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HISTÓRIA DA LITERATURA CRISTÃ ANTIGA GREGA E LATINA
2. Do Concílio de Nicéia ao início da Idade Média [tomo II]

Autor: Claudio Moreschini / Enrico Norelli
Editora: Loyola
Páginas: 444
Formato: 21 x 14 cm
Preço: * * * *

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» APRESENTAÇÃO

Esta obra pretende dar relevo aos aspectos literários característicos dos escritos dos primeiros séculos cristãos. Tais aspectos são freqüentemente transcurados em obras análogas.

A produção literária cristã é quase sempre considerada ou como instrumento para a história da Igreja antiga ou como aspecto menor da história do pensamento patrístico. Este livro propõe reconsiderar a constribuição do cristianismo nascente para a formação da cultura ocidental. É claro que o termo "cultura" deve ser entendido em sentido lato, e não como identificação exclusiva à produção artística. "Cultura" compreende o pensamento, as problemásticas, as soluções que o cristianismo antigo produziu e pelos quais viveu. Desse modo, recupera-se, observando-a de um ângulo específico, a peculiaridade da mensagem evangélica, núcleo insubstituível de toda forma literária cristã. Os conteúdos e gêneros dessa literatura eram ao mesmo tempo antigos e novos, e sua elaboração configurou a passagem da civilização antiga para a medieval.

O segundo volume, dividido em 2 tomos devido sua amplidão, mostra a complexidade das temáticas e o empenho que sua discussão pressupôs. Partindo da controvérsa ariana, para chegar à Alta Idade Média, tentando superar a divisão esquemática entre mundo romano e mundo medieval, esta História conduz o leitor da antiguade tardia ao século VI bizantino e às primeiras décadas do século VII, no ambiente da Espanha visigoda, com Isidoro de Sevilha. Este é o período de ouro da literatura cristã: as grandes figuras de Ambrósio, Jerônimo e Agostinho são sucedidas pelos escritores de língua grega, que devem ser recuperados com urgência pela espiritualidade do Cristianismo: Atanásio, os padres capadócios, João Crisóstomo...

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» OS AUTORES

Claudio Moreschini é professor de literatura latina na Universidade de Pisa. Publicou edições críticas de Tertuliano e Gregório Nazianzeno para "Sources Chrétiennes", de Jerônimo para o "Corpus Christianorum" e de Apuleio para a "Teubner"; traduções de Tertuliano, Gregório de Nissa e Gregório Nazianzeno, além de numerosos ensaios sobre Apuleio, Boécio, o neoplatonismo latino, os Padres Capadócios. É membro do comitê científico do Centro di Ricerche di Metafisica na Universidade Católica de Milão.

Enrico Norelli é professor de literatura cristã apócrifa na Faculdade de Teologia da Universidade de Genebra. Entre suas publicações figuram edições do "A Dioneto", do "Anticristo" de Hipólito e, para o "Corpus Christianorum", um comentário histórico literário 'a "Ascenção de Isaías". Publicou ainda numerosos estudos sobre a literatura cristã dos dois primeiros séculos e organizou a coletânea "La Biblia Nell'Antichità Cristiana". É co-editor da coleção "Poches Apocryphes", da Brepols.

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» CONTEÚDO

  1. Santo Agostinho
  2. A era das invasões bárbaras no Ocidente
  3. A literatura dos reinos romano-bárbaros no Ocidente
  4. A época do Concílio de Éfeso: Teófilo e Cirilo de Alexandria / Nestório
  5. Debates teológicos pré e pós-calcedonianos no Oriente
  6. Ascese e espiritualidade no séc. V grego e na primeira metade do séc. VI
  7. A poesia litúrgica grega
  8. Historiografia grega cristã
  9. Exegetas menores dos séculos V e VI gregos

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» AMOSTRA

A Primeira Formação de Santo Agostinho

Agostinho nasceu em Tagaste na atual Argélia, em 354, de família de modesta fortuna: o pai, de nome Patrício, cristão tépido e substancialmente não amado por Agostinho; a mãe, Mônica, cristã fervorosa e talvez autoritária, possessiva, mas a quem o filho era fortemente ligado; enquanto viveu, ela foi parte importante da vida dele.

Para poder se dedicar aos estudos, primeiro em Madatira e depois em Cartago, Agostinho precisou da ajuda de um abastado personagem de Tagaste, Romaniano. Em Cartago recebeu, como todos os jovens da época, uma educação baseada na literatura e na retórica, que lhe permitiria em seguida exercer a profissão de advogado e percorrer a carreira burocrática. A retórica compreedia o estudo, também mnemônico, sobretudo de Virgílio, além do de Cícero e dos demais clássicos. Agostinho fala dos anos de Cartago como de um período de dissipação e de distração, que provavelmente não foi superado sequer por aquilo que mais tarde ele considerou sua primeira conversão, a conversão à literatura, ocorrida em 373, depois da leitura do "Hortêncio" de Cícero - um diálogo, hoje perdido, em que o escritor exortava, pela boca de Hortênsio, orador e amigo, a dedicar-se à filosofia. Tal interesse pela filosofia (levemos em conta, porém, que se tratava da filosolia romana, mais prática e menos especulativa que a grega) produziu simultaneamente uma certa frieza para com a fé cristã, embora não rejeitada de todo, ao menos abertamente.

Agostinho, como todas as pessoas de sua época, ainda não era batizado, e foi consequência inevitável, para ele, retardar o batismo, dado que já sem fervor seguira os ensinamentos cristãos da mãe enquanto vivera com ela. O cristianismo pouco se adequava ao ideal filosófico e à profissão retórica que Agostinho via realizados em Cicero. Além disso, não era capaz de compreender o profundo significado da Bíblia, tão deselegante literariamente (acreditava ele). É a mesma atitude dos intelectuais pagãos, e evoca o famoso episódio narrado por Jerônimo na Epísto1a 22 acerca de sua incapacidade de reconhecer o valor íntimo da Bíblia, um livro que lhe parecia pouco agradável de ler em comparação com os pagãos.

Pouco depois, Agostinho, em sua inquietação espiritual se dirigiu à seita dos maniqueus, que embora condenada pelas autoridades civis havia já um século, existia em Cartago como em todo o império romano. Nessa seita ele não teve um posto de destaque, mas foi apenas "ouvinte" (algo como o catecúmeno cristão), por nove anos. Tal decisão produziu uma ruptura das relações com a mãe. Ao mesmo tempo, dedicou-se à profissão de mestre de retórica, em Cartago, onde conquistou alguma notoriedade, mas seguramente esfriando cada vez mais suas relações com o cristianismo. E depois de Cartago, cidade importante, mas mesmo assim situada na província, o prosseguimento da carreira de retor impunha que se dirigisse à corte imperial ou perto dela, como naqueles anos haviam feito o poeta Claudiano, que do Egito partira para Roma e depois para Milão, ou Amiano Marcelino, que escrevera suas histórias em latim não já em sua pátria, Antioquia, mas em Roma.

Por volta de 380, Agostinho escreveu sua primeira obra, que se perdeu, "Sobre o belo e o ordenado" (De pulchro et apto), dedicando-a a um retor romano, e em 382 se transferiu para Roma, já desiludido, contudo, de sua experiência maniqueísta, que não conseguia dar respostas satisfatórias a suas demandas mais urgentes e era demasiado materialista em sua concepção do divino. Pensou, assim, que a melhor solução seria observar um cepticismo fundamental acerca do conhecimento da verdade. Tampouco encontrava satisfação em sua docência em Cartago, onde tinha de lidar com estudantes turbulentos.

Em Roma, embora continuando com pouca satisfação o ensino da retórica, fez o que era necessário: travou amizade com um poderoso, a saber o aristocrata, riquíssimo e pagão Símaco. Agostinho não era cristão, e esse foi um bom motivo para obter a estima de Símaco, que tomou a iniciativa de enviar aquele retor promissor justamente a Milão, onde o imperador era cristão, sim, mas rodeado de uma corte de arianos. Símaco provavelmente esperava (segundo Courcelle) que um retor como Agostinho pudesse defender com sua arte as idéias pagãs que ele próprio e os aristocratas de Roma professavam...


Texto retirado das páginas 15 e 16.

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