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Autor: d. Paul Josef Cordes Editora: Loyola Páginas: 88 Formato: 21 x 14 cm Preço: * * Apresentação | O Autor | Conteúdo | Amostra | Maiores Informações | Pedidos via Internet |
» APRESENTAÇÃO
A Renovação Carismática na Igreja completou 30 anos. Surgiu logo após o
encerramento do Concílio Vaticano II, um entre muitos movimentos do Espírito
na Igreja. Este livro é fruto de 7 anos de entrevistas com líderes, teólogos
e bispos associados à RCC nos Estados Unidos; também foram consultados,
entretanto, teólogos não vigados à RCC. O documento trata da vocação para a
santidade, da experiência do Espírito, do batismo no Espírito Santo, dos
carismas, das formas de vida comunitária e do chamado para evangelizar.
» O AUTOR
Paul Josef Cordes, arcebispo, foi vice-presidente do Conselho
Pontifício para os Leigos no período 1981-1996. Designado pelo papa João
Paulo II, exerceu durante 10 anos o cargo de consultor episcopal da Agência
da RCC Internacional, em Roma. Atualmente é presidente do Conselho Pontifício
"Cor Unum".
» CONTEÚDO
Introdução
I. A renovação espiritual que procede do Concílio [Vaticano II]
II. A experiência di Espírito Santo e seus frutos
III. Dotado para a missão
Conclusão
» AMOSTRA
Há várias abordagens possíveis para um entendimento da Renovação Carismática.
Da perspectiva da história da salvação, fica evidente a ligação com a descida
do Espírito Santo em Jerusalém no dia de Pentecostes, o que, quando interpretado
à luz do chamado universal à santidade, explica perfeitamente as características
essenciais da Renovação.
Para os que se abrem à Renovação, a nova vida em Cristo relaciona-se com a
experiência espiritual chamada "batismo no Espírito Santo", "derramamento do
Espírito" ou "manifestação do Espírito Santo". A expressão "batismo no Espírito
Santo" (cf. Mc 1,8; At 1,5; 11,16) exige, claro, uma descrição mais exata.
A expressão passou a descrever a experiência primordial com o Espírito Santo,
na Renovação Carismática como um todo - exceto em regiões de língua francesa
e italiana, nas quais "derramamento do Espírito" é mais comum.
1. A GRAÇA DE PENTECOSTES
O "batismo no Espírito Santo" é experiência concreta da "graça de Pentecostes"
na qual a ação do Espírito Santo torna-se realidade experimentada na vida do
indivíduo e da comunidade de fé.
A experiência do "batismo no Espírito Santo" é a "percepção" incontestável e
às vezes avassaladora da amorosa proximidade de Deus proclamada na mensagem da
Igreja e encontrada no ato individual de fé. É um limiar de vida espiritual
que atravessamos, trazendo confiança no Pai e o desejo de estar aberto ao
ensinamento do Espírito Santo. Aprofunda constantemente nossa fé, desse modo
confirmando nosso conhecimento de "realidades que não se vêem" (Hb 11,1)
e tornando possível a percepção da presença efetiva de Deus. Essa percepção
experiencial revela Deus em Seu cuidado amoroso e paternal. Essa revelação de
Deus atrai, abre novas categorias de pensamento, revela novos propósitos e
desejos, esclarece a importância da Vontade divina, bem como da pecaminosidade
humana e da necessidade de arrependimento. Essa experiência assemelha-se à de
S. João da Cruz, quando ele afirma: "Não chegará à perfeita compreensão
disso, penso eu, quem não o houver experimentado. Só a alma que o experimenta,
vendo que lhe fica por entender aquilo que tão altamente sente, chama-lhe 'um
não sei o quê'. E, se o não compreende, muito menos o sabe dizer, embora,
como explicamos, bem o saiba sentir".
Com freqüência acompanhada do dom das línguas ("glossolalia") (cf. 1Cor 14),
essa experiência é, às vezes, também acompanhada de lágrimas. É experiência
que não exclui as emoções humanas na descoberta da bondade e da misericórdia
divinas. É experiência espiritual de sede, que encontra satisfação na única
fonte interior verdadeira, um rio imenso que jorra pacificamente no qual
podemos submergir (cf. Jo 7,37s). Para muitos participantes da Renovação,
esses e outros efeitos empíricos do dom do Espírito Santo podem ser
especificamente datados. Ligam-se a um acontecimento experimentado como
intervenção intelectual e emocionalmente localizada. O "derramamento do
Espírito Santo", é introdução decisiva a uma renovada percepção e a um novo
entendimento da presença e da ação de Deus na vida pessoal e no mundo. É, em
suma, a redescoberta experiencial, na fé, de que Jesus é Senhor pelo
poder do Espírito para a glória do Pai. Enraizado na graça batismal, o
"batismo no Espírito" é essencialmente a experiência da renovada comunhão com
as Pessoas divinas. É abertura e manifestação da vida trinitária nos que
foram batizados.
Entretanto, com essa experiência, não estão em jogo apenas as emoções. O
indivíduo é iluminado com nova luz de autocompreensão. A dimensão experiencial
transcende a emocional, mesmo quando a faculdade emocional do indivíduo é
profundamente afetada. É inquestionável que tal experiência tem lugar e
sentido legítimos para a vida de fé do cristão. É possível que, dessa maneira,
os elementos da fé objetivamente válidos e dados - em especial a eleição e o
chamado à graça e sua confirmação no sacramento do batismo - tornem-se
subjetivamente mais óbvios e compreensíveis.
A prece para o "derramamento do Espírito" é oração de entrega pessoal ao
Senhor Jesus Cristo. Ocorre com mais freqüência no contexto das orações de
intercessão dos participantes de uma comunidade de oração. Aqui, manifesta-se
a dimensão de communio do Espírito de Deus. Em geral, ele escolhe o
caminho de mediação pelos irmãos e irmãs na fé, isto é, pela comunidade de fé
da Igreja. Não se isola da Igreja em sua concreta expressão de comunidade,
mas sim une os fiéis nessa comunidade. Em comunhão fraterna e com confiança
na bondade do Senhor inspirada pela experiência deles, os participantes da
comunidade de fé ajudam o indivíduo a se entregar simples e profundamente à
ação do Espírito Santo. Em geral essa oração é acompanhada pelo gesto de impor
as mãos na cabeça ou no ombro da pessoa, o que expressa comunhão, proximidade
fraterna e zelosa e encorajamento. A imposição das mãos não é rito sacramental,
embora esse gesto esteja muitas vezes presente na celebração dos sacramentos.
É, antes, gesto cotidiano que a tradição judeu-cristã sempre conheceu e praticou.
Devemos acrescentar que "batismo no Espírito" é um dom de Deus gratuito e
imerecido e, em geral, fruto de uma decisão livre, um passo de conversão, um
ato de confiar tudo a Cristo, o Senhor, de entregar nossa vida toda a Ele,
para que Ele a transforme. É também a decisão de se entregar ao Espírito Santo,
sem estabelecer limites para a livre ação divina, decisão de receber na fé a
plenitude da graça divina. Para os fiéis, esse é apenas um meio de reviver a
graça do batismo, que muitas vezes está, por assim dizer, inoperante dentro
da alma, e permitir que ela produza todos os seus frutos potenciais. "Desde
o momento de nosso batismo, a graça está oculta nas profundezas de nossa
inteligência, sua presença escondida até da percepção interior; mas quando
começamos a desejar Deus com todas as forças, então, em uma palavra inexprimível
da percepção interior da mente, ela deixa a alma partilhar suas boas coisas".
Com demasiada freqüência, indivíduos batizados não tiveram um encontro
genuíno com o Senhor; "muitas vezes não se verificou a primeira evangelização"
e ainda não há "adesão explícita e pessoal a Jesus Cristo" (CT 19).
Portanto, como renovação da graça batismal em um encontro pessoal com o Senhor
Jesus, o "batismo no Espírito" não substitui a necessidade de catequese, mas
exige-a. Quando não ocorre nos elementos básicos da fé católica, é preciso
proporcionar tal catequese. Naturalmente, uma continuação dessa catequese
também é necessária. A decisão fundamental de confiar nossa vida na fé a Jesus
Cristo torna indispensável também um crescente conhecimento concreto de Sua
pessoa, Seus ensinamentos e Seus feitos salvadores; em outras palavras,
conhecimento de Sua Palavra e dos ensinamentos de Sua Igreja, o que geralmente
ocorre nos grupos de oração e nas comunidades da Renovação por intermédio de
"Seminários da vida e do Espírito". Essa catequese para adultos prolonga-se,
com freqüência, por várias semanas, com o objetivo não só de recordar os
principais elementos da fé, mas também de inspirar uma dedicação mais pessoal
ao Senhor Jesus e a expectativa de uma experiência pentecostal de Seu Espírito
Santo.
É sempre difícil analisar a experiência religiosa, em especial porque ela varia
bastante de pessoa para pessoa. É nos frutos de tal experiência que se torna
evidente até que ponto a experiência religiosa contribui para uma verdadeira
renovação da vida cristã. A tradição espiritual ensina que é comum os fiéis
suportarem períodos - às vezes até prolongados - de secura e aridez interior,
períodos aparentemente sem nenhuma experiência espiritual significativa. Essa
aridez nem sempre deve ser interpretada como resultado de falta de abertura ao
Espírito Santo. Os mestres espirituais ensinam que os fiéis podem glorificar
a Deus pela fidelidade, em especial nas ocasiões em que parecem estar privados
do conforto da presença divina.
Por fim, devemos reconhecer que essa profunda "percepção" do relacionamento
pessoal com Jesus Cristo a que a Renovação chama "batismo no Espírito Santo" ou
"derramamento do Espírito Santo" não faz parte de nenhum movimento em particular,
mas da Igreja, que celebra os sacramentos da iniciação.
2. INTERPRETAÇÃO TEOLÓGICA
"Batismo no Espírito Santo" é expressão de uma realidade ainda não perfeitamente
esclarecida. O que se segue é uma tentativa de contribuir para futuras reflexões
em nosso esforço de entender a realidade do "batismo no Espírito Santo" à luz
da teologia e da tradição viva da Igreja. Às vezes, ele pode parecer uma novidade
de nossa época, mas há provas dessa experiência em toda a história da Igreja.
Em todas as épocas da Igreja, há momentos iniciais na vida dos fiéis de um encontro
vivo, uma percepção real, um sabor e um gozo de Deus.
Portanto, o apoio fundamental da "prova subjetiva" para o ato de fé, à medida
que este ocorre no "batismo no Espírito Santo", não dispensa a necessidade do
esforço para entender e aceitar o "conteúdo objetivo de fé" que é revelado.
A tradição eclesial está ciente de expressões diversas que abrangem essa manifestação
de realidade espiritual ou tentam pôr em palavras seus efeitos:
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"Batismo no Espírito Santo"
Embora pareçam abstratos, esse termos, que são apenas indicativos e poderiam
facilmente ser multiplicados com os escritos dos Padres primitivos, pretendem
abranger a própria mudança concreta na vida dos fiéis, que se realiza pela recepção
de nova vida em Cristo.
A Tradição da Igreja também mostra a importância dessa experiência espiritual para
o conhecimento em busca de perfeição. Mostra-a como limiar de conversão, encontro
compreensivo com o Senhor Jesus ou como toque delicado do Espírito Santo, que
leva os fiéis a uma educabilidade ainda maior.
Texto retirado das páginas 23 a 32 (capítulo "A Experiência do
Espírito Santo e seus Frutos"). As notas de rodapé foram suprimidas nesta amostra.
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