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A ÉPOCA DOS SINAIS
Uma Abordagem Bíblica sobre o Fenômeno Pentecostal
Autor: Scott Hahn

EXPOSIÇÃO DO NORTE

A questão então que permanece é se este fenômeno é legitimamente católico. Por que, afinal, está entrando na Igreja somente agora? Eu creio que a resposta está nos Pentecostes da Escritura.

Lembre-se que S. Paulo, ao falar das línguas, se refere ao Deuteronômio 28, o texto que prevê as maldições que viriam quando Israel infringe a aliança. Nós vemos a aplicação destas maldições, não só no primeiro século, depois da execução de Jesus, mas também no século VIII a.C. na profecia de Isaías sobre a invasão iminente dos assírios.

Nós devemos notar que a profecia de Isaías não era dirigida a Jerusalém - isto é, não era dirigida para o centro legítimo da liturgia da aliança - mas para Efraim, no norte. Por que os rebeldes cismáticos do Reino do Norte seriam os primeiros a receber os sinais e julgamentos extraordinários?

Leve em consideração a história da rebelião do norte. Em 930 a.C., Salomão morreu, e foi sucedido por seu filho Roboão. Roboão apartou-se dos líderes das dez tribos da coligação do Norte, então eles se rebelaram. Ainda assim, Deus enviou a estes "protestantes" do Antigo Testamento onda após onda de profetas, incluindo os grandes como Elias, Eliseu, Oséias, Amós, Jonas e Isaías. Ele também fez grandes milagres, incluindo a restauração dos mortos. (Durante este período, nenhum profeta foi enviado para o sul, nem Judá testemunhou nenhuma ressurreição). Ainda assim o norte disse que ele não queria nada com a casa de Davi. E de 930 até a destruição do norte em 722, o Reino do Norte se afastou do governo da linha de Davi, e também do verdadeiro culto do Templo de Jerusalém.

O povo do norte estava, de várias maneiras, como o protestantismo. Eles podiam mostrar as práticas abusivas do sul; eles podiam mostrar a corrupção moral na hierarquia de Jerusalém. Mesmo assim, o profeta que o Senhor enviou para confrontar Jeroboão e as tribos do norte disse que não era a sua indisposição em se submeter ao poder político da monarquia Davídica que provocou Deus. O que provocou Deus foi a rejeição deles do Templo de Jerusalém e da liturgia ali estabelecida pela aliança divina. Nesse ponto, eles tinham ido muito longe (veja 1Reis 13,1-34).

No entanto, o carisma da profecia veio primeiro para o norte, da mesma forma que o "dom" das línguas estranhas. E os judeus do sul podiam, com razão, ter dito: "Estes caras não podem ser israelitas verdadeiros. Eles não soam como israelitas. E mesmo que sejam, eles estão prestando culto da forma errada e no lugar errado." O fenômeno pentecostal, naquela época como sempre, não se encaixou perfeitamente na categoria de ninguém.