A g n u s D e i

APROFUNDANDO OS CONHECIMENTOS...
"Para Viver a Liturgia"

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PARA VIVER A LITURGIA

Jean Lebon

ed. Loyola

156 páginas

Formato: 21 x 21 cm

Preço: * * *

Apresentação

 

 

Efetuar os ritos propostos pela reforma litúrgica do Vaticano II não é tarefa passível de improvisação.

Eis um guia sintético e claro, no qual se lembra, em primeiro lugar, que a liturgia cristã se enraíza no húmus da estrutura dos gestos e das condutas simbólicas (1ª parte). Fazendo Aliança com o seu Povo, Deus retoma e especifica essa linguagem de homens para se comunicar com sinais privilegiados: a assembléia, os ministros, os sacramentos etc. (2ª parte). A celebração da eucaristia é objeto de uma particular exposição, à medida que põe em ação numerosos ritos em um conjunto dinâmico (3ª parte).

Este livro tenta dizer o essencial. Dirige-se a todos aqueles que se esforçam, semana após semana, por tornar as assembléias cristãs mais vivas. Desenvolve toda uma arte de habitar lugares, ritmos, gestos, leituras, cantos... Uma arte coerente e flexível, reconciliando a fidelidade à Igreja com a liberdade de expressão.

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O Autor

Jean Lebon é pároco na diocese de Lille, redator-chefe da revista "Église qui chante" e diretor do Instituto de Música Litúrgica de Lille.

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Conteúdo

O livro está dividido em 3 partes e uma conclusão, abordando as matérias:

    Parte 1 - Celebrar
    1. Quando os homens celebram
    2. Eles se re-conhecem
    3. A experiência simbólica
    4. Liturgia é ação
    5. O rito
    6. Vaticano II, uma revolução

    Parte 2 - A Liturgia Cristã

    1. Quando Deus faz sinal
    2. Igreja e assembléia
    3. Assembléia, sinal de fé
    4. Uma assembléia sob tensão
    5. Todos responsáveis
    6. A serviço da assembléia
    7. Presidir
    8. Da palavra ao gesto
    9. A comunicação na assembléia
    10. Os gestos
    11. O sagrado e o belo
    12. O lugar da assembléia
    13. Canto e música
    14. Objetos e paramentos
    15. O ano litúrgico

    Parte 3 - A Liturgia Eucarística

    1. Assembléia
    2. Celebrar a palavra
    3. O anúncio
    4. A homilia
    5. Responder à Palavra
    6. "Fazei isto para celebrar a minha memória"
    7. Ele tomou o pão, ele tomou o vinho
    8. Ele deu graças
    9. Partindo-o, a eles o deu
    10. A despedida

    Conclusão: A equipe litúrgica em atividade

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Amostra

O ANÚNCIO

"Nas leituras, é posta a mesa da Palavra de Deus e são manifestos os tesouros bíblicos" (IGMR 34).

Quando pensamos que durante séculos o povo cristão tinha obrigação de se contentar com umas cinqüenta passagens do Evangelho, e textos importantes como a Sarça ardente ou a parábola do Filho Pródigo nunca eram lidos no domingo, damos graças a Deus que o Vaticano II tenha reaberto às assembléias o acesso aos "tesouros bíblicos". Sem dúvida, ainda é cedo para avaliar o enriquecimento da fé trazido pela proclamação regular dos textos essenciais da Bíblia e a sede de melhor compreendê-los que então surgirá.

A reforma reorganizou por completo a distribuição dos grandes textos bíblicos.

No domingo foi retomada a antiga tradição das três leituras: Antigo Testamento ("os Profetas"), Novo Testamento ("os Apóstolos") e Evangelhos, aos quais precisamos acrescentar o Salmo, também tirado da Bíblia. Durante a semana, contentamo-nos com uma leitura (Antigo Testamento ou Novo Testamento) antes do Evangelho.

No domingo, os Evangelhos sinóticos (=paralelos) são distribuídos em um tempo chamado Tempo Comum, segundo um plano trienal (ano A: Mateus; B: Marcos; C: Lucas). O quarto Evangelho, o de João, é distribuído, segundo uma tradição também antiga, na Quaresma e tempo pascal dos três anos. Advento e Quaresma seguem também o ciclo trienal, mas com exceções ocasionadas pela dinâmica própria desses tempos fortes.

A Primeira Leitura e também o Salmo foram sempre escolhidos em função do Evangelho: por exemplo, cada ano no 2º domingo da Quaresma é lida a cena da Transfiguração onde Jesus é revelado como o Filho bem-amado e a 1ª Leitura lembra a cada ano um episódio diferente da Aliança feita por Deus com Abraão e sua descendência. Pode acontecer também que a 1ª Leitura tenha sido escolhida porque o Evangelho cita uma frase dessa passagem, por exemplo o 2º domingo do Advento B em que Marcos cita Isaías.

Para a Segunda Leitura temos dois tipos de escolha:

  • Para as festas ou os tempos especiais, escolhe-se um texto também na linha do Evangelho;

  • No tempo comum, optamos (assim como também para o Evangelho) por uma leitura contínua das epístolas. Para sermos mais exatos, essa leitura é semicontínua pois os livros não são lidos por extenso. Fazemos portanto duas leituras contínuas que por força não podem estar em harmonia, a não ser por um feliz acaso: a do Evangelho e a de um livro do Novo Testamento. Alguns exemplos são em especial flagrantes: no 4º domingo comum do ano B, entre o anúncio de um profeta que surgirá do meio do povo (Dt 18,15-20) e a cura de um endemoniado (Mc 1,21-28), Paulo vem nos dizer, de repente, o que pensa do matrimônio e do celibato (1Cor 7,32-35)! Não basta falar, a fim de organizar as coisas, como este bem-intencionado sacerdote: "E agora mudaremos completamente de assunto" (sic!).

Durante a semana, salvo exceção fortuita, é necessário desistir de procurar a qualquer custo uma coerência. Com efeito, por um lado os três sinóticos são distribuídos por todo o ano (João é ainda reservado ao tempo pascal, junto com os Atos dos Apóstolos), por outro lado o restante do Antigo e do Novo Testamento é distribuído em um círculo bienal (anos pares e ímpares).

Todavia essa disposição deve ser considerada com grande flexibilidade pastoral, como indica a IGMR (nnº 319-320):

    "No lecionário ferial são propostas leituras para cada dia de cada semana durante o ano inteiro: em conseqüência, essas são as leituras que escolheremos com mais freqüência, nos dias em que estiverem designadas, a menos que nesse dia haja uma solenidade ou uma festa.

    Porém, se a leitura contínua da semana for interrompida por causa de uma festa ou alguma celebração particular, será permitido ao sacerdote, ao considerar a organização das leituras, ajuntar às outras as partes que deveria omitir, ou então decidir quais os textos que devem prevalecer sobre os outros.

    Nas missas para grupos especiais, o sacerdote poderá escolher, entre as leituras da semana, as que lhe pareçam mais adequadas ao ensinamento que pretende dar a um grupo determinado.

    Além disso, é oferecida uma escolha particular de textos da Sagrada Escritura para as missas durante as quais celebramos sacramentos ou sacramentais, ou então para as missas celebradas em algumas circunstâncias particulares.

    Esses lecionários foram compostos para levar os fiéis, através da escuta mais adaptada da Palavra de Deus, a compreender em profundidade o mistério do qual participam, e para desenvolver neles um amor mais vivo pela Palavra de Deus.

    Em conseqüência, deve-se determinar os textos que são proclamados na assembléia litúrgica levando em consideração uma pastoral adaptada, tanto quanto a faculdade de escolha permitida nesse domínio."

Na prática, para que "Deus fale", não é suficiente proclamar todas as leituras sem nos propor perguntas. Se é preciso depositar confiança no rito, esta não pode ser cega a ponto de nos levar a esquecer a assembléia à qual o rito se dirige.

Como não perceber que o texto bíblico comporta obstáculos reais para a geração atual de cristãos, colocados de novo em contato com as Escrituras há muito pouco tempo?

  1. Os católicos em seu todo, apesar do desenvolvimento rápido dos estudos bíblicos, estão ainda muito pouco familiarizados com o universo bíblico, com sua linguagem e cultura. Caberá à homilia reduzir a distância. Todavia, no momento, certos textos permanecem herméticos, outros correm o risco de serem compreendidos às avessas. Ou ainda sucede que não podemos compreender o texto do Antigo Testamento senão após termos entendido o Evangelho.

  2. A 2ª Leitura dos domingos comuns, já vimos, quebra com freqüência a coerência da Liturgia da Palavra. Cuidado! Quando falamos em coerência, não se trata aqui de lógica cartesiana. Não pretendemos reduzir a Palavra de Deus a um tema, no sentido intelectual da palavra. Constitui uma graça o fato de a Igreja nos impor textos que espontaneamente não escolheríamos e pelos quais devemos nos deixar provocar.

Que soluções pastorais vamos encontrar para esses problemas, sem deixar de realizar o projeto ritual da Igreja?

  • Em primeiro lugar, não esqueçamos as flexibilidades que nos oferece o próprio missal:

      "É muito desejável que se faça a rigor as três leituras; entretanto, por motivos de ordem pastoral e por decisão da Conferência Episcopal, permite-se, em certos lugares, usar apenas duas leituras. Quando for necessário escolher entre as duas primeiras leituras, deve-se lembrar das normas propostas no lecionário, assim como do conselho para levar os fiéis a aprofundar seu conhecimento das Escrituras; e estaremos atentos para não escolher um texto apenas porque é o mais curto ou o mais fácil" (IGMR 318).

    A eficácia da Palavra de Deus não constitui questão de quantidade. O Diretório das missas com crianças, já citado, vai mesmo ainda mais longe (43-45):

      "Se todas as leituras estabelecidas para determinado dia não parecem adaptadas à inteligência das crianças, é permitido escolher as leituras ou a leitura seja no lecionário do Missal Romano ou diretamente na Bíblia, mas levando-se em conta os tempos litúrgicos. Sugerimos todavia que as diversas Conferências Episcopais providenciem para que sejam compostos lecionários para missas com crianças.

      Se parecer necessário à inteligência das crianças omitir um ou outro versículo da leitura bíblica, faremos isso com precaução e de tal modo que 'não seja alterado o sentido do texto ou seu espírito e nem de alguma forma o estilo da Escritura'.

      Na escolha das leituras, tomaremos como critério a qualidade de preferência à concisão do texto bíblico. Uma leitura resumida não se mostra sempre por si mesma mais adaptada às crianças que uma leitura prolongada. Tudo depende da utilidade espiritual que a leitura possa lhes trazer.

      Visto que no próprio texto bíblico 'Deus se dirige a seu Povo... e o Cristo ele mesmo aí está, presente por sua Palavra, no meio de seus fiéis', evitaremos as paráfrases da Sagrada Escritura. Recomendamos entretanto o uso de traduções, que por acaso existam, para a catequese de crianças, e que sejam aprovadas pela autoridade competente."

    Todas as nossas assembléias estão longe de se mostrar capazes de "digerir" três textos. É proibido também omitir uma passagem especialmente obscura de um trecho, contanto que essa omissão não deturpe e nem altere o sentido geral? De maneira inversa, certos textos aos quais o lecionário propõe uma leitura breve são beneficiados se forem lidos em sua integridade. Aqueles que organizam a liturgia devem portanto exercer aí o senso pastoral, pedagógico e bíblico: nem muito, nem muito pouco!

  • Na ocasião, com o mesmo cuidado pedagógico, somos levados a deslocar alguns textos. Por exemplo, não é raro acontecer que uma 2ª Leitura, mal-inserida entre a 1ª e o Evangelho, possa adquirir todo o seu significado no fim da homilia, tendo esta ajudado a assembléia a caminhar.

  • Enfim, os textos que acreditamos devam ser afastados não devem ser, contudo, desprezados. Exemplos: no dia 1º de janeiro, a 1ª Leitura constitui uma admirável saudação-ação de graças para abrir o novo ano; a 2ª Leitura do domingo de Ramos (hino aos filipenses) constitui um maravilhoso prefácio para o caso em que temos a obrigação de tornar mais leve a Liturgia da Palavra; o 1º parágrafo da 2ª Leitura da Sexta-Feira Santa introduz com perfeição as grandes orações católicas. Enfim, onde for praticável, certos textos podem formar a oração pessoal após a comunhão etc.

É certo que precisamos nos abster de transformar a ordem habitual da Liturgia da Palavra, pois essa ordem tem um significado simbólico (o Evangelho no ápice) e os fiéis têm necessidade de marcações. Porém a necessidade pastoral pode em certas ocasiões nos convidar a ligeiros deslocamentos que serão bem aceitos pela assembléia, contanto que tenhamos tido a precaução de adverti-la de que isso foi feito visando a uma melhor compreensão da Palavra de Deus.

A Escolha dos Leitores

Uns preferem leitores escolhidos de antemão e preparados. Outros chamam a primeira pessoa que se encontra no momento dado, a fim de evitar qualquer funcionalização e para marcar bem o caráter representativo daquele que é tirado da assembléia.

Mas é preciso aqui privilegiar a Palavra ou a representatividade? Além disso não servimos à assembléia quando, sob pretexto de a valorizar, corremos o risco de permitir leituras inaudíveis (caso muitíssimo freqüente!). A proclamação da Palavra supõe competência técnica, espiritual e litúrgica. Isso se aprende!

É essencial que o sistema de escolha fixado leve em conta a necessidade de uma proclamação efetiva. Do contrário, a Palavra é aniquilada.

A Tarefa do Leitor

  1. Preparação
    • Articular pelo menos uma vez o texto para evitar as armadilhas fonéticas.
    • Compreender o sentido do texto e conhecer o contexto da celebração.
    • Discernir a arquitetura do texto, suas articulações, seus ápices, sua máxima intensidade.

  2. A Leitura
    • Tomar uma posição estável no lugar previsto. Olhar a assembléia esperando atenção.
    • Dizer o título e deixar um momento de silêncio.
    • Saber que sempre tendemos ir muito depressa. Colocar-se na pele dos ouvintes que começam a conhecer o texto.
    • Saber fazer pausas. Um silêncio longo para o leitor é curto para o ouvinte.
    • Evitar "falhar" em todas as voltas das frases, ou ainda mais no final do texto: a leitura reclama uma continuação.
    • Pronunciar bem os fonemas.
    • Evitar o tom cantado, falsamente chamativo; o tom teatral impede de compreender Deus.

  3. Uma Arte Original
      A leitura dos textos litúrgicos difere da leitura pública comum, pois o leitor não diz a sua palavra, mas a Palavra de Deus.
      Bonhöffer escrevia:

        "Logo perceberemos que não é fácil ler a Bíblia para os outros. Quanto mais a atitude interior diante do texto for despojada, humilde, objetiva, tanto mais a leitura será adequada... Uma regra que se deve observar para ler melhor o texto bíblico é nunca se identificar com o 'eu' que aí se exprime. Não sou eu que me irrito, que consolo, que exorto, mas Deus. Porém isso não deverá resultar em leitura do texto, de modo monótono e indiferente. Pelo contrário, irei ler, sentindo-me, eu próprio, interiormente empenhado e interpelado. Entretanto toda a diferença entre uma leitura satisfatória e uma inadequada aparecerá quando, ao invés de querer tomar o lugar de Deus, aceitar simplesmente servi-lo. Senão, arrisco-me atrair a atenção do ouvinte sobre a minha pessoa e não sobre a Palavra: é esse o vício que ameaça toda leitura da Bíblia..." (Bonhöffer, "Sobre a Vida Comunitária").

      Essa é a razão pela qual as Igrejas orientais sempre fazem com que as leituras sejam cantadas.

Culto Dominical: As Leituras

Para exprimir a ligação com a Igreja universal, torna-se mais proveitoso escolher textos propostos pelo lecionário. Em compensação podemos utilizá-los de maneira mais flexível. Por exemplo, não hesitar em ler duas vezes o mesmo texto (isso é também muito interessante no caso das crianças):

  1. Leitura "comum".
  2. Reflexão durante a homilia.
  3. Proclamação solene.
Ou então começar pelo número (3) e terminar por uma leitura meditativa no todo ou em parte.

O Lugar da Palavra

Assim como a Mesa Eucarística ocupa lugar privilegiado, assim também a "Mesa da Palavra". A IGMR quer que a Mesa da Palavra seja "um ambão estável e não uma simples estante móvel" (nº 272). O ambão na Antiguidade era uma espécie de pequena tribuna com balaustrada, em geral construída na junção do coro com a nave.

Essa indicação arquitetônica talvez não seja sempre realizável, porém a indicação de um lugar fixo e sólico mostra-se preciosa. Tem o sentido de uma simbolização do espaço: um lugar para cada ação. E, da mesma forma que na igreja não deslocamos o altar para um canto, após a missa, assim também o local da leitura permanece lá em sinal-testemunho da Palavra que foi proclamada e que ainda o será.

Além disso, a IGMR esclarece que é ali "que são proferidas as leituras, o salmo responsorial e o louvor pascal" e que "também" podemos pronunciar ali a homilia e a oração universal. E ainda acrescenta: "Não convém nem um pouco que o comentador, o cantor de igreja ou o chefe do coro subam ao ambão" e poderíamos acrescentar que aí não se lê um texto de Saint-Exupéry ou de Khalil Gibran e não se dão avisos.


Texto retirado do capítulo 24 (págs. 117 à 120).

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