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DEUS PROÍBE O USO DE IMAGENS?
Autor: d. Estevão Bettencourt
Fonte: Apostila "Diálogo Ecumênico" (Escola Mater Ecclesiae)
Transmissão: Paulo Henrique Oliveira

No livro do Êxodo 20,4-5 Deus parece proibir o uso de imagens. Mas porquê essa proibição? Porque podiam ser ocasião a que o povo de Israel as adorassem, como faziam os povos vizinhos dados à idolatria. Os israelitas tendiam a imitar gestos religiosos pagãos e, por isso, muitas vezes cairam na idolatria. Deus queria incutir o conceito de Javé, mostrando que o Senhor era diferente dos deuses dos outros povos.

Tomadas as cautelas contra o perigo da idolatria, Deus não somente permitiu, mas até mandou que se fizessem imagens sagradas. Veja:

A cultura dos povos evoluiu e a filosofia foi mostrando quanto é absurdo atribuir a uma escultura a força da divindade, de modo que o perigo da idolatria foi diminuindo. Por isso o uso de imagens foi-se implantando.

No século III, encontramos sinagogas da Palestina com pinturas e figuras humanas. A sinagoga de Dura-Europos, na Babilônia, tinha a representação de Moisés, Abraão e outros.

As antigas catacumbas cristãs apresentavam imagens bíblicas. Noé salvo do diluvio, Daniel na cova dos leões, o Peixe que simbolizava o Cristo e muitas outras.

A veneração que a Igreja presta às imagens, só é válida na medida em que é oferecida indiretamente àqueles que as imagens representam.

Veja alguns depoimentos sobre o uso das imagens:

  • "Uma coisa é adorar uma imagem, outra coisa é aprender, por essa imagem, a quem se dirige as tuas preces. O que a Escritura é para aqueles que sabem ler, a imagem o é para os iletrados. Por essas imagens, aprendem o caminho a seguir. A imagem é o livro daqueles que não sabem ler" (Papa São Gregório Magno).

  • "Qunato mais os fiéis contemplarem essas representações, mais serão levados a recordar-se dos modelos originais. Uma veneração respeitosa sem que isto seja adoração, pois esta só convém, segundo a nossa fé, a Deus." (Concílio de Nicéia II).

  • "Ninguém há tão simples e iletrado que possa desculpar-se de não saber como viver retamente, quando tem diante de si na imagem do Crucificado, um livro ilustrado, escrito, de forma clara e legível, em que todas as virtudes são aprovadas e todos os vícios reprovados." (Jean Gerson).

  • "Outrora Deus invisível, nunca era representado. Mas agora que Deus se manifestou na carne e habitou entre os homens, eu represento o "visível" de Deus. Não adoro a matéria, mas o Criador da matéria." (ib I.16).

Para finalizar, saibamos que em Karlsruhe, em 1956, os luteranos reunidos em Congresso ponderaram que a ordem de Cristo de pregar o Evangelho em todas as línguas, inclui também a linguagem figurada do artista. Perguntavam-se: "Porque admitir as impressões auditivas na catequese e rejeitar as impressões visuais? Estas parecem ainda mais eficientes do que aquelas." (Der christliche Sonntag, em 14/10/1956, pág. 327).