A g n u s D e i

AMAR PARA VENCER A VIOLÊNCIA
por: d. Jacyr Francisco Braido
Bispo Coadjutor de Santos-SP
fonte: Informativo UniSantos nº 168

Estamos assustados com a violência. Cada vez mais vidas jovens são ceifadas. E cada vez mais jovens apelam para a violência. O que mais assusta é a violência dos jovens nas escolas. O que está acontecendo com os jovens? "Fiquei tentando achar uma explicação para o terrível fato que aconteceu nos EUA. Tenho 15 anos e não consigo entender o comportamento dos jovens de hoje". Quem afirma isto é Débora, de Campinas-SP. E ela tenta uma explicação: "Acho que toda essa violência vem sendo gerada porque os pais se casam, separam, arrumam namorados e cada vez mais dão menos atenção aos filhos", escreve a uma revista semanal.

A jovem aponta a desagregação da família como causa da violência. Há lógica nesta afirmação. Muitos pais não têm hoje tempo para se dedicar aos filhos. Ou não têm como fazê-lo, ou mesmo não sabem como se aproximar dos filhos adolescentes. Entretanto, os jovens precisam do amor dos pais, como também da família, dos amigos, dos professores. Eles querem ser amados... Se não fazem a experiência do amor, perdem o sentido da vida, perdem a auto-estima. Apelam, então, facilmente para o álcool e a droga para "esquecer". Ou para a violência para ter poder, para recompor a baixa auto-estima.

Todos temos necessidade de ser amados. Se há esta necessidade imperiosa de ser amado, deve haver, em contrapartida, a necessidade (também imperiosa!) de amar. Há aqui uma revolução a ser feita! A revolução consiste em aventurar-se a amar. Amar primeiro, sem esperar ser amado. De resto, é a mensagem inequívoca que nos vem da revelação cristã: Deus ama primeiro, ama incondicionalmente. É a revolução cantada por São Francisco: "Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido, amar que ser amado".

Queremos fazer esta revolução em nossas vidas? Se soubermos fazê-la, acaba na mesma hora toda violência. Porque vai surgir uma corrente de amor: o marido ama a esposa e encontra tempo para ela. E vice-versa. Os pais amam os filhos e dedicam tempo para estar com eles. Os filhos sentir-se-ão seguros. E corresponderão a esse amor. E essa corrente de amor tenderá a se estender a todas as relações humanas: a escola, a economia, o trabalho, a vida de Igreja.

O segredo para vencer a violência é muito simples: amar! Um exemplo? Houve Alguém que realizou em plenitude este segredo. E se deu bem. Foi Jesus de Nazaré. É verdade que foi parar numa cruz! Foi esmagado pela inveja e pelo desamor. Mas Ele aceitou esta passagem para amar até o fim. Entregou-se totalmente, desarmado, e sem violência, porque esta era a vontade de seu Pai e a Sua também. Entretanto, o Pai o ressuscitou e na mesma hora destruiu o ódio, o egoísmo e o desamor. E indicou o caminho para vencer a violência: amar até o fim. É este o caminho a seguir, aliás, o único. Vamos tentar?

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