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Um amigo meu, protestante, disse que a Bíblia não faz referências ao Purgatório. Qual é, pois,
a base da Igreja Católica para esse ensinamento? Por que os católicos oram pelos mortos?
Algumas pessoas vêem nesta história, a justificativa bíblica para a doutrina do Purgatório, o
que, certamente, extrapola a intenção do autor. Porém, se estes soldados judeus erraram ao portar
amuletos pagãos, por que então ofereceram sacrifícios em seu proveito?
Provavelmente, os dois livros dos Macabeus não constam na Bíblia do seu amigo porque eles foram
originariamente escritos em grego. Mas, no tempo de Jesus, parte do povo judeu considerava estes
livros inspirados por Deus.
Contudo, aproximadamente 60 anos depois da morte de Jesus, alguns rabinos reunidos em Jâmnia, na
Palestina, definiram a lista (cânon) das Escrituras, que é usada pelos judeus até hoje. Trata-se
de uma lista reduzida, pois inclui somente as obras compostas em hebraico, excluindo os dois
livros dos Macabeus, cinco outros livros completos e partes dos livros de Daniel e Ester.
Durante séculos, os cristãos orientais e ocidentais aceitaram como inspirados a lista mais
ampla. Quando Martinho Lutero traduziu a Bíblia, ele considerou inspirada apenas a lista
reduzida. Às vezes, estes sete livros são impressos nas Bíblias protestantes sob o título de
"Deuterocanônicos" ou "Apócrifos".
No entanto, o Novo Testamento e as obras dos primeiros cristãos oferecem também várias evidências
do Purgatório. Em 2Timóteo 1,18, p.ex., São Paulo ora por Onesíforo, que havia falecido. A mais antiga
menção da prática de orações pelos mortos nas cerimônias públicas dos cristãos encontra-se em
Tertuliano (211 d.C.).
A questão do Purgatório e das orações pelos mortos é uma das maiores discórdias entre católicos
e protestantes desde o séc. XVI d.C.. O decreto sobre o Purgatório, baixado pelo Concílio de
Trento, em 1563, reafirmou a sua existência e a utilidade das preces pelos falecidos, devendo-se
tomar cautela contra "certo tipo de curiosidade ou superstição" que eventualmente exista.
A doutrina católico romana sobre o Purgatório reflete a sua compreensão acerca da comunhão dos
santos: estamos associados aos santos do Céu, aos santos que aguardam no Purgatório e aos
crentes que se encontram hoje sobre a terra. Assim, as orações pelos falecidos visam colaborar
com a sua saída do Purgatório.
A doutrina da Igreja Católica sobre o Purgatório (Catecismo da Igreja Católica, nnº 1030-1032)
diz que todo pecado cometido durante a vida, infelizmente, pode ter maus efeitos mesmo após o
arrependimento do pecador. O arrependimento sincero inclui, no pecador, o desejo de reparar o
mal cometido. Isto, de fato, pode ou não ter sido obtido antes da sua morte.
Quando o mundo acabar, no Julgamento Final, haverá apenas duas possibilidade: salvação ou
perdição. Nós, que celebramos a ressurreição de Jesus, que triunfa sobre o pecado e a morte,
estamos ansiosos a compartilhar de sua vitória e oramos para que nossos amados falecidos
possam fazer o mesmo!