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ASTROLOGIA E FÉ CRISTÃ
Autor: Gilbert Le Mouël
Editora: Loyola
Páginas: 78
Formato: 19 x 13 cm
Preço: * *

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» APRESENTAÇÃO

Por que as pessoas disputam a leitura da seção de horóscopos logo que compram o jornal? Por que tantas pessoas consultam astrólogos? Os astros realmente exercem influência sobre a terra e seus habitantes? Os astrólogos podem mesmo prever o futuro e predizer tudo o que nos acontecerá durante nossa vida? A crença na astrologia é compatível com a fé? Qual a posição da Bíblia e da tradição cristã a respeito?

Estas são algumas das perguntas que o autor aborda com propriedade e simplicidade, num estilo ágil, adaptado à nossa necessidade de posições claras sobre assuntos comumente controversos.

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» CONTEÚDO

  1. Desde que as estrelas existem

  2. Que é a astrologia?

  3. Para compreender a astrologia

  4. Uma arte tão antiga quanto o mundo

  5. A Bíblia e a astrologia

  6. Do céu dos homens ao Céu de Deus

  7. A Igreja diante da astrologia

  8. A astrologia hoje

  9. Respostas a algumas questões

  10. Fé cristã e astrologia

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» AMOSTRA

A Igreja diante da Astrologia

Alguns astrólogos procuram aproximar o simbolismo astrológico da simbólica cristã. Eles afirmam que, no evangelho de João, o Cristo é apresentado como a luz do mundo e que o livro do Apocalipse contém vários afrescos cósmicos em que os astros têm lugar preponderante.

E acrescentam que não por acaso o Natal do Senhor é celebrado quando no hemisfério norte se celebra o solstício de inverno, momento do ano em que o sol está no ponto mais baixo, para marcar justamente o paralelo entre seu nascimento e o retorno da luz. Evocam também o fato de a Ressurreição ser celebrada no equinócio da primavera, um domingo, dia tradicionalmente consagrado ao sol. E acrescentam: os primeiros cristãos oravam voltando-se para o oriente, isto é, na direção em que o sol se levanta e o símbolo do peixe que lhes servia de senha é também um signo astrológico.

NOS PRIMEIROS TEMPOS DA IGREJA

Tais aproximações não são desprovidas de fundamento. Contudo, desde os seus primórdios, o cristianismo autêntico desenvolveu-se independentemente da astrologia. A arte astrológica estava, sem dúvida, fortemente presente no mundo greco-romano e além dele. Paulo e João anunciam o evangelho em cidades em que as práticas astrológicas eram moeda corrente. Não poucas vezes, os responsáveis pelas Igrejas tiveram de intervir, pois alguns cristãos manifestavam inclinações a misturar astrologia e fé.

No século II, Irineu (140-202) escreveu um volumoso tratado, "Contra as heresias", no qual descrevia certo número de doutrinas aberrantes... por outro lado, o sincretismo alexandrino, que mescla à fé cristã materiais de origem judaica, grega e egípcia, produz toda uma literatura extravagante, com grande destaque para a astrologia. Também é esse o caso do maniqueísmo.

BASÍLIO E AGOSTINHO

O combate contra a astrologia vai ser demorado.

No século IV, Basílio acusa o determinismo astral: "Se os princípios de nossos atos não dependem de nosso poder, se são necessidades que derivam de nosso nascimento, de que servem os legisladores que nos indicam o que devemos fazer e o que devemos evitar? Para que juízes que exaltam a virtude e denunciam o vício?" (Homília VI, no Hexameron, 5).

Ambrósio empresta os argumentos de Basilio "contra os caldeus", mas é principalmente Agostinho (354-430) que combate mais vigorosamente as práticas e doutrinas astrológicas. Talvez porque ele tenha sido adepto do maniqueísmo antes da conversão e estivesse mais ao corrente da influência que a astrologia pode ter tanto sobre o povo como sobre a camada mais culta das populações. Para Agostinho, a astrologia é ao mesmo tempo herética e blasfematória, pois atribui a Deus o pecado do homem: "Os astrólogos pretendem que há no céu uma causa inevitável que nos faz pecar: Vênus, Saturno ou Marte nos levam a fazer tal ou qual ação, dizem eles, pretendendo ainda que o homem - que seria apenas carne e sangue - esteja isento de toda falta, querendo que toda falta seja jogada sobre aquele que criou os céus e os astros e que tudo regula por seus movimentos" (Confissões, livro IV, cap. 3). E volta à carga: "Quando os astrônomos dão respostas exatas, fazem-no sob a inspiração oculta de maus espíritos empenhados em insinuar e confirmar, nas inteligências humanas, opiniões falsas e nocivas sobre a fatalidade astral; tais respostas, eles não as extraíram simplesmente de um horóscopo que teria sido estabelecido e examinado segundo as regras de uma arte que não existe" (Cidade de Deus, livro V, cap. 7).

SOB CONSTANTINO

Quando, no século IV, os imperadores se tornaram cristãos, o poder civil investiu contra a astrologia, e os astrólogos eram um pouco perseguidos. Logo se deu uma tantativa de conciliação, notadamente com J. Firmicius Maternus, contemporâneo de Constantino, que talvez tenha escrito o mais volumoso tratado de astrologia da Antigüidade. Para escapar ao determinismo astral, explica Firmicius, Deus sempre pode mudar, por meio da oração humana, o determinismo derivado do curso dos astros. Essa tentativa de conciliação não passou de compromisso provisório, pois as "Recognitiones" pseudoclementinas, quase contemporâneas de Firmicius, rejeitam com indignação o determinismo astral (livro IX, caps. 16-17).

Pouco a pouco, elabora-se uma doutrina que condena a astrologia: se os horóscopos são verdadeiros, o demônio é seu autor. O Concílio de Toledo, em 447, declara solenemente: "Se alguém estima poder-se conceder crédito à astrologia, seja anátema!" O Concílio de Bragança, em 561, retomará os mesmos termos. Essas condenações oficiais vêm acrescentar-se a todas as outras formuladas pelas autoridades eclesiásticas, desde os primeiros séculos, contra as artes de adivinhação.

NA IDADE MÉDIA

Durante as invasões bárbaras, a astrologia não desapareceu de Bizâncio. Porém, só sobreviveu no ocidente por ter encontrado refúgio na Irlanda, de onde ganhou o continente. A partir disso, pode-se encontrá-la até nas escolas e bibliotecas dos mosteiros. Pouco a pouco, vêm somar-se às obras dos astrólogos da Antigüidade manuscritos ingleses e franceses, que versam especialmente sobre astrologia médica. Apesar disso, as condenações da Igreja permanecem em vigor.

Desde o século X, mas especialmente a partir do século XII, a astrologia árabe confere novo impulso à astroloqia ocidental. Eruditos cristãos procuram esses livros, que são traduzidos e recopiados. Apesar das vigorosas reprimendas de certos bispos, as compilações astrológicas se multiplicam. Sua autoria é atribuida a autores os mais prestigiados: Alexandre Magno, Salomão... Em seguida, novas sínteses são publicadas, sob a autoria de cristãos que se esforçam por conciliar astrologia e fé cristã.

EM PARIS, NO SÉCULO XII

No século XII, Paris já possui brilhantes escolas de filosofia e de teologia, nas quais se discutem as teorias astrológicas. Abelardo (1079-1142) rejeita o fatalismo astral, mas, nos últimos anos do século, Alam de Lille não esconde sua admiração pelos astrólogos.

Nessa época, uma obra começa a ser amplamente lida: a "Metafísica de Aristóteles". Os astrólogos encontram no décimo segundo livro da Metafísica idéias que fundamentariam a astrologia. Com efeito, ali Aristóteles explica que o "primeiro motor" transmite todos os seus movimentos por meio dos astros e que o mundo sub-lunar, cujo movimento é periódico, recomeça sempre em intervalos iguais, sem cessar. O prestígio de Aristótelcs é nessa época incalculável. Passa-se então a atribuir-lhe a autoria de certa literatura mais ou menos suspeita. Aliás, nessa época, a astrologia conquistara o beneplácito dos Grandes. Na Espanha, Afonso X, o Sábio, manda traduzir do árabe a magia astrológica de Picatrix. Na corte imperial de Frederico II, Miguel Escoto ensina astrologia e traduz, além de Aristóteles e Averróis, Avicena e Sêneca, partidários do determinismo astral...

ALBERTO MAGNO

A Universidade de Paris conta por essa época com um grande enciclopedista, Alberto Magno (1193-1280), que se interessa tanto pelas ciências da natureza como por filosofia e teologia. Em seus escritos, encontra-se certa influência da astrologia, sobretudo quando ela trata de medicina ou de ciências naturais. Nestes campos ele, com efeito, pensa que a astrologia dá testemunho da Providência. À semelhança de muitos dos sábios de seu tempo, ele crê no poder de alguns talismãs, mas, para ele, a vontade, guiada pela inteligência, escapa ao determinismo astral.

Tomás de Aquino (1227-1274) é mais moderado. Não acredita na força dos talismãs. Para ele, a estrela dos magos é uma luz miraculosa, e os astrólogos não têm o direito de recorrer à autoridade do evangelho de Mateus para defender seus argumentos.

Na "Suma contra os gentios", Tomás de Aquino apresenta um resumo objetivo e equilibrado da história da astrologia. Ele dedica dois opúsculos aos horóscopos (De sortibus e De judiciis astrorum). Neste último, pode-se ler: "Se alguém se serve do juízo dos astros para conhecer efeitos corporais, por exemplo, a ocorrência de tempestades ou de tempo bom, a saúde ou doença dos corpos, a abundância ou a esterilidade das colheitas e outras coisas que dependem de causas naturais cognoscíveis, não há nisso pecado, pois todos os homens são obrigados a nisso submeter-se aos astros. O agricultor só pode semear ou colher prudentemente se se assegurar dos movimentos do sol... Ao contrário, é forçoso afirmar que a vontade do homem não está sujeita à necessidade dos astros; se o estivesse estaria arruinada a liberdade, que, eliminada, não permitiria atribuir aos homens nem ato bom nem ato mau, meritório ou culpável... É um grande pecado recorrer aos horóscopos nesses assuntos".

FREQÜENTES CONDENAÇÕES

Apesar das afirmações de tão eminentes intelectuais, a astrologia continuou a fazer caminho na sociedade da época. Mas um contra-ataque efetuado levou à condenação de Alkindi, astrólogo e alquimista árabe do século IX, atingindo seu admirador e discípulo Roger Bacon. Em 1270, a doutrina de Alkindi foi condenada pela Universidade de Paris, juntamente com a de Averróis e algumas das teses de Aristóteles, de Avicena e de alguns outros. As condenações contra a astrologia são resumidas em Paris, em 1277, num ato oficial. No fim do século XIII, diversos dominicanos investem violentamente contra os astrólogos. Roger Bacon, teólogo e filósofo inglês (1214-1294), é condenado e preso até 1292. Muitos precisam fugir, e um deles, Cecco d'Ascolo, é queimado vivo como feiticeiro em 1327, em obediência às ordens dos inquisidores.

A ASTROLOGIA CONTINUA

Tal repressão não impede a astrologia de continuar a expandir-se. Em Paris, há astrólogos residindo tanto na Universidade como na corte dos reis de França. Carlos VII chegará a fundar oficialmente um colégio de astrologia, no qual manterá bolsistas. Diversas vezes, esboçam-se ofensivas de repressão, mas nem a Universidade nem os reis renunciam completamente à astrologia. Isso justifica o fato de o cardeal Pierre d'Ailly (1350-1420), ex-chanceler da Universidade de Paris, confessor de Carlos VII, ser autor de uma obra intitulada "Imago mundi", na qual ele aparece como precursor de Copérnico. Esse erudito teólogo utiliza a astrologia para predizer toda espécie de acontecimentos.

DO SÉCULO XV AOS NOSSOS DIAS

Os humanistas do século XV foram mais favoráveis à astrologia, que, apesar disso, continua a ser rejeitada por aqueles que mantêm vínculos estreitos com a Igreja. É o caso de Pico de la Mirandola.

Após tão interminável combate, a Igreja aparentemente nada tem a temer no que diz respeito à astrologia, condenada em nome da pureza da fé. A partir do século XVIII, a astrologia encontra aliados inéditos entre os eruditos e os filósofos dos tempos modernos que a condenam em nome da razão. Mas a razão não conseguirá dar cabo definitivamente da astrologia. Desde o fim do século XIX, as idéias astrológicas reaparecem nas gnoses modernas (como a teosofia).

Em nossos dias, os astrólogos voltam à evidência. Nunca como agora fizeram-se tantos horóscopos, salvo talvez no império romano, no tempo dos primeiros cristãos...

ASTROLOGIA NATURAL E ASTROLOGIA "JUDICIÁRIA"

Para compreender a atitude da Igreja com relação à astrologia, é necessário lembrar a diferença entre a astrologia "natural" e a astrologia "judiciária".

A astrologia natural estuda a incontestável influência dos astros sobre a terra, a natureza, os organismos vivos e, portanto, sobre o caráter e a alma humanos.

A astrologia "judiciária" pretende, por meio de certas técnicas (particularmente por meio do horóscopo), levar a "julgamentos", a "conclusões" sobre o destino dos indivíduos e dos povos segundo a configuração e a posição dos planetas a partir de determinados momentos de sua vida ou história.

A Igreja jamais contestou a legitimidade da astrologia natural. Dionísio Aeropagita, Cesário, Jerônimo, Alberto Magno, Tomás de Aquino e muitos outros reconheceram sua legitimidade. Diga-se o mesmo do Concílio de Trento, que também condenou a prática do horóscopo.

Existe, indubitavelmente uma relação incontestável entre o ser humano e o meio ambiente material no qual ele vive; não se pode negar que os astros, por sua massa, temperatura e radiações, exercem sobre nós determinada ação, que ainda não se chegou a definir de todo.

Contrariamente a isso, a Igreja não pode ficar inerte em face da astrologia "judiciária", que afirma estar o destino do homem "escrito nas estrelas", porque tal posição nega a liberdade humana. A vida humana não está inexoravelmente submetida a uma fatalidade cega e desesperadora. A fé cristã afirma:

Se a Igreja tantas vezes interveio com tamanho vigor contra os astrólogos e seus "juízos", foi porque em certos períodos históricos a prática da astrologia esteve por demais difundida em todas as camadas da sociedade, em aberta contraposição ao plano de liberdade de Deus para o homem. Ela teve de reconvocar à ordem monges, padres e até bispos que tinham astrólogos de plantão ou praticavam pessoalmente a astrologia, como o testemunham as declarações do I Concílio de Orléans em 511, ou as do IV Concílio de Toledo, em 633... Empenhada em defender a integridade da fé, ela não podia aceitar a astrologia "judiciária" e suas práticas populares imiscuídas de superstições.


Texto retirado das páginas 43 a 52.

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