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Autor: dr. Pierre Barbet Editora: Loyola Páginas: 240 Formato: 21 x 14 cm Preço: * * * Apresentação | Conteúdo | Amostra | Maiores Informações | Pedidos via Internet |
» APRESENTAÇÃO
O Evangelho é um mundo. Quanto mais o estudam os homens, maiores revelações ele promete. O dr.
Pierre Barbet, como médico cirurgião, impressionou-se com os sofrimentos físicos de Cristo. Os
evangelistas, narrando a Paixão do Senhor, dizem que Ele foi flagelado, coroado de espinhos e
crucificado. Mal podemos imaginar o que contêm estas expressões.
Dr. Barbet estudou o assunto durante 20 anos. A luz da anatomia revelou-lhe sofrimentos tão
tremendos no Senhor que ele não resiste mais fazer a Via Sacra! O estudo do Santo Sudário, à
luz da ciência, projetou novos e surpreendentes reflexos. Um cientista sem fé, examinando as
pesquisas do dr. Barbet, concluiu: "Então Jesus Cristo ressuscitou!".
É admirável a clareza de exposição com que o autor trata estes estudos técnicos. Através da
Anatomia, podemos conhecer os sofrimentos inauditos com que nos remiu nosso Divino Salvador. E
o instrumento material - o Sudário - objeto de pesquisas experimentais, grita aos homens que
"perderam o senso do pecado", o valor da nossa alma e a sinistra gravidade do pecado. E abre
às almas piedosas novas perspectivas na devoção à Paixão do Senhor.
» CONTEÚDO
» AMOSTRA
Este capitulo foi escrito para os médicos da Sociedade
de São Lucas (Boletim de março de 1938). Peço vênia para
lhe deixar, conscientemente, seu ar seco e didático de
demonstração científica.
Fiquei sempre meio chocado pela maneira um tanto
brutal segundo a qual os artistas representam a descida
da cruz. Até o admirável Fra Angélico, o mais místico, o
mais católico dos pintores, não escapa absolutamente a esta
invectiva, e, no entanto, bem o sabe Deus, quantas vezes
tenho eu meditado diante de seu comovente tríptíco, hoje
na Hospedaria dos Peregrinos, no convento de São Marcos,
em Florença. Os pobres discípulos de Jesus, José, Nicodemos
e os outros, mostram, é verdade, profunda aflição,
mas parecem, no entanto, reduzidos a operações antes
dignas de carrascos, o que deveria levar até o paroxísmo uma
dor já violenta. Ora, o estudo do Santo Sudário me levou
a uma concepção completamente diferente e muito
afastada da corrente tradição iconográfica. Creio que essa boa
gente conseguiu, realmente, descer o corpo da cruz e
transportá-lo até o túmulo com uma delicadeza, uma ternura e
um respeito infinitos. Apenas ousavam tocar aquele Corpo adorável.
Muitos confrades católicos, após a leitura das duas primeiras
edições do meu opúsculo "Cinq Plaies", me disseram
ou escreveram que esses meus estudos sobre as cinco chagas
constituíram para eles a mais bela meditação sobre a
Paixão. Pareceu-me também útil, continuando no domínio
científico, lhes propor este novo tema para reflexão, não
menos sugestivo, a meu ver: após as dores da Redenção
e a crueldade dos carrascos, um exame sobre a majestade
desse cadáver onde continua sempre presente a Divindade,
e, ao mesmo tempo, a terna piedade dos discípulos.
Peço, no entanto, que se contentem com esta exposição
científica e que tirem por si mesmos as conclusões ascéticas,
para delas recolher todo o fruto espiritual.
A. O Corpo de Jesus foi transportado horizontalmente,
mas tal qual se achava na cruz, até a proximidade do
túmulo; somente ali é que foi depositado na Mortalha.
A maior parte do sangue se perdeu (ou foi recolhida
antes que alguém viesse a tocar o corpo). Dele não restou
senão o que se coagulou sobre a pele, pouco a pouco, enquanto
escorria. Depois que o corpo foi assim transportado
nu e colocado, após o transporte, na Mortalha, recebeu
unicamente a impressão dos coágulos de sangue, formados
sobre a pele das costas durante o trajeto. Somente estes
coágulos é que imprimiram na Mortalha o que designamos
por hemorragia transversal posterior, porque estes coágulos
são o vestígio dessa hemorragia.
C. De que maneira então foi Jesus Cristo transportado
sem que lhe tocassem o corpo?
Esta hipótese baseada em averiguações feitas no decorrer
de certos castigos corporais disciplinares, levados depois
até o assassinato nos campos de concentração nazistas,
é das mais verossímeis; e encontra confirmação no Sudário
pela saliência anterior do tórax e pela cavidade do epigastro.
Vimos, além disso, que o duplo fluxo de sangue do
punho corresponde a esta dupla posição, alternante, com
suas duas angulações um pouco divergentes. Nestas condições,
a rigidez cadavérica deveria ser extrema, como com
os doentes que vêm a morrer de tétano: o corpo estava rígido,
fixado na posição da crucifixão. Podia ser levantado
sem que se dobrasse, seguro apenas pelas duas extremidades,
como um corpo em catalepsia.
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Descida da Cruz / Transporte
Com efeito, se as coisas se tivessem passado de outra
forma, a parte posterior do Sudário teria ficado inundada
de sangue durante o transporte. Pelo contrário, o transporte
durou tempo suficiente para que a pleura se pudesse
esvaziar de seu excesso pela chaga do lado, ainda que o
sangue da veia cava inferior para ali tenha refluído, o que
constituiria considerável massa. Recebi, um dia em que
expunha esta idéia nos arredores de La Villette a aprovação
entusiasta dos magarefes dos Matadouros. Sabiam por experiência
que, quando limpam um boi, ao retirarem o fígado,
o corte necessário da veia cava inferior deixa passar
uma onda de sangue negro. ("A razão disso, seu Doutor,
nós não sabemos!").
B. É certo que o transporte foi executado com o
mínimo de manobras, de tal maneira que os coágulos ficaram
em seus lugares, inalterados. Manobras mais numerosas
e menos delicadas tê-los-iam sujado e destruído.
D. É provável que tivessem sido cinco os transportadores,
e não três para carregar aquele corpo de cerca de 80
quilos e o pesado patíbulo que pesava não menos de 50
quilos. Os dois suplementares sustentavam o tronco, por
meio de um pano torcido para formar uma cinta, que atravessaram
por sob a parte inferior do tórax, na altura dos
rins.
Com efeito:
E. A rigidez cadavérica, que permitiu que se transportasse
o corpo sem que se dobrasse sob a influência de
seu peso, não é um obstáculo que impeça - estando o cadáver
colocado na Mortalha, despregadas as mãos e retirado
o patibulum - que se levassem os braços da abdução
para a adução, e se cruzassem as mãos diante do púbis.
A experiência nos mostra que não há rigidez cadavérica
que não se consiga vencer com um pouco de força, ainda
que tenha sido bastante intensa para resistir ao peso do
corpo.
F. Pode-se, portanto, concluir que tudo se passou
mais ou menos da seguinte maneira, com toda verossimilhança:
G. Deposição no túmulo.
Finalmente, graças ainda à rigidez cadavérica, que no
caso era extrema, puderam com facilidade colocar o corpo
no túmulo. Introduziram-no lateralmente, segurando-o por
baixo e estando todos os transportadores do mesmo lado,
o da entrada. É assim que se coloca no leito um operado
adormecido, e a rigidez facilitava bastante o transporte.
Notemos que se poderia pensar que o corpo tivesse sido
colocado, provisoriamente, não sobre a pedra sepulcral do
fundo, mas em uma antecâmara hoje desaparecida, enquanto
esperava o embalsamento definitivo, após o sábado. Essa
hipótese mereceria uma discussão mais aprofundada, mas
sai dos limites deste estudo.
Texto retirado das páginas 156 a 161. Notas e figuras omitidas.
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