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Autor: Philippe Breton Editora: Loyola Páginas: 168 Formato: 23 x 16 cm Preço: * * * Apresentação | O Autor | Conteúdo | Amostra | Maiores Informações | Pedidos via Internet |
» APRESENTAÇÃO
A manipulação da palavra se tornou hoje comum nas sociedades modernas. A democracia, que pôs
a palavra no centro da vida pública, parece ameaçada pela proliferação das técnicas que visam
nos obrigar, sem que nos apercebamos, a adotar determinado comportamento ou determinada opinião.
Acaso a sensação difusa de viver num "universo mentiroso" não está na origem de formas novas de
individualismo e de autofechamento? Todos os métodos de comunicação e de debates são bons num
espaço público que se pretende democrático?
Para responder a essas perguntas, Philippe Breton descreve neste livro, com numerosos exemplos
tomados do domínio da política, da publicidade, da psicoterapia e da comunicação, as diferentes
técnicas de manipulação que saturam nosso ambiente. Ele distingue entre a manipulação cognitiva,
que fecha o público em raciocínios não-fundados ou enganosos, e a manipulação dos afetos, que
atua sobre os recursos do sentimento, do erotismo, da hipnose ou da repetição, para forçar a
transmissão de mensagens de resto inaceitáveis.
Philippe Breton não se contenta em analisar detalhadamente as técnicas de manipulação, que
distingue das técnicas de argumentação. Ele propõe igualmente uma análise das fraquezas das
sociedades modernas e oferece algumas pistas para restituir à palavra o papel de instrumento
vivo da democracia. Breton introduz notadamente o conceito original de liberdade de recepção,
sem a qual a liberdade de expressão permanece sobretudo a liberdade dos poderosos.
» O AUTOR
» CONTEÚDO
» AMOSTRA
Costuma-se associar a manipulação com todos os métodos
que consistem em intervir emocionalmente, afetivamente,
na relação que se estabelece entre aqueles que querem
convencer e seu público. Insiste-se, por exemplo, no fato de
que a propaganda é "irracional", que atua apelando a recursos
instintivos, que mobiliza o sentimento estético, portanto mais aos afetos
que à racionalidade dos argumentos. No entanto, é preciso matizar amplamente
esse ponto de vista, que funciona com base numa oposição,
em forma de lugar-comum, entre afetos e racionalidade.
Pode-se de fato manipular de outra maneira que não intervindo
na relação. O próximo capítulo é dedicado a todas as manipulações
da dimensão cognitiva da mensagem. As possibilidades abertas
pela manipulação do conteúdo da mensagem são, como veremos, inumeráveis.
Por conseguinte, não é possível reduzir a manipulação à
dimensão "irracional" ou "afetiva" da comunicação. Acrescentaremos
a isso que aquilo que é do domínio do sentimento, do charme,
da estética ou da autoridade - ou seja, o que acompanha a mensagem
propriamente dita ou que constitui sua apresentação - não
é em si forçosamente manipulatório. O apelo aos valores, um dos
recursos da argumentação democrática, mobiliza os afetos em profundidade.
As paixões fazem parte do convencer e só se pode
desejar expurgá-las em nome de um racionalismo estreito que confundiria
convencer e demonstrar, razão argumentativa e raciocínio
científico. É preciso, pois, abrir espaço às paixões. Além
disso, a
mobilização dos afetos para apresentar a mensagem não se refere
unicamente à relação psicológica que aquele que deseja convencer
tentará instaurar, mas também à formulação, notadamente estética,
da própria mensagem. Não reduziremos, pois, a manipulação dos
sentimentos unicamente à dimensão "relacional".
Mobilizar os afetos parece ter por objetivo condicionar o público
de tal maneira que ele aceite a mensagem sem discussão. Se o
homem é sedutor, o que ele diz é convincente. Uma antiga
história grega narra que uma mulher cruel e assassina, sem circunstâncias
atenuantes, obteve do júri sua absolvição pelo simples fato de
ter, em desespero de causa, tirado a túnica e mostrado o corpo nu.
Vinte e cinco séculos depois, tendo em vista a defesa de outra
causa, um cartaz contra a Guerra do Vietnã afixado nas paredes
dos campi americanos representava quatro belas e jovens estudantes
sob a seguinte legenda: "As garotas que dizem sim aos
rapazes que dizem não (à guerra)". Manipular consiste de fato em
paralisar o julgamento e em fazer tudo para que o receptor abra ele mesmo
sua porta mental a um conteúdo que de outro modo não seria
aprovado. Mesmo a sedução é uma violência, visto obter uma
privação de liberdade do público.
É muito importante, para poder situar-se numa postura de crítica
dos procedimentos que recorrem por exemplo à sedução, e em
particular ao cortejo quase infinito de imagens, personagens e
modelos sedutores utilizados pela publicidade, perceber com
clareza a influência das coisas. Em si, a sedução é um elemento
essencial da atividade humana, mas sua finalidade não é unicamente
seduzir? Utilizar a sedução para convencer não corresponde a um
desvio de algum modo técnico dos sentimentos? Alguns publicitários
dizem às vezes: "O mundo seria triste sem os espetáculos
que oferecemos", e colocam os críticos no campo dos pobres coitados
moralistas. Julgar-se-á como se desejar, no plano dos valores, a
presença de mulheres seminuas ou de modelos masculinos sexualmente
provocantes no espaço público. Mas não será em nome de
uma condenação, ou de uma aprovação, desse tipo de espetáculo
que uma mensagem será julgada manipulatória caso faça uso desse
recurso: há manipulação porque a razão dada para obter a adesão
à mensagem nada tem a ver com o conteúdo da própria mensagem.
Aliás, é como tal que tecnicamente ela é reconhecida.
Distinguiremos aqui duas grandes categorias de mobilização dos
afetos: uma bastante clássica, que se apóia no sentimento que o
manipulador espera inspirar, ou ainda num amálgama entre uma
opinião e um sentimento que não se relaciona em absoluto com
ela, e outra menos conhecida, que faz uso do que se poderia
denominar o "efeito fusional".
O RECURSO AOS SENTIMENTOS
Quando os publicitários se livraram da idéia, embaraçosa de
seu ponto de vista, segundo a qual se tratava de produzir mensagens
estritamente informativas para promover os produtos que lhes
eram confiados, um dos primeiros recursos que empregaram foi a
relação de identificação. Pouco importa o produto; se é
utilizado por alguém em quem se tem confiança, ou, melhor, que suscita a
inveja, ele se torna desejável e pode-se facilmente convencer o
público a comprá-lo. Assim, desde 1928, Carl A. Naether,
especialista em anúncios destinados a mulheres, desvelou a técnica ad
hoc: "Se um anúncio mostra uma sedutora jovem em êxtase diante do
esplêndido colar de pérolas que acaba de ganhar, é quase certo
que as leitoras do anúncio reajam nestes termos: 'Como eu adoraria,
eu também, aumentar meu poder de sedução usando essas pérolas"'.
O mecanismo em jogo consiste em criar a ilusão de que o emissor
da mensagem se encontra na mensagem ou é nela representado.
No caso, tudo se passa como se a "sedutora jovem" dissesse ela
mesma ao público: para ser como eu, sedutora, compre este colar
de pérolas.
A idéia aqui é que a autoridade, no sentido bastante amplo do
emissor, pressiona o público, independentemente do conteúdo da
mensagem, para torná-la aceitável ou desejável. O que Lionel
Bellanger denomina a "persuasão-sedução" aparece "tanto nas
relações interpessoais como na comunicação de massa, na publicidade
ou na política". O fenômeno tornou-se tão comum, e de certa
forma tão dissimulado como procedimento, que terminamos por
não vê-lo mais, o que não significa que seja inócuo.
Nas relações humanas, onde seduzir se refere à sua própria
finalidade, seu uso estratégico na ação de convencer se apóia
sistematicamente no engano. Não se trata mais de agradar por agradar,
mas de agradar para vender, para ganhar o voto do eleitor, para
mandar. Estamos de fato diante de uma estratégia de desvio.
Beilenger insiste no fato de que a sedução se adapta às
circunstâncias, isto é, ao público: "O sedutor é aquele que faz ou diz no
momento desejado o que é preciso: ele demonstra uma total obediência
à ocasião... O sedutor assemelha-se a tudo o que aborda".
Na política, o protótipo do sedutor é o demagogo, personagem
já bem conhecido dos gregos antigos. Eurípides descreve assim
"aquele que é capaz de se adaptar às circunstâncias mais desconcertantes,
de assumir tantos rostos quantas forem as categorias
sociais e espécies humanas na cidade, de inventar os mil
artifícios que tornarão sua ação eficaz nas circunstâncias mais
variadas". O demagogo é aquele que quer convencer de que é o bom candidato
ou o bom titular do posto que ocupa. Para isso, levará o
público a acreditar, graças a diferentes estratégias, que pensa como ele.
Melhor: dirigindo-se a vários públicos particulares, o demagogo levará
cada um deles a acreditar que pensa como eles.
Uma das passagens mais cínicas do manual de campanha eleitoral
redigido por Quintiliano Cícero (o irmão do famoso Cícero)
enfatiza a necessidade de desenvolver "o sentido da adulação,
vício ignóbil em qualquer outra circunstância, mas que, numa campanha,
se torna qualidade indispensável [...] obrigatória para um
candidato do qual o rosto, o semblante e o discurso devem mudar e
adaptar-se, segundo suas idéias e seus sentimentos, ao
interlocutor do momento".
O sedutor não é um dedutor. Ele não afirma seu ponto de vista
próprio, mas adere ao do outro. Como o diz lindamente Bellenger,
"seduzir é morrer como realidade e se produzir como engodo".
Jean Baudrillard insistiu com razão na importância da
metamorfose no ato de sedução. O exercício demagógico implica uma incrível
flexibilidade e, com muita freqüência, passa pela construção de
um
vocabulário político, ou comercial, suficientemente ambíguo para
que as próprias palavras possam se metamorfosear, em função da
expectativa de cada um dos públicos que as recebem. Assim, o
famoso "Franceses, eu os compreendi", pronunciado em 1958 pelo
general De Gaulle diante da multidão em Argel, significava
muitíssimas coisas radicalmente diferentes para os públicos aos quais
se dirigia.
A sedução pelo estilo
Uma forma igualmente muito antiga de sedução com o intuito
de persuadir é o uso do estilo como distanciamento do conteúdo.
Um orador que fala bem tende a ser mais convincente, de algum
modo sem razão. A manipulação começa quando seu "bem falar"
toma o lugar do próprio argumento, do qual deixa de ser um
acompanhamento para tornar-se o elemento central da situação.
O uso de "figuras de estilo" literárias é um dos recursos mais
freqüentes da manipulação. A "fórmula" propõe-se a convencer,
quando não passa de um ornamento. Numerosos discursos da extrema
direita, além de outros elementos manipulatórios que se
combinam entre si, são formados apenas de figuras de estilo,
frases de efeito, palavras espirituosas. Assim, num texto prototípico
que analisamos numa obra anterior, o autor, partidário das teses da
extrema direita, desenvolve tão-somente, para criticar o que
chama de "encarniçamento integracionista", figuras de estilo sem
conteúdo. Ele opõe, por exemplo, os "franceses de coração" aos
"franceses de ventre", que "têm documentos franceses, mas não possuem nem
o coração, nem a alma, nem o espírito francês" (e que ele
propõe que sejam reconduzidos à fronteira). O auge desses procedimentos
reside nas fórmulas, destinadas a certo público que aprecia seu
estilo, que - como o "Durafour-crematório" de um dirigente da
extrema direita francesa - veiculam, via estilo, uma mensagem
anti-semita evidentemente nunca argumentada como tal.
As mensagens publicitárias utilizam abundantemente, agora não
mais apenas com palavras, mas na maioria das vezes com imagens,
a estetização da mensagem com o objetivo de torná-la, apenas
por isso, confiável. Blanche Grunig, depois de analisar um corpus
de
1.400 slogans publicitários, destaca que "não desconfiamos da
rede que tecem em torno de nós as formas que nos seduzem". O autor
mostra bem o caráter extremamente "estilizado" das mensagens
publicitárias, que recorrem a uma estética das figuras em última
análise bastante clássica.
Manipular pela clareza
O estilo depende de gostos mutáveis de acordo com os meios
sociais e os períodos históricos. Há pouco tempo, cerca de vinte
anos, impôs-se um novo estilo de referência que funciona como
forte potencialidade de manipulação do discurso. Observar-se-á
que esse estilo, exibido pela mídia, tende hoje a universalizar-se.
Sua característica é apresentar o discurso marcado pela clareza.
Hoje, é preciso "ser claro", produzir um discurso "transparente",
abolir as "obscuridades". Essa clareza não deve criar ilusões: trata-se,
de fato, de um estilo relativo.
Ora, um discurso que convence por sua clareza é um discurso
que não é convincente por outro meio, isto é, os argumentos que
propõe. A clareza seduz. Ela cria a ilusão, justamente, de
adaptar-se ao público, que não precisa fazer nenhum esforço para aceitar o
que lhe é proposto. A clareza do estilo não é, nesse caso, uma
pedagogia, mas na verdade uma demagogia do discurso. Também
nesse contexto a manipulação começa quando a clareza deixa de
ser um simples acompanhamento da argumentação, tomando de fato seu lugar.
A clareza faz-se acompanhar quase sempre da brevidade, promovida
há pouco à categoria de estilo convincente. Vimos que
Tácito, ao descrever outro período em que o estatuto da palavra
também mudara em profundidade, observou que, sob o Império,
todos os discursos se tornaram mais curtos, enquanto no regime
republicano oradores e públicos dedicavam o tempo devido à exposição
e à reflexão. Em contraponto, o diretor de relações públicas
do Partido Republicano declarou em 1956, período em que a política
americana era conduzida pelos novos especialistas da
persuasão clandestina, que "a era dos longos discursos políticos estava
ultrapassada e que o Partido Republicano adotaria arrazoados
rápidos de cinco minutos". O formato breve tornou-se hoje um padrão
para toda mensagem que se pretenda persuasiva.
A estetização da mensagem
O estilo, quando se instaura como procedimento manipulatório,
não é forçosamente literário. Ele pode advir de um gênero que
agrada determinado público, que vê nisso "estilo". Assim,
Jean-Luc Nancy e Philippe Lacoue-Labarthe, em análise do mito nazista,
destacam, ao falar de duas obras básicas do regime (Mein Kampf
e Le Mythe du XX siècle, de Alfred Rosenberg), "que era preciso
dispor de tempo para deter-se no estilo (se se pode dizer)
desses livros, que, sob muitos aspectos, se assemelham. Por sua
composição comum e pela língua que empregam, eles procedem sempre da
acumulação afirmativa, e nunca, ou só raríssimas vezes, da argumentação.
Trata-se de um amontoado com freqüência confuso de
evidências (ao menos dadas como tais) e de certezas
incansavelmente repetidas. Martela-se uma idéia, sustenta-se essa idéia com
tudo o que pode parecer convir-lhe, sem fazer análises, sem discutir
objeções, sem dar referências. Não há nem saber a estabelecer nem
pensamento a conquistar. Há apenas a declaração de uma verdade
já adquirida, inteiramente disponível [...] recorre-se
implicitamente [...] a uma espécie de proliferação mítica, nem por isso
poética, mas que busca toda a sua força no poder nu e imperioso de sua
própria afirmação".
Éric Michaud afirmou certa vez de modo um tanto provocador
que, ao contrário do que se costuma pensar, Hitier não era um
"pintor frustrado", mas, pelo contrário, um artista
bem-sucedido, já que tomara todo o povo alemão como "matéria" de sua arte.
Enfatizou-se suficientemente, sem que seja necessário insistir
aqui, como a propaganda se apoiava numa estetização das multidões, que
acabavam, em virtude de sua organização metódica, por fazer
parte da própria mensagem. O que valia para a propaganda dos anos 30
vale inteiramente para hoje. Um dos momentos fortes do filme "La
Fabrique de l'homme occidental" (1997), com roteiro de Pierre
Legendre,
é a reportagem sobre uma "operação de comunicação interna" em
que quadros e empregados de uma empresa se vêem vítimas de
uma vasta encenação estética da qual são ao mesmo tempo os
destinatários e a matéria.
De modo geral, a estética da mensagem tende, na publicidade
ou mesmo na comunicação, a substituir por completo seu conteúdo.
Aquilo que, na mensagem, se supõe que convença é transferido do
fundo para a forma. O uso da arte na propaganda, isto é, a
distorção da função estética da arte em benefício de uma função de
comunicação manipulatória, baseia-se nessa lógica. Como dizia um
propagandista bolchevique em 1919, "deve-se organizar a arte e
fazer dela, tal como a indústria e o Exército vermelho, um
instrumento eficaz a serviço de um projeto de Estado total". A observação
pode ser integralmente transferida, no plano técnico (não
no dos valores, é claro), ao mundo atual da publicidade, no qual se
recorre cada vez mais a artistas, em particular cineastas, para
realizar mensagens cujo caráter convincente seja obtido graças à
sedução estética.
O medo, a autoridade
Mesmo mascarada sob a forma da autoridade, a força do medo
que inspira aquele que deseja convencer continua a ser um dos
recursos da manipulação. Para convencer-se disso, basta
reportar-se ao clima que reina nos estúdios e na preparação dos
programas de rádio e televisão quando este ou aquele dirigente da extrema
direita é convidado. O mínimo que se pode dizer é que não é
fácil encarar aqueles que fazem uso da violência verbal ou não-verbal.
Na maioria das vezes, eles "abrem caminho à força". Diante dessa
brutalidade de acompanhamento e de apresentação do discurso, a
esquerda francesa julgou conveniente, em certa época, mobilizar
em seu interior aqueles que podiam usar os mesmos métodos brutais
e demagógicos. Recorreu-se assim a homens como Bernard
Tapie, em debates televisivos contra a extrema direita, num
papel simétrico. Esse tipo de tentativa não é desprovido de efeitos
perversos, já que, no final das contas, o procedimento criticado se vê
legitimado e reforçado.
A experiência de numerosos debates midiáticos em que jornalistas
ou políticos (homens e mulheres) aceitam "dialogar" com
representantes da extrema direita mostra que a força do medo e da
autoridade, somada a outros procedimentos manipulatórios, torna
eficaz a intervenção destes últimos. Dessa maneira, foi
possível ver alguns eleitos da Frente Nacional imporem-se diante de
jornalistas motivados, competentes, bem documentados, e chegar a difundir,
sem grande oposição, pontos de vista que sustentam, por exemplo,
que organizações judaicas controlam o presidente da República
francesa. O jornalista debatia democraticamente diante de
alguém que, por sua vez, manipulava a opinião.
De modo mais geral, o recurso à autoridade continua a ser um
meio de manipulação de uso mais freqüente do que se imagina. Ele
permite fechar a questão sem discutir, com o intuito de fazer
aceitar, custe o que custar, uma opinião ou provocar um comportamento.
Uma das razões desse procedimento, e também da dificuldade
de identificá-lo, diz respeito à sua proximidade com aquilo que
em retórica se denomina o "argumento de autoridade". Este último se
apóia na confiança legítima deposta numa autoridade, em nome do
princípio de que não podemos verificar por nós mesmos tudo o que
nos é apresentado.
Um exemplo espetacular, embora mais difícil de interpretar do
que parece, é o da experiência coordenada pelo psicossociólogo
americano Stanley Mugram. Essa experiência consiste em encenar
uma "pesquisa científica" em que um pesquisador, dotado de certa
autoridade, pede a uma cobaia que puna, num processo de aprendizagem
referente à memória, outra cobaia - que, por seu turno,
simula dor. A questão, para Mugram, é saber até onde se pode ir
na tortura se uma autoridade "legitima", no caso científica,
pede isso a você. A resposta é aterradora: dois terços das cobaias
aceitam aplicar à outra pessoa choques elétricos que acarretam uma
quase-inconsciência. Pode-se interpretar essa experiência como uma
confirmação das amplas possibilidades abertas pela manipulação que
recorre à autoridade.
A manipulação das crianças
Um aspecto muitas vezes negligenciado, apesar de sua importância,
do recurso abusivo à autoridade para convencer é constituído
pelas freqüentes práticas de manipulação das consciências
infantis. Como recorda Vance Packard, a tomada de consciência
por parte dos publicitários dos imensos recursos que essa
possibilidade de influência envolve esteve na origem do desenvolvimento
de todo um setor, dotado de métodos especialmente concebidos
para as crianças. Numa revista profissional de publicidade,
diz-se o seguinte: "Os espíritos podem ser moldados a desejar seus produtos!
Nas escolas da América, há quase 23 milhões de meninas
e meninos. Essas crianças ingerem alimentos, usam roupas, utilizam
sabonete. Elas são hoje consumidores e serão amanhã compradores;
constituem um vasto mercado para seus produtos. Envolvam
essas crianças com sua marca e elas insistirão para que os pais
a comprem".
Devemos observar que as mesmas técnicas eram utilizadas pelos
propagandistas de Stalin, que empregavam um desvio de autoridade
desse tipo para que as crianças "educassem" politicamente os
pais. Esses métodos recorrem com freqüência à sedução. Mas,
assim como a lei identifica como abuso de autoridade a sedução de
crianças por adultos (quando ela leva a criança - ainda que aparentemente
de maneira voluntária - a cometer ou a aceitar atos contra
a natureza), assim também a "sedução" de crianças pequenas ou
mesmo de adolescentes por parte de mensagens manipulatórias é
um abuso de autoridade no sentido estrito. Tanto mais que hoje
se sabe que as crianças em idade pré-escolar, por exemplo, não
fazem nenhuma distinção entre os filmes publicitários e os programas
de televisão. A autoridade global da mídia impõe-se a elas. Tal
como o observara um jornalista, "a manipulação dos espíritos das
crianças nos domínios da religião e da política provocaria nos pais
uma tempestade de protestos... Mas, no mundo do comércio, as
crianças são uma presa ideal e legítima".
O amálgama afetivo
Trata-se de procedimento freqüentemente utilizado para manipular
a mensagem. Consiste em tornar aceitável uma opinião ao
construir uma mensagem que é uma mistura dessa opinião, sem
questionamento de seu conteúdo, com um elemento exterior, na
ordem do afeto, sem relação imediata com essa opinião, mas
considerado, por sua vez, suscetível de sensibilizar o público num
sentido favorável. Transfere-se assim a carga afetiva desse
elemento exterior, que se vai buscar a jusante, para a própria opinião.
Desse modo, há alguns anos, a publicidade francesa surpreendeu
muito a imaginação por seu caráter deliberadamente provocador
no plano sexual. Uma antiga marca de balas de alcaçuz, inventada
por um farmacêutico de Toulouse, procurava consolidar-se no
vasto mercado dos produtos de massa. Para isso, era preciso que
ela se livrasse da imagem um pouco envelhecida que a acompanhava,
a de um produto de farmácia de província, cujo nome - Cachou Lajaunie -
evocava sobretudo a austeridade.
Os publicitários consultados decidiram aparentemente não ir direto
ao assunto. Conceberam uma mensagem, a ser veiculada primeiramente
na televisão, que se contentava, por um lado, em mostrar
o produto - tratava-se de uma caixa de cachous -, e, por
outro, de apresentar uma jovem com um generoso decote. A modelo
mexia o torso de forma a provocar um movimento dos seios
de forte conotação erótica, evocando, talvez, o movimento dos
cachous na caixa. A mensagem não mostrava mais nada.
A estrutura é clara: ela propõe uma associação entre um produto
mostrado e um estimulo erótico. Essa associação - e é precisamente
aí que reside, em termos técnicos, a manipulação - não
tem nenhum fundamento: não há nenhuma relação, de qualquer natureza
que seja, entre o cachou Lajaunie e os seios da modelo! O
mecanismo do amálgama é simples. Consiste em ir buscar no espírito
do público a quem a mensagem se destina um elemento
preexistente, ameno, agradável, prazeroso, até desejável, mas
também, eventualmente, espantoso ou que evoca o medo e o
desgosto, e em seguida ligar esse elemento à mensagem assim ampliada. A
publicidade, tanto quanto a ação de propaganda, consiste
eletivamente, neste caso, em aumentar a mensagem com relação à sua
dimensão informativa.
Observemos que a crítica aqui não consiste em contestar o emprego
do sexo na televisão, ou o eventual aviltamento da modelo
e, de maneira mais geral, da imagem da mulher. Essa crítica se
baseará nos valores que são incorporados à mensagem. Esse tipo de
análise tem para nós pouca importância aqui, o que não
significa, aliás, que uma crítica dessa espécie seja impossível, mas ela
diz respeito a outro nível que não o da análise das distorções de
que a palavra é objeto. Pode-se considerar agradável ou não
desejável ver mulheres desnudas mostrando o corpo de forma mais ou menos
provocante. Trata-se de outra discussão. O que nos importa é
constatar que não há nenhuma relação entre a sensação provocada
pela modelo e o produto apresentado.
A que se deve o fato de que, nesse caso preciso, a manipulação
siga adiante? A que se deve o fato de não reagirmos de imediato
a essa ausência de relação rejeitando a mensagem como "não-coerente"? A
que se deve que não a vejamos como uma espécie de absurdo? Em
primeiro lugar, porque não somos indiferentes, não às balas
Lajaunie, mas à modelo e a seu gesto erótico. Em seguida, porque a
mensagem é repetida e sua dilusão procede por insistência. Há junção,
como costuma acontecer no amálgama, com essa manipulação específica
da relação que se apóia em nossa fraca resistência à repetição.
A conjugação da repetição e do caráter surpreendente da parte
da mensagem que não diz respeito ao produto em si provocará uma
contaminação das sensações experimentadas na recepção dessa
parte sobre a outra parte cuja promoção é justamente o que se deseja.
Há uma transferência de sensação que obtém rapidamente estatuto de
evidência. Depois de ser manipulados, cremos realmente ver um
forte vínculo entre as duas partes da mensagem, que assim se
soldam artificialmente uma à outra.
Onde a sedução ou o recurso à autoridade supõem uma alteridade,
um outro que agrada e que inspira confiança, ou então que
tememos a ponto de nos abrir sem reflexão áquilo de que ele quer
nos convencer, o procedimento fusional propõe aniquilar toda diferença
no processo de comunicação. O objetivo buscado é o mesmo:
trabalhar a apresentação da mensagem de modo a pôr o público
à mercê do manipulador. Tal como o procedimento de sedução,
o procedimento fusional diz respeito tanto a certo tipo de relação
que se instaura diretamente entre pessoas (o manipulador e o
manipulado) como a determinada maneira de apresentar a mensagem
que lhe permite desarmar mais facilmente as defesas que o
público poderia opor-lhe. A meta é a mesma, mas o método difere por
inspirar-se em técnicas de condicionamento e de hipnose.
Como já acentuava Tchakhotine, a repetição aparentemente desempenha
um papel de destaque nos processos de manipulação.
Figura de construção na retórica clássica - em que é utilizada,
como observa Olivier Reboul, "para fazer sentido" -, a repetição
perde seu estatuto quando empregada como principal recurso para
convencer.
A repetição cria inteiramente, de forma artificial, a partir apenas
desse mecanismo, um sentimento de evidência. O que nos parece
estranho e sem fundamento à primeira vista - porque não argumentado -
acaba por parecer aceitável, depois normal, no decorrer
das repetições. Essa técnica cria a impressão de que aquilo
que é dito e repetido foi em algum lugar, muito antes, argumentado.
A repetição funciona com base no esquecimento de que nunca
se explicou aquilo que se repete.
A forma mais simples de repetição, tanto na política como em
comunicação ou publicidade, é o slogan. Encontramos aí o fantasma
de Ivan P. Pavlov. Como o diz Tchakhotine, "a repetição
desempenha um importante papel na publicidade, como em toda formatação
de reflexos condicionados [...] a publicidade comercial, mas
também a propaganda política [...] utilizam [...] a repetição
incessante e maciça das mesmas formas, dos mesmos slogans etc. Ao
acompanhá-los sobretudo de excitações luminosas, cores gritantes,
sonoridades ritmadas, obsedantes, elas criam um estado de fadiga
mental propício à sujeição à vontade daquele que exerce essa
publicidade turbulenta". Essa "fadiga mental" designa o
fenômeno de abandono da consciência crítica, que acaba por se
persuadir de que ela se exerceu no passado e de que, de alguma maneira
visto que é repetida, a mensagem já foi justificada.
O uso da repetição conhece desenvolvimentos sutis que visam
desarmar as defesas que o espírito pode opor a procedimentos em
resumo bastante sumários. Assim, Tchakhotine acentua que, "para
prevenir o perigo de cansaço por repetição, sobretudo monótona,
é aconselhável variar os aspectos do tema central. Um exemplo
dessa regra é oferecido na publicidade que, ao anunciar um
artigo em seus cartazes, emprega a imagem sempre da mesma pessoa,
mas em atitudes diversas".
O slogan não é eficaz apenas por apoiar-se nos recursos da
repetição. Ele poderia de fato, em sua própria construção, como
"objeto arquitetural", para retomar a expressão de Blanche
Grunig, ser "particularmente bastante compatível com operações mentais
privilegiadas, fundamentais, extremamente importantes", cuja
natureza, por outro lado, ele não esclarece. A busca da "fusão"
entre a mensagem e o público é uma das forças do slogan, pelas
mesmas razões, aliás, da repetição.
A hipnose e a sincronização
Ainda mais preciso e mais explícito é o recurso de numerosos
"especialistas em comunicação" a técnicas de hipnose ou de
sincronização utilizadas com o objetivo de "convencer", isto é, de
obter uma "mudança de comportamento" por parte do público. As teorias
e práticas da PNL (Programação Neuro-Lingüística) fundam-se quase
exclusivamente em técnicas desse tipo.
Aqueles que as empregam anunciam explicitamente que o conteúdo
da mensagem não importa, a forma de apresentá-la é que a
fará penetrar no espírito do interlocutor. Como diz Genie
Laborde, "depois de ter observado e escutado aqueles que têm
aparentemente um talento natural para comunicar-se com eficácia, os
especialistas chegaram à conclusão de que sua força não advém do que dizem,
mas do modo como o dizem". Trata-se, pois, de "estudar como se
desenrola a comunicação e não em que ela se baseia".
A partir daí, a técnica essencial proposta consistirá na
construção de uma "relação" com o público que "ajudará você a obter o
que deseja". Para ensinar a estabelecer uma relação desse tipo,
os defensores da PNL transmitem um "processo notavelmente eficaz
[...] a sincronização". Trata-se simplesmente, para manipular o
outro, de transformar seu próprio comportamento e fazer dele o
reflexo (mirroring) do comportamento daquele que você quer convencer.
Preconiza-se assim sincronizar sua respiração com a do
outro, depois seu tom, seu ritmo de voz, seus gestos corporais, e
depois, num nível superior de comunicação, sincronizar o vocabulário e
os conceitos. Genie Laborde apresenta um esclarecimento importante
no que se refere ao emprego desses procedimentos: "Nenhuma das
técnicas ensinadas aqui para desenvolver o contato deveria ser
percebida" pela outra pessoa.
De fato, essas técnicas têm como objetivo aniquilar, no público,
toda capacidade de resistência à penetração em seu espírito da
opinião de que se quer convencê-lo. Essa aniquilação se obtém
mediante fusão. Com efeito, essas técnicas consistem primordialmente
em levar o interlocutor a crer - sem que ele perceba -
que seu parceiro é "como ele", a tal ponto que aquele pode muito bem
partilhar, sem discussão, os pontos de vista deste último.
Os numerosos exemplos de Genie Laborde para ilustrar sua
proposta e demonstrar a eficácia incrível desse procedimento
mostram, todos, que há de fato um efeito de fusão desse tipo que
permite a entrada por efração no espírito da pessoa manipulada. Por
exemplo, o longo relato de uma negociação difícil que uma pessoa
tinha de fazer e para a qual levou consigo uma "especialista cm
comunicação". Essa especialista contentou-se em calar-se
durante a conversa, embora praticando uma intensa ginástica corporal
invisível para Smith (a pessoa a manipular): "Comecei a sincronizar-me
com a respiração de Smith", narra essa especialista em PNL; "ele
mostrava sempre uma ligeira agitação. Inclinando-se para trás na
cadeira, pôs os calcanhares na base de um móvel. Suas pernas
estavam afastadas. Como eu estava com uma saia justa, só pude
sincronizar-me com as atitudes da parte superior de seu corpo.
Alguns minutos depois, diminuí o ritmo de minha respiração.
Smith fez o mesmo. Nesse momento, eu examinei Dave e percebi que nós
três respirávamos no mesmo ritmo, sinal de que se estabelecera
contato entre nós. Nada mais fiz". E Dave conseguiu tudo o que
desejava, e até mais, sem que Smith tenha percebido a
artimanha.
Como dizem os próprios Richard Bandler e John Grinder, no
relatório bastante edificante de um estágio de PNL: "A
programação neurolingúística constitui a etapa subseqüente a tudo o que
foi feito em hipnose [...] até agora"; e insistem no fato de que
"é possível hipnotizar mais facilmente alguém em terapia se a
pessoa não souber (grifo de Bandier e Grinder) que estará em situação
de transe, porque você poderá comunicar-se com seu inconsciente
com muito mais facilidade".
Como curiosamente afirma o prólogo desse texto destinado ao
leitor a priori cético, "os autores nunca lhe pedem que adote
novas crenças. Pedem apenas que você suspenda suas próprias crenças
simplesmente pelo tempo necessário para passar os conceitos e os
procedimentos da PNL pelo crivo de sua própria experiência
sensorial"!
O papel do toque
Richard Bandler e John Grinder insistem no papel do toque em
sua sessão de "reenquadramento" do comportamento do outro. Eles
descrevem detalhadamente suas modalidades de instrumentalização.
O toque é um elemento do processo de hipnose, mas, mais
amplamente, constitui um poderoso meio de influência. Dois psicólogos
sociais franceses, Robert-Vincent Joule e Jean-Léon
Beauvois, especialistas em manipulação, não hesitam em dizer que "o
papel desempenhado pelos contatos físicos (o que os pesquisadores
americanos denominam "the touch") na aceitação de certos pedidos
[...] continua a ser extremamente surpreendente". Eles citam várias
experiências de psicologia socíal destinadas a avaliar a importância
eletiva desse fenômeno. Os resultados são perturbadores.
Numa delas, realizada num supermercado de Kansas City, uma
equipe de pesquisadores mostra que, quando um pesquisador vestido
de "demonstrador de pizza" toca o antebraço das pessoas, a
quem propõe que provem um pedaço do alimento, a chance de que
elas aceitem fazê-lo aumenta de modo considerável. Mais ainda,
as pessoas que foram "tocadas" apresentam-se em número muito maior
para comprar o produto. Observemos que, nesse ínterim, outro
pesquisador passou um questionário para que aqueles que haviam
experimentado o produto pudessem avaliá-lo e dar-lhe uma
nota. Ora, enfatizam os autores, a compra do produto é independente
da qualidade que se lhe atribui, mas depende, em compensação, do
fato de a pessoa ter ou não sido "tocada" pelo primeiro
pesquisador. Há, por conseguinte, segundo Joule e Beauvois, "uma ausência
de vínculo entre a avaliação de um produto e a compra desse produto".
Esse fenômeno é recordado por Vance Packard, que, aliás,
acentua ser ele muito bem conhecido pelos publicitários.
Para reforçar a análise, Joule e Beauvois citam outra experiência
perturbadora. Nela, um pesquisador fica à entrada de uma biblioteca
universitária e pede informações a alguns dos estudantes que
nela entram. Ao fazê-lo, toca fortuitamente o antebraço de
alguns deles. Todos (quer tenham sido tocados ou não) lhe indicam
como chegar ao lugar que procura. Mais adiante, dentro do
edifício, outro pesquisador, independente do primeiro, faz o papel de
alguém que recorre à benemerência, com um pedido bastante conseqüente.
Ele se dirige ao mesmo tempo a estudantes que foram
tocados e a estudantes que não o foram. Aqueles que foram
tocados formam estatisticamente um público claramente mais disponível
a um pedido desse tipo (40% aceitam contribuir, ao passo que
só 5% dos que não foram tocados o fazem). Como dizem nossos
autores, "se houvesse apenas um ou dois resultados desse
tipo na literatura científica, nós os consideraríamos com
curiosidade, mas também com desconfiança, e não teríamos julgado necessário levá-los
ao conhecimento do público de língua francesa. Mas o que
acontece é que eles são hoje suficientemente numerosos para
que consideremos o toque um fenômeno que não pode ser
ignorado".
Seria o caso de perguntar, no prolongamento dessas reflexões,
se a multiplicação dos estímulos sexuais na publicidade ou
na comunicação não funciona como uma dimensão ampliada do toque.
É claro que um anúncio publicitário não "toca" diretamente o
público, pois sua matéria é a imagem, mas um estímulo dessa
espécie desencadeia reações corporais que se transformam em
sensações concretamente experimentadas. Em certo sentido, podemos ser
"tocados" por essas imagens e, em função disso, experimentar
uma imensa simpatia, sem saber por que razão, pelo produto a que
estão associadas.
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A Manipulação dos Afetos
A sedução demagógica
O EFEITO FUSIONAL
A repetição
Texto extraído do Capítulo 4 (páginas 63 a 79). Notas omitidas.
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