A g n u s D e i

APROFUNDANDO OS CONHECIMENTOS...
"Iniciação a Santo Tomás de Aquino"

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INICIAÇÃO A SANTO TOMÁS DE AQUINO
Sua Pessoa e Obra

Jean-Pierre Torrell, op

ed. Loyola

460 páginas

Formato: 21 x 14 cm

Preço: * * * *

Apresentação

 

 

Esta biografia segue passo a passo o curso da vida de Santo Tomás e apresenta, do início ao fim, cada uma de suas obras, com seu contexto, datação e conteúdo. Um catálogo preciso e detalhado reúne o essencial de tudo o que se sabe a seu respeito e uma bibliografia completa permite dar seqüência à pesquisa.

Esta é uma iniciação à vida e à obra do Santo, na qual o leitor descobrirá que o santo é inseparável do filósofo ou do teólogo. A reflexão sem abandono da fé é o que constitui seu caminho para a santidade. Estar ciente disto é o que basta para ler esta obra com olhos novos e descobrir que a teologia tomista deságua na vida espiritual.

O propósito do autor é redigir uma nova biografia que vá além do limitado ponto de vista das datas e dos lugares. A reflexão crente na fé foi para Tomás um caminho de santidade, e isso transparece em sua obra. Existe aí todo um aspecto de sua doutrina que em geral escapa aos que só têm dele um conhecimento episódico.

Outro objetivo da obra é lançar uma luz relativamente nova sobre o homem que foi Santo Tomás. Por muito tempo se considerou que era difícil, se não impossível, atingir sua personalidade, supostamente dissimulada por trás de seus escritos. Isso não é tão verdadeiro assi, e o empreendimento, apesar de árduo, vale a pena.

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O Autor

Jean-Pierre Torrell, op, é professor titular da Faculdade de Teologia da Universidade de Friburgo, Suiça.

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Conteúdo

O livro apresenta detalhadamente a vida, a obra e o desenvolvimento teológico de São Tomás de Aquino, seguindo rigorosa ordem cronológica, desde seu nascimento em 1224 ou 1225, até a proclamação do título de "Doutor da Igreja", por Pio V, em 1567.

  1. A juventude movimentada (1224/1225-1245)
  2. Discípulo de Alberto Magno (1245-1252)
  3. Primeiros anos de ensino em Paris (1252-1256)
  4. "Magister in Sacra Pagina" (1256-1259)
  5. O defensor da vida religiosa mendicante
  6. Volta à Itália: a "Suma contra os Gentios"
  7. A estada em Orvieto (1261-1265)
  8. Os anos de Roma: o início da "Suma Teológica" (1265-1268)
  9. Os demais escritos do período romano
  10. Nova estada em Paris. Confrontos doutrinais
  11. Segundo período de ensino em Paris (1268-1272)
  12. O comentador de Aristóteles
  13. Último período de ensino em Nápoles (1272-1273)
  14. Os últimos meses e a morte
  15. O difícil "post mortem": culto, processo, disputas
  16. Epílogo: a canonização em Avignon

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Amostra

A SUMA TEOLÓGICA

O contexto por nós recordado [no livro] permite melhor compreender o início da Suma e seu propósito. Citadas com freqüência, as linhas a seguir muitas vezes são compreendidas apenas em parte:

    Uma vez que o doutor da verdade católica deve não só ensinar aos mais adiantados, mas instruir também os iniciantes... nossa intenção é, portanto, expor o que concerne à religião cristã segundo o modo que convém à formação dos iniciantes.

Chegou-se a questionar os dons intelectuais desses estudantes a quem era oferecido um manual de qualidade tão excepcional. É possível que Tomás tenha superestimado suas capacidades, mas ele pensava menos na maior ou menor dificuldade intrínseca das matérias ensinadas que em sua organização num corpo de doutrina que lhes oferecesse não uma mera seqüência de questões justapostas de qualquer forma, mas uma síntese orgânica que lhes permitisse apreender seus vínculos internos de coerência:

    Observamos, com efeito, que, na utilização dos escritos de diferentes autores, os noviços nesse assunto acham-se bastante embaraçados, seja pela multiplicação de questões inúteis, artigos e provas; seja porque o que lhes convém aprender não é tratado segundo a exigência da matéria ensinada (secundum ordinem disciplinae), mas segundo requer a explicação dos livros ou a ocasião das disputas; seja, enfim, porque a rerpetição freqüente das mesmas coisas engendre no espírito dos ouvintes cansaço e confusão.

São sem dúvida preocupações de um pedagogo, e poderemos compreendê-las bem melhor se soubermos ler aí uma ressonância da experiência de Orvieto.

Tomás de fato "ensinou" em Roma a Prima pars da Suma e uma parte da prima secundae, como sugeere Boyle, ou limitou-se a compô-las? É difícil responder a essa questão de maneira definida. Se nos lembrarmos que a primeira tarefa do Magister in sacra pagina, em Paris, era comentar a Escritura, seremos tentados a responder pela negativa, mas não há textos irrecusáveis a provar que a mesma obrigação aplicava-se em outros lugares. Os cursos sobre São Paulo poderiam muito bem ter ocorrido nesse momento, mas curiosamente não foram guardados registros do livro ou livros que teriam sido comentados na época. Se, pelo contrário, admitirmos que o capítulo de Anagni lhe concedeu carta branca, inclinar-nos-emos a uma resposta afirmativa; seria preciso reconhecer, então, que Tomás foi ainda mais inovador do que em geral se afirma. Certo é que ele punha em andamento um projeto que o ocuparia durante boa parte do tempo de vida que lhe restava.

As datas de redação da Suma constituem tema ainda debatido entre os eruditos. Parece seguro que, durante sua permanência em Roma (até setembro de 1268), Tomás redigiu a totalidade da Prima pars, e que essa já circulava na Itália antes mesmo de seu retorno a Paris. A dificuldade começa com a Prima secundae; admite-se em geral não ter sido iniciada antes desse retorno a Paris. Segundo Glorieux e Eschmann, que seguem Weisheipl, a conclusão da Prima secundae situar-se-ia durante o verão de 1270. Quanto à Secunda secundae, iniciada logo depois, durante as férias escolares, segundo eles teria sido terminada antes de dezembro de 1271, talvez já nas grandes férias, como dizem alguns, mais isso não parece verossímil.

Gauthier, que inicialmente seguira essa opinião, retratou-se, e pensa doravante que a Prima secundae foi escrita apenas em 1271. Tem a seu favor um argumento de peso, já que Tomás aí utiliza de maneira intensiva (mais de 100 vezes) a Retórica de Aristóteles, segundo a tradução de Moerbeke, que só chegou a suas mãs em fins de 1270. Gauthier alia-se, desse modo, à posição defendida desde 1928 por Dom Lottin, que fora levado a situar a Prima secundae após a q. VI do De malo, após haver estabelecido com certeza que esta remonta aproximadamente ao final de 1270.

O obstáculo mais aparente a essa última afirmação provém do fato de ela sobrecarregar os últimos momentos de Tomás em Paris. Leva a admitir que ele redigiu em 18 meses não só a Prima secundae, mas também a enorme massa da Secunda secundae, tendo iniciado ainda a Tertia pars (admite-se que as 20 ou 25 primeiras questões da Tertia foram escritas em Paris). Esse calendário parece pouco confiável, mas é difícil escapar às evidências que o impõem; será preciso, por conseguinte, retomá-lo e tentar explicar como pôde Tomas redigir tudo isso - além de muitas outras coisas - em tão curto espaço de tempo.

Provavelmente iniciada em Paris no final do inverno de 1271-1272, a redação da Tertia pars prosseguiu em Nápoles até 6 de dezembro de 1273, data em que Tomás deixou de escrever. Alcançara então o sacramento da penitência (IIIa q.90 a.4). A seqüência, conhecida pelo nome de Suplemento, foi composta por seus discípulos a partir de seu comentário sobre as Sentenças. Tomás teria pois se preocupado com essa obra durante os sete últimos anos de sua existência, a despeito de outras ocupações que teve a seu encargo; é sem dúvida o indício mais claro da importância que lhe atribuía.

A Suma Teológica é ainda hoje a obra de Tomás mais utilizada e indubitavelmente a mais conhecida, mesmo daqueles que só a abrem de maneira ocasional. É um motivo a mais para lamentar que seu texto, publicado no início do século XX, entre os primeiros volumes da edição Leonina, não seja inteiramente satisfatório; sua edição crítica deveria ser retomada segundo os critérios que fizeram a reputação da Leonina em nossos dias. Todavia não deixa de suscitar estudos e traduções.

O Conteúdo da Suma

Antes de examinar de maneira mais pormenorizada algumas de suas partes, é necessária uma apresentação geral. Em primeiro lugar, será útil distingüir seu plano e conteúdo. Os comentadores concordam quanto ao segundo na mesma proporção em que divergem quanto ao primeiro. Só há unanimidade em relação ao fato de que Tomás dividira sua obra em três grandes partes; como a segunda se subdivide em duas outras, essa primeira formação esttrutural é ainda hoje a apresentação habitual da Suma, em quatro volumes. Para se ter uma idéia mais precisa do conteúdo que recobre essa divisão material, basta reportar-se ao Prólogo da q.2 da Primeira parte. Eis, em tradução glosada, o que o autor condensou em poucas linhas com uma sobriedade só sua.

    Como o propósito principal dessa sacra doctrina é transmitir o conhecimento do Deus (isso acaba de ser explicado na q.1, espécie de discurso do método), trataremos primeiramente de Deus (Prima pars), em seguida do movimento da criatura racional em direção a deus (Secunda pars), e enfim de Cristo que, segundo sua humanidade, é para nós a via que conduz a Deus (Tertia pars)

Eis o plano do todo em sua grandiosa simplicidade; no início da Secunda pars e da Tertia pars, Tomás será mais explícito sobre o conteúdo de cada uma dessas partes, mas ele já é bastante claro sobre o da Prima pars.

Ele tratará de Deus em primeiro lugar segundo o que Ele é em si mesmo (secundum quod in se est). Essas palavras anunciam as duas primeiras subdivisões da Prima pars:

  1. O que se relaciona à essência divina (ea quae pertinent ad essentiam divinam: qq. 2-26).
  2. O que pertence à distinção entre pessoas (ea quae pertinent ad distinctionem personarum: qq. 27-43).

Mas, uma vez qe Deus é também princípio e fim de todas as coisas (sed etiam secundum quod est principium rerum et finis earum), deve-se igualmente falar da maneira pela qual as criaturas procedem de Deus; com isso encontra-se anunciado o fim da Prima pars (qq. 44-119). Essa parte por sua vez compreende três grandes seções: a criação em geral (qq. 44-46), a distinção de criaturas (qq. 47-102) com as três principais subdivisões consagradas ao anjo (qq. 50-64), à obra dos seis dias, comentário do relato bíblico da criação (qq. 65-74), e ao homem: em primeiro lugar em sua natureza intelectual (tratado com forte tom aristotélico), mas também como criatura à imagem de Deus (qq. 75-102). Essa parte encerra-se com uma seção que explica a maneira pela qual Deus governa sua criação, tanto por si mesmo como pela mediação das causas segundas (qq. 103-119).

Em poucas palavras, Tomás enunciou sucessivamente seu projeto global e os pormenores de sua Primeira parte. Será igualmente breve no Prólogo da Secunda pars; chega a achamar a atenção o modo como ele reduz toda a enorma e complexa massa de considerações tão finas e detalhadas a duas categorias essenciais: quando se tratar de falar do retorno do homem a Deus, seu fim último, ele vai primeiramente considerar esse fim em si mesmo (qq. 1-5: a felicidade) e depois os meios pelos quais o homem o alcança ou, pelo contrário, dele se afasta.

Essa categoria de "meios" é extremamente vasta, estendendo-se por dois volumes. Num primeiro momento (Prima secundae), Tomás estuda de início e detalhadamente os atos humanos (qq. 6-89), como formalmente humanos, isto é, violuntários e livres, portanto suscetíveis de ser bons ou maus (qq. 6-21), e as paixões da alma (qq. 22-48); são tratados em seguida os princípios interiores que qualificam as potências do homem, ou seja, os habitus, bons ou maus, que são virtudes e vícios em sua generalidade (qq. 49-89); vêm enfim os princípios exteriores que influem sobre o agir humano: a lei (qq. 90-108) e a graça (qq. 109-114).

Em um segundo momento (Secunda secundae), Tomás retoma de maneira mais detalhada seus primeiros dados, e constitui a análise das virtudes teologais, fé, esperança, caridade (qq. 1-46), das virtudes cardeais, prudência, justiça, força, temperança (qq. 47-170), apresentando para cada uma delas atos próprios e pecados contrários. O exame conclui-se com o estudo dos carismas e dos estados de vida, pequeno tratado da diversidade eclesial a encerrar-se pela vida contemplativa (qq. 171-189); o que nos leva a reencontrar, por meio de uma inclusão magistral, a definição de felicidade posta como ponto de partida de toda essa Secunda pars.

O prólogo da Tertia pars é de novo ligeiramente mais explícito:

    Nosso Salvador, o Senhor Jesus... mostrou-se a nós como o caminho da verdade, pelo qual nos é possível, doravante, alcançar a ressurreição e a felicidade da vida imortal. Do mesmo modo, para conduzir a seu termo nosso empreendimento teológico, é necessário, após haver estudado o fim último da vida humana, depois as virtudes e os vícios, continuar nosso estudo pelo de nosso Salvador geral, considerado em si mesmo, depois pelo dos benefícios com que Ele agraciou o gênero humano.

Ainda aqui, seções e subseções se apresentam como evidência. A primeira seção é dedicada a Jesus Cristo, o Salvador que nos traz a salvação (qq. 1-59), prestando-se a dois grandes desenvolvimentos:

  1. O mistério da encarnação em si mesmo (qq. 1-26).
  2. O que o Verbo fez e sofreu por nós na carne (qq. 27-59).

A segunda seção dessa Tertia pars é constituída pelo estudo dos sacramentos por meio dos quais atingimos a salvação: primeiramente, em geral (qq. 50-65); depois batismo, eucaristia, penitência (qq. 60-90, parte inacabada). A terceira seção deveria consistir em um exame detalhado do fim ao qual somos chamados, a vida imortal em que ingressamos ao ressuscitar por Cristo (Tomás não pôde redigir essa parte).


Texto retirado das págs. 170 à 176 (capítulo VIII).

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