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A PONTA DA LÍNGUA
Segundo, a referência de S. Paulo à lei é indireta; ele está na verdade citando Isaías
28,11: "É com lábios gaguejantes e em uma língua estranha que ele falará a este povo".O que S.
Paulo está fazendo? Aparentemente, ele quer que os leitores de Corinto percebam os paralelos
entre o tempo de Isaías e o seu próprio tempo. Isaías anunciou a destruição do Reino do Norte,
imediatamente precedido pelo sinal pouco auspicioso das "línguas estranhas". Tudo isto
aconteceria dentro dos quarenta anos de sua profecia - quando Deus enviou o julgamento final
sob a forma dos assírios, os terroristas mais temidos do século VIII a.C.
Por que Deus enviaria tal julgamento? Isaías continua, dizendo: "Sacerdote e profeta ficaram
confusos pela bebida, ficaram tomados pelo vinho, divagaram sob o efeito da bebida, ficaram
confusos nas suas visões, divagaram nas suas sentenças" (Is 28, 7b).
O que deve fazer o povo de Deus? Os sacerdotes e os profetas estão tão embriagados e
desmoralizados que eles não proclamam a verdade. Isaías pergunta: "A quem ensinará ele o
conhecimento? A quem fará ele entender o que foi dito?" (Is 28,9).
Isto não começa a soar como as doze tribos no tempo de Moisés? Começa a soar como os
judeus de S. Paulo na Corinto do primeiro século (veja Atos 18, 1-17)?
Como S.Paulo sem dúvida sabia, foi isto o que Isaías previu - não apenas a queda do
Reino do Norte no século VIII a.C., mas a queda do Reino do Sul de Judá num futuro distante
(veja Is 8,1-4). E é isto o que S.Paulo e todos os fiéis do primeiro século estavam passando.