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AS RELIGIÕES JAPONESAS NO BRASIL
Autor: André Mazao Ozaki
Editora: Loyola
Páginas: 110
Formato: 21 x 14 cm
Preço: * *

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» APRESENTAÇÃO

Causa-nos admiração ver como o espírito humano é fértil em procurar caminhos para chegar a Deus e aos irmãos. Neste mundo, que de um lado é dominado pelo materialismo e suas preocupações, podemos perceber, de outro lado, a busca do espiritual que é capaz de apaixonar tantas pessoas que se entregam de corpo e alma à tarefa de ajudar a outros que estão com sede e fome das coisas divinas e muitas vezes não encontram o caminho pra se libertarem e se entregarem ao amor da divindade e ao serviço dos irmãos.

Este livro servirá também à causa do diálogo inter-religioso, pois é conhecendo que se pode chegar a amar. Faz bem a toda pessoa saber dos esforços de outros grupos religiosos para crescerem interiormente.

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» CONTEÚDO

  1. Introdução

  2. A caminhada dos imigrantes japoneses na fé

  3. As religiões do Japão contemporâneo

  4. As religiões japonesas no Brasil
    1. Seicho-no-ie
    2. Perfect Liberty
    3. Igreja Messiânica Mundial do Brasil
    4. Tenrikyo do Brasil
    5. Sociedade Religiosa Nichiren-shoshu (ou Sokagakkai)
    6. Sociedade Religiosa Omoto
    7. Sociedade Religiosa Mahikari do Brasil
    8. Outras religiões ou entidades religiosas
      • Derivadas do Budismo
      • Derivadas do Xintoísmo
      • Derivadas do Protestantismo

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» AMOSTRA

O Florescimento das Religiões Japonesas no Brasil

Terminada a Segunda Guerra Mundial, a situação interna político-religiosa do Japão mudou radicalmente, pela derrota sofrida. O xintoísmo deixou de ser religião nacional, e a nova constituição proclamou solenemente a liberdade religiosa em todo o país. Houve ressurgimento das religiões que estavam, até então, oprimidas, sob o rigoroso controle do governo imperial. Foi o caso das novas religiões como Ten- rikyo, Konkokyo, Oomotokyo, Hitonomichi (atual Instituição Religiosa Perfect Liberty) que recomeçaram suas atividades religiosas com maior vigor. O cristianismo, que sofrera duras perseguições durante séculos e ainda vivia debaixo da vigilante opressão, pôde afinal respirar o ar puro da liberdade e expandir-se para as obras da evangelização. O próprio budismo sentiu-se aliviado, podendo de novo abrir as portas dos templos para o atendimento público dos fiéis.

Aconteceu em seguida um fenômeno inédito na história: o surgimento de inúmeras novas religiões e grupos reliosos. Na opinião de um dos pesquisadores das novas religiões do Japão, parece incrível, mas nos últimos 20 anos, surgiram em todo o território nacional cerca de 1.500 novas religiões e entidades religiosas.

No Brasil, logo após a Guerra, os imigrantes japoneses se dividiram em dois partidos: os que admitiam a derrota do Japão (makegumi) e os que afirmavam a invencibilidade do Japão (katigumi). Essa divisão trouxe muita agitação às colônias e muita violência, causando infelizmente varias vítimas fatais. Acabada a triste situação, a maioria dos imigrantes optou pela permanência definitiva no Brasil, não regressando para o Japão nem se arriscando a sofrer as conseqüências da Guerra.

Chegara o momento oportuno para a ação das religiões em favor dos imigrantes.

A começar pelas Escolas tradicionais do budismo, dá-se a verdadeira onda de emigração das novas religiões japonesas para o Brasil. As dezenas de religiões, com seus deuses, respectivamente, eram os novos imigrantes que o Brasil acolhia.

Em 1952, chegou oficialmente a Escola budista Jodoshinshyu (A Verdadeira Terra Pura), construindo um majestoso templo Higashi Honganji, de estilo tipicamente oriental, no bairro da Saúde, em São Paulo. Um pouco mais tarde, em 1954, inaugurou um outro Templo, Nishi Honganji, também em São Paulo.

Seguiram-se sucessivamente outras Escolas budistas:

Estas Escolas budistas tradicionais formaram mais tarde uma confraternização: "A Liga do Budismo no Brasil".

Além dessas Escolas acima citadas, enumeram-se ainda no Brasil mais oito:

As entidades xintoístas, atuando no Brasil, são 9. Geralmente as entidades xintoístas aparecem com o nome de Jinja ou Jingu, que significa santuário. Em cada santuário se cultua um Deus xintoísta, que faz diferenciar uma entidade da outra. São elas:

  • Sansso Jinja (Santuário Protetor da Sericultura)
  • Dois Galhos Jinja (Santuário Dois Galhos)
  • Hakkoku Sekioi Jinja (Santuário Sekioi do Brasil)
  • Kami-no-ie Yaomankyo Iwato Jinja (Daijingu do Brasil)
  • Inarikai (Sociedade Religiosa Inari)
  • Shintoo Ikyo Daijin Myogu (Grande Santuário Shintô do Brasil)
  • Nambei Daijingu (Grande Santuário da América do Sul)
  • Yassukunikoo (Sociedade Religosa Yassukuni)
  • Korripira Jinja (Santuário de Kompira)

Dentre as novas religiões japonesas atuantes no Brasil, podem-se enumerar 9:

  • Tenrikyo (Sabedoria Divina)
  • Comoto Nambei Shukai (Grande Origem)
  • Seicho-no-ie (Casa da Plenitude)
  • Konkokyo (Luz Áurea)
  • Sekai Kyuseikyo (Igreja Messiânica do Brasil)
  • PL Kyodan (Instituição Religiosa Perfect Liberty)
  • Risshokosseikai (Sociedade Religiosa Rissho Kossei)
  • Sukyo Mahikari (Verdadeira Luz)
  • Reiyukai (Amigos do Espírito)

Esta classificação e nomenclatura das entidades religiosas são fornecidas pelo Centro de Estudos Nipobrasileiros (cf. Anuário IX-1985: Novas Religiões Japonesas no Brasil).

Poder-se-iam acrescentar algumas igrejas protestantes provenientes do Japão que atuam igualmente entre os nipobrasileiros: Monomi-no-too Seisho Sasshi Kyokai (Testemunhas de Jeová), Iessu no Mitama Kyokai (Igreja do Espírito de Jesus).

INFLUÊNCIA DAS RELIGI1ÕES JAPONESAS NO BRASIL

Todas as religiões japonesas foram introduzidas no Brasil com a finalidade primordial de atender os imigrantes japoneses e seus descendentes. Assim foi no início. Com o correr do tempo, no entanto, algumas entidades religiosas, principalmente as novas religiões, começaram a atrair sensivelmente o público brasileiro, de modo especial pela forma de ensino profundamente humanitário e pela cura de doenças.

A Seicho-no-ie foi a pioneira. Apesar de chamar-se "Igreja Seicho-no-ie do Brasil", ela não se apresentava propriamente como religião com celebrações e cultos. Para muitos brasileiros que estão acostumados com variedades de cultos e cerimônias religiosas, a Seicho-no-ie não passava de simples filosofia de vida, que atendia a pessoas de todas as crenças, sem exceção. A Seicho-no-ie ensina que todos os homens são filhos de Deus; que os pecados e as doenças não existem na realidade, são apenas sombras da mente. Por isso o homem pode livrar-se de qualquer doença e qualquer pecado pela purificação da própria mente. Isto se pode conseguir pela mentalização ou meditação silenciosa chamada "Shinsokan". Consegue-se também pela leitura dos livros do fundador, professor Masaharu Taniguchi. Calcula-se mais de um milhão o número de adeptos e simpatizantes em todo o território nacional, em sua maioria brasileiros na incrível proporção de 80 para 90%.

Nesta mesma proporção de adeptos brasileiros caminha a Igreja Messiânica do Brasil, ainda que o número total de membros seja bem inferior. O objetivo da Igreja Messiânica, que se denomina também "Sekai Kyuseikyo", é a construção do Paraíso Terrestre, pela eliminação de todo o mal da sociedade, a saber, a doença, a fome, a guerra; e pela prática da Verdade-Bem-Belo. "Johrei" é o método de purificação, para libertar os homens de todos os males físicos e morais. Faz-se pela imposição das mãos, das quais se emitem raios invisíveis que são considerados divinos, que penetram os corpos e os purificam de todas as máculas.

Numerosas pessoas, angustiadas com problemas familiares e financeiros, atormentadas por diversas enfermidades, acorrem à Igreja Messiânica na esperança de serem libertadas através do "Johrei". Constataram-se realmente vários casos de cura de algumas doenças. As notícias se divulgam e vai crescendo o número de admiradores e freqüentadores da Igreja, que em seguida se tornam adeptos.

A Instituição Religiosa Perfect Liberty (PL) é outra religião nova do Japão que conseguiu atrair uma multidão de brasileiros. Em apenas 30 anos de atividade no Brasil, conquistou cerca de 40 mil adeptos e mais de 200 mil simpatizantes (na grande maioria brasileiros: 90% no estado de São Paulo e 100% nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais). É uma religião fácil e atraente, que ensina a arte de viver. Tem como princípio: "A vida é arte". Pretende atuar em todos os setores: ciências, tecnologia, esporte etc. A cura de doenças é também uma arte. A PL, assim como a Seicho-no-ie e a Igreja Messiânica, possui suas publicações em português para atender o público brasileiro. Os livros canônicos escritos pelos fundadores são traduzidos com adaptações para o Brasil. Circula quinzenalmente o jornal "Perfeita Liberdade". Mantém uma escola especial para os nisseis e brasileiros, com a finalidade de formar líderes e mestres.

Seguindo o exemplo da PL, da Seicho-no-ie e da Igreja Messiânica, as outras religiões, tanto as novas como as tradicionais derivadas do budismo e do xintoísmo, estão se movimentando para abrir suas portas fora das comunidades nisseis. Não poucos brasileiros já freqüentam as igrejas de Tenrikyo, Sokagakkai, Sukyo Mahikari e até mesmo os templos budistas de Nichiren e Nishi Honganji.

A medida que os descendentes dos imigrantes vão avançando de segunda geração (nisseis) para terceira (sanseis), quarta e quinta gerações, integrando-se cada vez mais na sociedade brasileira, enquanto os isseis (japoneses da primeira geração ou nascidos no Japão) vão diminuindo cada vez mais, as religiões japonesas radicadas no Brasil caminham, passo a passo, na conquista de novos adeptos, fora das restritas fronteiras dos nisseis.


Texto retirado das páginas 18 a 22.

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