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APROFUNDANDO OS CONHECIMENTOS...
"Exposição sobre o Credo"

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EXPOSIÇÃO SOBRE O CREDO

São Tomás de Aquino

ed. Loyola

120 páginas

Formato: 21 x 14 cm

Preço: * *

Apresentação

 

 

Os sermões sobre o Credo, "Expositio super Symbolo Apostolorum", como eram denominados, foram pronunciados por S. Tomás em dialeto napolitano, taquigrafados e traduzidos para o latim pelo seu próprio discípulo e confrade fr. Pedro de Ândria.

Se, por um lado, é verdade que falta em nosso idioma uma obra sintética e completa sobre as verdades da fé que possa ser entregue àqueles que se aproximam da Igreja Católica e desejam conhecer a sua doutrina, por outro lado esta exposição feita por S. Tomás supre, com eficiência, tal falta.

Podemos ter a certeza de que os ensinamentos do "Doutor Angélico", nessa obra, são pura doutrina católica, exposta sem artifícios, fundamentada na Escritura e na Tradição, desenvolvida sem incoerências, pensada pelo "Mestre do bem pensar", transmitida com palavras exatas e inflamadas pela imensa caridade do Santo que, no fim da vida, tudo considerou palha para entregar-se só a Deus.

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O Autor

São Tomás de Aquino nasceu em 1225, no Castelo de Roccasecca, arredores de Aquino, na Itália. Ingressou na Ordem dos Dominicanos em 1240 ou 1243, tendo estudado em Nápoles, Paris e Colônia, tendo sido aluno de Santo Alberto Magno. Tornou-se mestre em Teologia e ensinou nas universidades de Paris, Roma e Nápoles. Morreu em viagem, a caminho do Concílio Ecumênico de Lião, do qual iria participar, em 1274. Foi canonizado em 1323 e proclamado doutor da Igreja em 1567. Foi chamado "Doutor Angélico" em razão da santidade de sua vida. Deixou vastíssima obra, entra elas "Suma Contra os Gentios" e "Suma Teológica".

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Conteúdo

Nesta exposição, São Tomás de Aquino analisa, com a profundidade teológica que lhe é característica, doze artigos do Símbolo Niceno-Constantinopolitano:

  • Artigo I - "Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra"
  • Artigo II - "Creio em Jesus Cristo, seu Filho único, nosso Senhor"
  • Artigo III - "Foi concebido do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria"
  • Artigo IV - "Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado"
  • Artigo V - "Desceu aos infernos; ao terceiro dia ressurgiu dos mortos"
  • Artigo VI - "Subiu aos céus e está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso"
  • Artigo VII - "Donde há de vir julgar os vivos e os mortos"
  • Artigo VIII - "Creio no Espírito Santo"
  • Artigo IX - "Creio na Santa Igreja Católica"
  • Artigo X - "Creio na comunhão dos santos e na remissão dos pecados"
  • Artigo XI - "Creio na ressurreição da carne"
  • Artigo XII - "Creio na vida eterna"

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Amostra

ARTIGO VII
"Donde há de vir julgar os vivos e os mortos"

Julgar é função do rei: "O rei, que está sentado no trono da justiça, pelo seu olhar dissipa todo o mal" (Prov 20,8). Porque Cristo subiu ao céu e sentou-se à direita de Deus como Senhor de todos, evidentemente compete-lhe o juízo. Por isso, pela Regra de Fé Católica, confessamos que "virá julgar os vivos e os mortos". Isto também foi dito pelo Anjo: "Este Jesus, que do meio de vós foi elevado aos céus, virá também assim como o vistes subir para os céus" (Mt 1,11).

Devemos considerar nesse juízo três coisas: primeiro, a sua forma; segundo, que ele deve ser temido; e, terceiro, como para ele devemos nos preparar.

No juízo devemos ainda distinguir três elementos componentes: quem é o juiz, quem deve ser julgado e qual a matéria do julgamento.

Cristo é o juiz, conforme se lê no Livro dos Atos: "Ele que foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos" (10,42). Pode este texto ser interpretado, ou chamado de mortos os pecadores e, de vivos, os que vivem retamente; ou designando vivos, por interpretação literal, os que agora vivem, e, mortos, todos os que morreram. Ele é juiz não só enquanto Deus, mas também como homem, por três motivos:

  • Primeiro, porque é necessário, aos que vão ser julgados, verem o juiz. Como a divindade é de tal modo deleitável que ninguém a pode ver sem se deleitar, e nenhum condenado poderia vê-la sem que não sentisse logo alegria, foi necessário que Cristo aparecesse em forma só de homem, para que fosse visto por todos. Lê-se em São João: "Deu-lhe o poder de julgar, porque é o Filho do Homem" (5,27).

  • Segundo, porque Ele mereceu este ofício como homem. Ele, enquanto homem, foi injustamente julgado e, por isso, Deus O fez juiz de todos. Lê-se: "A tua causa foi julgada como a de um ímpio; receberás o julgamento das causas" (Jo 36,17).

  • Terceiro, para que os homens não mais desesperem, vendo-se julgados por um homem. Se somente Deus julgasse, os homens ficariam desesperados, devido ao temor. [Mas todos verão um homem julgar,] pois se lê em São Lucas: "Verão o Filho do Homem vindo na nuvem" (21,27). Serão julgados os que existiram, os que existem e existirão, conforme ensina São Paulo: "Convém que todos nós sejamos apresentados diante do tribunal de Cristo, para que cada um manifeste o que fez de bom e de mal enquanto estava neste corpo" (2Cor 5,10).

Há quatro diferenças, segundo São Gregório, entre os que devem ser julgados. Estes, ou são bons, ou são maus.

Entre os maus, alguns serão condenados, mas não julgados, como os infiéis, cujas ações não serão discutidas, porque, como está escrito, "o que não crer já está julgado" (Jo 3,18). Outros, porém, serão condenados e julgados, como os fiéis que morreram em estado de pecado mortal. Disse o Apóstolo: "O Salário do pecado é a morte" (Rom 6,23). Estes não serão excluídos do julgamento por causa da fé que tiveram.

Entre os bons também haverá os que serão salvos sem o julgamento, os pobres de espírito por amor de Deus. Lê-se em São Mateus: "Vós que me seguistes, na regeneração, quando o Filho do Homem estiver sentado em seu trono majestoso, sentar-vos-eis também sobre doze tronos, julgando as doze tribos de Israel" (19,28).

Estas palavras não se dirigem só aos discípulos, mas a todos os pobres de espírito. Caso assim não fosse, São Paulo, que trabalhou mais que todos, não estaria nesse número. Este texto deve, portanto, ser aplicado a todos os que seguiram os Apóstolos, e aos varões apostólicos. Eis porque São Paulo escreve: "Não sabeis que julgamos os Anjos?" (1Cor 6,3). Lê-se ainda em Isaías: "O Senhor virá com seniores e com os príncipes do seu povo" (Is 3,14).

Outros serão salvos e julgados, isto é, aqueles que morreram em estado de justificação. Bem que tivessem morrido neste estado, erraram, todavia, em alguma coisa durante a vida terrestre. Serão, por isso, julgados, mas receberão a salvação.

Todos serão julgados pelos atos bons e maus que praticaram. Lê-se na Escritura: "Segue os caminhos do teu coração... mas fica certo de que Deus te levará ao julgamento por causa deles" (Ecle 11,9); "Deus citará no julgamento todas as tuas ações, até as ocultas, quer sejam boas, quer sejam más" (Ecle 13,14). Serão julgados também pelas palavras inúteis: "Toda palavra inútil pronunciada por alguém, este dará conta dela no dia do juízo" (Mt 12,36).

Serão julgados, por fim, pelos pensamentos que tiveram. Lê-se no Livro da Sabedoria: "Os ímpios serão argüidos a respeito dos seus pensamentos" (1,9).

Fica assim esclarecida qual a matéria do julgamento.

Por quatro motivos deve ser temido aquele juízo:

  • Primeiro, devido à sabedoria do juiz, porque Ele conhece todas as coisas, os pensamentos, as palavras e as ações, já que se lê na Carta aos Hebreus, "todas as coisas estão nuas e abertas aos seus olhos" (4,13). Lê-se ainda na Escritura: "Todos os caminhos dos homens estão diante dos seus olhos" (Prov 16,1).

    Conhece Ele as nossas palavras: "Os seus ouvidos atentos ouvem tudo" (Sab 1,10).

    Conhece os nossos pensamentos: "O coração do homem é depravado e impenetrável. Quem o pode conhecer? Eu, o Senhor, penetro nos corações e sondo os rins, retribuo a cada um conforme o seu caminho e conforme os frutos dos seus pensamentos" (Jer 17,9).

    Haverá neste juízo também testemunhas infalíveis, isto é, as próprias consciências dos homens, segundo se lê em São Paulo: "A consciência deles servirá de testemunho no dia em que o Senhor julgar as coisas ocultas dos homens, enquanto pelos pensamentos se acusam ou se defendem" (Rom 2,15-16).

  • Segundo, devido ao poder do juiz, porque Ele é em si mesmo todo-poderoso. Lê-se: "Eis que o Senhor virá com fortaleza" (Is 11,10).

    É poderoso também sobre os outros, porque toda criatura estava com Ele: lê-se: "O Universo inteiro combaterá com ele contra os insensatos" (Sab 5,2); "Ninguém há que possa livrar-se da vossa mão" (Jo 10,7); e ainda: "Se subo aos céus, vós ali estais; se desço aos infernos, estais lá também" (Sl 138,8).

  • Terceiro, devido à justiça inflexível do juiz. Agora é o tempo da misericórdia. Mas o tempo futuro é tempo só de justiça. Por isso, o tempo de agora é nosso; mas o tempo futuro será só de Deus.

    Lê-se: "No tempo que eu determinar, farei justiça" (Sl 143,3); "O varão furioso de ciúmes não lhe perdoará no dia da vingança, não atenderá às suas súplicas, nem receberá como satisfação presentes, por maiores que sejam" (Prov 6,34).

  • Quarto, devido à ira do juiz. Aparecerá aos justos doce e deleitável, porque, conforme diz Isaías: "Verão o rei na sua beleza" (Is 33,17). Aos maus, porém, aparecerá tão irado e cruel, que eles dirão aos montes: "Caí sobre nós, e escondei-nos da ira do Cordeiro" (Ap 6,16).

    Esta ira em Deus não significa uma comoção de espírito, mas significa o efeito da ira, a pena infligida aos pecados, isto é, a pena eterna. A propósito disso escreveu Orígenes: "Como serão estreitos os caminhos no juízo! No fim estará o juiz irado"

Contra este temor devemos aplicar quatro remédios:
  • O primeiro remédio é a boa ação. Lê-se em São Paulo: "Queres não temer a autoridade? Faze o bem e receberás dela o louvor" (Rom 13,3).

  • O segundo, é a confissão dos pecados cometidos e a penitência feita por eles. Na confissão deve haver três coisas: a dor interior, a vergonha da confissão dos pecados e o rigor da satisfação por eles. São essas três coisas que redimem a pena eterna.

  • O terceiro remédio é a esmola que torna tudo puro, segundo as palavras do Senhor: "Conquistai amigos com o dinheiro da iniqüidade, para que, quando cairdes, eles vos recebam nas tendas eternas" (Lc 26,9).

  • O quarto remédio é a caridade, quer dizer, o amor de Deus e do próximo, pois conforme a Escritura: "A caridade cobre uma multidão de pecados" (1Pd 4,8; cfr. Prov 10,12).


Texto retirado das págs. 63 à 67.

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