV, 15).
O Senhor institui pois um novo tipo de reunião: uma reunião, não ao redor do Templo, mas na fé, em volta de sua própria pessoa. "Aos ritos do Templo superpõem-se novos sinais, mais espirituais, que só podem ser interpretados no termo de uma incessante iniciação à fé, mas que são ‘em verdade’, sinais da presença do Senhor no meio dos seus, como unificador de seu povo".
Os sinóticos afirmam que a última refeição de Jesus era uma refeição pascal, ajustada em uma liturgia, com o canto dos salmos (Mc XIV, 26). Mas trata-se de uma refeição que é uma Páscoa "nova". No meio das bênçãos rituais do pão e do vinho, Jesus insere a instituição da Eucaristia. Dando seu corpo como comida e seu sangue como bebida, descreve sua morte como o Sacrifício da Páscoa, em que Ele é o novo Cordeiro imolado (Mc XIV, 22-24).
A REUNIÃO DEPOIS DA PÁSCOA
O grupo disperso (Mc XIV, 27ss.) pela morte de Jesus se refaz com as aparições do Senhor e a efusão do Espírito. A comunidade primitiva crê no Messias Jesus, que Deus elevou a sua direita (At 2,32-36; 3,13-15; 13,27-31). A principal celebração litúrgica da comunidade cristã, a ceia do Senhor, é apresentada como "um elemento estável de sua vida, inalienável e intangível em seu conteúdo".
A oração em casa alternava-se com a oração no templo (At 5,42). Consistia fundamentalmente na Eucaristia ou na fração do pão. "E todos os dias freqüentavam em perfeita harmonia o templo, e, partindo o pão pelas casas, tomavam a comida com alegria e simplicidade de coração, louvando a Deus e sendo bem vistos por todo o povo. E o Senhor aumentava cada dia mais o número dos que se haviam de salvar nesta união" (At 2,46-47).
Celebrando a Eucaristia, a comunidade renovava a lembrança do Senhor, cumpria sua ordem sagrada e encontrava nele o princípio de sua unidade. No primeiro dia da semana, dia do Senhor ressuscitado, aproveitavam para celebrar a fração do pão e colocar à disposição da comunidade os bens supérfluos (1Cor 16, 1-2). Este dia receberá um nome novo: o dia do Senhor, Dies Domini (Apc 1, 10).
A EXPERIÊNCIA DA IGREJA PRIMITIVA
Depois da destruição de Jerusalém, Roma, capital do Império, torna-se o centro do cristianismo. Aqui, as reuniões dos cristãos têm um sentido puramente familiar, pois a base da sociedade romana é a família, e não o indivíduo como em nossa sociedade moderna. Na Roma pagã, há dois lugares para o culto: os templos, para a religião oficial, e os lares para a religião doméstica. Esta estrutura oferece ao cristianismo um campo interessante para a pastoral: as portas das casas estão abertas para as reuniões familiares e para as celebrações eucarísticas.
A Escritura já descrevia este tipo de pastoral doméstica. Pedro é enviado pelo Espírito ao centurião Cornélio e "a toda a sua casa" (At 10,2). Paulo dirige-se a Macedônia onde Lidia, uma negociante de púrpura, da cidade dos Tiatirenos, pede o batismo "e toda a sua família" (At 16, 14-15). Paulo entra em casa de Justo, contígua à sinagoga. Crispo, chefe da sinagoga, creu no Senhor, "com toda a sua família" (At 18,7-8).
A conversão dos judeus fazia-se nas comunidades judias, nas sinagogas; enquanto a conversão dos pagãos provinha especialmente da conversão de um membro importante da família, por quem todos os outros membros abraçavam a fé. Assim, a família e a "domus" começam a ser as células pastorais das novas comunidades cristãs.
Paulo chama, freqüentemente, de "Igreja" estas comunidades domésticas (Rom 16,5; Fil 2; Col 4,15) e as cidades ao lado das comunidades maiores (1 Cor 16,19). Assim, as Igrejas do Novo Testamento são conhecidas como assembléias de Deus em Cristo Jesus (1 Tes 2,14; Gál 1,22): das Igrejas que há em Cristo, das Igrejas de Jesus Cristo (Rom 16,16).
Assim as palavras "assembléia", "comunidade", "Igreja", são consideradas não estáticas, nem opostas, mas para significar a riqueza da Igreja em suas diversas expressões. "Na maioria das vezes estas três palavras podem apresentar o mesmo sentido. É certo que: 'assembléia' insiste mais sobre o caráter de um acontecimento atual, 'comunidade' sobre um elemento estável e local, 'Igreja' sobre um caráter de instituição supra-local".
As comunidades primitivas alimentam a fé dos cristãos que vivem em um espírito verdadeiramente fraterno, em um meio onde o rito litúrgico torna-se a vida de comunidade e onde o testemunho manifesta-se contagioso em uma sociedade muitas vezes indiferente ou hostil. Por toda a parte nas comunidades cristãs reina uma vida nova. Apesar de todas as diferenças locais, o que há de comum aparece claramente:
a fé em Jesus, Cristo e Senhor, o batismo e a Eucaristia, a pregação apostólica, a caridade fraterna e a expectativa escatológica. Nestes primeiros tempos, "um cristianismo individual, que teria se constituído ou gostaria de se constituir longe e fora da comunidade, é impensável. Só há fé em Cristo, união com o Cristo, numa vida proveniente do Cristo, no seio da comunidade dos fiéis unida a seu Senhor".
Não existem mais grupos separados, estranhos uns aos outros. O cristianismo primitivo, constituído por "pequenos grupos", está unificado em um conjunto onde toda diversidade e complexidade dos acontecimentos edificam-se sobre "o fundamento dos Apóstolos e dos profetas" e reúnem todos os membros e grupos na "construção para morada de Deus, mediante o Espírito" (Ef 2,20-22).
É difícil discernir a estrutura que pautava as primeiras comunidades cristãs, pela variedade dos locais e pela evolução dos grupos. R. Schnackenburg pergunta-se: é possível falar de uma "constituição" terrestre das comunidades, ou toda vida eclesial não tem como fundamento a conduta do Espírito Santo, isto é, uma estrutura puramente "carismática"? [...]
A constituição fundamental da Igreja é uma estrutura dada por Deus, que se funda sobre o princípio da missão. O doador dos carismas é o Senhor, para que todos estejam a serviço da comunidade. [...]
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A Comunidade em sua Identidade Cristã
Texto retirado das páginas 58 a 61.
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