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Autor: Jos Vercruysse Editora: Loyola Páginas: 160 Formato: 21 x 14 cm Preço: * * * Apresentação | O Autor | Conteúdo | Amostra | Maiores Informações | Pedidos via Internet |
» APRESENTAÇÃO
A palavra "ecumenismo" abre um vasto horizonte de reconciliação, de unidade e de catolicidade
entre Igrejas escandalizadas com sua separação. Caminhar nessa paisabem é uma aventura vivida por
todos aqueles que se põem a caminho. Mas, como todos sabemos, caminhando é que se abre caminho.
O restabelecimento da comunhão eclesial historicamente rompida é um processo novo, inédito e
complexo para todas as Igrejas. Não há muitos exemplos históricos e antecedentes válidos que
auxiliem a tomar decisões. Este tempo que vivemos é o tempo especial de discernimento.
Esta obra pretende, assim, ser um guia elementar no caminho ecumênico e pôr a caminho quem se
interessa pela aventura ecumênica e busca informações que reportem e familiarizem com o essencial
da questão.
» O AUTOR
Jos E. Vercruysse (sj) nasceu em Schaarbeek (Bruxelas, Bélgica) em 1931. Estudou na
Faculdade de Filosofia e Teologia da Companhia de Jesus em Leuven, Bélgica. Doutorou-se em
teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, defendendo uma tese sobre a eclesiologia de
Martinho Lutero. Lecionou teologia dogmática e ecumenismo na Universidade Católica de Leuven.
Desde 1968, leciona na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, sendo, desde 1979, professor
de História da Igreja (sécs. XV-XVI) e de teologia ecumênica na Faculdade de Teologia. Leciona
ainda no Instituto de Estudos Ecumênicos São Bernardino, em Veneza. Colaborou com diversos
artigos para vária revistas teológicas.
» CONTEÚDO
» AMOSTRA
Tratamos até aqui sobretudo do ecumenismo no plano internacional.
Vamos nos voltar agora, ainda que de modo esquemático,
para um tema que ocuparia muitos livros se quiséssemos
descrevê-lo em pormenor e de modo conveniente, ou seja, o compromisso
ecumênico no plano local. Desde o início desta Seção
quero ressaltar com vigor e insistência que todo esforço em um nível
superior é vão e impotente se não se apoiar nas inumeráveis e muitas
vezes desconhecidas iniciativas locais e nos atos cotidianos de
reconciliação e de colaboração nas bases cristãs. Lembra com razão a
assembléia do CEI [Conselho Ecumênico de Igrejas] em Chanberra: "o
ecumenismo é uma realidade vivida na base, onde o povo vive e luta junto". Lá está o
húmus, antes, a rocha, de todo esforço. O ecumenismo num plano superior
não é apenas a confirmação e o encorajamento. A dimensão
local do compromisso ecumênico foi afirmada pela assembléia
geral do Conselho Ecumênico de Igrejas em Nova Déli (1961). Ao
explicar na descrição da unidade a fórmula "Em todo lugar...", dizia: "Ser
um em Cristo siguifica que se deve encontrar a unidade entre os
cristãos em cada escola em que estudam, em cada fábrica ou
escritório onde trabalham e em caida congregaçâo onde celebram o culto,
como entre as congregações...". A Igreja nua, considerada como
"comunidade conciliar" é vista como uma comunidade de Igrejas locais, cada uma
delas realmente unida. Em 1975, num documento sobre a Colaboração
Ecumênica no Plano Regional, Nacional e Local, o Secretariado para a União dos Cristãos
examina as possibilidades de tal colaboração.
Nesse plano, porém, a situação ecumênica é extremamente confusa e complexa por causa da diversidade
dos antecedentes históricos e confessionais e das situações culturais, sociais, políticas,
religiosas e eclesiásticas nas diversas partes do mundo. O problema ecumênico se apresenta de modo
totalmente diferente na Alemanha, onde nasceu a dissensão confessional, ou na Itália, na Bélgica
e nos países escandinavos, onde uma Igreja cristã é tradicionalmente majoritária e as outras são
minoria, ou na Índia e no Japão, onde a cristandade dividida constitui uma pequena minoria - que
ainda continua mais ou menos estrangeira - imersa em meio a uma religião e a uma cultura não-cristã
predominante, ou nos Estados Unidos, onde a liberdade religiosa, a tolerância e a extrema variedade
das Igrejas, denominações e seitas integram o american way of life.
Graças a uma evolução profunda no mundo cristão (renovação litúrgica, bíblica, teológica, Vaticano
II, desafio do secularismo, responsabilidade pela paz e pela justiça, coloboração crescente,
revisão histórica das causas da separação e do papel dos protagonistas), o clima espiritual e
confessional mudou profundamente, tanto nos países confessionalmente mistos como nos
tradicionalmente católicos, ortodoxos ou protestantes. Muitos baluartes confessionais estãos prestes
a ser desmantelados. Embora nestes últimos tempos a questão da
identidade confessional tenha sido reproposta às vezes de modo mais rude, essa reproposição se
dá num contexto ecumênico. Realmente, observamos que cristãos das diferentes confissões se
descobrem em novas polarizações que não correspondem às velhas linhas de separação confessional:
"conservadores" se opõem a "progressistas"; "horizontalistas", a "verticalistas"; "ecumenistas",
a "antiecumenistas"; para além da barreira confessional. Tanto "a Igreja dos silenciosos e dos
alarmados" como os "cristãos pelo socialismo" reúnem-se "ecumenicamente".
Para muitos cristãos o compromisso ecumênico não é mais um aspecto isolado de sua vida cristã.
Inspira, ao contrário, toda sua visão e ação cristã. Antes de serem luteranos, batistas ou católicos,
consideram-se espontaneamente "cristãos". O compromisso não está tanto em multiplicar as iniciativas
ecumênicas como em estar numa atitude espiritual global. Ela é um complemento necessário ao diálogo
teológico e à colaboração. Essa solicitude espiritual é acentuada tanto nos apelos da comunidade
monástica de Taizé, nas iniciativas ecumênicas dos focolarinos, nas trocas entre religiosos e
religiosas de diversas confissões, como na oração comum nos grupos carismáticos ecumênicos e em
encontros confessionais locais. Da experiência humana e da troca comunitária nasce uma verdadeira
comunidade. Esse crescimento não pode ser marginalizado ou levado para uma chamada "terceira
confissão" por causa da incompreensão e do juridicismo das Igrejas instituídas.
No plano local, encontramos instituições mais ou menos oficiais para coordenar e apoiar o compromisso
ecumênico. Há as comissões católicas nacionais e diocesanas para o trabalho ecumênico, criadas em
conformidade com o Diretório Ecumênico.. Há, em primeiro lugar, os conselhos de Igrejas, em todos
os níveis da vida eclesial, paroquial, citadina, provincial ou nacional. Com freqüência a Igreja
católica participa dos trabalhos, seja como membro de pleno direito, seja como observador
permanente ou como colaborador ocasional. Os conselhos, seu objetivo e suas estruturas e atividades
são, de fato, múltiplos e diferentes entre si.
A colaboração para a tradução e a difusão da Bíblia é importantíssima para a compreensão entre cristãos
e para a comunhão no testemunho. A constituição dogmática "Dei Verbum" sobre a revelação divina
abria caminho para uma cooperação em um campo onde muitos católicos por muito tempo viam com
extrema desconfiança a Bíblia traduzida por não-católicos. Conseqüentemente, a Igreja católica
iniciava uma colaboração com as sociedades bíblicas não-católicas e particularmente com a Aliança
Bíblica Universal, uma federação não-confessional que reúne 110 escritórios de sociedades bíblicas
nacionais e tem como finalidade traduzir, produzir e distribuir a Bíblia. Na festa de Pentecostes
de 1968, o Secretariado para a União dos Cristãos e a Aliança publicaram um documento de comum
acordo, com diretrizes para a colaboração na tradução da Bíblia. Esse diretório foi refeito e
novamente publicado em 1987. Embora a Aliança Bíblica não considere seu trabalho de natureza
estritamente ecumênica, é claro que a colaboração em vista da tradução e da difusão da Bíblia
estabelece o próprio fundamento de toda reflexão ulterior.
Na base dessas iniciativas e esforços, a maioria oficiais, há sempre o compromisso de reconciliação
e de restabelecimento da comunhão que inspira tantos cristãos anônimos e suas comunidades. Realiza-se
ele na oração comum, na leitura da Bíblia, na catequese e no culto, no testemunho, na missão e
no serviço comum diante das diversas necessidade do mundo, particularmente a justiça e a paz.
Em algumas regiões, concluíram-se alianças (covenants) entre as dioceses, paróquias e associações
de diferentes confissões como passos concretos para a realização da unidade orgânica entre
Igrejas separadas, juntamente com programas comuns de formação teológica. Um significado particular
diz respeito aos contatos nascidos nos grupos de pessoas unidas em matrimônio confessionalmente
misto. Os exemplos de colaboração ecumênica são inumeráveis e nascem de uma simpatia e de um
reconhecimento espontâneo na base. O velho adágio ecumênico que recomenda fazer juntos tudo o que
a fé não nos obriga a fazer separados permanece um critério válido, até audaz, para todas as
formas de colaboração em vista da união cristã.
Todo compromisso desenvolve uma dinâmica própria e inevitavelmente cria uma variedade, não
necessariamente sincronizada, de experiências. A experiência de comunhão - embora imperfeita -
procura expressões que já mostram o crescimento na solidariedade. Essas expressões jamais
poderão ser completamente cobertas por diretrizes adequadas, que são sempre codificações na
realidade passada. A variedade das experiências e dos ritmos de evolução em situações diferentes
cria tensões e efervescências na Igreja e no mundo cristão. O papel delicado das autoridades
consiste no discernimento crítico, mas confiante, do que se faz na própria base, a fim de que o
povo se sinta confirmado no compromisso vivido pela reconciliação e comunhão. O processo conciliar
do Vaticano II foi exemplar a esse respeito. Recebeu, de fato, não sem ousadia, a abertura
ecumênica existente dentro e fora da Igreja e, fazendo-o, deu novo impulso a todo movimento
ecumênico.
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O Ecumenismo Local
Texto retirado das páginas 93 a 97. Notas suprimidas.
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