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I. RELÍQUIA VALIOSA
O papa Paulo VI o definiu como "o ícone da Paixão". Ao confirmar a data
da exposição [18/04 a 14/06/1998], o cardeal-arcebispo Giovane
Saldarini, curador pontifício do Sudário decarou: "Queira nosso
Salvador, que nos deu um sinal tão comovente da sua imolação e de seu
amor, conceder a quantos contemplarem a imagem do Sudário ou
empreenderem peregrinações receber os frutos da fé autêntica e conversão
eficaz".
Segundo a narrativa dos evangelhos, José de Arimatéia, ajudado por
Nicodemos, depois de pedir permissão a Pilatos, descravou o corpo de
Jesus da cruz, untou-o com mirra e aloés para retardar a necrose,
enrolou-o no Sudário e o colocou num túmulo novo cavado na rocha.
Muitas evidências [...] levam a crer que o Sudário de Turim seja o mesmo
que aparece nos evangelhos envolvendo o corpo de Jesus. Trata-se de um
lençol de linho branco de 4,36 m de comprimento por 1,10 m de largura. A
cor do tecido, originalmente branca, está amarelada pelo tempo e
chamuscada por dois incêndios. Um deles, acontecido em 1532 na cidade
francesa de Chanberry, produziu doze buracos no tecido, que foram, em
parte, remendados pelas Irmãs Clarissas em 1534, a pedido de São Carlos
Borromeo.
Impressa no tecido, aparece a imagem de corpo inteiro, de frente e de
costas, de um homem com 1,83 m de altura e pesando aproximadamente 81
kg. Essa imagem humana está estranhamente em negativo e contém todas as
marcas da Paixão de Jesus Cristo.
Dois grandes desafios devem ser respondidos pela Ciência: será o homem
do Sudário o mesmo Jesus Cristo dos evangelhos? Como foram impressas as
marcas de seu corpo na mortalha de linho, dois mil anos atrás, num
túmulo da cidade de Jerusalém?
Como se vê, o Sudário não é assunto de fé. Cabe à Ciência comprovar se
ele é verdadeiro ou não. O resultado de cem anos de pesquisas aponta
muitas evidências científicas a favor da sua veracidade. Até agora, o
mais difícil tem sido provar que ele é falso. A Igreja aguarda com
grande interesse a conclusão desses estudos para se pronunciar
oficialmente.
Um Pouco de História - O Sudário cuja história é cheia de mistérios,
está guardado hoje numa caixa de prata de 1,50 m de comprimento por 38
cm de largura e altura. O dr. Ian Wilson, um dos maiores estudiosos do
assunto, apresenta uma teoria curiosa e bem documentada. Segundo ele,
como a lei judaica proibia qualquer contato pessoal com objetos que
houvessem tocado num cadáver , durante muito tempo os discípulos de
Jesus apresentaram o Sudário dobrado, sem revelar o que realmente era,
mostrando somente a parte em que se vê a face de Cristo.
Nasceu assim a história da Verônica, nome derivado do grego "vera icon"
(=verdadeira semelhança). De fato, a mulher que, na subida do Calvário,
teria enxugado o rosto de Cristo com um lenço, onde teria ficado gravado
o seu rosto, não aparece nos evangelhos.
Em 1025, surgem as primeiras representações de Cristo morto, deitado na
mesma posição em que aparece no Sudário. Até então, as cenas do
sepultamento mostravam Cristo envolvido de modo semelhante às múmias.
No ano de 1036, registra-se que o Sudário era carregado em procissão
pelas ruas de Constantinopla. Em 1204, esta cidade é tomada pelos
Cruzados. Roberto de Clary, chefe da Cruzada que a tomou, escreve:
"Entre os antigos monastérios, havia o de Santa Maria de Blakerne, onde
estava a Sindone que envolveu o corpo do Senhor, a qual toda sexta-feira
se expunha dependurada de forma que se podia ver a figura de nosso
Senhor. Mas ninguém, nem gregos, nem franceses, sabe onde ela foi parar,
por fim, quando a cidade foi tomada".
Ian Wilson afirma que o Sudário, junto a outras relíquias saqueadas,
fora guardada sigilosamente pelos Templários, nobres encarregados pelo
papa de proteger as propriedades da Igreja. Eles formavam uma sociedade
secreta e em suas cerimônias veneravam um estranho "ídolo" representando
a cabeça de um homem com barba. Os iniciados eram deitados no chão e os
chefes levantavam sua cabeça rapidamente, para que vissem, por
instantes, a face do Senhor. Certamente o Sudário dobrado. Tudo numa
atmosfera de mistério.
Esses fatos, fartamente documentados, comprovam a existência do Sudário
em registros anteriores à data entre 1260 e 1390, período em que o
discutido teste de carbono-14 diz ter sido ele "pintado".
O Sudário é exibido publicamente na Diocese de Lirey, em 1353, por
Goffredo I di Charny (França), descendente de Roberto de Clary e
cavaleiro Templário. Em 1453, sua descendente, Margherita di Charny,
cede a posse da relíquia ao duque Luís di Savóia, da família real
italiana. O rei da Itália, ao morrer em 1983, deixou-o em testamento à
Santa Sé.
II. DESAFIOS PARA A CIÊNCIA
O homem do Sudário seria, realmente, o Cristo de quem falam os
evangelhos? Como ficaram gravadas as marcas de seu corpo inteiro num
lençol mortuário?
Cientistas, universidades, laboratórios e especialistas das mais
diversas matérias têm tentado responder a essas perguntas. Mas só a
partir das pesquisas do prof. Pierre Barbet, há cem anos, foi que o
lençol de Turim passou a ser estudado com rigor científico. Barbet,
médico e professor de Medicina Legal, estudou a morte de Cristo com as
técnicas que empregava normalmente na necrópsia de cadáveres. Sua maior
descoberta: um crucificado não poderia ter sido pregado com cravos pelas
palmas das mãos; nessa região, não existe suporte ósseo suficiente; a
carne se resgaria e o corpo cairia.
Documentos romanos da época dão conta de que os carrascos não empregavam
cordas para sustentar o peso dos corpos. Somente cravos. Estudando
exaustivamente o assunto, Barbet chegou à conclusão de que, na região
das mãos, o único lugar capaz de sustentar um corpo cravado era o pulso.
Espantosamente, no Sudário, nota-se que a marca dos cravos das mãos não
está nas palmas, mas nos pulsos, na região chamada "espaço de Destor",
contrariando a maioria de pintores e escultores de todas as épocas.
Outras incríveis coincidências que permitem identificar o homem do
Sudário com Jesus Cristo:
III. O TESTE POLÊMICO
Em 1988, os laboratórios da Universidade do Arizona (EUA), da
Universidade de Oxford (Inglaterra) e do Instituto Politécnico de
Zurique (Suiça), depois de realizarem testes de datação pelo método do
carbono-14 (C14), declararam que o Sudário de Turim era uma peça
medieval, confeccionada entre 1260 e 1390. Essa conclusão negava a
possibilidade de aquela peça ser o lençol que envolveu o corpo de Cristo
no seu sepultamento, como até então se admitia.
A notícia causou surpresa nas comunidades científicas do mundo todo e
muitos pesquisadores começaram a contestar a validade dos testes. Em
1990, o jornalista italiano Orazio Petrosillo e a coordenadora do Centro
Internacional de Documentação Pró-Sudário, Emanuela Marinelli, depois de
investigações minuciosas, editaram o livro "La Sindone: un enigma alla
prova della scienza", revelando fatos que, apoiados em documentação
rigorosa, evidenciam imprecisões, se não fraudes, nas pesquisas feitas
pelos laboratórios citados.
O cientista Luigi Gonella, assessor da Cúria Episcopal de Turim e
diretor da sala de imprensa do Vaticano, levantou a hipótese de haver um
complô anticatólico, e a Secretaria de Estado do Vaticano autorizou
imediatamente a abertura de um inquérito.
Em 1984, os técnicos da NASA, comandando quarenta renomados cientistas,
haviam proposto a realização de testes de C14, que deveriam ser feitos
por sete laboratórios altamente especializados e empregando dois tipos
diferentes de teste. Estranhamente, outros cientistas se juntaram para
impedir a realização desse projeto e exigiram que os testes fossem
feitos apenas por três laboratórios da sua escolha, com tipos iguais de
teste.
O prof. Luigi Gonella aceitou as condições para o teste: "A Igreja
viu-se diante de um desafio lançado por algumas pessoas que, com seus
pedidos, fizeram o possível para receber uma resposta negativa e dizer
que a Igreja tem medo da Ciência. Diante desse perigo, decidiu-se
proceder ao exame a todo custo. Encostaram-nos na parede com uma
chantagem: ou aceitávamos o teste nas condições impostas por eles ou
começariam uma campanha acusando a Igreja de temer a verdade e ser
inimiga da Ciência. Os laboratórios comportaram-se muito mal, protesto
contra eles, em vista da sua falta de idoneidade no campo deontológico.
Protesto também pela maneira infame como se conduziram. Já disse a eles
que são mafiosos".
Segundo apuraram Orazio Petrosillo e Emanuela Marinelli, o coordenador
do projeto, dr. Michael Tite, do Museu Britânico, pediu a Jacques Evin
que providenciasse um tecido da Idade Média, o mais semelhante possível
ao Sudário. Evin suborna o sacristão e consegue obter um fragmento da
capa de São Luís de Anjou (1274-1297).
Esse pedaço foi cortado em três fragmentos e entregue aos laboratórios
para serem datados "juntamente" com as amostras do Sudário.
Neste ponto, uma troca de tecidos fica evidente quando Giovanni Riggi,
que cortou o Sudário para a retirada das amostras, declarou que elas
pesavam 540 mg e no filme que documenta essa operação vê-se uma balança
que assinala 478,1 mg. O peso do material analisado é fundamental no
resultado do teste. Além disso, o especialista em tecidos, Franco
Testore, afirmou que o pedaço retirado media 12,96 cm quadrados, o que
daria 298 mg, quase a metade anunciada por Riggi.
Há muitos interesses escusos na execução de um projeto dessa magnitude.
Os laboratórios que fazem datação por C14 são instituições comerciais
que cobram verdadeiras fortunas pelos seus testes, fazendo tudo para se
promover mundialmente.
O próprio Museu Britânico, que coordenou o projeto, escolheu os
laboratórios e pagou as despesas, nunca escondeu seu interesse em ser
proprietário do Sudário. Essa possibilidade só aconteceria se o Sudário
fosse declarado falso. Depois de adquirido pelo museu, seria declarado
verdadeiro, num segundo teste. Os fatos seguintes dão veracidade a essas
hipóteses:
Por tudo isso, constata-se que o teste de C14, realizado em 1988, carece
de valor demonstrativo. O card. Saldarini já anunciou que, por ordem do
papa João Paulo II, o Sudário será submetido a novos e confiáveis testes
de C14.
IV. DESAFIANDO A CIÊNCIA
Como todos sabem, as plantas liberam grande quantidade de pólens que,
transportados pelo vento, fecundam outras plantas dotadas de órgãos
reprodutores expostos. Os grãos que não cumprem tal função podem
permanecer espalhados pelo solo ou sobre qualquer outra superfície, na
proporção de milhões de unidades por metro quadrado. Cada tipo de pólen
corresponde a um tipo de planta.
Essa breve aula de botânica basta para explicar uma experiência
realizada em 1973 pelo cientista suiço Max Frei. Pressionando fitas
adesivas sobre o Sudário de Turim, o dr. Max recolheu 57 tipos de
pólens, todos correspondentes a plantas de locais onde o tecido foi
exposto. Sua descoberta: oito dessas plantas, já extintas, existiam
apenas no tempo de Cristo, na Palestina: "Alguns tipos de plantas, cujo
pólen localizei, já se extingüiram. Sua presença, no passado,
precisamente nos tempos de Cristo, é confirmada pelos fósseis que
encontrei no lodo do Mar Morto" - afirmou o cientista em entrevista ao
jornal Gazzetta del Popolo.
Amparado por sua descoberta, o dr. Max, que se diz ateu, não crê que o
Sudário seja falso: "Posto que esse tecido está sob controle há pelo
menos cinco séculos, a falsificação teria sido perpetrada durante a
Idade Média. Mas, naquele tempo, o estudo do pólen era desconhecido. Se
um falsário qualquer tivesse procurado um pedaço de linho na Palestina,
impregnado de pólen daquela parte do mundo, seguramente não teria feito
vir o pó da Anatólia, de Constantinopla, da Europa Central e da Europa
Ocidental, também encontrados por mim no Sudário. Isso exclui qualquer
possibilidade de falsificação" - declarou o cientista em 1981, em
Bolonha (Itália).
Radiação Misteriosa - Cinco anos após a experiência do dr. Max, o
Sudário voltou a desafiar a Ciência. Em 1978, cientistas da NASA
realizaram o maior e o mais sofisticado estudo interdisciplinar sobre o
Sudário. Intitulado "Sturp", abreviação em inglês para "Pesquisa da
Mortalha de Turim", o trabalho exigiu 40 toneladas de aparelhos, 120
horas de coleta de material e medições, 100 mil horas de estudo
posterior e 600 horas de observação ao microscópio. O material analisado
era composto por 30 amostras de 5 centímetros quadrados e 300 fibras do
tecido do Sudário.
Depois desse exaustivo trabalho, os cientistas concluíram que a imagem
do homem do Sudário foi causada por uma radiação calórico-luminosa,
especial e instantânea. Saída do corpo do homem, essa radiação chamuscou
ligeira e superficialmente as pontas das fibras do tecido. Os
cientistas, porém, não se pronunciaram sobre esse tipo de radiação nem
entraram no campo religioso. Apesar disso, o coordenador do projeto, dr.
D'Muhala, admitiu que todos os envolvidos nele pensaram em um homem:
Jesus Cristo.
Outras pesquisas sobre o tecido têm, como partida, fatos narrados nos
evangelhos. Segundo o texto de São João mesmo, o corpo de Jesus, ao ser
envolvido "em panos de linhos", foi untado por mirra e aloés,
substâncias aromáticas cujas funções eras as de retardar a necrose e
disfarçar o odor desagradável do corpo. Pois um estudo da fluorescência
da imagem do Sudário confirma: o homem estampado nele foi envolto em
aromas de aloés e mirra.
A presença dessas substâncias foi detectada quando o Sudário foi
iluminado com uma luz ultravioleta. Os cientistas notaram que a
tonalidade bronzeada de certas partes se tornou dourada, o que é um
indício da presença de aloés. Eles também perceberam a presença de
manchas escuras, próprias daquelas deixadas pelos aloés e pela mirra, na
parte inferior das pernas da imagem do homem e nas marcas deixadas pelo
incêndio que o tecido passou, em 1532. Tanto o aloés como a mirra são
sensíveis ao calor.
Prova dos Sete - De modo geral, cientistas determinam o grau de
probabilidade de uma teoria se confirmar, na prática, através de um
cálculo matemático baseado em sete questionamentos. Se o leitor chegou
até aqui, vale a pena conhecê-lo para saber, através dele, que a
probabilidade de o homem do Sudário ser Jesus é muito mais alta do qua a
de não ser:
Imagens impossíveis de se reproduzir - Em 1978, quarenta cientistas
norte-americanos, junto com a NASA (agência espacial dos Estados
Unidos), realizaram um exaustivo estudo no Sudário de Turim. Quatro anos
depois, em relatório oficial, eles afirmaram sua convicção de que o
Sudário era verdadeiro. Vejamos algumas conclusões a que chegaram
aqueles cientistas:
Para nós, cristãos, parece que Jesus quis deixar-nos sua "fotografia",
de corpo inteiro, de frente e de costas, com todas as marcas da Paixão.
A comunidade científica do mundo inteiro pediu explicações a esses dois
senhores. No Encontro de Homens de Ciência, em Paris, eles tentaram em
vão se defender; foram somente sarcásticos e debochados. Além disso,
nunca apresentaram os relatórios à comunidade científica, descrevendo em
detalhes a execução dos testes, como é praxe. Não há um relatório
oficial assinado.
Calculemos, agora, a probabilidade de que estas sete circusntâncias se
dêem simultaneamente em outro crucificado, que não Jesus. Temos, então,
a multiplicação das probabilidades descritas acima (1/3 x 1/20 x 1/50 x
2/3 x 1/1000 x 1/5 x 1/10.000), onde se obtêm o número 1/225 bilhões.
Isso significa que, se no mundo existissem 225 bilhões de crucificados -
o que é um absurdo - haveria somente 1 possibilidade de o homem do
Sudário não ser Jesus!