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Autor: Gilbert Le Mouël Editora: Loyola Páginas: 78 Formato: 19 x 13 cm Preço: * * Apresentação | Conteúdo | Amostra | Maiores Informações | Pedidos via Internet |
» APRESENTAÇÃO
Por que as pessoas disputam a leitura da seção de horóscopos logo que compram o jornal? Por que
tantas pessoas consultam astrólogos? Os astros realmente exercem influência sobre a terra e
seus habitantes? Os astrólogos podem mesmo prever o futuro e predizer tudo o que nos acontecerá
durante nossa vida? A crença na astrologia é compatível com a fé? Qual a posição da Bíblia e da
tradição cristã a respeito?
Estas são algumas das perguntas que o autor aborda com propriedade e simplicidade, num estilo
ágil, adaptado à nossa necessidade de posições claras sobre assuntos comumente controversos.
» CONTEÚDO
» AMOSTRA
Alguns astrólogos procuram aproximar o
simbolismo astrológico da simbólica cristã.
Eles afirmam que, no evangelho de João, o Cristo
é apresentado como a luz do mundo e que o
livro do Apocalipse contém vários afrescos
cósmicos em que os astros têm lugar preponderante.
E acrescentam que não por acaso o Natal do Senhor
é celebrado quando no hemisfério norte se celebra
o solstício de inverno, momento do ano em que o sol está
no ponto mais baixo, para marcar justamente o paralelo
entre seu nascimento e o retorno da luz. Evocam também
o fato de a Ressurreição ser celebrada no equinócio da
primavera, um domingo, dia tradicionalmente consagrado
ao sol. E acrescentam: os primeiros cristãos oravam
voltando-se para o oriente, isto é, na direção em
que o sol se levanta e o símbolo do peixe que lhes
servia de senha é também um signo astrológico.
NOS PRIMEIROS TEMPOS DA IGREJA
Tais aproximações não são desprovidas de fundamento.
Contudo, desde os seus primórdios, o
cristianismo autêntico desenvolveu-se independentemente da
astrologia. A arte astrológica estava, sem dúvida, fortemente
presente no mundo greco-romano e além dele.
Paulo e João anunciam o evangelho em cidades em
que as práticas astrológicas eram moeda corrente. Não
poucas vezes, os responsáveis pelas Igrejas tiveram de
intervir, pois alguns cristãos manifestavam inclinações
a misturar astrologia e fé.
No século II, Irineu (140-202) escreveu um volumoso
tratado, "Contra as heresias", no qual descrevia certo
número de doutrinas aberrantes... por outro lado, o
sincretismo alexandrino, que mescla à fé cristã materiais
de origem judaica, grega e egípcia, produz toda
uma literatura extravagante, com grande destaque para
a astrologia. Também é esse o caso do maniqueísmo.
BASÍLIO E AGOSTINHO
O combate contra a astrologia vai ser demorado.
No século IV, Basílio acusa o determinismo astral:
"Se os princípios de nossos atos não dependem de nosso
poder, se são necessidades que derivam de nosso nascimento,
de que servem os legisladores que nos indicam
o que devemos fazer e o que devemos evitar? Para
que juízes que exaltam a virtude e denunciam o vício?"
(Homília VI, no Hexameron, 5).
Ambrósio empresta os argumentos de Basilio "contra
os caldeus", mas é principalmente Agostinho (354-430)
que combate mais vigorosamente as práticas e
doutrinas astrológicas. Talvez porque ele tenha sido
adepto do maniqueísmo antes da conversão e estivesse
mais ao corrente da influência que a astrologia pode
ter tanto sobre o povo como sobre a camada mais culta
das populações. Para Agostinho, a astrologia é ao mesmo
tempo herética e blasfematória, pois atribui a Deus
o pecado do homem: "Os astrólogos pretendem que há
no céu uma causa inevitável que nos faz pecar: Vênus,
Saturno ou Marte nos levam a fazer tal ou qual ação,
dizem eles, pretendendo ainda que o homem - que
seria apenas carne e sangue - esteja isento de toda
falta, querendo que toda falta seja jogada sobre aquele
que criou os céus e os astros e que tudo regula por
seus movimentos" (Confissões, livro IV, cap. 3). E volta
à carga: "Quando os astrônomos dão respostas exatas,
fazem-no sob a inspiração oculta de maus espíritos
empenhados em insinuar e confirmar, nas inteligências
humanas, opiniões falsas e nocivas sobre a fatalidade
astral; tais respostas, eles não as extraíram simplesmente
de um horóscopo que teria sido estabelecido e examinado
segundo as regras de uma arte que não existe"
(Cidade de Deus, livro V, cap. 7).
SOB CONSTANTINO
Quando, no século IV, os imperadores se tornaram
cristãos, o poder civil investiu contra a astrologia, e os
astrólogos eram um pouco perseguidos. Logo se deu
uma tantativa de conciliação, notadamente com J.
Firmicius Maternus, contemporâneo de Constantino,
que talvez tenha escrito o mais volumoso tratado de
astrologia da Antigüidade. Para escapar ao determinismo
astral, explica Firmicius, Deus sempre pode mudar,
por meio da oração humana, o determinismo derivado
do curso dos astros. Essa tentativa de conciliação não
passou de compromisso provisório, pois as "Recognitiones"
pseudoclementinas, quase contemporâneas
de Firmicius, rejeitam com indignação o determinismo
astral (livro IX, caps. 16-17).
Pouco a pouco, elabora-se uma doutrina que condena
a astrologia: se os horóscopos são verdadeiros, o demônio
é seu autor. O Concílio de Toledo, em 447, declara
solenemente: "Se alguém estima poder-se conceder crédito
à astrologia, seja anátema!" O Concílio de Bragança,
em 561, retomará os mesmos termos. Essas condenações
oficiais vêm acrescentar-se a todas as outras formuladas
pelas autoridades eclesiásticas, desde os primeiros
séculos, contra as artes de adivinhação.
NA IDADE MÉDIA
Durante as invasões bárbaras, a astrologia não
desapareceu de Bizâncio. Porém, só sobreviveu no
ocidente por ter encontrado refúgio na Irlanda, de onde
ganhou o continente. A partir disso, pode-se encontrá-la
até nas escolas e bibliotecas dos mosteiros. Pouco a
pouco, vêm somar-se às obras dos astrólogos da Antigüidade
manuscritos ingleses e franceses, que versam
especialmente sobre astrologia médica. Apesar disso,
as condenações da Igreja permanecem em vigor.
Desde o século X, mas especialmente a partir do
século XII, a astrologia árabe confere novo impulso à
astroloqia ocidental. Eruditos cristãos procuram esses
livros, que são traduzidos e recopiados. Apesar das
vigorosas reprimendas de certos bispos, as compilações
astrológicas se multiplicam. Sua autoria é atribuida
a autores os mais prestigiados: Alexandre Magno,
Salomão... Em seguida, novas sínteses são publicadas,
sob a autoria de cristãos que se esforçam por conciliar
astrologia e fé cristã.
EM PARIS, NO SÉCULO XII
No século XII, Paris já possui brilhantes escolas de
filosofia e de teologia, nas quais se discutem as teorias
astrológicas. Abelardo (1079-1142) rejeita o fatalismo
astral, mas, nos últimos anos do século, Alam de Lille
não esconde sua admiração pelos astrólogos.
Nessa época, uma obra começa a ser amplamente
lida: a "Metafísica de Aristóteles". Os astrólogos encontram
no décimo segundo livro da Metafísica idéias que
fundamentariam a astrologia. Com efeito, ali Aristóteles
explica que o "primeiro motor" transmite todos os seus
movimentos por meio dos astros e que o mundo sub-lunar,
cujo movimento é periódico, recomeça sempre em intervalos
iguais, sem cessar. O prestígio de Aristótelcs é nessa
época incalculável. Passa-se então a atribuir-lhe a autoria
de certa literatura mais ou menos suspeita. Aliás,
nessa época, a astrologia conquistara o beneplácito dos
Grandes. Na Espanha, Afonso X, o Sábio, manda traduzir
do árabe a magia astrológica de Picatrix. Na corte
imperial de Frederico II, Miguel Escoto ensina astrologia
e traduz, além de Aristóteles e Averróis, Avicena e
Sêneca, partidários do determinismo astral...
ALBERTO MAGNO
A Universidade de Paris conta por essa época com
um grande enciclopedista, Alberto Magno (1193-1280),
que se interessa tanto pelas ciências da natureza como
por filosofia e teologia. Em seus escritos, encontra-se
certa influência da astrologia, sobretudo quando ela
trata de medicina ou de ciências naturais. Nestes campos
ele, com efeito, pensa que a astrologia dá testemunho
da Providência. À semelhança de muitos dos sábios
de seu tempo, ele crê no poder de alguns talismãs,
mas, para ele, a vontade, guiada pela inteligência, escapa
ao determinismo astral.
Tomás de Aquino (1227-1274) é mais moderado. Não
acredita na força dos talismãs. Para ele, a estrela dos
magos é uma luz miraculosa, e os astrólogos não têm
o direito de recorrer à autoridade do evangelho de
Mateus para defender seus argumentos.
Na "Suma contra os gentios", Tomás de Aquino apresenta
um resumo objetivo e equilibrado da história da
astrologia. Ele dedica dois opúsculos aos horóscopos
(De sortibus e De judiciis astrorum). Neste último, pode-se
ler: "Se alguém se serve do juízo dos astros para
conhecer efeitos corporais, por exemplo, a ocorrência
de tempestades ou de tempo bom, a saúde ou doença
dos corpos, a abundância ou a esterilidade das colheitas
e outras coisas que dependem de causas naturais
cognoscíveis, não há nisso pecado, pois todos os homens
são obrigados a nisso submeter-se aos astros. O
agricultor só pode semear ou colher prudentemente se
se assegurar dos movimentos do sol... Ao contrário, é
forçoso afirmar que a vontade do homem não está
sujeita à necessidade dos astros; se o estivesse estaria
arruinada a liberdade, que, eliminada, não permitiria
atribuir aos homens nem ato bom nem ato mau, meritório
ou culpável... É um grande pecado recorrer aos
horóscopos nesses assuntos".
FREQÜENTES CONDENAÇÕES
Apesar das afirmações de tão eminentes intelectuais,
a astrologia continuou a fazer caminho na sociedade da
época. Mas um contra-ataque efetuado levou à condenação
de Alkindi, astrólogo e alquimista árabe do século IX,
atingindo seu admirador e discípulo Roger Bacon. Em
1270, a doutrina de Alkindi foi condenada pela Universidade
de Paris, juntamente com a de Averróis e algumas das
teses de Aristóteles, de Avicena e de alguns outros. As
condenações contra a astrologia são resumidas em Paris,
em 1277, num ato oficial. No fim do século XIII, diversos
dominicanos investem violentamente contra os astrólogos.
Roger Bacon, teólogo e filósofo inglês (1214-1294), é
condenado e preso até 1292. Muitos precisam fugir, e um
deles, Cecco d'Ascolo, é queimado vivo como feiticeiro
em 1327, em obediência às ordens dos inquisidores.
A ASTROLOGIA CONTINUA
Tal repressão não impede a astrologia de continuar
a expandir-se. Em Paris, há astrólogos residindo tanto
na Universidade como na corte dos reis de França.
Carlos VII chegará a fundar oficialmente um colégio de
astrologia, no qual manterá bolsistas. Diversas vezes,
esboçam-se ofensivas de repressão, mas nem a Universidade
nem os reis renunciam completamente à astrologia.
Isso justifica o fato de o cardeal Pierre d'Ailly
(1350-1420), ex-chanceler da Universidade de Paris,
confessor de Carlos VII, ser autor de uma obra intitulada
"Imago mundi", na qual ele aparece como precursor de
Copérnico. Esse erudito teólogo utiliza a astrologia para
predizer toda espécie de acontecimentos.
DO SÉCULO XV AOS NOSSOS DIAS
Os humanistas do século XV foram mais favoráveis
à astrologia, que, apesar disso, continua a ser rejeitada
por aqueles que mantêm vínculos estreitos com a Igreja.
É o caso de Pico de la Mirandola.
Após tão interminável combate, a Igreja aparentemente
nada tem a temer no que diz respeito à astrologia,
condenada em nome da pureza da fé. A partir do
século XVIII, a astrologia encontra aliados inéditos entre
os eruditos e os filósofos dos tempos modernos que a
condenam em nome da razão. Mas a razão não conseguirá
dar cabo definitivamente da astrologia. Desde o
fim do século XIX, as idéias astrológicas reaparecem
nas gnoses modernas (como a teosofia).
Em nossos dias, os astrólogos voltam à evidência.
Nunca como agora fizeram-se tantos horóscopos, salvo
talvez no império romano, no tempo dos primeiros
cristãos...
ASTROLOGIA NATURAL E ASTROLOGIA "JUDICIÁRIA"
Para compreender a atitude da Igreja com relação
à astrologia, é necessário lembrar a diferença entre a
astrologia "natural" e a astrologia "judiciária".
A astrologia natural estuda a incontestável influência
dos astros sobre a terra, a natureza, os organismos
vivos e, portanto, sobre o caráter e a alma humanos.
A astrologia "judiciária" pretende, por meio de certas
técnicas (particularmente por meio do horóscopo),
levar a "julgamentos", a "conclusões" sobre o destino
dos indivíduos e dos povos segundo a configuração e
a posição dos planetas a partir de determinados momentos
de sua vida ou história.
A Igreja jamais contestou a legitimidade da astrologia
natural. Dionísio Aeropagita, Cesário, Jerônimo,
Alberto Magno, Tomás de Aquino e muitos outros reconheceram
sua legitimidade. Diga-se o mesmo do
Concílio de Trento, que também condenou a prática do
horóscopo.
Existe, indubitavelmente uma relação incontestável
entre o ser humano e o meio ambiente material no qual
ele vive; não se pode negar que os astros, por sua massa,
temperatura e radiações, exercem sobre nós determinada
ação, que ainda não se chegou a definir de todo.
Contrariamente a isso, a Igreja não pode ficar inerte
em face da astrologia "judiciária", que afirma estar o
destino do homem "escrito nas estrelas", porque tal
posição nega a liberdade humana. A vida humana não
está inexoravelmente submetida a uma fatalidade cega
e desesperadora. A fé cristã afirma:
Se a Igreja tantas vezes interveio com tamanho vigor
contra os astrólogos e seus "juízos", foi porque em
certos períodos históricos a prática da astrologia esteve
por demais difundida em todas as camadas da sociedade,
em aberta contraposição ao plano de liberdade de
Deus para o homem. Ela teve de reconvocar à ordem
monges, padres e até bispos que tinham astrólogos de
plantão ou praticavam pessoalmente a astrologia, como
o testemunham as declarações do I Concílio de Orléans
em 511, ou as do IV Concílio de Toledo, em 633...
Empenhada em defender a integridade da fé, ela não
podia aceitar a astrologia "judiciária" e suas práticas
populares imiscuídas de superstições.
» MAIORES INFORMAÇÕES
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A Igreja diante da Astrologia
Deus criou o homem livre, apesar dos inumeráveis
condicionamentos que pesam sobre ele. Deus está atento
a cada um de nós, como um Pai cuidando de seus
filhos, e seu desígnio maior é que todos os homens
sejam salvos e um dia possam ir ao Seu encontro.
Texto retirado das páginas 43 a 52.
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