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MISTERIOSOS MENSAGEIROS
Curso de Profecia Hebraica

Autor: John Eaton
Editora: Loyola
Páginas: 220
Formato: 21 x 14 cm
Preço: * * *

Apresentação | O Autor | Conteúdo | Amostra | Maiores Informações | Pedidos via Internet

» APRESENTAÇÃO

É pensamento corrente que os profetas só podem ser entendidos por especialistas acostumados a decifrar os textos áridos e complexos que só circulam entre os estudiosos. Este livro levará os leitores a ver os profetas hebraicos com novos olhos, com inédita compreensão.

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» O AUTOR

John Eaton foi professor de Estudos do Antigo Testamento na Universidade de Birmingham. Escreveu também "The Circle of Creation. Animal in the Light of the Bible".

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» CONTEÚDO

Depois de descrever a natureza da profecia hebraica e seu contexto histórico, sua poesia e seus padrões, John Eaton dedica um capítulo a cada profeta na ordem histórica que se convencionou adotar, começando com Amós e acabando com Daniel, no momento de transição para a literatura apocalíptica.

Os capítulos foram pensados para servir de curso, incluindo muitas sugestões de pesquisa, discussão e redação de textos sobre a profecia hebraica. Além disso, o texto apresenta muita informação e material compartivo. Um capítulo final resume e sistematiza os conhecimentos recém-adquiridos sobre cada profeta.

  1. O ambiente e a natureza das profecias hebraicas
  2. Grandes crises, grandes profetas
  3. A poesia e os padrões das profecias
  4. Temas e expressões favoritos
  5. Amós: o rugido do leão
  6. Oséias: profeta da compaixão divina
  7. Miquéias: flagelo da corrupção, fonte da esperança
  8. Isaías: o maior
  9. Sofonias, Habacuc, Naum: visão em culto
  10. Jeremias: o custo da profecia
  11. Ezequiel: um sacerdote levado pelo Espírito
  12. Segundo Isaías: um novo canto para o amanhecer
  13. Ageu, Terceiro Isaías, Malaquias: coragem de reconstruir
  14. Abdias, Joel, Zacarias, Jonas: variedades de serviço
  15. Daniel: visões da nova era
  16. Retrospecto - Reflexões

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» AMOSTRA

Grandes Crises, Grandes Profetas

GRANDES ESPÍRITOS RESPONDEM À CATÁSTROFE

No século VIII aC, os dois reinos hebraicos (Israel e Judá), com suas capitais Samaria e Jerusalém, passaram da prosperidade para a catástrofe. Perto do fim do século, a máquina militar do vasto império assírio esmagou a Samaria e reduziu terrivelmente Jerusalém. Mas das ruínas foram preservadas palavras de quatro profetas radicais - Amós, Oséias, Isaías e Miquéias. Nada parecido com eles foi conhecido em tempos anteriores. A profundidade da crise parece ter evocado uma extraordinária profundidade de ministério. Seu trabalho deve ter sido preservado precisamente porque revelava significado nas trevas da destruição e deportação.

A queda final de Jerusalém veio no começo do século VI [aC]. O império babilônio vencera os assírios, e foi para assentamentos na Babilônia que os sobreviventes das classes dirigentes de Jerusalém foram encaminhados e ficaram exilados por meio século ou mais.

Jeremias esteve ativo para além das últimas décadas do reino de Jerusalém. Ezequiel pregou para os exilados. Os sucessores de Isaías (Is. 40-66) cobriram o período em que o império persa substituiu os babilônios e restaurou a comunidade (mas não a monarquia) em Jerusalém e à sua volta.

O FIM DE UMA ERA PROFÉTICA

Outros ministérios proféticos deixaram depósitos - menores, mas notáveis - na coleção de livros proféticos, entre eles Sofonias, Naum e Habacuc, no século VII [aC], e Ageu, Zacarias e Malaquias do século VI ao V [aC]. Mas as grandes séries de vozes morreram com a mudança das condições. O fim do Estado real independente, a ascenção de uma classe sacerdotal governante, a construção de uma escritura volumosa, o pano de fundo do império persa e, depois, grego, tudo isso pode ter contribuído para o fim da grande seqüência profética.

Mas, na forma de livros, as palavras radicais sobreviveram. Nessa forma perdurável, elas ainda tinham o poder de acelerar impulsos e movimentos religiosos.

A VELHA VERDADE LEVADA A SÉRIO

Ao avaliar a grandeza de figuras como Amós, Isaías ou Jeremias, os estudiosos modernos costumavam apresentá-las como pensadores originais, marcos no progresso ascendente da sensibilidade e do entendimento religiosos. Tais profetas eram vistos como gênios individuais, erguendo-se acima da religião da massa para declarar pela primeira vez o caráter único de Deus, sua justiça e sua demanda por justiça e compaixão, em vez de sacrifício.

Tornou-se gradualmente aparente, porém, que em tudo isso os profetas estavam fazendo uso de ensinamentos mais antigos. Deles foi o mérito de ver e expressar-se claramente numa época de corrupção e confusão. Foram porta-vozes corajosos, radicais e oportunos da verdade. Acima de tudo, viram e viveram para a aplicação da antiga verdade, sua relação com a sociedade e a política de seu tempo.

CESSAI DE TRAZER OFERENDAS VÃS!

Os grandes profetas às vezes falavam de forma contundente sobre certos lugares e maneiras de culto, em especial a oferenda de sacrifícios. Em todo o Oriente Próximo, as idéias relacionadas ao sacrifício podiam muitas vezes ser toscas, como se os deuses dependessem disso para ter alimento. Mesmo sem essa crueza, os cultuadores em Israel podiam facilmente resvalar para o sentimento de que, por meio de sacrifícios, estavam fazendo que Deus ficasse em dívida para com eles. Esse era um erro fundamental que os profetas perspicazes, zelosos da soberania de Deus, incluíam em suas denúncias. Mas, como veremos, eles não estavam, necessariamente, propondo um culto completamente sem oferendas.

SOLITÁRIOS E LEIGOS?

Sua condenação de santuários, cultos e ofícios sagrados faz com que os grandes profetas pareçam inconformistas individuais, leigos e extra-oficiais que se lançavam contra as instituições religiosas e os homens e mulheres profissionais do culto sagrado. Mas críticas severas ainda mais mordazes podem surgir dentro da instituição, devido a seu conhecimento interno. As origens sacerdotais de Jeremias e Ezequiel foram mencionadas em seus livros e, se a maior parte dos grandes profetas tivesse alguma associação com os centros sagrados e as pessoas vinculadas a eles, seria mais fácil compreender seu domínio da linguagem e da tradição sacras, suas oportunidades de pregar em festas e a preservação de seus ensinamentos depois de sua morte - não por seitas isoladas, mas por canais oficiais, para, no fim, tornarem-se escrituras nacionais.

Uma confusão desnecessária é causada por algumas traduções modernas de Am. 7,14 como "Eu não sou profeta...". Antecipando nosso estudo de Amós, podemos julgar que as traduções mais antigas eram mais sensatas, com "Eu não era porfeta, nem filho de profeta, mas era vaqueiro...". Amós, então, está se referindo a seu chamado para se tornar um profeta e mudar seu modo de vida como uma evidência de que o Senhor, agora, de fato fala por intermédio dele (poderíamos compará-lo ao argumento de Paulo em Gál. 1,11-14).

  • Não apenas um Pastor?
    Em Am. 1,1, Amós é descrito como tendo sido um dos
    noqdim de Teqoa (alguns quilometros ao sul de Belém). A única outra ocorrência desse termo na Bíblia refere-se ao rei de Moab (que seria uma figura sagrada) como sendo criador de rebanhos (2Rs. 3,4). Fora de Israel, o termo ocorre na costa do norte da Síria, onde um homem era chefe dessas pessoas e também dos sacerdotes. Na Mesopotâmia, o termo indicava criadores de grandes rebanhos que poderiam estar ligados a templos. Com base nisso, o proeminente estudioso sueco Ivan Engnell concluiu que noqdim em Am. 1,1 provavelmente referia-se a um grupo de pastores do templo, servos do templo de Jerusalém, que administravam seus rebanhos e propriedades no distrito de Teqoa. (v. Engnell, Critical Essays on the Old Testament, p. 133).

A BOCA E A PENA

"Eis aqui" é um começo típico dos pronunciamentos dos profetas e, de fato, os indícios geralmente demonstram que um profeta falaria ou cantaria, face a face, sua mensagem, que já teria vindo a ele em forma artística num período de intensa concentração. Os profetas não eram escritores que ajustavam e poliam suas palavras. A história de Jer. 36 mostra como declarações guardadas na memória por mais de vinte anos poderiam, em circunstâncias especiais, ser ditadas pelo profeta a um assistente hábil na arte da escrita. Na verdade, esse escrito específico logo desapareceu, solenemente cortado e queimado pelo rei, mas, graças à memória do profeta, as palavras ainda não estavam perdidas e puderam ser ditadas novamente. Esse foi um caso especial, mas é um exemplo do fato de que, de uma forma ou de outra, com um propósito ou outro, as tradições dos pronunciamentos dos grandes profetas acabaram sendo registradas por escrito.

EDIÇÃO E SUBEDIÇÃO

Processos de organização e ampliação dos pronunciamento ocorreram antes que os livros alcançassem sua forma atual. Os traços daqueles que manipularam as tradições e os documentos aparecem de vários modos. Repare como eles se referem ao profeta na terceira pessoa em Am. 1,1-2; 7,12-14. Similarmente em Os. 1,1-6 e com freqüência em outros livros proféticos.

No livro de Isaías, há vários títulos de editores e sinais de desenvolvimento ao longo de vários séculos. No livro de Jeremias, sua poesia sensível é incorporada em muitos trechos de prosa em estilo pesado e extensa biografia. No livro de Ezequiel, há duplicações e sinais de muitas anotações feitas por editores com preocupações sacerdotais.

CÍRCULOS E DISCÍPULOS

A história da forma acabada dos livros proféticos não está registrada. Só podemos procurar pistas no caráter do material. Não há nenhum relato para nos dizer claramente quem foram os círculos identificados pelos estudiosos modernos com nomes como "os deuteronomistas", "levitas", "a escola de Isaías".

Há algumas referências a discípulos ou assistentes dos grandes profetas (Is. 8,16-22; 50,4; Jer. 36; cf. 1Sam. 19,20, 1Rs. 19,19-21; 2Rs. 2). Esses indícios esparsos tornam-se significativos quando se leva em conta o papel dos discípulos, de forma geral, no antigo Oriente Próximo. É fato bem conhecido, por exemplo, que os poetas árabes e rabis judaicos faziam uso de um sistema de confiar suas composições ou ensinamentos a discípulos, para que fossem solenemente transmitidos de uma geração a outra. Esta era a maneira apropriada de estender e prolongar seu trabalho. Parece provável que um serviço semelhante de discípulos tenha formado uma ponte entre as primeiras pregações dos grandes profetas e o surgimento de seus livros.

  • Um Vislumbre dos Discípulos Meditativos
    Em meu livro "Festal Drama in Deutero-Isaiah" (p. 70), apresento a seguinte interpretação para Is. 50,4, um versículo em que a palavra
    limmudim, 'discípulos', ocorre duas vezes: "Os limmudim aqui, como em Is. 8,16, são jovens profetas, aprendizes do círculo do mestre, que ele envia para estender seu ministério. Sua 'língua' é portadora de um oráculo de Deus destinado a fortalecer a fé. Quanto às 'manhãs', o sentido seria de que o círculo profético reunido pratica longas vigílias de concentração na vontade de Deus, mais ou menos como a meditação conjunta dos monges budistas. No amanhecer, especialmente, Deus faz surgir sua palavra oracular no ouvido de um deles".

  • Para Discussão ou Redação: Tendo em mente os comentários sobre os profetas feitos neste capítulo, você poderia:
    • Comparar alguns exemplos modernos de "crítica vinda de dentro da instituição"?
    • Dar exemplos de pessoas de séculos recentes que ficaram famosas pela originalidade, ainda que tenham desenvolvido sua obra com base nas realizações de seus predecessores?


Texto retirado das páginas 19 a 24.

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