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Autor: Johannes B. Bauer Editora: Loyola Páginas: 1.172 Formato: 23 x 16 cm Preço: * * * * * Apresentação | Conteúdo | Amostra | Maiores Informações | Pedidos via Internet |
» APRESENTAÇÃO
O Dicionário de Teologia Bíblica, no qual, ao lado de especialistas estrangeiros, colaboraram numerosos
exegetas alemães e austriacos, vai dirigido, em primeiro lugar, aos teólogos e pastores de almas, mas
não prescinde do leitor comum da Bíblia. A sua finalidade consiste em fornecer uma introdução aos
conceitos bíblicos de maior significação teológica, sobretudo do Novo Testamento. Para isso, pretende
captar pormenorizadamente o vasto conteúdo significativo desses conceitos, traçando o caminho
da sua evolução através do quadro do Antigo e do Novo Testamento. Se quisermos atingir uma
compreensão plena e perfeita das afirmações bíblicas, teremos que saber tudo aquilo que se contém em
certas palavras, como justiça, reino de Deus, igreja e muitas outras.
O Dicionario pretende realizar esse serviço, em favor de um amplo circulo de leitores,
apoiando-se no chão da moderna investigação católica no campo bíblico. Não se trata portanto de um
vocabulário, que simplesmente traduza as palavras, mas procura descrever exatamente as idéias e conceitos,
de forma a impedir confusões, falsas interpretações e conclusões equivocas. A extensão de cada
artigo foi determinada em função da importãncia do conceito em questão. Por isso, a obra contém desde
artigos reduzidos até ensaios completos.
» CONTEÚDO
» AMOSTRA
O Novo Testamento fala de irmãos e de irmãs de Jesus (Jo 2,12; Mc 3,31-35; Mt 12,26-50; Lc
8,19-21; Mc 6,3; Mt 13,55s.; - Jo 7,3-5.9; - At 1,14; - Gál 1,19; - 1 Cor 9,5). De quatro
irmãos temos os nomes: Tiago, Joses (forma existente ao lado de Joseph, v. Mt 13,55), Judas e
Simão. Das irmãs não se cita nem o número nem os nomes; contudo, Mc 13,56 leva a admitir a
existência de, pelo menos, três, quando diz: "Todas as suas irmãs".
É de grande importância investigar o alcance conceitual da palavra adelfos para
estabelecer o grau de parentesco desses "irmãos" com Jesus. No grego se designa com essa
palavra geralmente o irmão carnal, ou pelo menos o meio irmão. Mas existem exceções (Marco
Aurélio 1,14,1, assim como numerosos textos de papiros egípcios), onde, da mesma forma como na
Septuaginta, os filhos dos irmãos (sobrinhos) ou mesmo primos mais distantes são chamados
"irmãos" e "irmãs". A Sepituaginta chegou a esse alargamento do conceito da palavra grega pelo
fato de, em hebraico e em aramaico, não existir palavra própria para designar os primos, que
são simplesmente chamados "irmãos" ('ah), para evitar descrições mais longas. A falta de cuidado
dos autores do Novo Testaniento no emprêgo da palavra grega adelfos se explica, por
um lado, por êsse uso da Septuaginta, e, por outro, pelo fato de que também eles eram semitas
que não corrigiam no grego a inexatidão da língua materna, embora tivessem tido a possibilidade
de usar o têrmo anexios, "primo". Caso análogo temos no fato de que as
exatas designações do latim avunculus e patruus (tio paterno e tio ma-
terno), amita e matertera (tia paterna e tia materna) perderam nas
línguas românicas (neolatinas) esta exatidão, pois nelas patruus e matertera
simplesmente desapareceram. Que nas passagens duvidosas do Novo Testamento "irmãos" tenha
o sentido mais amplo, pelo menos não o sentido de "filho da mesma mãe", é demonstrado pelas seguintes considerações: dois dos
irmãos do Senhor são apresentados como filhos de uma Maria distinta da Mãe de Jesus, pois conforme
Mc 15,40 (v. Mt 27,56) no Gólgota, ao lado de Maria de Magdala, de Salomé e de outras
mulheres está "Maria, a mãe de Tiago Menor e de Joses", com o que o Evangelista fala de uma Maria até
aqui não conhecida, enquanto que seus filhos já tinham sido apresentados em 6,3 como "irmãos" do
Senhor (a forma especial do nome "Joses" em ambas as passagens mostra que Mc pensa nos mesmos
irmãos). Mc fala dessa Maria de nôvo em 16,1 (v. Lc 24,l0) simplesmente como de "Maria, a (mãe)
de Tiago"; Mateus diz nos dois lugares: "a outra Maria" (27,61; 28,1). A Mãe de Jesus é designada
por Marcos (3,31) como "sua mãe", expressão que também é usada oito vezes por Mateus e João, cinco
vezes por Lucas e uma vez pelos Atos dos Apóstolos.
Ainda mais: A entrega de Maria, mãe de Jesus, ao discípulo amado, pelo próprio Jesus (Jo
19,26s.) ficaria sem explicação se Jesus tivesse irmãos da mesma mãe. O fato de Jesus ter sido
o único filho de Maria pode também ser constatado pela designação enfática
(com o artigo): "o filho dc Maria" (Mc 6,3), bem como pela designação de Jesus como filho de
Maria ou de José (Lc 3,23) e que em todo o Novo Testamento jamais aparecem filhos ou filhas de
Maria ou de José. Mais ainda: Conforme Lc 2,7, Jesus era o primogênito de Maria, e conforme Lc
2,41-52, Maria participa da peregrinação pascal, o que não seria inteligível se tivesse filhos
pequenos em casa, e que assim deixasse por quinze dias. Se Maria tivesse tido outros filhos
depois daquela viagem, esses, no início da atividade pública de Jesus, ainda não
teriam vinte anos e jamais teriam para com o irmão mais velho (na hipótese, Jesus) uma atitude
tão franca, quase de tutores, como aparece em Mc 3,21.31-35 e 7,2-5 e isso muito menos dentro
dos costumes orientais. De tudo isto fica claro que Maria não teve outros filhos
além de Jesus.
Contra isto não fala o fato de que Lc 2,7 designa a Jesus como "primogênito", pois esse título
era próprio de qualquer primeiro filho no judaísmo, sem considerar se
havia ou não outros irmãos depois dele (Êx 13,2; Núm 3,12). De resto, Lucas pode ter usado
essa expressão para sublinhar o nascimento virginal (v. o artigo correspondente), mas
certamente não para contrastar o menino Jesus com os filhos posteriores de Maria (ver W.
Michaelis ThWB VI, 877, l4ss.). Também Mt 1,25 não deve ser entendido no sentido de que
José, depois do nascimento de Jesus, tenha tido uma vida matrimonial normal com Maria, pois a
tradução: "e ele não a conheceu até que deu à luz um filho" é totalmente deficiente do ponto
de vista filológico; corretamente se deve traduzir assim: "e embora não a tivesse conhecido,
ela lhe deu à luz um filho" (sobre isto, e sobre a tendência do Evangelista Mateus,
v.: M. Kraemer, Bib 45 (1904) 1-50).
A determinação mais exata do grau de parentesco fracassa devido à escassez das informações do
Novo Testamento e da tradição antiga. Pode-se ver nos irmãos do Senhor "primos" de Jesus
(Hlinzler). Entretanto, fica aberta a possibilidade de terem sido filhos de José, num
casamento anterior (Stauffer). Em favor disto, talvez fale o fato de que a tradição antiga
nunca os designa como "sobrinhos" (anexioi), (embora a expressão "irmãos do Senhor"
talvez tenha sido uma designação honrosa), bem como o fato de que quase sempre estão em estreita
relação com Maria (ver Mc 3,21.3lss.; o registro familiar de Mc 6,3; Jo 2,12; At 1,4); assim se
explica muito bem a posição autoritária que tomavam para com Jesus, pois, neste caso, eram meio
irmãos, mais velhos do que ele. Mas contra esta interpretação está o fato de que a mãe de dois
desses "irmãos do Senhor" ainda estava viva, encontrando-se junto da cruz.
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Irmãos de Jesus
Texto retirado das páginas 545 a 547.
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