»» Documentos da Igreja

Decreto
LAMENTABILI SINE EXITU

IV. CRISTOLOGIA DE LOISY

27. A divindade de Jesus Cristo não se prova pelos Evangelhos; é um dogma que a consciência cristã derivou da noção do Messias.

28. Jesus, quando exercia seu ministério, não falava com o intuito de ensinar que era o Messias, nem os seus milagres tinham por fim demostrá-lo.

29. Pode conceder-se que Cristo, tal como história o representa, é muito inferior ao Cristo, objeto da fé.

30. O nome de Filho de Deus, em todos os textos evangélicos, equivale somente ao nome de Messias; não significa, porém, que Cristo seja Filho verdadeiro e natural de Deus.

31. A doutrina sobre Cristo, que ensinada por S. Paulo, S. João e pelos Concílios de Nicéia, de Éfeso e de Calcedônia, não é a ensinada por Jesus; é a que a consciência cristã ideou a respeito de Jesus.

32. O sentido natural dos textos evangélicos é inconciliável com o que ensinam os nossos teólogos sobre a consciência e ciência infalível de Jesus Cristo.

33. É evidente para quem se não deixa levar por preconceitos que, ou Jesus professou o erro acerca do próximo advento do Messias, ou não tem autenticidade a maior parte de sua doutrina, contida nos Evangelhos Sinóticos.

34. O crítico não pode atribuir a Cristo uma ciência inteiramente ilimitada senão na hipótese, inconcebível historicamente e que repugna ao senso moral, isto é, de ter Cristo, possuído como homem a ciência de Deus, e no entanto, não ter querido comunicar a seus discípulos e à posteridade o conhecimento de tantas coisas.

35. Nem sempre Cristo teve consciência de sua dignidade messiânica.

36. A ressurreição do Salvador não é propriamente um fato de ordem histórica, mas de ordem meramente sobrenatural que não foi demostrado, nem é demonstrável, e que a consciência cristã insensivelmente deduziu de outros fatos.

37. A fé na ressurreição de Cristo consistia a princípio não tanto no próprio fato da ressurreição quanto na vida imortal de Cristo junto de Deus.

38. A doutrina sobre a morte expiatória de Cristo não é evangélica, mas somente paulina (de S. Paulo).