A g n u s D e i

APROFUNDANDO OS CONHECIMENTOS...
"Riquezas da Mensagem Cristã"

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RIQUEZAS DA MENSAGEM CRISTÃ

Dom Cirilo Folch Gomes (osb)

ed. Lumen Christi

692 páginas

Formato: 23 x 16 cm

Preço: * * * *

Apresentação

 

 

Este livro tem como propósito constituir uma exposição panorâmica da fé, sobre a base do "Credo do Povo de Deus", solenemente proclamado pelo papa Paulo VI, a 30 de junho de 1968, e realçado por João Paulo II como "ponto de referência seguro para o conteúdo da catequese".

O livro é de iniciação teológica, não se destinando a especialistas. As indicações bibliográficas e notas em rodapé visam proporcionar pistas de ulterior aprofundamento; referem-se o mais das vezes a títulos acessíveis aos leitores. Essa destinação didática e o escrúpulo do autor em não se apropriar de reflexões alheias explicam o grande número de citações.

Conforme apreciação da Revista de Ciências Filosóficas e Teológicas, o objetivo do autor "foi certamente atingido: uma iniciação teológica acessível aos leigos, apta para introduzi-los a uma atividade teológica".

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O Autor

Dom Cirilo nasceu em Curitiba, aos 05.11.1926. Cursou e formou-se em medicina pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil e, entre 1948 e 1949 foi presidente nacional da JUC - Juventude Universitária Católica. Ingressou no mosteiro beneditino em 05.01.1950 e recebeu o hábito de noviço a 11.07.1950. Emitiu seus primeiros votos a 15.08.1951 e foi ordenado sacerdote em Monte Cassino (Itália), aos 08.07.1956. Após concluir a licenciatura em Teologia pelo Pontifício Colégio de Santo Anselmo, voltou a Roma e doutorou-se em Teologia aos 11.06.1978, obtendo da banca examinadora nota máxima com louvor.

Exerceu diversas funções no Mosteiro de São Bento, na Pontifícia Universidade Católica e na CNBB. Participou como assessor teológico da CNBB na análise dos esquemas preparatórios para o Segundo Concílio Ecumênico do Vaticano. Exerceu a carreira do magistério durante muito tempo, até pouco antes de seu falecimento em 02.12.1983.

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Conteúdo

Seguindo o Credo do Povo de Deus, proclamado pelo papa Paulo VI, o livro analisa os seguintes temas:

  • Temas Introdutórios: a fé; a teologia; as razões de crer (sobre a revelação da Palavra de Deus).
  • Santíssima Trindade: Deus na Sagrada Escritura (A.T., N.T. e Tradição); reflexões sobre o Mistério divino.
  • Deus e o Mundo Criado: a Criação; a Providência Divina; a criação do mundo visível; as criaturas invisíveis ou anjos; o homem.
  • Jesus Cristo: a história humana antes de Cristo; Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador e Juiz; o mistério da Encarnação; a pregação do Reino de Deus; o mistério Pascal; a Parusia e o reinado eterno de Cristo.
  • A Graça: visão bíblica; a doutrina da graça segundo a Igreja.
  • Maria: Nossa Senhora na Sagrada Escritura; Nossa Senhora na Tradição da Igreja.
  • O Pecado Original: o pecado do homem e do mundo; a superabundante graça do Redentor.
  • O Batismo: aplicação; instituição; participação na morte e ressurreição de Cristo; efeitos; necessidade; batismo infantil.
  • A Igreja: Igreja; sacramentos; santidade; apostolicidade; unidade e catolicidade.
  • O Reino, a Igreja e o Mundo: o mundo; o Reino de Deus; a Igreja e a ordem temporal.
  • A Eucaristia: Eucaristia nas fontes da Revelação; Missa; a presença real de Cristo na Eucaristia.
  • A Escatologia: evolução do conceito; a morte; o juízo particular; o Purgatório; o Inferno; a Vida Eterna; a comunhão dos santos; o sufrágio pelos mortos; o culto e a intercessão dos santos; a ressurreição dos mortos; o mundo que há de vir.

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Amostra

A Igreja [extratos]

A SUCESSÃO DE PEDRO

O ministério especial de S. Pedro não visava só os dias da comunidade primitiva. Devia transmitir-se enquanto durasse a Igreja. Pertencia mais a esta do que à pessoa do Apóstolo. Como no Antigo Testamento, Moisés - a quem a Escritura chamou Pastor de Israel - foi sucedido por Josué, também Pedro haveria de entregar a toda uma série de sucessores seu báculo e seu poder das chaves.

Com efeito, nada há nos textos referentes à outorga do primado, que possa insunuar qualquer limitação à pessoa física de Pedro. Ao contrário, o sentido das palavras de Jesus, que imediatamente flui, é o de que a função prosseguirá, como inherente à estrutura de "sua Igreja".

No texto de Mt 16,18s ("Eu te digo que é Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino dos céus, e o que ligares sobre a terra será ligado nos céus, e o que desligares sobre a terra será desligado nos céus"), por trás da função de Pedro está a de Cristo(269), a Rocha, o Fundamento. Através de um homem, de um representante, está o próprio Cristo - que permanece assintindo à Igreja "até a consumação do século" (Mt 28,20) - no exercício dessa função de resistir às potências da morte e do mal, e de ligar ou desligar sobre a terra, com as chaves do reino dos céus. Está a eficácia da oração de Cristo, a garantir a confirmação da fé, nos irmãos, como diz o texto de Luc 22,31. Está a presença do Ressuscitado, autorizando o exercício do pastoreio supremo de sua grei, como diz o texto de Jo 21,15.

Se Jesus previa a duração da Igreja para além daquela geração, para além do dia em que Pedro seria levado por outrem aonde não desejaria ir, estava pré-estabelecendo para a futura comunidade a mesma estrutura, a mesma essência do germe que desde então chamava a sua Igreja. Na última Ceia ele rogara expressamente ao Pai pelos que viriam depois:

"Eu não oro somente por estes aqui, mas por todos os que, mediante sua palavra, hão de crer em mim, a fim de que sejam um"(270).

E ao enviar o colégio apostólico à missão universal ("Ide, ensinai todas as nações...") visava além da geração presente, entregava a todos os tempos a missão viva daquele grupo fundamental e, dentro do grupo, a de um coordenador visível da unidade.

Como escreveu C. Journet, se o privilégio dado por Jesus a Pedro não é só o carisma de fundar a Igreja horizontalmente, quanto a seu enraizamento no passado, mas o de alicerça-la verticalmente, quanto a sua permanência no presente, torna-se claro que deverá durar tanto quanto a própria Igreja. Assim, se a noção de sucessão não está mencionada explicitamente nos textos evangélicos, ali está implicada na natureza do privilégio de Pedro, exigido para a constante estrutura da Igreja. (Como também a Sagrada Escritura será estrutural no constante presente da vida da Igreja, embora o privilégio de poder escrevê-la não o seja, pertencendo a seu passado, a seu fieri). E então: ou a Igrreja conservará a estrutura que Cristo lhe deu, e o privilégio de Pedro lhe será transmissível; ou não será ele transmissível, não será dinâmico como a Igreja, mas também ela já não manterá sua estrutura original(271).

O teólogo protestante Oscar Cullmann, em seu livro sobre S. Pedro, após reconhecer a autenticidade dos três textos básicos referentes ao primado do Apóstolo, julga porém que se tratou de um primado episódico, ligado a um momento histórico, o dos primórdios da edificação da Igreja(272). Reconhece que Pedro recebeu a intendência do Reino de Cristo e o poder jurisdicional do ligar e desligar, mas só para um primeiro período da Igreja:

"Certo, a frase sobre os chefes e sobre o poder de ligar e desligar atribui ao Pedro histórico funções que persistem na Igreja. Essas funções equivalem, com efeito, à direção da Igreja, que continuará a ser assegurada no futuro. Mas... isso não quer dizer que esta palavra, Mt 16,17s, mencione a atividade dos chefes posteriores a Pedro"(273).

Segundo esse autor, a chefia de Pedro, tão solenemente recebida de Cristo, não teria durado senão nos primeiros dias da Igreja, pois ainda em plena vida e atividade de Pedro seu ministério passa a ser assumido por Tiago:

"Pedro só dirigiu a Igreja-mãe (de Jerusalém) - e durante os primeiros tempos apenasmente. Com efeito, mal terá posto o fundamento deste ministério, cedê-lo-á. Outro personagem, Tiago, assumirá esse ministério em Jerusalém, ao passo que Pedro se consagrará inteiramente a sua obra missionária, na qual estará subordinado a Tiago"(274).

Contudo, o autor não chega a pretender que a partir de Tiago derive a sucessão do primado, concedendo a inexistência de qualquer tradição alusiva a isso. "A partir de Tiago há uma lacuna", diz ele, tencionando corroborar assim sua conclusão de que "para os chefes da Igreja universal não existe cadeia de sucessão"(275).

Ora, é impossível supor que S. Pedro tenha renunciado alguma vez ao privilégio que lhe deu o Senhor. Nem os hagiógrafos teriam registrado seu privilégio em textos carregados de ênfase, se na época em que escreviam o primado já nada mais significasse em sua expressão concreta, isto é, se Pedro não tivesse permanecido até ao fim aquele que "apascenta os cordeiros e as ovelhas". Teriam ao menos assinalado por que, e como, Pedro abdicara da função central exercida nos primeiros dias da Igreja (conforme o livro dos Atos), ao deixar Jerusalém e ao partir para a missão.

E depois há o fato concreto e histórico: desde muito cedo se verifica ser somente o Bispo de Roma o que exerce liderança sobre as outras sedes, considerando-se o legítimo sucessor de Pedro. Como explicar que não tenham surgido alhures pretensões a tal sucessão? em Jerusalém, por exemplo?

Realmente, a tradição faz emergir cada vez mais claramente a convicção geral de que foi o Bispo da cidade consagrada pelo sangue de Pedro, e não outro, o que recebeu a sucessão no cargo de supremo representante do divino Mestre e Pastor. Cerca do ano 96, vemos S. Clemente, Bispo de Roma, escrevendo à distante comunidade de Corinto para chamá-la à ordem, durante grave crise interna(276). Em 110, Sto. Inácio de Antioquia (Bispo de uma cidade onde também estagiara S. Pedro!) diz ser a Igreja sediada em Roma a que "preside à caridade", isto é, à comunhão de amor que era idealmente todo o povo cristão(277). Pouco depois, mas ainda no século II, Sto. Ireneu escreve ser preciso concordarem com a Igreja de Roma todas as outras, por causa da "potentior principalitas" (da sua primazia mais poderosa) e porque ali se conserva sempre a tradição dos apóstolos(278). E assim por diante. Pode-se explicar teologicamente como aberração esse "crescendo" de testemunhos?(279) Acaso não se há de ver no primado romano, que aparece efetivamente reconhecido desde tão cedo, desde a era das origens da Igreja, a manifestação histórica da vontade do Senhor, antes implícita, mas agora comprovada?

Note-se a importância do primado pontifício a partir da perspectiva da infalibilidade da Igreja. Se a Igreja deve ensinar indefectivelmente aos homens a verdade revelada, deve ter na terra a instância de um árbitro supremo, credenciado por Cristo, como outrora Pedro, para "confirmar os irmãos", para decidir contra as heresias. Pois estas crescerão muitas vezes no seio da própria hierarquia episcopal, como a História o demonstra. Ora, se todos os Bispos fossem iguais, como se faria a decisão? por maioria numérica? Não, não seria o meio pelo qual se venceria a mais grave das heresias, o arianismo, no século IV... A maioria numérica é um critério utilíssimo em se tratando de manifestação do senso dos homens, mas não se apresenta especialmente apta para dar a conhecer a voz do Espírito, e assim Jesus Cristo colocou no episcopado a figura de um árbitro supremo, sem cuja aprovação de nada valeriam as decisões dos mais numerosos Concílios...

Para além das conclusões teológicas ou históricas, todavia, o primado pontifício é na Igreja uma verdade dogmática, a expressão de uma doutrina ensinada como inherente ao Evangelho pela sociedade que traz os sinais de portadora desse Evangelho. Tal dogma foi solenemente proposto nos concílios de Lião (1274), Florença (1439) e, do modo mais cabal, no Vaticano I:

"Se alguém disser, não ser por instituição do próprio Cristo Senhor, isto é, por direito divino, que o bem-aventurado Pedro tenha sucessores no primado sobre a Igreja universal, ou que o Romano Pontífice não seja sucessor de Pedro no mesmo primado, anathema sit(280)."
"Se alguém disser que o Romano Pontífice tem apenas o encargo de inspecção ou direção, sem o pleno e supremo poder de jurisidição sobre a Igreja universal, não somente no que tange à fé e aos costumes, mas ainda no que diz respeito à disciplina e governo da Igreja difusa pelo mundo inteiro; ou que tem ele apenas a parte principal, mas não a plenitude desse supremo poder; ou ainda que seu poder não é ordinário e imediato sobrre todas e cada uma das igrejas, sobre todos e cada um dos pastores e fiéis,
anathema sit(281)."

Estes cânones se referem à jurisdição do Papa. Da infalibilidade de seu ensinamento pessoal quando feito "ex cathedra" vamos tratar adiante [no livro].

[...]

UNIDADE E CATOLICIDADE

Podemos falar da unidade e catolicidade da Igreja como duas notas distintivas, pelas quais a instituição de Jesus Cristo se torna reconhecível externamente, e também como de duas propriedades intrínsecas à idéia mesma da "Igreja", derivadas da natureza transcendente do "Corpo de Cristo" em crescimento na História da Salvação.

Sob o primeiro aspecto já discorremos no capítulo introdutório [do livro]. Restaria tecer algumas considerações sobre o segundo aspecto, perceptível e analisável apenas à luz da fé.

A "unidade católica" (podemos condensar nesta expressão as duas propriedades, na verdade correlativas e inseparáveis) é em primeiro lugar e essencialmente a comunhão realizada e dinamizada pela caridade. Neste sentido foi que Jesus orou na última Ceia, dizendo:

"que todos sejam um, como tu, Pai, o és em mim e eu em ti... que eles sejam consumados na unidade, para o mundo saber que me enviaste e que os amaste como me amaste"..."que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles"(337).

A comunhão no amor é a essência mesma da Igreja, se a esta se considera globalmente como o plano de Deus, abstração feita das fases em que se realiza progressivamente. Mas se se considera a Igreja de maneira concreta, em sua fase terrestre, inaugurada no mistério pascoal e na missão apostólica, deve-se dizer que sua essência é em primeiro lugar a de instrumento ou sacramento dessa comunhão. A Igreja é então a "convocação" para a vida de comunidade e amor.

Ora, também nesta perspectiva ela está intrinsecamente marcada pela unidade e universalidade. Seus meios de convocação dos homens à união (com Deus e entre si) são indivisíveis e universais: um só Evangelho, um só conjunto de sinais santificantes, uma só grei, onde Pedro faz as vezes do "Príncipe dos pastores" (1Ped 5,4). Ou - como diz Paulo:

"Há um só corpo e um só espírito, como também fostes chamados por vossa vocação a uma só esperança. Ha um só Senhor, uma só fé e um só batismo"(338).

Todo pluralismo na Igreja há de estar subordinado à unidade fundamental no plano da doutrina, dos sacramentos e do regime sob Pedro, a rocha que faz as vezes de Cristo e sustenta os alicerces apostólicos.

A Igreja primitiva teve consciência de ser um sistema unitário e indissolúvel. A união dos primeiros fiéis, pelo coração e pela alma, como diz o livro dos Atos, pressupunha sua unanimidade perseverante em acolher a doutrina dos Apóstolos, em congregar-se para a fração do pão e as orações, em acatar as diretrizes de Pedro, ou dos "Doze", bem como a dos auxiliares que depois eles instituíram "como bispos para regerem a Igreja de Deus".

Expandindo-se, a Igreja primitiva passou a concretizar-se em ambientes diversos, teve várias dificuldades, inclusive a famosa entre Paulo e Pedro (Gal 2,10), mas não perdeu a consciência de ser chamada a vencê-las pois Cristo não está dividido(339) e não seria cabível que os discípulos seus se dividissem em "partidos", o de Céfas, o de Paulo, o de Apolo...

Extremamente significativo desse fato é o próprio uso primitivo da palavra "Igreja" ou "Igreja de Deus". Tanto no livro dos Atos como nas Epístolas a palavra se acha aplicada, ora à comunidade particular de uma cidade (Jerusalém, Antioquia, Corinto, Éfeso etc.) ou de uma região (a Judéia, a Samaria, a Galiléia, a Ásia etc.), ora à comunidade inteira dos cristãos. Houve um tempo em que os exegetas achavam ter sido primeiro o uso relativo à assembléia local (pois no mundo helenístico a palavra ekklesía significava sempre a assembléia popular convocada no interior de uma mesma cidade). Mas estudos posteriores mostraram o contrário. Os primeiros cristãos pensavam inicialmente no mistério global do "povo de Deus", congregado em nome do Cristo Jesus, quando pensavam na "Igreja" - que para eles era a sucedânea do qahal Jahvé, a nação consagrada do Antigo Testamento. E assim, ao falarem de uma Igreja regional, local ou até doméstica(340), queriam dizer que ali se tornava presente o mistério da "congregação no Cristo Jesus", o mistério da Igreja em geral(341). Não se tratava apenas de uma parte, de uma circunscrição, e a Igreja total não era concebida simplesmente como a soma das Igrejas particulares; tratava-se de sua presença manifestativa, múltipla e multiforme, qualitativamente a mesma. Daí as expressões de S. Paulo: "a Igreja de Deus que está em Corinto", "a Igreja que está em Cêncris"(342), indicando ser sempre a mesma que se estabelece nas várias localidades. Será igualmente a linguagem utilizada por Sto. Inácio de Antioquia e por outros autores muito antigos(343).

Portanto, a realidade visada inicialmente foi a da Igreja única - como Deus é único e única a obra da Redenção - num sentido não ligado ao de localização. O sentido local surge no segundo momento, para designar a manifestação concreta de uma essência universal e católica(344).

Não pode fundamentar-se no dado bíblico e da antiquíssima tradição a crítica, formulada por certos teólogos ortodoxos, de que a eclesiologia romana transpôs indevidamente o caráter orgânico da Igreja local para a Igreja universal, após ter transformado a esta numa única e imensa Igreja local(345). Tais autores exageram o significado eclesiológico da assembléia eucarística, a qual é, sem dúvida, momento privilegiado de expressão e efetuação do mistério eclesial, como S. Paulo ensinou aos coríntios, e é necessariamente uma realidade localizada, mas pressupõe a Igreja constituída pelo "único batismo", pela "única crença", pelo "único Senhor"; a Igreja que por ser o "Israel de Deus", a "Esposa de Cristo", o "Corpo de Cristo", transcende seus avatares e é "católica".

Já nas Cartas de Sto. Inácio e logo após, no "Martírio de S. Policarpo", aparece este título "católica", que não significa exatamente o mesmo que "universal", pois lhe acrescenta a idéia de coesão e abrangência ativa(346).

S. Cipriano, nos meiados do século III, desenvolveu uma admirável teologia dessa unidade na universalidade e identidade das Igrejas particulares:

"A Igreja é uma só embora compreenda uma multidão, por sua constante fecundidade. Assim como há uma só luz nos muitos raios do sol, uma árvore em muitos ramos, um só tronco fundamentado em raízes tenazes, muitos rios de uma só fonte, assim também esta multidão guarda a unidade de origem, se bem que pareça ser dividida por causa da enorme profusão dos que nascem... A Igreja do Senhor, como luz que se difunde, estende sobre o mundo seus raios, permanecendo a mesma luz, não perdendo a sua unidade"(347).

Recorre às imagens bíblicas da "Esposa", da "Casa" e até da túnica inconsútil de Cristo, acentua a indivisibilidade do episcopado e tem fórmulas admiráveis como a de que a Igreja é o povo "reunido na unidade que vem do Pai, do Filho e do Espírito Santo"(348).

Em nossos dias, o Concílio Vaticano II ocupou-se longamente das questões relativas à "unidade católica", considerando o significado das Igrejas particulares, a tradicional diferença dos "Ritos" e depois toda a problemática do Ecumenismo.

A Igreja particular é o que se chama comumente a Diocese, "a porção do Povo de Deus confiada a um Bispo para que a pastoreie em cooperação com o presbitério"(349). É a Igreja encarnada em determinada realidade sociológica; eis por que se deve dizer que a Igreja universal subsiste nas Igrejas particulares e através delas(350). São estas imagens e presenças da universal, portanto nelas opera o Espírito de Cristo mediante seus ministérios e instituições: ministérios do Bispo (e eventualmente de seus auxiliares), dos presbíteros etc., e instituições tais como paróquias, conselhos etc.

"Se pertence à essência da Igreja ser comunhão traduzida em comunidade, a Igreja particular aparece como aquela comunidade dotada de todos os bens da comunhão e que a realiza visível e historicamente em determinado lugar. Ela, com efeito, possui a plenitude do mistério invisível da comunhão e os serviços visíveis que levam os homens à sua posse e ao seu crescimento. Esta comunhão plena, ela não a tem de si mesma e sim da Igreja universal una e única, que está nela presente e operante. A Igreja particular é quase uma personificação visível da Igreja universal; mas, porque pautada na Trindade, essa personificação implica o existir para, isto é, o relacionamento total com todas as comunidades que subsistem pela mesma comunhão eclesial"(351).

Como observa o Pe. Henri de Lubac, a Igreja particular é antes de tudo uma estrutura fundamental do Corpo de Cristo; o que a define é esta noção teológica, não o fato de que possui traços singulares no plano sócio-cultural. Já o que se chamaria Igreja "local" se determinaria em primeiro lugar por estas características, comuns a determinada região geográfica e que individualizam a fisionomia de um grupo maior ou menor de Igrejas, com possíveis reflexos em sua liturgia, teologia, disciplina etc.(352). Tais diferenciações, assim constituídas pela própria catolicidade da Igreja, chamada a informar as mais diversas culturas, se devem porém ao coeficiente humano e importa sejam assumidas pelo dinamismo eclesial mais profundo, que é voltado para a unidade, porque suscitado pelo Espírito de Pentecostes, "o Espírito que unifica as raças distantes e oferece ao Pai as primícias de todas as nações"(353).

Então, prossegue H. de Lubac, "é evidente que a Igreja local não desempenharia mais seu papel e não mereceria mais seu nome se fizesse frustar esse movimento de unidade, que é o dinamismo próprio das Igrejas particulares agrupadas nela. É todavia o que pode ocorrer e até ocorre fatalmente quando esse dinamismo, que é o da fé, está em crise. Nesse caso, há uma tal preocupação de se exprimir a vida original do grupo ao qual se pertence em determinado momento da história e em determinado local do espaço, que se passa a negligenciar ou a suportar com impaciência, procurando-se mesmo distender, o duplo laço da unidade, o laço ininterrupto com a tradição apostólica da única Igreja através dos tempos, e que é também o laço de comunhão através do espaço... Cede-se a um movimento centrífugo, em vez de dominá-lo. O que deveria ser convergência e harmonia se transforma em dissonância e em divergência"(354).

Uma realização típica e tradicional desses grupos de Igrejas bem configurados são os chamados "Ritos", que existem no setor oriental da catolicidade. São Igrejas que diferem pela liturgia, disciplina eclesiástica e patrimônio espiritual, e isto de longa tradição. No caso estão os "Patriarcados", cujo Bispo tem jurisdição sobre todas as Igrejas do mesmo "Rito" (cfr. Decreto "Orientalium Ecclesiarum").

RUPTURAS NA UNIDADE

Há certo pluralismo que, longe de comprometer a unidade cristã, a realça, manifestando sua catolicidade. Sempre ocorreu e pode ocorrer no domínio da liturgia, da disciplina, da espiritualidade e até da teologia. A diferença de mentalidades e situações históricas tende a expressões diversas do mesmo culto e da mesma fé. "A Igreja é una na pluralidade de situações, de vocações e serviços, que não se opõe à unidade mais profunda em Cristo. Em sua diversidade, e não apesar dela, os homens são um em Cristo e no Povo de Deus"(355).

Na própria teologia, há a possibilidade de se estabelecerem diferentes escolas e formulações teológicas, a partir de diferentes (mas não contraditórios) sistemas de pensamento, sendo este pluralismo o necessário efeito da inadequação entre o conhecimento teológico humano e a riqueza eminente do objeto da fé(356).

Há porém as dissenções profundas, que ferem a unidade: são a heresia e o cisma, dois conceitos que não foram desde o princípio nitidamente distintos um do outro, mas que correspondem a uma experiência antiquíssima da Igreja. O Senhor mesmo soube precaver os discípulos quanto aos pseudo-profetas, os maus pastores, os que seduziriam a muitos(357). Os Apóstolos precisaram desde cedo combater os semeadores de divisão e as falsas doutrinas(358), fazendo-o com extrema energia, cientes de se tratar de casos de vida ou morte, de ser ou não ser, para a fé e a comunhão cristã.

Aos poucos os Padres e teólogos determinaram com acuidade a diferença específica entre as duas formas de ruptura, que assim se acham caracterizadas no Código vigente de Direito Canônico:

"herético é quem, após a recepção do batismo e retendo o nome de cristão, nega com pertinência alguma dentre as verdades que devem ser cridas com fé divina e católica, ou a põem em dúvida"; "cismático é aquele que recusa submeter-se ao Sumo Pontífice ou entrar em comunhão com os membros da Igreja, sujeitos ao mesmo"(359).

Nem sempre estas precisões foram assim consideradas, de sorte que no passado, inclusive por exemplo durante o Concílio de Trento, sob a noção de heresia se abrigava, além do que era negação de dogmas, também a negação de verdades que hoje diríamos apenas "próximas da fé" ou "conclusões teológicas certas"(360). Também o cisma nem sempre foi definido em função da figura do Sumo Pontífice ou da Igreja universal, mas algumas vezes em relação à Igreja particular (enquanto porém virtualmente se incluía a ruptura com a universal).

A heresia e o cisma constituem pecados opostos respectivamente à fé e à caridade (o cisma sendo um ato que lesa a paz entre os fiéis, a qual é efeito da caridade). As pessoas que cometem tais pecados se excluem da Igreja como corpo social. Não são mais membros da Igreja visível, conforme o ensinamento dos Padres(361).

Entretanto, algumas distinções devem ser feitas. Se a heresia ou o cisma não são públicos, mas ocultos, tais pessoas se conservariam ainda na Igreja, segundo alguns, não segundo outros. A primeira opinião parece fundar-se num conceito por demais externo e jurídico da Igreja.

Outra distinção: os batizados que não cometeram pessoalmente o pecado de cisma ou heresia, mas pertencem a uma comunidade cristã separada de Igreja (por cisma ou heresia) não herdam a condição dos que realizaram a ruptura(362) e podem ser ditos pertencerem, ainda que imperfeitamente, à comunhão católica.

Na História eclesiástica ocorreram vários cismas, tendo sido o mais importante o que separou o Oriente do Ocidente, desde o século XI. Heresias principais foram as da antigüidade, sobretudo o Arianismo, que negava a estrita divindade de Cristo, considerando-o apenas um grande intermediário entre Deus e nós. Extremamente graves sob o ponto de vista da ruptura que causaram na Igreja foram as heresias da Reforma protestante, no século XVI, mas muito menos graves do que as antigas, sob o ponto de vista da heterodoxia, pois mantiveram os dogmas fundamentais(363).

[...]

DIVISÃO DOS CRISTÃOS E ECUMENISMO

A divisão dos cristãos contradiz a vontade expressa de Jesus:

"Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós"..."Eu não rogo somente por estes mas pelos que hão de crer em mim por meio de sua palavra, para que todos sejam um, como tu, Pai, o és em mim e eu em ti, para que eles sejam também um em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste"(373).

A unidade dos discípulos seria o grande sinal da divina missão de Jesus e portanto as rupturas haveriam de constituir, ao contrário, enorme prejuízo à credibilidade do Evangelho: "um escândalo para o mundo"(374).

No panorama das várias denominações cristãs não católicas, atualmente existentes, poderíamos distinguir:

  1. Os orientais separados, que incluem as Igrejas heterodoxas (nestorianas e monofisitas), que subsistem em certas regiões da Ásia e da África; e as Igrejas ortodoxas, nas quais se conserva substancialmente a doutrina católica, ao menos como estava expressa antes da separação (ocorrida no século XI, com o cisma do patriarca Miguel Cerulário), com a ressalva do não reconhecimento do primado jurídico e magisterial do bispo de Roma(375).

  2. As confissões protestantes, oriundas da Reforma do século XVI: Igrejas luteranas ou evangélicas e calvinistas ou reformadas, bem como as denominações resultantes de dissenções do anglicanismo: presbiterianos, batistas, quakers, congregacionais, metodistas, etc.
    Aqui a separação atinge maior número de pontos doutrinários importantes, sobretudo quanto à justificação, eclesiologia, sacramentos, mariologia, culto dos Santos. De um modo geral mantêm-se contudo unanimemente professadas as duas verdades cristãs fundamentais, sobre a Trindade e a Encarnação(376). Rejeitando a existência do Magistério infalível, o princípio formal do protestantismo é o "livre exame" da Revelação contida na Bíblia.

  3. O anglicanismo, que se situa de certa maneira entre o protestantismo e o catolicismo. Aproxima-se deste pela aceitação do princípio hierárquico (sucessão à hierarquia apostólica) e pela valorização maior da Tradição. Característica é a "comprehensiveness" da Igreja anglicana, a acolher uma variada gama de doutrinas mesmo divergentes, que podem ser distribuídas nas de uma tendência mais protestante (os "evangélicos"), nas de outra mais católica (os "anglo-católicos") e nas de uma liberal.

  4. As "seitas": pentecostais, adventistas, "Assembléia de Deus", mórmons, etc. O emprego do termo faz-se por referência às grandes Igrejas protestantes, das quais esses ramos se separaram por tal ou qual motivo de doutrina ou disciplina. Acentuam a busca de fenômenos carismáticos, tendem a posições radicais, fragmentam-se rapidamente.

Em nosso meio poderia aparentemente ser considerada uma seita relativa à Igreja Católica e chamada "Igreja Católica Apostólica Brasileira" (ICAB), pois dela se separou em 1945, em cisma conduzido pelo bispo católico D. Carlos Duarte Costa, pouco antes incurso na pena de excomunhão por razões disciplinares. Entretanto, tal grupo (ou conjunto de agrupamentos) não realiza sua atividade religiosa ostentando e reivindicando sua diferenciação doutrinária, cultual e disciplinar, mas - como já dizia em 1948 o Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara - tudo fazendo com o objetivo de mistificar e confundir, atraindo a seus ofícios religiosos os fiéis católicos, como se se tratasse da mesma Igreja de seu batismo. Idêntica observação foi repetida, faz pouco, pelos Bispos da Província eclesiástica de S. Paulo, que escreveram em Pastoral coletiva: "a referida igreja brasileira nunca teve nem tem povo próprio (...) O povo que conseguem convocar para seus templos é povo que não se dá conta do equívoco a que é induzido, nem pensa em abandonar a Igreja de seu batismo"(377). Sendo assim, não lhe cabe sequer o título de "seita" cristã.

Ecumenismo é o movimento do qual participam os que invocam o Deus Trino e confessam a Jesus como Senhor e Salvador, não só individualmente, mas em comunidade, e que visa a união dessas comunidades da única Igreja de Cristo(378).

Não coincide pois com a obra de reconciliação dos indivíduos, embora não se oponha a ela. É algo mais amplo e se promove e realiza através de vários comportamentos no plano da renovação (pessoal e comunitária), no plano da oração, do diálogo, da dissolução de barreiras, da cooperação mútua.

Princípios básicos da atividade ecumênica, tal como a entende a Igreja Católica, são os seguintes(379):

  1. Cristo instituiu e quis uma só Igreja, sendo portanto contrárias a sua vontade as cisões historicamente verificadas entre seus discípulos, os quais devem buscar superação das dificuldades e retorno à unidade.

  2. A Igreja de Cristo subsiste na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com o mesmo. Nela está a plenitude dos meios de salvação, o que não exclui a presença, fora de suas fronteiras visíveis, de elementos de santificação e verdade, nem tão pouco a necessidade de serem empreendidas reformas na Igreja Católica.

  3. As pessoas que nascem nas comunidades separadas e ali são instruídas na fé não podem ser arguidas, a-priori, de um pecado de separação (como de um segundo pecado original), estando em certa comunhão, embora não perfeita, com a Igreja Católica(380).

  4. As comunidades separadas, elas mesmas, contendo aspectos de valor salvífico, não podem ser consideradas sem sentido e peso no mistério da salvação.

  5. É necessário que os cristãos, imperfeitamente unidos ao Povo de Deus, se incorporem plenamente ao Corpo de Cristo, o que significa que, possuindo o Espírito de Cristo, aceitem a comunhão com a Igreja Católica e seus meios salvíficos. Essa incorporação, porém, não é um movimento unilateral (como aliás foi dito no nº 2), não é simples retorno, mas movimento bilateral de convergência, que supõe uma renovação da Igreja "semper reformanda", em direção ao quadro de referências que Cristo lhe propõe.

O Vaticano II, no documento sobre o Ecumenismo, acentuou tratar-se de um movimento que excede, quanto aos resultados, as forças humanas, o que aliás está sugerido pelo fato de Cristo ter orado pela união de seus discípulos. É a tarefa sobrrenatural do crescimento da unidade da Igreja, que como todas as suas demais propriedades só se realizará em plenitude na Jerusalém celeste, mas que esperamos possa tornar-se - ainda no tempo histórico - uma realidade mais perfeita que a atual.

Exortando os fiéis a se absterem de qualquer zelo superficial ou imprudente, que pudesse prejudicar o verdadeiro progresso da unidade, o Concílio reconheceu expressamente os numerosos valores cristãos, resguardados e frutificados às vezes de modo admirável, tanto nas Igrejas Orientais como nas comunidades eclesiais ocidentais separadas.

Documentos ulteriores, como o Diretório Ecumênico e Declarações Conjuntas (de católicos, ortodoxos, protestantes, anglicanos etc.) têm mosttrado como é muito mais o que nos une do que o que nos separa; como se desfazem preconceitos e equívocos; como se estabelecem bases amplas de cooperação e intercomunhão(381).


Notas:
269O texto de Mt 16,17ss é, desde Tertuliano, o mais citado para fundamentar a primazia pontifícia. Muitos Padres porém recorreram de preferência a outros textos e deram diferentes interpretações à "pedra" (seria ela o Cristo, ou a fé, ou a confissão de Pedro, etc.). A metáfora das "chaves" significa, no contexto da Escritura e do judaísmo da época, a entrega de plenos poderes: cl. Is 22,15-22. [...]
270Jo 17,20.
271Charles Journet, "Primauté de Pierre dans la perspective protestante et dans la perspective catholique", Paris, 1953, pg. 79s.
272Oscar Cullmann, "Saint Pierre. Disciple, Apôtre, Martyr", Neuchatel, 1952. Trata-se de um livro notável, sob vários aspectos. O autor supera uma série de preconceitos freqüentes em seus colegas protestantes, admitindo inclusive a morte de S. Pedro em Roma. Reconhece, por exemplo que "a interpretação de Mat. 16,17ss, bem como a discussão sobre a historicidade da estadia de Pedro em Roma, foi muitas vezes obscurecida por preconceitos confessionais" (pg. 143).
273Ibid., pg. 189.
274Ibid., pg. 202.
275Ibid., pg. 211. Ver ampla discussão da tese de Cullmann em L. Scheffczyk, "Il ministero di Pietro", tr. it., Marietti, 1975.
276A.S.P. [="Antologia dos Santos Padres", C.F.Gomes, 2ª edição, revista e ampliada, 1980], 1-27.
277A.S.P., 54.
278Ad. Haer., III,2; A.S.P., 187.
279Cfr. Scheffczyk, ob.cit., pg. 54: a partir do século IV são absolutamente claros os testemunhos de um primado de jurisidição exercido pelos Bispos de Roma, e fundamentado no ministério de Pedro.
280Dz [=Denzinger-Rahner, "Enchiridion Symbolorum", ed. de 1953] 1825.
281Dz 1831. A mesma doutrina foi novamente proposta pelo Vaticano II, na "Lumen Gentium",18.
337Jo 17,11.26.
338Ef 4,4s.
3391Cor 1,13.
3401Tes 2,14; 2Tes 1,4; 1Cor 16,1.19; 2Cor 8,1; Rom 16,5; At 8,1; 9,31; etc.
341At 20,28; Mt 16,18 ("minha Igreja"); Ef 4,1-6; etc. Cfr. Y.Congar, em "Mysterium Salutis", tr., IV/3, p.44.
3421Cor 1,2; Rom 16,1.
343A.S.P., 34; 54; 83.
344Y.Congar, ob.cit., ibidem.
345Id., pg.55, referindo-se a A.Schnemann; cfr. H.de Lubac, "Les églises particulières dans l'Eglise universelle", 1971, pg.51, nº 3.
346Cfr. H.de Lubac, ob.cit., pg.31.
347A.S.P., 285.
348A.S.P., 298; cfr. L.G. [="Lumen Gentium" (constituição dogmática sobre a Igreja, do Vaticano II), 4.
349C.D., 11. A terminologia do Concílio não é inteiramente uniforme. De um modo geral, a Igreja
particular é a diocese; e a Igreja local, um grupo de dioceses em determinada região (L.G., 23): aqui então prevalece o critério de ordem sócio-cultural. Em O.E., 2 e 4, a Igreja particular é tomada no sentido de "Rito", isto é, praticamente, de Patriarcado.
350L.G., 23.
351Mons. Roberto Mascarenhas Roxo, "Igreja Particular", conferência pronunciada na XIIIª Assembléia Geral da CNBB (S.Paulo, fev. de 1973) e publicada no "Comunicado Mensal dos Bispos".
352H.de Lubac, ob.cit., pg.54.
353Sto. Ireneu, Adv. Haer., III, c.17. Como observa D.E.Lanne, o acento é posto (no N.T.) sobre a unidade em Cristo, não sobre a diversidade, mesmo quando esta permanece subjacente (em Istina, 1969, pg.175).
354H.de Lubac, ob.cit., pg.62, com citações de D.E.Lanne.
355Cfr. CNBB, "Unidade e Pluralismo na Igreja", documento de fevereiro de 1972, ed. Paulinas, pg.18.
356Cfr. D.Bonifazi, "Il pluralismo filosófico teologico e l'antropologia", em Doctor Communis, 1971 (III), 200ss; Y.Congar, "La Foi et la Théologie", 1962, 178ss.
357Mt 7,15; 13,39; 24,24; Mc 13,5-6; Lc 21,8.
3581Cor 11,19; Gal 5,20; At 24,5.14; 28,22; 2Ped 2,1; etc.
359C.J.C. [="Código de Direito Canônico", 1983], 1325,2.
360Y.Congar, em "Mysterium Salutis", tr., IV/3, p.79ss (com bibliografia a respeito).
361R.J. [=Rouet de Journel, "Enchiridion Patristicum"], Índice, nº 45.
362U.R. [="Unitatis Redintegratio" (decreto do Vaticano II sobre o ecumenismo)], 3:
"os que agora nascem em tais comunidades e estão ornados com a fé em Cristo não podem ser argüidos do pecado de separação, e a Igreja católica os abraça com fraterna reverência e amor".
363Cfr. Congar, ob.cit., pg.100ss.
373Jo 17,11.20s.
374U.R., 1.
375Ver, a respeito, S.Mooy, "Problemas ecumênicos na Igreja e nas Igrejas", S.Paulo, Herder, 1963, pg.70ss: "Divergências dogmáticas entre ortodoxos e católicos".
376Veja-se, a respeito, Y.Congar, em "Mysterium Salutis", tr., IV/3, p.82: "Diferença entre as heresias do tipo
Reforma e as heresias antigas".
377Bispos da Província Eclesiástica de São paulo, "Igreja Brasileira", Carta Pastoral, de 8 de dezembro de 1972, ed. Paulinas, pg.12.
378U.R., 1. Tal é o "ecumenismo" em sentido estrito: movimento entre
cristãos. Em sentido amplo, poderia assim chamar-se porém toda atitude que, visando à fraternidade universal, procurasse eliminar discriminações por motivo religioso, bem como reconhecer em todas as religiões os reflexos da Verdade divina.
379Cfr. U.R., cap.1.
380Conforme a CNBB (complementação brasileira ao Diretório Ecumênico, 1967),
"no Brasil a maioria dos batizados católicos que passaram para as fileiras dos irmãos separados de nós, parece não poderem ser acusados de culpa grave neste passo. Quase sempre o terão feito porque não foram suficientemente evangelizados e catequizados".
381O Diretório Ecumênico da Santa Sé foi publicado em duas partes (4/5/1967 e 16/4/1970): SEDOC 2 (1970) 1503-1530. Ver o texto da 5º Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas (Nairobi), em SEDOC, maio a julho de 1976.


  • Textos extraídos do cap. IX, pp. 544-548, 565-572, 575-579.

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