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Autora: Pontifícia Comissão Bíblica Editora: Loyola Páginas: 110 Formato: 21 x 14 cm Preço: * * Apresentação | Conteúdo | Amostra | Maiores Informações | Pedidos via Internet |
» APRESENTAÇÃO
A interpretação dos textos bíblicos continua a suscitar em nossos dias um vivo interesse e
provoca importantes discussões. Elas adquiriram dimensões novas nestes últimos anos. Dada a
importância fundamental da Bíblia para a fé cristã, para a vida da Igreja e para as relações
dos cristãos com os fiéis de outras religiões, a Pontifícia Comissão Bíblica foi solicitada a
se pronunciar a esse respeito.
» CONTEÚDO
» AMOSTRA
A tarefa dos exegetas católicos comporta vários aspectos. É uma
tarefa de Igreja, pois ela consiste em estudar e explicar a Sagrada Escritura,
de maneira a colocar todas as riquezas à disposição dos pastores e
dos fiéis. Mas é ao mesmo tempo uma tarefa científica que coloca o
exegeta católico em relação com seus colegas não-católicos e com vários
setores da pesquisa científica. De outro lado, esta tarefa compreende ao
mesmo tempo o trabalho de pesquisa e o de ensino. Tanto um como outro
concluem-se normalmente em publicações.
1. ORIENTAÇÕES PRINCIPAIS
Aplicando-se às suas tarefas, os exegetas católicos devem levar em
séria consideração o caráter histórico da revelação bíblica. Pois os dois
Testamentos exprimem em palavras humanas, que levam a marca do
tempo delas, a revelação histórica que Deus fez, por diversos
meios, dele mesmo e de seu plano de salvação. Conseqüentemente, os exegetas
devem se servir do método histórico-crítico. Eles não podem, no
entanto, atribuir-lhe a exclusividade. Todos os métodos pertinentes de
interpretação dos textos são habilitados a dar sua contribuição à exegese
da Bíblia.
No trabalho de interpretação que fazem, os exegetas católicos não
devem nunca esquecer que o que eles interpretam é a Palavra de
Deus. A tarefa comum que têm não está terminada após terem
distinguido as fontes, definido as formas ou explicado os procedimentos
literários. A finalidade do trabalho deles só é atingida quando tiverem
esclarecido o sentido do texto bíblico como palavra atual de Deus. A esse
efeito devem levar em consideração as diversas perspectivas hermenêuticas
que ajudam a perceber a atualidade da mensagem bíblica e lhes permitem
responder às necessidades dos leitores modernos das Escrituras.
Os exegetas têm também de explicar o alcance cristológico,
canônico e eclesial dos escritos bíblicos.
O alcance cristológico dos textos bíblicos não é sempre
evidente; deve ser posto em evidência cada vez que seja possível. Se bem
que o Cristo tenha estabelecido a Nova Aliança em seu sangue, os
livros da Primeira Aliança não perderam seu valor. Assumidos na
proclamação do Evangelho, adquirem e manifestam seu pleno significado no
"mistério do Cristo" Ef 3,4), do qual eles iluminam os múltiplos aspectos ao
mesmo tempo que são iluminados por ele. Esses livros, efetivamente,
preparavam o povo de Deus para sua vinda (cf. Dei Verbum, 14-16).
Se bem que cada livro da Bíblia tenha sido escrito com uma
finalidade distinta e que tenha o seu significado específico, ele se
manifesta portador de um sentido ulterior quando se torna uma parte do
conjunto canônico. A tarefa dos exegetas inclui, então, a explicação da
afirmação agostiniana: "Novum Testamentum in Vetere latet, et in Novo
Vestus patet" (cf. S. Agostinho, Quaest in Hept., 2, 73: CSEL 28, III,
3, p. 141).
Os exegetas devem explicar também a relação que existe entre a
Bíblia e a Igreja. A Bíblia veio à luz em comunidades de fiéis.
Ela exprime a fé de Israel e a das comunidades cristãs primitivas.
Unida à Tradição viva que a precedeu, a acompanha e da qual se alimenta
(cf. Dei Verbum, 21), ela é o meio privilegiado do qual Deus se serve
para guiar, ainda hoje, a construção e o crescimento da Igreja enquanto
Povo de Deus. Inseparável da dimensão eclesial está a abertura
ecumênica.
Pelo fato de que a Bíblia exprime uma oferta de salvação
apresentada por Deus a todos os homens, a tarefa dos exegetas comporta uma
dimensão universal, que requer uma atenção às outras religiões e aos
anseios do mundo atual.
2. PESQUISA
A tarefa exegética é vasta demais para poder ser bem conduzida
por um único indivíduo. Impõe-se uma divisão de trabalho,
especialmente para a pesquisa, que requer especialistas em diferentes
domínios. Os inconvenientes possíveis da especialização serão evitados
graças a esforços interdisciplinares.
É muito importante para o bem da Igreja inteira e para sua
irradiação no mundo moderno que um número suficiente de pessoas bem formadas
consagrem-se à pesquisa em diferentes setores da ciência
exegética. Preocupados com as necessidades mais imediatas do ministério, os bispos
e os superiores religiosos são muitas vezes tentados a não levar
suficientemente a sério a responsabilidade que lhes incumbe de prover a esta
necessidade fundamental. Mas uma carência neste ponto expõe a Igreja a
graves inconvenientes, pois pastores e fiéis arriscam-se a ficar à mercê de
uma ciência exegética estranha à Igreja e privada de relações com a vida da
fé. Declarando que "o estudo da Sagrada Escritura" deve ser "como a alma
da teologia" (Dei Verbum 24), o II Concílio do Vaticano mostrou toda
a importância da pesquisa exegética. Ao mesmo tempo também lembrou
implicitamente aos exegetas católicos que suas pesquisas têm uma relação
essencial com a teologia, da qual eles devem se mostrar conscientes.
3. ENSINAMENTO
A declaração do Concílio faz igualmente compreender o papel
fundamental que é dado ao ensinamento da exegese nas Faculdades de
Teologia, Seminários e Escolasticados. É evidente que o nível dos
estudos não será uniforme nestes diferentes casos. É desejável que o
ensinamento da exegese seja dado por homens e por mulheres. Mais técnico nas
Faculdades, esse ensinamento terá uma orientação mais diretamente
pastoral nos Seminários. Mas ele não poderá nunca esquecer uma dimensão
intelectual séria. Proceder de outra maneira seria falta de
respeito com a Palavra de Deus.
Os professores de exegese devem comunicar aos estudantes uma
profunda estima pela Sagrada Escritura, mostrando o quanto ela merece
um estudo atento e objetivo que permita apreciar melhor seu valor literário,
histórico, social e teológico. Eles não podem se contentar em transmitir
uma série de conhecimentos a ser registrados passivamente, mas
devem dar iniciação aos métodos exegéticos, explicando suas principais
operações para tornar os estudantes capazes de julgamento pessoal. Visto
o tempo limitado de que se dispõe, convém utilizar alternativamente duas
maneiras de ensinar: de um lado, por meio de exposições sintéticas, que
introduzem o estudo de livros bíblicos inteiros e não deixam de lado
nenhum setor importante do Antigo Testamento nem do Novo; de outro
lado, por meio de análises aprofundadas de alguns textos bem escolhidos,
que sejam ao mesmo tempo uma iniciação à prática da exegese. Tanto em
um como em outro caso é preciso cuidar para não ser unilateral, isto é,
não se limitar nem a um comentário espiritual desprovido de base histórico-crítica
nem a um comentário histórico-crítico desprovido de conteúdo
doutrinal e espiritual (cf. Divino Afflante Spiritu; E.B., 551-552; PC,
De Sacra Scriptura recte docenda, E.B., 598). O ensinamento deve mostrar
ao mesmo tempo as raízes históricas dos escritos bíblicos, o aspecto deles
enquanto palavra pessoal do Pai celeste que se dirige com amor a seus
filhos (cf. Dei Verbum, 21) e o papel indispensável que tem no ministério
pastoral (cf. 2Tm 3,16).
4. PUBLICAÇÕES
Como fruto da pesquisa e complemento do ensino, as publicações tem
uma função de grande importância para o progresso e a difusão da exegese.
Em nossos dias, a publicação não se realiza mais somente pelos textos
impressos, mas também por outros meios, mais rápidos e mais potentes (rádio,
televisão, técnicas eletrônicas), dos quais convém aprender a se servir.
As publicaçôes de alto nível científico são o instrumento principal de
diálogo, de discussão e de cooperação entre os pesquisadores. Graças a elas
a exegese católica pode se manter em relação recíproca com outros ambientes
da pesquisa exegética e também com o mundo dos estudiosos em geral.
A curto prazo, são as outras publicações que prestam grandes serviço
pois se adaptam a diversas categorias de leitores, desde o público cultivado
até as crianças dos catecismos, passando pelos grupos bíblicos, os
movimentos apostólicos e as congregações religiosas. Os exegetas
dotados para a divulgação fazem uma obra extremamente útil e fecunda,
indispensável para assegurar aos estudos exegéticos a irradiação que devem
ter. Neste setor, a necessidade de atualização da mensagem bíblica faz-se
sentir de maneira mais premente. Isso significa que os exegetas levem
em consideração as legítimas exigências das pessoas instruídas e cultas de
nosso tempo e distingam claramente, para o bem delas, o que deve ser
olhado como detalhe secundário condicionado pela época, o que é preciso
interpretar como linguagem mítica e o que é preciso apreciar como sentido
próprio, histórico e inspirado. Os escritos bíblicos não foram compostos
em linguagem moderna nem em estilo do século XX. As formas
de expressão e os gêneros literários que eles utilizam no texto hebraico,
aramaico ou grego devem ser tornados inteligíveis aos homens e mulheres
de hoje que, de outra maneira, seriam tentados ou a perder o interesse
pela Bíblia ou a interpretá-la de maneira simplista: literalista ou fantasiosa.
Em toda a diversidade de suas tarefas, o exegeta católico não tem
outra finalidade senão o serviço da Palavra de Deus. Sua ambição não é
substituir aos textos bíblicos os resultados de seu trabalho, quer se trate
de reconstituição de documentos antigos utilizados pelos autores inspirados
ou de uma apresentação moderna das últimas conclusões da ciência
exegética. Sua ambição é, ao contrário, pôr em maior evidência os próprios
textos bíblicos, ajudando a apreciá-los melhor e a compreende-los
com sempre mais exatidão histórica e profundidade espiritual.
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A tarefa do Exegeta
Texto retirado das páginas 65 a 69.
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