»» Livros |
Autor: Flávio Cavalca de Castro Editora: Santuário Páginas: 192 Formato: 21 x 14 cm Preço: * * * Apresentação | O Autor | Conteúdo | Amostra | Maiores Informações | Pedidos via Internet |
» APRESENTAÇÃO
Esta maravilhosa obra tem cunho exegético-pastoral, oferecendo uma resposta para as exigências
pastorais de hoje. Quer ser ajuda para os cristãos de todas as camadas, eruditos ou simples, na
leitura e compreensão do Apocalipse no mundo de hoje, em uma linguagem ao alcance de todos, sem
as complicações dos livros técnicos e científicos do gênero.
» O AUTOR
Pe. Flávio Cavalca de Castro é missionário redentorista, doutor em teologia dogmática.
» CONTEÚDO
» AMOSTRA
Para bem nos situarmos, será bom relembrar, em
síntese, a mensagem com a qual estamos a nos encontrar
sempre de novo: Não devemos nos desesperar diante das
dificuldades, por maiores que sejam. Não devemos perder
a confiança. De fato, o Cristo venceu o mal e essa
vitória é definitiva. Se o mal parece estar vencendo, é que
ainda não se manifestou o domínio completo de Deus.
Ainda não chegamos à manifestação completa de sua
vitória. Estamos assistindo aos últimos esforços inúteis
do mal.
Do capítulo 12 ao capítulo 14, versículo 5, encon-
tramos uma nova e mais completa apresentação dessa
mensagem. Teremos inicialmente a reatirmação da vitória
divina conseguida uma vez por todas, depois, a dramática
continuação da luta no plano do tempo em que
vivemos, finalmente um epílogo com a separação final
depois do tempo das decisões.
A MULHER E SEU FILHO
A primeira figura é a de uma mulher, cheia de glória e
de beleza, brilhante como o sol, vestida de luz e de esplendor.
É uma figura de majestade tão grande, que a lua
não passa de um apoio para seus pés. Está marcada pela
esperança e pela vitória, pois que se apresenta coroada
com doze brilhantes estrelas.
Quem é essa mulher?
Muitas vezes no AT o povo de Deus foi comparado
com uma mulher (Is 50,1; 54,6; 62,4; 66,7; Jer 2,2; 3,1; Ez
16 e 23; Os 2,21-22); também em o NT (1 Cor 11a), e em
alguns livros apócrifos. Encontramos até passagens em
que o povo de Deus é comparado com uma mulher que
está para dar à luz. Temos por exemplo no profeta Miquéias (4,10):
"Filha de Sião, tu sofres e gemes como uma
mulher com as dores de parto, porque agora irás sair da
cidade e morar nos campos e serás levada até Babilônia".
Ou, então, em Isaías (26,17): "Como a mulher grávida se
contorce e grita de dores quando chega a hora do parto,
assim estamos nós longe de ti, Senhor!".
Diante disso, podemos dizer que a mulher descrita
por João simboliza o povo de Deus, o povo formado por
todos os que aceitaram as promessas de Deus. É o povo
de Deus do Antigo e do Novo Testamento. Povo que traz
em si as marcas da esperança e do sofrimento. A mulher
estava revestida do sol e coroada de estrelas: imagem do
povo de Deus enriquecido com todos os bens, adornado
de todas as promessas, revestido da glória dos filhos de
Deus. Mas a mulher também estava em dores de parto,
como o povo de Deus esteve sempre e sempre estará
cercado de sofrimentos e tribulações. O Messias prometido
deveria nascer do povo judeu; mas, até que chegasse
esse momento, era preciso que fosse purificado de todas
as suas misérias e infidelidades. Era preciso que tomasse
consciência de toda a sua fraqueza, para que não pusesse
em si mesmo a esperança de salvação. Até a vinda
do Messias, a nação escolhida estaria em dores de parto.
Destinada a trazer ao mundo o Salvador, seria inevitável
que sofresse todo o peso da oposição humana e pagasse
o preço de sua missão.
Praticamente se pode dizer o mesmo do novo povo
de Deus, a Igreja do Cristo. Continuamente está como
que a dar à luz a salvação, no meio de perseguições e
sofrimentos. Continuamente ansiando pela manifestação
completa da força do Deus que salva.
Dizendo que a mulher vestida de sol representa o
povo de Deus, estamos seguindo também uma tradição
muito antiga da Igreja e, ao mesmo tempo, levamos em
conta um outro dado importante: a continuidade entre a
Igreja de agora e todas as gerações passadas. Não foi de
repente que Deus resolveu salvar os homens; desde o
começo esteve sempre presente a sua força de salvação.
Nesse sentido podemos dizer que a Igreja existiu desde
os primeiros tempos da humanidade.
Na continuação do texto, João mostra-nos o porque
dessa contínua oposição enfrentada pelo povo de Deus:
Seguindo um modo tradicional de falar, João nos
apresenta o demônio como uma serpente monstruosa,
um dragão, símbolo da morte, do mal e da destruição. As
sete cabeças do dragão mostram a sua força e a sua
resistência; os chifres e as coroas simbolizam o seu poder.
Do mesmo modo podemos entender a frase: "A sua
cauda varreu uma terça parte das estrelas do céu". Isto é:
apenas com sua cauda, sem empregar toda a sua força.
Pode ser também que essa frase seja uma referência à
vitória do mal quando conseguiu levar à revolta uma
parte dos anjos, dos espíritos criados por Deus. Ou, talvez
João esteja fazendo uma alusão ao poder do demônio
que consegue seduzir até mesmo muitos cristãos, até
mesmo pessoas de grande responsabilidade na Igreja.
Pois bem, é o demônio, o poder do mal, que está
sempre tentando impedir a salvação que vem de Deus. É
por isso que João diz que o dragão estava diante da
mulher, pronto a devorar seu filho tão logo nascesse.
Que o filho da mulher, que representa o povo de
Deus, seja o Messias, quanto a isso não há dúvida. Basta
ler a frase seguinte: "Ela deu à luz um filho, um menino,
que fora destinado a reger todas as nações com cetro de
ferro. Mas, seu filho foi arrebatado para lunto de Deus e
do seu trono" (12,5).
Essa passagem está repleta de lembranças do AT,
que apresentava o Messias como um rei poderoso. A vara
de ferro, que ele tem na mão como um cetro, é o símbolo
do poder com o qual irá quebrar todas as resistências do
mal. Ao poder do Cristo o demônio não pode resistir. Para
tornar isso mais claro, João nos lembra que o Salvador,
esperado no meio de tantos sofrimentos, à primeira vista,
é apenas um homem fraco, mas tem, na verdade, o poder
de Deus. Nós não estamos abandonados. O poder decisivo
está nas mãos do Cristo, ainda que isso nem sempre
apareça claramente. O demônio pode fazer todas as
ameaças. Não importa. O "filho da mulher" está à direita
de Deus.
O deserto era o lugar de refúgio. Podemos ler no 1º
livro dos Macabeus (2,29-30), como o povo perseguido
pelos reis da Síria fugiu. "Então, muitos que queriam se
manter fiéis à justiça e à Lei, desceram para o deserto
para ali morar. Levaram seus filhos, suas mulheres e seus
rebanhos. Isso porque a desgraça se tinha abatido sobre
eles".
Depois que o povo tinha conquistado a terra prometida,
depois que tinha organizado sua vida social, política
e econômica, nem sempre se manteve fiel à lei de Deus.
Deixou-se dominar pelo orgulho, pela injustiça, pela procura
desenfreada da riqueza e do bem estar. Nesse ambiente,
os profetas e muitos que se mantinham fiéis ao
Senhor, começaram a ter saudades da vida simples do
povo no deserto, totalmente entregue nas mãos de Javé.
É o que podemos ler no profeta Jeremias (2,2): "Assim
fala Javé: 'Eu me lembro do afeto de tua juventude, do
amor dos teus tempos de noivado, quando me acompanhavas
pelo deserto... naquele tempo o povo de Israel era
o bem sagrado de Deus...'".
Diante disso podemos compreender o que João nos
quer ensinar quando diz que a mulher fugiu para o deserto.
O povo de Deus, a Igreja, diante da perseguição vai
procurar refúgio no deserto, isto é, vai entregar-se completamente
nas mãos de Deus. Vai ser esse um tempo
difícil, de renúncias e sacrifícios, mas será a oportunidade
para que volte ao fervor dos primeiros tempos.
Aliás, foi o que aconteceu através de toda a história.
Quanto maiores foram as perseguições, tanto mais poderosamente
cresceu a comunidade dos discípulos, tanto
mais aprendeu a colocar sua esperança no poder de
Deus. Os tempos de paz, de tranqüilidade, de proteção
por parte dos poderosos, esses tempos sempre foram um
perigo de amolecimento para a comunidade cristã.
Segundo João, no deserto a mulher será alimentada
por Deus. E uma lembrança do maná do deserto. Já sabemos
o que significam os mil duzentos e sessenta dias:
três anos e meio ou três dias e meio. É um breve tempo de
tribulações. A duração exata das perseguições, isso continua
sendo sempre um segredo da sabedoria de Deus.
Não compete a nós marcar o momento para a manifestação
da libertação. O que devemos é continuar esperando
contra toda a esperança.
O DRAGÃO JA FOI DERROTADO
Podemos notar que o Messias glorificado, o filho da
mulher vestida de sol, não enfrenta pessoalmente o dragão.
Ele o faz, enviando o exército de seus anjos chefiado
por Miguel. O nome desse anjo quer dizer "Quem como
Deus?". É o mesmo anjo que aparece no livro de Daniel
(10,21 e 12,1) como o protetor do povo judeu. Aqui o
encontramos como o protetor do novo povo de Deus.
O dragão é identificado com "a antiga serpente". É
uma alusão ao livro do Gênesis (3,1-5), onde o demônio
que leva o homem para o pecado aparece como uma
serpente. Seu nome é Diabo ou Satanás. Em hebraico
"Satan" significa "Adversário", "Inimigo", "Acusador".
Esse nome foi traduzido para o grego como "Diabolos",
que quer dizer "Acusador", "Caluniador", "Perturbador".
O dragão e seus anjos foram lançados para a terra,
para fora de sua morada nos ares. Isso mostra, ao mesmo
tempo, sua derrota diante do Cristo e o poder que ainda
lhes resta para continuarem criando dificuldades para os
homens, até a derrota definitiva.
Todo o sentido dessa batalha celeste é expresso claramente
nas palavras de um canto de vitória:
Dizendo que o demônio "estava dia e noite acu-
sando", João quer nos fazer compreender que todos os
esforços do dragão tinham por finalidade levar-nos para
o mal e para a condenação. Todo esse esforço, porém, se
torna inútil: o demônio já não tem poder de nos prejudicar
realmente. Podemos vencê-lo. A vitória está em nossas mãos
porque o Cristo morreu para nos salvar. Basta
que estejamos prontos a aceitar a morte antes de abandonar
a nossa fidelidade ao Senhor.
O canto de vitória e de esperança termina de uma
maneira estranha, como anúncio de um terceiro "ai" que
se irá abater sobre o mundo: "mas ai da terra e do mar,
porque o diabo desceu para vós, cheio de grande ira,
sabendo que pouco tempo lhe resta" (12,12). Essa frase
serve de introdução para a última parte do capítulo doze.
Na primeira parte tivemos a apresentação dos protagonistas
do drama: o Cristo, seu povo e o dragão. Na segunda,
tivemos a vitória que dá começo ao reinado de
Deus. Na terceira, encontramos a explicação para as
dificuldades que a Igreja continua encontrando mesmo depois
da vitória de Cristo.
O DRAGÃO VENCIDO CONTINUA TENTANDO
Para fugir para o deserto, a mulher recebeu as asas
da grande águia. Poder voar, é o modo mais rápido de
fugir ao inimigo. Há, porém, um outro motivo para João
usar esse modo de falar. É que no livro do Êxodo (19,4),
Deus assim fala ao povo: "...Vistes como eu tratei os
egípcios, como eu vos carreguei sobre as asas da águia e
vos trouxe para mim...". Certamente que João estava se
lembrando dessa passagem. Ou, então, de uma outra do
profeta Isaias (40,31): "Aqueles que esperam no Senhor
terão suas forças renovadas, terão asas como as da
águia". As asas, pois, que a mulher recebe para fugir do
dragão simbolizam a proteção que a Igreja receberá do
poder de Deus.
João usa outra comparação para mostrar a sanha do
inimigo contra o povo de Deus:
Nem por isso o dragão descansa. Mesmo sem poder
destruir o povo de Deus, vai continuar com os seus ataques:
O capítulo doze termina com uma frase que pode
parecer muito misteriosa:
» MAIORES INFORMAÇÕES
Telefones: 0800-160004 e (0xx12) 565-2140
A Mulher e o Dragão
"Em seguida, um grande sinal apareceu no céu:
uma mulher revestida do sol, tendo a lua debaixo
dos seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre
a cabeça. Estava grávida e gritava de dores, aflita
para dar à luz.
João escreve o que está vendo lá no alto, nos ares,
não no céu-habitação de Deus. Descreve o aparecimento
de dois "sinais", de duas figuras extraordinárias que
chamam a atenção e têm um significado. Duas figuras que,
pela sua beleza ou pelo horror que inspiram, vão simbolizar
o combate entre o bem e o mal, entre Deus e o demônio.
E apareceu um outro sinal no céu: um grande
dragão, vermelho, com sete cabeças e dez chifres
e nas cabeças sete diademas. A sua cauda varreu
uma terça parte das estrelas do céu e as atirou à
terra. E esse dragão parou diante da mulher que
estava para dar à luz, a fim de, quando ela desse à
luz, devorar o seu filho. Ora, ela deu à luz um filho,
um menino, que fora destinado a reger todas as
nações com cetro de ferro.
Mas seu filho foi arrebatado para junto de Deus e
do seu trono. A mulher fugiu então para o deserto,
onde tinha um lugar preparado por Deus,
para aí ser sustentada por mil duzentos e sessenta
dias" (12,1-6).
"E apareceu um outro sinal no céu: um grande
dragão, vermelho, com sete cabeças e dez chifres
e nas cabeças sete diademas..." (12,3-6).
Aí está: é do demônio, é do poder do mal que vêm
todos os esforços dos inimigos de Cristo.
"A mulher fugiu então para o deserto, onde tinha
um lugar preparado por Deus, para aí ser sustentada
por mil duzentos e sessenta dias" (12,6).
O deserto tinha um significado muito especial para o
povo judeu. Era ao mesmo tempo lugar de sofrimentos,
mas também de refúgio e de esperança. No livro do
Êxodo podemos ver quanto o povo sofreu naqueles anos
em que vagou à procura da terra prometida. O deserto foi
para eles o lugar da purificação, que deles exigia uma fé
muito grande nas promessas de Deus que os fizera abandonar
a tranqüilidade do Egito.
"Houve uma batalha no céu: Miguel e seus anjos
tiveram que lutar contra o dragão; o dragão e
seus anjos travaram combate, mas não prevaleceram,
e já não houve lugar no céu para eles. E foi
precipitado o grande dragão, a serpente antiga,
que se chama diabo ou satanás, o sedutor do
mundo inteiro; ele foi precipitado na terra, e com
ele os seus anjos" (12,7-9).
Os antigos imaginavam que a morada dos poderes
do mal era nos abismos debaixo da terra e também nos
ares, bem abaixo do trono de Deus e na morada dos anjos
bons. É nessas regiões, nos ares, que João coloca a
batalha que manifesta a vitória de Cristo sobre o mal e o
pecado. Não está querendo nos ensinar nada sobre a
condenação e a expulsão dos anjos revoltados. Pelo
menos é o que podemos supor.
"E eu ouvi no céu uma voz forte que dizia:
'Eis que chegou agora a salvação, o poder, e o
reino do nosso Deus, e a força do seu Cristo,
porque foi precipitado o acusador de nossos irmãos,
que os acusava dia e ncite, diante do nosso
Deus. Mas estes venceram-no por causa do sangue
do Cordeiro e da palavra do seu testemunho,
e desprezaram suas vidas até ao ponto de
aceitarem a morte. Por isso alegrai-vos, ó céus, e todos
que aí habitais; mas ai da terra e do mar, porque o
diabo desceu para vós cheio de grande ira, sabendo
que pouco tempo lhe resta" (12,10-12).
Podemos ter confiança. Foi vencido o poder do dragão.
Começou o reinado do poder de Deus. É fácil perceber
essa mensagem nas palavras desse canto celeste de
vitória. Há porém uma frase que pode parecer estranha:
"Foi precipitado o acusador de nossos irmãos, que os
acusava dia e noite diante do nosso Deus". Vamos, então,
lembrar que o dragão se chama "Satanás" ou "Diabo".
Já vimos que esses nomes em hebraico e em grego significam
"acusador", "caluniador". É levado por esse significado
que João escreve como se o demônio, antes da
vitória de Cristo, estivesse diante de Deus como um promotor
de acusação, tentando conseguir a condenação
dos homens, caluniando e tentando perturbar a execução
do plano divino. Esse modo de imaginar o papel do
demônio já aparece no livro de Jó (1,6) e no profeta
Zacarias (3,1).
"E o dragão, quando viu que foi precipitado na
terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho, o
menino. Mas à mulher foram dadas duas asas da
grande águia, a fim de voar para o deserto, para o
lugar onde, longe da serpente, devia ser alimentada
por um tempo, tempos e metade de um
tempo" (12,13-14).
Partindo dos elementos que já conhecemos, é fácil
compreender o sentido dessa passagem. O poder do
demônio foi vencido pelo poder de Cristo. Enquanto,
porém, durar este tempo em que vivemos, o demônio
procurará fazer todo mal que puder ao povo de Deus.
Encontrará meios, mesmo se for preciso usar a força do
império romano, ou de outros impérios humanos. Se, por
um lado, Deus não permite que a Igreja seja vencida pela
tempestade, mesmo assim ela, muitas vezes, terá que
procurar refúgio no "deserto", posta à margem da sociedade,
sem poder influenciar diretamente nem na política,
nem na economia, nem na vida social.
"A serpente lançou da boca, como que um rio de
água atrás da mulher, para que fosse arrebatada
pela corrente. Mas a terra acudiu à mulher,
abrindo a boca para engolir o rio que o dragão
vomitara" (12,15-16).
Muitas vezes no AT as tribulações são comparadas
com um rio que se derrama sobre as pessoas que sofrem,
como que a afogá-las. Aliás, nós mesmos costumamos
dizer que estamos afogados de tristeza ou de trabalhos,
não é mesmo? Pois bem, João fala como se o dragão
tentasse um recurso desesperado para prejudicar a
Igreja, como se estivesse recorrendo à força das águas
que ninguém pode conter. A comparação era também
sugerida pelas enxurradas que de vez em quando se
formam no deserto, arrastando tudo que encontram. De
nada, porém, adianta o esforço do dragão. O rio, a torrente
que ele lança contra a mulher desaparece na terra
como as enxurradas desaparecem na areia do deserto.
"E o dragão irritou-se contra a mulher, e foi fazer
guerra ao resto da sua descendência, aos que
guardam os mandamentos de Deus e dão testemunho
de Jesus" (12,17).
Essa frase recoloca-nos exatamente no ambiente em
que viviam os cristãos do primeiro século, cercados de
perseguições e perigos. Se tanto sofriam, isso não significava
que fossem vãs as promessas e garantias de vitória
dadas pelo Cristo. E o mesmo se aplica a nós e ao nosso
tempo. Ainda vivemos num tempo em que a comunidade
cristã e cada um dos fiéis devem, de certo modo, passar
pelos mesmos combates enfrentados e vencidos pelo
Senhor. Será bom lembrar aqui uma passagem do evangelho
de João (16,20). Despedindo-se dos seus, diz Jesus:
"...chorareis e gemereis, ao passo que se alegrará o
mundo. Vós estareis na tristeza; mas vossa tristeza se
converterá em alegria...". Mais adiante, no versículo 33,
lemos: "No mundo tereis aflições. Tende confiança, porém:
eu venci o mundo!".
"E ele (o dragão) se estabeleceu na areia do mar" (12,18).
Mas não há nenhum mistério. É simplesmente uma
frase de transição para o que vem a seguir. Para continuar
sua luta contra a "mulher vestida de sol" e seus
filhos, o dragão vai recorrer à força e à maldade do império
que ficava do outro lado do mar. Colocado na praia, o
dragão como que chama dos abismos um novo monstro:
Roma e seus loucos imperadores que queriam ser considerados
como deuses.
Texto retirado do Capítulo 6 (páginas 111 a 121).
Caixa Postal 04
Rua Padre Claro Monteiro 342
Aparecida/SP - CEP 12570-000