A g n u s D e i

Aberto Encontro Continental de Jovens Católicos - (Santiago do Chile) Cerca de 200 mil peregrinos procedentes de todas as partes da América Latina participaram da inauguração do Encontro Continental de Jovens, organizado pela Igreja Católica. A abertura, ontem, na Praça O'Higgins, na capital, contou com a celebração do arcebispo Francisco Javier Errazuriz. Segundo a rede de informação da Conferência Episcopal do Chile, o ato inaugural do encontro contou com as presenças do presidente Eduardo Frei e do presidente do Senado, Andres Zaldivar. O senador comentou a presença maciça de jovens, dizendo que "as pessoas dizem às vezes que os jovens estão noutra. Os jovens não estão noutra, mas estão com os valores. Os jovens estão nos dizendo que eles também querem participar das decisões do país", afirmou. Temos jovens do jornal Cidade Nova (João Pessoa-PB). Estão participando: Fidélis, Aglaé, Joácio, Washinton (Fonte: Boletim 'Anunciai').

Texto

Era comum encontrar 'Zezinho', 13 anos, guardando os carros daqueles que iam assistir à missa. Dia após dia ele e seus irmãos estavam lá tentando arrecadar alguns trocados para ajudar sua mãe, seus 5 irmãos e 3 sobrinhos a sobreviverem.

Ele nem mais se preocupava quando os transeuntes o olhavam desconfiadamente, muitas vezes chamando-o de 'cheira-cola' ou de 'trombadinha' mesmo que ele nada de errado fizesse... fazia parte do 'serviço'.

Escola? Para ele 'escola' era um sonho inacessível não só por causa da distância do grupo escolar à sua casa, nem por causa das greves do sistema público de ensino, nem pelo despreparo das professoras, mas sim porque todo o seu tempo era destinado a juntar uns 'reais' para ajudar sua mãe em casa.

Futuro? Quando o interrogávamos sobre o que ele esperava do futuro, ficava pensativo e calado. Triste.

Os anos foram passando e lá está 'Zezinho', com uns 17 anos, naquela sua rotina de sempre. Às vezes, ele chega alegre, contando que ganhou uns trocados cortando a grama de uma casa ou que superou seu record de lavagem de carros na igreja...

Ontem, ao ligar a TV, fiquei surpreso ao reconhecer 'Zezinho' entre alguns criminosos que esconderam-se na igreja onde ele 'vigiava' os carros. Os policiais não hesitaram em levá-lo ao 'xadrez' pelo simples fato de ele ter presenciado a ocorrência, deixando-o na cela da delegacia, com direito apenas de aparecer na televisão como um criminoso (mesmo estando de costas).

Talvez por ser preto e pobre, 'Zezinho' nada poderá fazer diante do mal que lhe fora feito e terá que entender que essa não será a primeira vez em sua vida que acontecimentos daquele tipo irão ocorrer.

'Zezinho' é um personagem da vida real. Encontrei-o na minha rua, assim como podemos encontrar milhares de 'Zezinhos' espalhados pelas ruas do Brasil.

Neste Dia das Crianças, gostaria de poder desejar um 'feliz Dia das Crianças' para os 'Zezinhos' de todo o Brasil, inclusive aqueles que tiveram que abrir mão de sua infância logo cedo, tornando-se adultos prematuramente e que serão o futuro incerto do nosso país.

Reflita conosco sobre este tema nesta quinta (15/10), das 22:00 às 23:30 no #EJC!

História da Pastoral da Juventude da Paróquia São João Evangelista - http://www.geocities.com/broadway/alley/6574/frames.html

Nossa Pastoral da Juventude já está fazendo 21 anos e então como ex-participante resolvi escrever esta história, com fotos, fatos, endereços de muitos dos participantes, etc. Que a nova geração saiba a importância que os ex-integrantes tiveram em sua formação. Campo Grande-RJ.

Desabafo de um Pobre Menino

Quando saías esta manhã de tua casa levando pela mão o teu filhinho, fiquei admirando os seus sapatos novos, o seu lindo capote de lã a sua pasta de couro cheia de livros e a farta merenda que ele levava para o colégio.

Tu me olhaste com desprezo e seguraste o braço do teu filho, com receio que ele me tocasse. Pensaste, por acaso, no meu infortúnio, no meu abandono, nos meus pés descalços e na minha roupa toda rasgada?

Será que eu poderia contagiar seu filho?

É claro que te esqueceste imediatamente do incidente; subiste no teu automóvel e te perdeste no tráfego louco da cidade, como se perdem sempre todos os meus sonhos.

Ali, só e abandonado, dei asas à minha imaginação e fiquei pensando: que diferença existe entre mim e aquele garoto?

Temos mais ou menos a mesma idade, nascemos na mesma pátria; enquanto ele joga futebol com bolas coloridas, eu chuto pedras; ele dorme agasalhado em sua cama macia e eu me deito no chão sobre jornais velhos; ele tem comida gostosa e variada, e eu tenho que catar algo nas latas de lixo; ele vai ao colégio para aprender a ler e escrever, enquanto eu vivo na rua aprendendo a roubar e a me defender.

São essas, por acaso, as nossas diferenças? Será que a culpa é minha? Será que sou culpado de ter nascido sem saber quem é meu pai e tendo por mãe uma mulher sofrida e ignorante?

Não fui eu que decidi não ir à escola e também não é minha culpa não ter casa para morar e nem comida para me alimentar. Alguém resolveu assim e eu nem sei quem foi!

Não posso culpar ninguém porque a minha ignorância nem isso permite. Não posso sair desta situação sozinho, porque sou incapaz de fazê-lo sem uma generosa ajuda.

Então, como nada é feito, cada vez se acentua mais a diferença entre mim e o menino que levavas pela mão. No futuro ele será como tu. Um homem de bem e de conceito respeitado pela sociedade.

E eu? Serei um reles vagabundo que se torna ladrão e caminha em direção ao cárcere.

É até possível que dentro de alguns anos o menino e eu, voltemos a nos encontrar. Ele como Juiz de Direito e eu, como réu delinqüente; ele para purificar a sociedade de tipos como eu, e eu para cumprir o meu desgraçado destino; ele para julgar os meus atos, e eu para padecê-los.

Como posso ser condenado ao cárcere, quando jamais tive uma escola para freqüentar? E quando fiz as coisas à minha maneira chega o peso da lei e a força da justiça para me aniquilar?

Será que tudo isso é justo? Amigo, não peço a tua mão pois ela é do teu filho; nem a roupa, nem a cama, nem o livro e nem a comida que só a ele pertencem. Somente te peço que quando me encontres na rua, sujo, esfarrapado e abandonado, grava a minha imagem em tua mente e, se sobrar um minuto na tua atribulada vida diária, meditas amigo... meditas... como me podes salvar!