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Em finais do século XIX, com o início da
industrialização, começaram a aparecer novos problemas
relacionados com o trabalho. O Papa Leão XIII dá conta
do "temível conflito" que se estava a gerar "entre
o mundo do capital e o do trabalho" dando lugar a uma
situação de "miséria imerecida" (encíclica "Rerum
Novarum", 15-05-1891).
Um dos principais problemas que atingiam os operários
era o horário de trabalho. Trabalhava-se de sol-a-sol,
como os agricultores. Alguns reformadores sociais já
tinham proposto, em várias épocas, a idéia de dividir
o dia em três períodos: oito horas de trabalho, oito
horas de sono e oito horas de lazer e estudo, proposta
que, como sempre, era vista como utópica pelos
empregadores.
Com o desenvolvimento do associativismo operário, e
particularmente do sindicalismo, a proposta da jornada
de oito horas tornou-se um dos objetivos centrais das
lutas operárias e também causa de violentas repressões
e de inúmeras prisões e até morte de trabalhadores.
OS "MÁRTIRES DE CHICAGO"
No 1º de Maio de 1886, milhares de trabalhadores de
Chicago (Estados Unidos da América), tal como de
muitas outras cidades americanas, foram para a rua,
exigindo o horário de oito horas de trabalho por dia.
No dia 4 de Maio, durante novas manifestações, uma
explosão serviu de pretexto para a repressão brutal
que se seguiu, que provocou mais de 100 mortes e a
prisão de dezenas de operários.
Este acontecimento, que ficou conhecido como os
"Mártires de Chicago", tornou-se o símbolo e marco
para uma luta que, a partir daí, se generalizou por
todo o mundo.
OS NOVOS PROBLEMAS
Passados todos estes anos, a história do movimento
operário continua a ser feita de avanços e recuos,
vitórias e derrotas. Entre nós, a luta pelo horário de
oito horas também tem uma longa história. Só em Maio
de 1996 o Parlamento aprovou a lei da semana de 40
horas (oito horas diárias de segunda a sexta feira).
No entanto, as horas extras e o trabalho em fins de
semana, acabam muitas vezes por anular as conquistas
consignadas na lei.
As novas formas de organização do trabalho, a
precarização e a globalização vem trazer novos
problemas que os trabalhadores têm que enfrentar.
A exploração do trabalho infantil e da mulher, bem
como dos imigrantes são um desafio permanente à
imaginação e à capacidade de organização e de luta dos
trabalhadores.
A SOLIDARIEDADE
A Doutrina Social da Igreja propõe a solidariedade - a
que chama "virtude" - como o meio necessário e
indispensável para que a luta dos trabalhadores pela
sua dignidade, seja eficaz. João Paulo II, na
"Solicitude Social da Igreja" (nº 38), reconhece
"como valor positivo e moral, a consciência crescente
da interdependência entre os homens e as nações. O
fato de os homens e as mulheres, em várias partes do
mundo, sentirem como próprias as injustiças e as
violações dos direitos humanos cometidas em países
longínquos, que talvez nunca visitem, é mais um sinal
de uma realidade interiorizada na consciência,
adquirindo assim conotação moral.
Trata-se antes de tudo da interdependência apreendida
como sistema determinante de relações no mundo
contemporâneo, com as suas componentes - econômica,
cultural, política e religiosa - e assumida como
categoria moral. Quando a interdependência é
reconhecida assim, a resposta correlativa, como
atitude moral e social e como 'virtude', é a
solidariedade. Esta, portanto, não é um sentimento de
compaixão vaga ou de enternecimento superficial pelos
males sofridos por tantas pessoas, próximas ou
distantes. Pelo contrário, é a determinação firme e
perseverante de se empenhar pelo bem comum; ou seja,
pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos
verdadeiramente responsáveis por todos".
DIA DE FESTA
Não se pense que este dia, herdeiro de uma forte
tradição de luta operária, à mistura com perseguições,
prisões e até mortes, é um dia triste. Não, porque
nele também se recordam as conquistas - pequenas e
grandes - que os trabalhadores foram conseguindo
através dos tempos. É uma longa história que sabe bem
recordar e celebrar.
Os Movimentos Operários da Ação Católica - JOC e
LOC/MTC - costumam celebrar o 1º de Maio como o "Dia
da Solidariedade", em que propõem aos seus membros e
amigos, além de recordar e celebrar o significado
histórico deste dia, a participação com um dia de
salário para as despesas dos respectivos Movimentos.
DIA DE SÃO JOSÉ OPERÁRIO
A Igreja quis dar a este dia de ação e de festa - "A
Festa do Trabalho" - uma dimensão de fé. Em 1955, o
Papa Pio XII instituiu a Festa de S. José Operário, a
ser celebrada precisamente no dia 1 de Maio de cada
ano.