A g n u s D e i

UNIVERSIDADE E CATÓLICA
por: d. David Picão
Bispo da Diocese de Santos
Fonte: Informativo UniSantos nº 166

Nestes dias, tomei um táxi. Estava de "clergyman", identificação de que era, ao menos, um padre. Veio logo a interrogação do taxista: "- O senhor é religioso?". À resposta positiva e caracterizada, perguntei-lhe eu: "- O senhor é católico?". Resposta: "- Sou católico, mas não praticante".

É assim: uns dizem-se praticantes; outros, não. Uns têm vergonha de confessar sua fé. Outros, desculpando-se, observam: religião é assunto pessoal, de foro íntimo etc. e tal!

É o que acontece na comunidade universitária, na Universidade Católica, entre professores, alunos e funcionários. A instituição, como tal, não se envergonha do nome "católico". Pode ser até que, infelizmente, não consiga no dia-a-dia ser verdadeiramente católica. O que é lamentável! Alguns são católicos e, às vezes, até atuantes nas comunidades paroquiais onde vivem. Mas, na área da universidade católica, "têm vergonha" de professar sua fé católica.

O papa João Paulo II assinou e publicou no dia 12 de dezembro do ano findo, em Guadalupe, no México, a Exortação Apostólica Pós-Sinodal "Ecllesia in America", conclusão do sínodo dos bispos da América (do Norte, do Centro, do Sul), realizado no Vaticano, de 16 de novembro a 12 de dezembro de 1997.

Trata-se de um documento que abraça todas as dimensões que envolvem a criatura humana na América, principalmente a presença da Igreja nessa vasta realidade, à luz da problemática da nova evangelização.

Aí entra a Universidade Católica.

Permito-me destacar os tópicos:

  • No capítulo II, sobre "o encontro com Jesus Cristo na América de hoje", lemos: "Entre os fatores que favorecem o influxo da Igreja, na formação cristã dos americanos, deve-se ressaltar sua vasta presença no campo da educação, especialmente no mundo universitário. As numerosas universidades católicas espalhadas no Continente constituem um aspecto característico da vida eclesial na América" (nº 18).

  • No capítulo VI, quando apresenta "a missão da Igreja na América atual: a nova evangelização", afirma: "O mundo da educação é um campo privilegiado para promover a inculturação do Evangelho. Todavia, os centros educacionais católicos, e os que, mesmo sem ser confessionais, têm de fato uma clara inspiração católica, só poderão desenvolver uma ação de autêntica evangelização se souberem conservar, com clareza e a todos os níveis, incluindo o universitário, a sua orientação católica. Os conteúdos do projeto educativo deverão fazer referência constante a Jesus Cristo e à sua mensagem, tal como a Igreja a apresenta na sua doutrina dogmática e moral. Somente assim será possível formar dirigentes autenticamente cristãos nos diversos campos da atividade humana e da sociedade, especialmente na política, na economia, na ciência, na arte e na reflexão filosófica. Nesse sentido, é essencial que a Universidade Católica seja, ao mesmo tempo, verdadeira e realmente ambas as coisas: Universidade e Católica. A índole católica é um elemento constitutivo da Universidade, enquanto instituição, não dependendo, portanto, da simples decisão dos indivíduos que, em certo momento, dirigem a Universidade. Por isso, há de ser objeto de particular solicitude o trabalho pastoral nas Universidades Católicas: deve-se promover o empenho apostólico dos estudantes, para se tornarem eles próprios evangelizadores do mundo universitário" (nº 71).

Conclusão: na Universidade, os católicos praticantes não receiem professar-se como tais. Os que não o são tanto não receiem mudar, "converter-se"... Queremos ser universidade e católica.

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