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QUARESMA, PÁSCOA E VIDA
Autor: fr. Frank Pavone
Fonte: Lista "Tradição Católica"
Transmissão: Sandra Katzman

O arrependimento é uma mudança do ponto de vista, e com isso, muda a vida da pessoa, longe do caminho do pecado e em direção a uma vida de santidade. Não é possível se arrepender do pecado que não se reconhece ou se admite ser um pecado. Durante a Quaresma, nós pedimos para sermos livrados desta cegueira, e sermos perdoados até mesmo de nossos pecados ocultos. A aplicação disto para o problema do aborto é clara quando consideramos que a injustiça deste ato foi proclamada como um "direito" e uma "escolha" legitima. Eu tenho ouvido várias pessoas declararem que enquanto eles sabem que o aborto mata uma criança, eles não vem nenhum problema em apoiá-lo. Por causa de componentes respeitáveis da sociedade tal como a Corte Suprema, muitas associações médicas, e até mesmo algumas denominações cristãs, continuam a chamar o aborto de um "direito", e muitos acham difícil reconhecer que é algo errado. Parte da purificação da Quaresma envolve a metanoia, a "mudança de pensamento", tão necessária nesta área.

Com relação às denominações cristãs que consideram o aborto como um "direito", além de contradizerem o Evangelho de Cristo e o testemunho inquebrável da comunidade cristã contra o aborto através dos séculos, estas igrejas se apresentam particularmente incapazes de trazer a cura e o perdão para aqueles que fizeram aborto. Afinal, quando se chama algo de um "direito", qual a credibilidade de se oferecer o perdão a alguém por ter exercido aquele direito?

A Pascoa celebra a vitória da vida. Os cristãos não vão a Igreja na Pascoa simplesmente para congratular Jesus por ter ressucitado dos mortos. Eles vão para poder sentir sua própria vitória sobre a morte. Ao ressucitar, Cristo destruiu não só Sua própria morte, mas a nossa! Ele derrubou todo o reino da morte. A morte não tem mais poder sobre Ele; nem tem o poder final sobre aqueles que vivem Nele. A influência da Igreja no mundo, portanto, é a influência de uma comunidade que já participa na vitória sobre a morte. Esta influência move as estruturas e as escolhas da sociedade para longe da morte e da destruição, e em direção `a confirmação, em palavras e obras, do precioso dom da vida. Seria uma distorção enorme do significado da Pascoa se separássemos, em pensamento ou obras, nossa fé na ressurreição, de nossos esforços para garantir justiça e respeito para todas as vidas.

A Igreja que comemora a Pascoa também vive a Pascoa. A vitória já foi ganha, mas ainda não está completamente desdobrada. Nós portanto exultamos e lutamos ao mesmo tempo. Nós temos uma confiança inabalável de que o poder da vida é maior do que as forças da morte. Ainda assim, nós não devemos relaxar nossos esforços para proteger o dom da vida que vem de Deus das forças destrutivas que o cercam. Como disse uma vez Santo Agostinho, nós cantamos "Aleluia", mas enquanto cantamos precisamos "continuar" nesta nossa árdua caminhada.