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Autor: Joseph A. Fitzmyer Editora: Loyola Páginas: 112 Formato: 23 x 16 cm Preço: * * Apresentação | O Autor | Conteúdo | Amostra | Maiores Informações | Pedidos via Internet |
» APRESENTAÇÃO
No dia 15 de abril de 1993, a Pontifícia Comissão Bíblia publicou em francês um documento sobre
a interpretação e uso da Bíblia na Igreja. A tradução brasileira do documento, "A Interpretação
da Bíblia na Igreja", foi publicada em maio de 1994. O objetivo do documento é indicar as vias
mais apropriadas de chegar a uma interpretação tão fiel quanto possível da Bíblia, em seu
caráter simultaneamente divino e humano.
Agora tal documento pode ser lido ao lado de um esclarecedor comentário de pe. Fitzmyer, exegeta
que participou da reedição do documento, como membro da Pontifícia Comissão Bíblica.
» O AUTOR
pe. Joseph A. Fitzmyer (sj, stl, PhD) é professor emérito do Departamento de Estudos
Bíblicos da Universidade Católica da América (Washington-DC/EUA). É doutor pela John Hopkins
University (Baltimore-Maryland), com licenciatura do Pontifício Instituto Bíblico de Roma. É
membro da Pontifícia Comissão Bíblica e da Dead Sea Scrolls Foundation.
» CONTEÚDO
» AMOSTRA
A tradução em inglês para esta seção do documento da Comissão [Bíblica] é "Fundamentalist
Interpretation", enquanto o texto original francês
traz "Lecture fondamentaliste". A diferença é importante, pois houve
uma discussão durante o planejamento desta parte do documento sobre
se "fundamentalismo" deveria ou não ser posto no mesmo nível que os
outros métodos e abordagens. Ficou decidido falar sobre a "leitura
fundamentalista" da Bíblia; daí o título francês ser mais correto.
A leitura fundamentalista da Bíblia é um entendimento literalista
do texto bíblico, que considera sua forma final como a expressão verbatim
da Palavra de Deus e a vê como clara, simples e sem ambigüidade.
Normalmente recusa-se a usar o método histórico-crítico ou qualquer
outro suposto método científico de interpretação e não leva em conta
as origens históricas da Bíblia, nem o desenvolvimento de seu texto ou
suas diversas formas literárias.
Essa maneira de ler a Bíblia originou-se, em última instância, de uma
ênfase no sentido literal da Escritura na época da Reforma, em reação à
interpretação alegórica do fim da Idade Média. Entretanto, no período
ulterior ao Iluminismo, surge formalmente entre os protestantes como
baluarte contra a exegese liberal do século XIX. O nome "fundamentalismo"
deriva de um documento publicado pelo Congresso Bíblico Americano
realizado em Niágara, Estado de Nova York, em 1895. Nele, protestantes
conservadores, reagindo contra o darwinismo, o progresso científico na
biologia e na geologia, e a interpretação liberal da Bíblia no século XIX,
formularam uma declaração de cinco pontos sobre doutrinas a ser mantidas,
mais tarde chamados de "cinco pontos do fundamentalismo". Eles
eram: a inerrância verbal da Escritura, a divindade de Cristo,
seu nascimento virginal, a doutrina da expiação vicária e a ressurreição
corporal quando da segunda vinda de Cristo. Para assegurar esses
pontos, insistia-se sobre "o que a Biblia diz" em um sentido literal de fato
(a relação entre o "fundamentalismo islâmico" - fenômeno bastante
noticiado hoje - e o fundamentalismo bíblico restringe-se ao nome).
A leitura fundamentalista da Biblia está certa ao insistir na
inspiração da Bíblia, na inerrância da Palavra de Deus e outras verdades
bíblicas dos "cinco pontos". Mas seu jeito de apresentar essas verdades
fundamenta-se em uma ideologia que não é bíblica, apesar das alegações
de seus representantes, pois exige adesão firme a rígidas atitudes
doutrinárias e uma leitura sem questionamento ou críticas da Bíblia
como única fonte de ensinamento sobre a vida cristã e a salvação.
Seu apelo é ao "senso comum", porque o livro de Deus não pode conter
erros, portanto nenhum erro histórico. De maneira intolerante, exerce
uma influência nas pessoas que é quase a de um "culto" ou "seita"
extremista.
Ao não levar em conta o caráter histórico da revelação bíblica, a
leitura fundamentalista não admite que a Palavra de Deus inspirada
tenha sido expressa na linguagem de autores humanos que podem ter
tido capacidades extraordinárias ou limitadas e escreveram em diversas
formas literárias. Conseqüentemente, tende a tratar o texto bíblico como
se ele tivesse sido ditado palavra por palavra pelo Espírito e considera
o autor humano mero escriba que registrou a mensagem divina. Além
disso, dá indevida ênfase à inerrância de detalhes, em especial os que
supostamente dizem respeito a acontecimentos históricos ou questões
científicas. Ignora os problemas apresentados pelos textos hebraicos,
aramaicos e gregos originais e muitas vezes se prende a determinada
tradução ou edição da Bíblia. Na interpretação dos Evangelhos, confunde
o estágio final da tradição evangélica (o que os evangelistas escreveram,
c. 65-95 d.C.) com seu estágio inicial (o que Jesus fez e disse,
c. 1-33 d.C.). Conseqüentemente, ignora a maneira como as comunidades
cristãs primitivas entenderam o impacto produzido por Jesus e
sua mensagem. Por isso, esta leitura literalista da Bíblia tem pouco
a ver com o sentido literal genuíno da Escritura [também analisado nesta obra].
Ligado a esta leitura literalista está o princípio Scriptura sola, "somente
a Escritura". Assim, a posição fundamentalista tende a desprezar
a Tradição genuína da Biblia que se desenvolveu guiada pelo Espírito
Santo dentro da comunidade de fé cristã. Em resultado, os fundamentalistas
são antieclesiais, duvidando até mesmo dos credos antigos e das
primeiras decisões conciliares.
Ao falar da leitura fundamentalista e suas conseqüências, a Comissão
não faz rodeios. Considera-a "perigosa", apesar da atração que exerce
sobre as pessoas que procuram na Bíblia respostas prontas para
problemas de vida aqui na terra. Fala sobre o "suicídio do pensamento",
muitas vezes associado ao fundamentalismo, porque este é, de fato, um
convite para não pensar, não questionar o texto da Bíblia e, assim,
infunde uma falsa certeza. O que muitas vezes ocorre em conseqüência
de se deixar atrair por este modo de ler a Bíblia é que inevitavelmente
muitas dessas pessoas têm um crescimento intelectual e, percebendo
não ser possível ler a Bíblia desse modo, simplesmente abandonam
todos os compromissos de fé.
Infelizmente, nos últimos tempos, os católicos vêm criando uma
forma própria de leitura fundamentalista da Bíblia. Esta representa,
por um lado, a volta a uma maneira pré-crítica de ler a Bíblia que fazia
parte da herança católica pós-tridentina e da Contra-Reforma (isto é,
antiprotestante). Por outro, é resultado da confusão que reina atualmente
na interpretação católica da Bíblia, sobre a qual a Comissão fala na
Introdução. A este respeito, os católicos, como outros, são vítimas da
ilusão e se deixam afetar por correntes da busca contemporânea de uma
garantia contra os problemas da vida. Por isso, estão se voltando para
a Bíblia em busca de respostas rápidas e correndo os mesmos riscos.
» MAIORES INFORMAÇÕES
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Leitura fundamentalista da Bíblia
Texto retirado das páginas 65 a 69. Notas omitidas.
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