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Autor: Flávio Cavalca de Castro Editora: Santuário Páginas: 78 Formato: 21 x 14 cm Preço: * Apresentação | O Autor | Conteúdo | Amostra | Maiores Informações | Pedidos via Internet |
» APRESENTAÇÃO
A Bíblia é uma fonte inesgotável de ensinamentos, de convites à fé, à esperança, ao amor a Deus
e ao próximo! E não podia ser diferente: a Bíblia é como que o "Satélite de Comunicação" entre
Deus e os homens.
Esta obra é para quem quer conhecer bem a Bíblia, que deve ser redescoberta como aquilo que
ela é: Palavra de Deus em linguagem humana.
Vivemos hoje numa sociedade assolada pelo ateísmo materialista e os cristãos de hoje não podem
mais, como no passado, apoiar suas crenças sobre a opinião-ambiente. Eles precisam aprofundar
sua fé por uma adesão mais pessoal à verdade mesma do Deus que fala.
Assim, este livro é importante auxílio para o leitor. Nele ficará sabendo como nasceu e se
desenvolveu a Bíblia, as línguas em que foi escrita e muito mais.
» O AUTOR
Pe. Flávio Cavalca de Castro é missionário redentorista, doutor em teologia dogmática.
» CONTEÚDO
» AMOSTRA
1. MENTALIDADE HEBRAICA E LINGUAGEM BÍBLICA
Vamos, pois estudar inícialmente um pouco da mentalidade
dos judeus e do seu jeito de se exprimir.
No salmo 62, versículo 6, lemos: "Minha alma será
saciada de gordura e de tutano, de meus lábios alegres
ressoará o teu louvor". Nós poderíamos dizer: O que é
isso? A alma não come! É verdade. Mas, para o judeu, um
bom almoço era aquele com muita carne gorda. Um bom
almoço alegra. Por isso o salmista, em vez de dizer: "Minha
alma estará feliz junto de Deus", diz: "Junto de Deus
minha alma será alimentada com carnes gordas e tutano".
Pode não parecer piedoso. Mas assim é que rezavam.
No salmo 118,109, encontramos: "Minha vida está
sempre em minhas mãos". Ter alguma coisa nas mãos, é
estar pronto a entregar, a perder. "Ter a vida nas mãos"
queria dizer: estou pronto a perder a minha vida, estou
quase morrendo, estou em grande perigo.
Com a mão pegamos as coisas, tomamos posse. Em
vez de dizer que alguém era rico, os judeus diziam: "ele
tem a mão grande". Quem era pobre ou avarento "tinha
as mãos pequenas".
Esses exemplos bastam para mostrar como os judeus
usavam uma linguagem muito concreta, quase sem termos
abstratos. Aliás, hoje ainda usamos linguagem semelhante.
Se alguém nos diz que "está na fossa", "foi
para o brejo", "foi para o buraco", entendemos logo o
que quer dizer e não perguntamos qual a fundura do
buraco nem onde é o brejo.
Como os orientais em geral, os judeus gostavam de
falar de um modo teatral. Assim, sem muitas explicações,
a idéia se tornava clara, quase palpável. Usavam expressões
que, analisadas friamente, são exageros. Um rei, para
dizer que seu exército era numeroso, dizia que a poeira
da Samaria não seria bastante para encher as mãos de
seus soldados (1º Livro dos Reis 20,10). Em vez de dizer:
"houve fome em muitos países", diziam: "houve fome na
terra inteira". Há uma passagem do Evangelho (Lc 14,26)
em que Jesus diz: "Quem não odiar pai, mãe... não pode
ser meu discípulo". Odiar, no caso, significa amar menos
do que ao Cristo.
A língua hebraica não tinha os mesmos recursos das
línguas modernas. Nós temos palavras que indicam claramente
a comparação entre os termos. Nós dizemos
claramente: "É maior o número dos chamados e menor o
número dos escolhidos". "Deus quer mais a misericórdia
do que o sacrifício". Os judeus diziam: "Muitos são os
chamados e poucos os escolhidos" (Mt 22,14). "Quero a
misericórdia e não o sacrifício" (Mt 9,13).
Usavam comparações e imaqens que não podem ser
tomadas ao pé da letra. As idéias abstratas estavam ligadas
a coisas materiais. Por exemplo:
Quando damos um número, estamos de fato excluindo
qualquer quantidade maior ou menor, a não ser
que digamos claramente o contrário. Os judeus indicavam
o número que interessava no momento. Podemos
dar alguns exemplos: Mc 11,2; Lc 19,30; Jo 12,14, dizem
que Jesus entrou em Jerusalém montado em um
jumento. Mt 21,2 fala, porém, de uma jumenta e de um
jumentinho. Mc 10,46 diz que, ao sair de Jericó, Jesus
curou um cego; Mt 20,30, diz que dois foram os cegos
curados. Além do mais, precisamos ainda lembrar que
muitas vezes houve engano dos copistas na transcrição
dos números. Engano fácil de entender já que os números
eram representados com letras do alfabeto, bastante
parecidas entre si.
Bastam esses exemplos para percebermos o cuidado
necessário para termos uma correta compreensão dos
textos bíblicos.
2. GÊNEROS LITERÁRIOS
Há ainda um outro fator que devemos levar em conta:
o gênero literário, isto é, o tipo de com posição que temos
diante de nós. Isso vai determinar o sentido e o alcance
que lhe podemos dar.
Se você ouve alguém contar uma história para crianças,
uma dessas histórias em que os animais falam, aparecem
fadas e bruxas, você não vai entender essa história
do mesmo modo como entende as palavras de alguém
que lhe está contando um fato real. Há muita diferença
entre uma poesia, ou a letra de uma canção, e um trecho
de um livro de ciências. Uma carta é bem diferente de
uma reportagem ou uma notícia no jornal. Um discurso
político não é a mesma coisa que um sermão. Aí estão
exemplos de alguns "gêneros literários".
A poesia, a anedota, a narrativa histórica, cada gênero
literário afinal tem suas regras próprias de composição.
Tem a sua linguagem própria, suas palavras apropriadas,
seu estilo. Escrevemos ou falamos de um jeito quando
queremos ensinar; de outro, quando queremos divertir,
ou agradar, ou informar, ou amedrontar, e assim por
diante.
E mais. Cada "gênero literário" olha para a realidade
de um lado diferente. Alguns, querem apresentar um fato
real, enquanto outros falam de fatos imaginários. Alguns
podem aprofundar o assunto até aos mínimos detalhes,
outros ficam só em generalidades. E podemos ainda
notar que essas formas de expressao variam conforme o
povo, o tempo e o lugar.
Também na Bíblia podemos encontrar muitos gêneros
literários bem característicos. Há narrativas, históricas
ou não, há poesia, parábola, alegoria, profecia. apocalipse.
E temos que levar isso em conta ou, então, vamos
interpretar mal o que foi escrito. O que lemos no Apocalipse
ou nos Profetas não pode ser compreendido do
mesmo modo como se estivéssemos lendo os Evangelhos.
Vamos entender mal as Epístolas de S. Paulo se
esquecermos que são cartas, escritas em circunstâncias
bem concretas. Precisamos conhecer e levar em conta as
regras próprias de cada gênero literário para não lermos
o que não foi pensado nem escrito pelos autores da
Bíblia.
3. A BÍBLIA E A HISTÓRIA
Lendo a Bíblia encontramos narrativas que nos levam
a perguntar: - Isso aconteceu mesmo? Tanto mais que,
muitas vezes, os dados fornecidos parecem não coincidir
com o que atualmente conhecemos da História do antigo
oriente.
No livro de Daniel, por exemplo, está escrito que o rei
Baltasar da Babilônia era filho de Nabucodonosor. Ora,
pelos documentos babilônicos, conservados em tabuinhas
de argila, sabemos que Baltasar era de fato filho de
Nabonide, quarto sucessor de Nabucodonosor. E o livro
de Jonas, será que quer apresentar um fato histórico, ou
seria apenas uma narrativa com finalidade edificante? A
mesma pergunta podemos levantar quanto aos livros de
Jó, de Judite, de Tobias e outros.
Não vem ao caso um exame detalhado de todos os
problemas que se apresentam. Vamos ver apenas alguns
princípios que nos aludem a compreender o modelo literário
de História usado em algumas partes da Escritura.
Em primeiro lugar é preciso saber que a Bíblia se
interessa pela História na medida em que os acontecimentos
têm uma importância religiosa. O que interessa
ao hagiógrafo é apresentar o que Deus fez pela salvação
dos homens e qual a resposta que os indivíduos, o povo e
a humanidade deram à proposta divina. São mencionados,
por isso, apenas os fatos realmente significativos
sob esse aspecto. E mesmo esses fatos são narrados de
forma a dar relevo ao seu significado religioso. Dados de
menor importância são omitidos ou apresentados de um
modo aproximativo, sem que se procure a exatidâo que
estamos acostumados a encontrar na História cientificamente
escrita.
Não podemos, porém, esquecer que a Bíblia se apresenta
como o relato do que Deus realmente fez para a
nossa salvação. Não quer apresentar lendas e mitos.
Afirma fatos: e a fé cristã é possível somente se aceitamos
a realidade desses fatos fundamentais.
Por outro lado, é bom lembrar que as descobertas
arqueológicas dos últimos tempos vêm confirmando
dados até agora conhecidos apenas através das informações
bíblicas. O que nos dá, mesmo do ponto de vista da
ciência histórica, uma garantia bastante grande pelo
menos quando a exatidão dos fatos centrais.
Finalmente, há na Bíblia muitas narrativas que não
precisam nem podem ser tomadas como apresentação
de fatos realmente acontecidos. São "histórias" contadas
com a finalidade de ensinar, exortar, animar.
Concluindo: A Bíblia não erra nem pode errar quando
o hagiógrafo quer de fato apresentar o que realmente
aconteceu. Nem tão pouco pode errar ao nos dar o sentido,
a significação religiosa dos fatos.
4. A BÍBLIA E A CIÊNCIA
A nossa visão atual do mundo, dos seres vivos e da
humanidade é muito diferente da que encontramos na
Bíblia. Essa nossa visão é formada por conhecimentos
certos, adquiridos através das descobertas científicas, ou
se baseia em hipóteses, tentativas de explicação coerente
para os fenómenos que ainda não chegamos a
compreender perfeitamente. Na Bíblia, encontramos
uma concepção do mundo bastante poética e ao mesmo
tempo simplista. A terra era considerada como uma
grande planície, cercada de altas montanhas (onde moravam
o sol e a lua). Sobre essas montanhas, como se
fossem imensos pilares, estaria apoiado o céu, imaginado
como imensa cúpula de cristal onde estariam incrustadas
as estrelas. A terra estaria flutuando sobre o
mar imenso, sob o qual estava a habitação dos mortos.
Acima dos céus, havia o grande mar superior, e mais alto
ainda o céu, habitação de Deus. A origem do mundo e da
humanidade era imaginada como acontecimento bem
recente. A uma palavra de Deus a criação teria surgido
como um todo perfeito e definitivo. Os fenômenos naturais
(ventos, raios, chuvas) eram atribuidos a uma intervenção
direta de Deus. As doenças, eram causadas por
forças misteriosas. Baste isso para nos fazer compreender
a dificuldade de alguns em conciliar as afirmações da
Bíblia com os dados científicos agora conhecidos.
Houve tempo em que se tomaram atitudes extremas.
Alguns, partindo dos conhecimentos atuais, viam a Bíblia
cheia de erros e tentavam explicar tudo, até os milagres,
de um modo natural. Outros tentavam colocar a Bíblia
como critério para o nosso conhecimento científico da
natureza; ou, então, queriam a todo o custo fazer uma
acomodação entre suas afirmações e as da ciéncia. Tentativas
que não serviam nem à verdade da Biblia nem à
verdade da ciência.
Para evitar mal-entendidos podemos seguir estes
princípios:
Quem lê o Antigo Testamento poderia ficar chocado
com certos costumes, mais ou menos tolerados, ou com
certos episódios mais ou menos escabrosos. Como é
possível isso num livro escrito sob a inspiração divina?
A Bíblia fala sobre o homem. Fala, pois, do que há de
bom e mau, mesmo em homens que deviam desempenhar
um importante papel nos planos de Deus. Não simplesmente
para falar do mal, nem muito menos para o
ensinar. Quer mostrar até que ponto pode chegar a fraqueza
humana, quer ensinar-nos a evitar todo pecado.
Justamente essa presença do mal nos mostra como Deus
foi pacientemente educando a humanidade para que pudesse
afinal aceitar e viver o Evangelho de Cristo. Não
impunha exigências maiores do que as assimiláveis por
homens ainda presos a uma situação precária. Não estava
interessado apenas em fazer cumprir um código
moral; queria levar as pessoas a um crescimento interior.
Sabia esperar o momento de mandar o seu Cristo que,
diante das tolerâncias da lei antiga, iria anunciar: "...eu,
porém, vos digo...!"
Neste ponto podemos concluir:
» MAIORES INFORMAÇÕES
Telefones: 0800-160004 e (0xx12) 565-2140
A Bíblia não Erra
Esse modo concreto de pensar e de falar é que levava
os judeus a falarem das coisas e de Deus usando expressões
que realmente só de aplicam aos homens. Por
exemplo:
Na linguagem da Bíblia os números não têm a mesma
importância nem o mesmo significado que têm para nós.
Quando damos um número, procuramos ser matematicamente
exatos; interessa-nos a quantidade real. Para os
judeus os números tinham todo um significado simbólico,
indicava o sentido dos acontecimentos ou as qualidades
das pessoas. A idade dos patriarcas, cem ou mais
anos, não era contada em razão dos anos realmente vividos,
mas em razão da veneração que mereciam, do
quanto eram queridos por Deus. No capítulo quinto do
Gênesis encontramos uma série de dez gerações desde
Adão até o patriarca Noé. Dez era apenas o número que
indicava uma série completa e final. Falando de dez patriarcas,
o hagiógrafo queria abarcar todos os acontecimentos,
todas as gerações entre Adão e Noé, fossem lá
quais e quantos fossem. Não estava, de modo algum,
querendo ensinar que de fato tinha havido apenas uma
série de dez gerações. De modo semelhante Jesus fala
das "dez virgens"; S. Paulo menciona os "dez adversários"
que nos tentam separar do Cristo (Rom 8,38s), e os
"dez vícios" que nos podem excluir do Reino de Deus (1Cor
6,9s). Os meses do ano são doze. Por isso esse número
também significava a perfeição, a totalidade.
5. A BÍBLIA E A MORAL
Texto retirado do Capítulo 5 (páginas 59 a 67).
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