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CELEBRAÇÃO NA IGREJA 3
Ritmos e Tempos da Celebração

Organizador: Dionísio Borobio
Editora: Loyola
Páginas: 542
Formato: 23 x 16 cm
Preço: * * * *

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» APRESENTAÇÃO

O conteúdo desta obra implica esforço de explicação da riqueza da vida e da expressão litúrgica da Igreja e resposta aos problemas que a prática da liturgia enfrenta. São com certeza muitas as obras publicadas sobre a matéria nos anos pós-conciliares. A celebração na Igreja não pretende ser "uma a mais".

Além de oferecer em um único volume o estudo de todos os pontos e questões importantes sobre a matéria, tratados por especialistas qualificados e reconhecidos, responde a um projeto global e unitário sobre a matéria litúrgico-sacramental, apresenta e desenvolve os temas de forma logicamente sistemática, a partir de uma metodologia comum; revela, ao mesmo tempo, unidade criteriológica básica, dentro da variedade e riqueza do campo de pesquisa dos diversos autores.

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» CONTEÚDO

  1. Ano litúrgico: ciclos e festas
    • Tempo sagrado, tempo litúrgico e mistério de Cristo
    • Domingo, o dia do Senhor
    • O tríduo pascal
    • A quinqüagésima pascal
    • Preparação para a Páscoa: a Quaresma
    • Ano litúrgico: ciclo do Advento - Natal - Epifania
    • Outras festas do Senhor
    • O culto a Santa Maria, Mãe de Deus
    • O culto aos santos
    • Pastoral do ano litúrgico

  2. Liturgia das horas
    • A oração na Bíblia
    • A oração da comunidade cristã (sécs. II-XVI)
    • As diversas reformas do ofício (séc. XVI ao Vaticano II)
    • Teologia e espiritualidade da liturgia das horas
    • Sentido das estruturas da liturgia das horas
    • Elementos verbais da liturgia das horas
    • Pastoral da liturgia das horas

  3. Os sacramentais
    • Consagração das virgens e profissão religiosa
    • A dedicação de igrejas e altares
    • As bênçãos

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» AMOSTRA

A Evolução Histórica da Quaresma

A quaresma atual é o resultado de um progresso evolutivo ao longo dos tempos que sempre teve o mesmo objetivo: a preparação para a páscoa.

A questão sobre o jejum terminar no próprio dia 14 de Nisan ou no domingo seguinte teria dividido os cristãos, comprometidos na controvérsia pascal das origens cristãs. Em todo caso, não parece que se tenha entendido esse jejum como preparação para a páscoa, mas antes como luto pela morte do Senhor.

A prática do jejum do tríduo pascal era muito variada. Sabemos por Ireneu, ao escrever ao papa Vítor, que alguns criam que se devia jejuar somente um dia. O jejum da sexta-feira santa foi a prática mais universal. Outros, diz ele, defendem que se deve jejuar dois dias, e ainda outros mais dias. Em Roma, como nos permite saber a Traditio Apostolica de Hipólito, o costume era fazer jejum rigoroso na sexta-feira e no sábado. Em todo caso, o jejum propriamente pascal era parte integrante da celebração da festa.

A preparação e a extensão desse jejum são o que aqui nos interessa como constitutivo do tempo de que nosso estudo se vai ocupar.

a) Semana da paixão

O mais provável é que a primeira preparação para o tríduo tenha consistido em celebrar a paixão a partir do domingo que a precede. Esse era o caso na Igreja de Alexandria no séc. III e no início do IV. Já o bispo Dionisio (§ 265) em sua resposta à carta do bispo Basilides entre outras coisas fala da duração da quaresma e do jejum dessa semana. Os seis dias que são para nós a semana santa estavam em pleno vigor nos primeiros anos do episcopado de santo Atanásio, pois são objeto de sua solicitude pastoral em suas cartas festivas. As Constititições apostólicas supõem clara a existência desses dias de jejum: "jejuai nos dias da páscoa começando pela segunda até a sexta-feira". Entenda-se bem que os primeiros dias eram de jejum bastante rigoroso, ao passo que o de sexta-feira e do sábado eram de jejum absoluto.

Quanto à Igreja de Roma, os testemunhos em favor da existência dessa semana são indiretos. Fundam-se na analogia, em outros campos, com a liturgia alexandrina e no fato de as leituras romanas para o domingo da paixão, terça-feira santa, quarta-feira santa e sexta-feira santa constituírem uma unidade litúrgica original; essa originalidade é marcada pelas particularidades litúrgicas desse ritual, único em todo o ano, como é o caso do esquema arcaico da sexta-feira santa, reproduzido em outra época na quarta-feira santa. Essa semana nos tempos do autor de Praedestinatus já é hebdomada maior ou authentica. É o nome que lhe dá também Egéria.

As três semanas da preparação pascal. Antes da quaresma romana, de seis semanas, de que não existem testemunhos anteriores ao ano de 384, Roma pratica a de três semanas. Essas semanas formavam uma unidade de tempo, como demonstra o fato de a semana imediatamente anterior ao domingo da paixão ser a hebdomada mediana e o domingo dominica mediana. As três semanas precedentes à páscoa eram dias de jejum, com exceção do sábado e do domingo. A liturgia ainda conserva daquela antiguidade remota o costume de ler passagens evangélicas semícontínuas segundo são João.

O jejum romano de seis semanas ou a quaresma propriamente dita. O jejum dos quarenta dias institucionalizou-se no séc. IV. Junto do testemunho de santo Atanásio está o de Eusébio em sua obra Solemnitate paschali, o de são Cirilo de Jerusalém e outros. Em Roma o texto mais antigo conhecido é o da carta de são Jerônimo a Marcela, do ano de 384, que permite retroceder pelo menos ao ano de 350. Para Chavasse esses quarenta dias romanos, anteriores ao tríduo pascal, teriam sido adotados em Roma entre os anos de 354-394. A quarentena era de jejum e envolvia antes de são Leão (§ 461) uma reunião alitúrgica na quarta e na sexta-feira. No tempo desse papa havia reunião oficial também na segunda-feira. Não se pode dizer com segurança se em Roma as reuniões litúrgicas desses três dias implicavam a celebração eucarística. Nos inícios do séc. VI certamente nesses dias, além de na terça-feira e no sábado, com exceção dos da quinta semana, celebrava-se a eucaristia.

Doravante trataremos da eucaristia romana, de que estamos mais informados. Então era importante para as Igrejas o número de dias, mas fazia-se o cálculo de formas muito diferentes, como é o caso da de Jerusalém entre outros.

A Igreja de Roma excluia do cálculo a sexta-feira santa, uma vez que ela já entrava na celebração pascal. Os dias da preparação do primeiro domingo à quinta-feira santa são, portanto, quarenta, como na quaresma atual.

Quinquagésima. Aparece a tentativa de prolongar o jejum por cinqüenta dias, contra a prática mais antiga dos quarenta. Todavia, o nome de Quinquagésima surgirá mais tarde, não antes do séc. VI.

Na hipótese de Chavasse, o fenômeno seria devido à influência da Igreja bizantina e à maneira de contar a quaresma nas Igrejas do Oriente: para elas a semana santa ficava fora dos quarenta dias. Contando a partir da sexta-feira antes do domingo da paixão e retrocedendo quarenta dias, resultava que a quaresma se alargava por mais uma semana. O simbolismo dos quarenta dias ficava intacto, mas a novidade encontrou forte oposição fora de Roma, como é o caso de são Máximo de Turim e do concilio de Orleans (511): antes da páscoa há de haver uma quaresma, e não uma quinquagésima.

Convém ter em mente um fato novo. Em fins do séc. V, a quarta e a sexta-feira imediatamente anteriores ao primeiro domingo da quaresma surgem como prolongamento do jejum das seis semanas. Nossa atual quarta-feira de cinzas no antigo sacramentário gelasiano leva o nome de IIII feria mane in capite Quadragesimae na rubrica sobre os penitentes. Pelo ano de 530 Roma observava um jejum pré-pascal de sete semanas.

De fato, o nome de quinquagésima aparece depois de o Liber pontificalis falar da quarentena de sete semanas, e mais além do tempo do cativeiro do papa Vigilio entre os anos 537-538, que também as conheceu. Só se encontra esse nome a partir do velho sacramentário gelasiano, entre os anos 560-590.

A organização da quinquagésima limita-se antes de tudo às reuniões litúrgicas da quarta e da sexta-feira. A transladação do jejum a essa primeira semana obedeceu antes a uma tentativa de ordem ascética. Assim aparece pelo menos no sacramentário gelasiano, que apresenta o primeiro domingo da quaresma como o que inicia esse tempo, mas o começo do jejum se adianta uma semana, começando como o domingo que depois em Roma e em outras partes havia de chamar-se quinquagésima.

Mais tarde, durante o séc. VI, vai-se debilitando a noção do mistério pascal distinto da quaresma, e a contagem retrospectiva dos dias de jejum far-se-á desde a quinta-feira santa até a quarta-feira anterior à primeira semana da quaresma. O resultado será 43 dias, mas, descontando os sete domingos em que não se jejuava, obtêm-se 36. Se acrescentarmos a isso os quatro que vão desde a quarta-feira (de cinzas), obteremos o número 40.

Sexagésima e septuagésima. O domingo da sexagésima surgiu em Roma um pouco antes do papa são Gregório (590-604). Para Chavasse, a sexagésima do sacramentário gelasiano constitui interpolação. Para Vogel, já teria havido um testemunho no epistolário de Vítor de Cápua (646). Ignoramos a influência ou as causas que levaram Roma a aceitá-la.

Parece que não existia em Roma a septuagésima no tempo do papa Gregório. Dão testemunho disso os lecionários romanos do séc. VII. Como a sexagésima foi obtida antepondo-se uma semana à quinquagésima, a septuagésima seguiu o mesmo processo. Segundo Pacher, são Gregório teria conhecido os três domingos anteriores à quaresma.

Os três escrutínios dominicais. Na primitiva quaresma romana de três semanas, os respectivos domingos eram os dias destinados aos escrutínios batismais. O terceiro, a traditio symboli, teria lugar, portanto, no domingo anterior à páscoa. Roma nesse caso participaria da tradição de outras Igrejas ocidentais como Milão, Gália, Espanha, que o praticavam no mesmo domingo.

Ao passar à quaresma de seis semanas, Roma adiantaria os três escrutínios por uma semana, passando respectivamente a ocupar o terceiro, quarto e quinto domingo da quaresma. Os respectivos evangelhos, a samaritana, o cego de nascimento e a ressurreição de Lázaro, que seguramente lhes correspondiam, ocupariam, pois, o mesmo lugar que recuperaram no atual lecionário dominical do ciclo A, como já o faziam então outras Igrejas do Ocidente.

Sete escrutínios batismais. Na segunda metade do séc. VI, os três escrutínios dominicais realizam-se durante a semana. O fato ocorre ao se generalizar o batismo de crianças. Numa primeira etapa vieram a ocupar a quarta-feira, a sexta-feira e o sábado da quarta e quinta semanas. Nesse momento os formulários da missa são adaptados à nova situação, e as três grandes perícopes evangélicas, escolhidas precisamente por seu conteúdo batisnial, passam aos dias de escrutínio feriais.

Nessa última grande transformação do rito batismal romano, os escrutínios passam a sete. Iniciavam-se na quarta-feira da terceira semana e terminavam no sábado santo pela manhã. A entrega do Credo celebrava-se na quarta quarta-feira, e a do Pater no quarto sábado. Por essa razão, esses dias tinham ademais uma leitura do Antigo Testamento. Em todo caso, no Ordo Romanus XI (séc. VII) esses elementos reúnem-se no terceiro, que se chama in aurium aperitione e tinha importância especial. Durante a missa com leituras próprias, além dos exorcismos e da entrega do credo e do pai-nosso, fazia-se a entrega dos evangelhos. Os outros exorcismos, com exceção do terceiro e do sétimo - com o rito do "Effetá" e a recitação do símbolo dos apóstolos - eram uma repetição dos exorcismos e da missa do primeiro.

Essa disciplina, que se entende para o batismo de crianças, perdurou de certa forma até o novo ritual do batismo do ano de 1969 e inspira em parte o ritual de batismo de adultos de 1973.

Os formulários da missa. quando os evangelhos dos três domingos batismais passaram aos dias do meio da semana, foi necessário arrumar evangelhos para esses domingos. Na época do papa são Leão (440-461) lia-se a paixão domingo, quarta e sexta-feiras santas, seguramente conforme a seguinte ordem: Mateus, Lucas e João. Nos tempos desse papa já se lia o evangelho das tentações segundo são Mateus no primeiro domingo e o da transfiguração, segundo o mesmo evangelista, no segundo domingo, ou melhor, na missa que terminava na aurora desse domingo, considerado "vacans" até fins do séc. VIII.

Antes de são Leão, a quaresma envolvia, aliás como os outros dias de semana do ano, a reunião litúrgica dos domingos e a reunião alitúrgica da quarta e da sexta-feira, e em sua época existia também a da segunda-feira. Mais tarde aparecem as da terça-feira e do sábado. As da quinta-feira são do tempo do papa Gregório II (715-731). Caberia falar ainda de alguns dias especiais, como o são a quinta-feira e o sábado anteriores à primeira semana, o segundo domingo da quaresma ou os mesmos dias das quatro têmporas na quaresma.

Igrejas estacionais na quaresma romana. O missal, vigente até a reforma vaticana atual, caracterizava-se primeiro pelos domingos e depois, a partir da quarta-feira de cinzas, pelo culto estacional. Não nos ocuparíamos desse fato se não se tratasse de fenômeno que remonta pelo menos ao séc. V. A mais antiga lista de Igrejas estacionais deve-se ao Comes de Würburg, composto por volta de 600.

Sem dúvida a origem é anterior. Por uma carta do papa Inocêncio I do ano de 416, sabemos que aos domingos enviava-se o "fermentum" aos títulos. É o testemunho mais antigo que temos, e dá a denominação de título a certos lugares eclesiásticos. Essa liturgia papal nas paróquias da cidade - assim poderíamos traduzir os tituli com certa aproximação - no tempo do papa Inocêncio seria dominical.

Uma primeira organização quaresmal mais coerente seria modificada pela passagem dos escrutínios para os dias da semana. Segundo o Liher pontificalis, o papa Hilário (461-468) interveio na organização da liturgia estacional da quaresma em 25 igrejas, pelo que deduzimos que é anterior ao papa são Leão.

Em sua origem, tratava-se de reunir-se em lugar conveniente para a liturgia quaresmal presidida pelo bispo de Roma, que honraria sucessivamente com sua presença as comunidades mais significativas sobre as quais exercia sua jurisdição litúrgica. Muitas vezes tiveram influência na escolha dos textos da missa e relacionam-se com o culto ao santo titular da igreja.

b) Sobre alguns dias em particular

Quarta-feira dc cinzas. Em fins do séc. V, quando o jejum desse dia, juntamente com o da sexta-feira seguinte, passa a formar parte da quinquagésima como preparação ascética à páscoa, de modo algum era tida como início da quaresma mas unicamente como preparação. No sacramentário gelasiano intitula-se In ieiunio prima statione. Será nos antifonários e nos sacramentários do séc. VIII que se chamará caput ieiunii.

Quando logo se transferiu o começo da quaresma para essa quarta-feira, também se fez coincidir com o começo da penitência. No tempo em que os penitentes eram admitidos à penitência pública oficial, celebrava-se nesse dia a imposição das cinzas e do cilício.

A atual bênção das cinzas é relativamente recente. A imposição procede do rito de expulsão dos penitentes como se acha no pontifical germânico do séc. X, ainda que sem dúvida o rito seja anterior. A denominação feria IV cinerum só aparece no missal romano em 1474.

O domingo da paixão "in palmis". A menção dominica in palmis está ausente em todos os epistolários e evangeliários romanos dos sécs. VII e VIII. Encontramo-lo no sacramentário gregoriano.

A origem seria um costume popular do séc. V, em Jerusalém, que na tarde do domingo fazia uma procissão solene para comemorar a entrada de Jesus na cidade. A peregrina Egéria conta-nos os detalhes dessa celebração dramática de marcado caráter local.

Essa semana maior ou autêntica tinha nesse dia a abertura do que é na realidade a semana santa. O rito dos ramos estendeu-se primeiro no Oriente e mais tarde no Ocidente.

Quanto à Espanha e à Gália, era no séc. VI o dia da unção dos catecúmenos e da entrega do Símbolo, e por isso tinha todo sentido ler a unção de Betânia (Jo 12,1-11); os versículos seguintes (12-14) são precisamente os da aclamação de Jesus com as palmas. Facilmente se passou do dito anteriormente à denominação in palmis.

Pelo que se disse em outro lugar, sabemos que historicamente é o grande dia da Paixão, e que o rito dos ramos constitui acréscimo. O sacramentário gelasiano formula muito bem o sentido quando encabeça os formulários desse dia com a expressão Dominica in palmis de passione Domini. No tempo de são Leão era o domingo de Passione, título que desapareceu mais tarde ao se começar o tempo da paixão no quinto domingo da quaresma.

A procissão dos ramos teria sido admitida primeiramente no ambiente galicano por volta do séc. VII, e os ramos reais com sua bênção estariam atestados no missal de Bobbio do séc. VIII. Ainda que as primeiras pegadas no Ocidente se encontrem em Isidoro de Sevilha, adquiriu grande impulso nas Gálias - Teodulfo de Orleans (+821) compôs o hino Gloria laus - e difundiu-se rapidamente. Pelo ano de 950 a organização da festa no Pontifical romano-germânico influiu no missal romano. Roma talvez tenha aceitado a procissão nos títulos já no séc. X. O Ordo Lateranense transmite-nos como se celebrava no séc. XII.

Quinta-feira santa. Seria trabalhar em vão buscar na história das origens cristãs uma festa da quinta-feira santa, e muito menos no sentido em que hoje a celebramos. Pela resposta de Agostinho a Januário, que entre outras questões lhe perguntara sobre a conveniência de celebrar a missa pela manhã ou pela tarde e qual seria o momento de interromper o jejum, chega-nos uma informação precisa. Por um lado a existência na África de uma missa vespertina in Cena Domini, nome que encontramos no concilio de Cartago do ano de 397. Em segundo lugar, fala-se na carta a Agostinho dessa quinta-feira, que leva o nome comum de feria quinta, como a última da quaresma.

Na Igreja antenicena não se diz nada sobre esse dia. É inútil buscá-lo na Didascália dos apóstolos, que supõe a celebração da ceia na terça-feira da semana santa.

Pela carta de Inocêncio III ao bispo de Gúbbio (a. 410) somos informados do costume romano de reconciliação penitencial nesse dia, que remonta ao séc. IV.

Para o Sacramentário Gelasiano esse dia é o de Orationes in quinta feria da antiga missa matutina que punha fim ao jejum quaresmal. Segundo o testemunho do mesmo sacramentário, existiria outra missa pela tarde nos "títulos" de Roma.

No Laterano, pelo menos a partir do séc. VII, celebrava-se uma única missa na qual o papa benzia o crisma ao meio-dia. Nem essa missa nem a dos títulos tinham liturgia da Palavra, o que não deixa de implicar certos problemas, que escapam à presente síntese.

O resultado final é que o sacramentário gelasiano do séc. VII organiza as duas missas, a dos títulos e a crismal do Laterano, construindo um conjunto de três missas para a quinta-feira santa: a primeira para a reconciliação dos pecadores, a segunda para a consagração dos óleos e a terceira como comemoração da Ceia do Senhor.

Os diversos nomes e maneiras de celebrar que, como acabamos de ver, a história atribui à quinta-feira santa falam-nos de certa vacilação no conteúdo preciso dessa festa, mas coincidem todos em ver nela o dia da conclusão da quaresma ou jejum quaresmal. É essa precisamente a razão pela qual terminamos a história deste tempo quaresmal com a quinta-feira da semana santa.


Texto retirado das páginas 143 a 150.

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