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SÃO JOSÉ E O CASAMENTO NA ANTIGA LEI
Autor: Carlos Ramalhete
Fonte: Lista "Tradição Católica"

Na Antiga Lei, o casamento era feito em duas etapas:

  1. A Quetubá, ou contrato de casamento. Este poderia ser feito em qualquer momento, em qualquer altura da vida. Assim, é possível fazer um contrato de casamento de uma menina de dois anos de idade, por exemplo. Ela ficava assim legalmente casada e proibida para todo outro homem que não o seu esposo.

  2. A consumação do casamento. É por isso que os judeus modernos, logo depois de assinarem a quetubá já adultos, ficam alguns minutos sozinhos em um quarto. Este tempo seria teoricamente para consumar o casamento.

Quanto ao momento em que a consumação pode ocorrer, há duas escolas:

  1. Em qualquer momento que seja anatomicamente possível, mesmo antes da menarca, para evitar que a mulher menstrue (a mulher grávida ou amamentando normalmente não menstrua).

  2. Depois da menarca.

Há assim duas possibilidades para o ato de São José:

  1. Segundo a Tradição Oral apoiada por alguns apócrifos, ele não tinha nem nunca teve a intenção de consumar o casamento, pois fora escolhido como guardião do voto de castidade dela. Quando ela apareceu grávida, porém, ela passou, pela Lei Antiga, a ser proibida para ele. A mulher casada que tem relações com outro homem fica proibida tanto para seu marido quanto para seu amante. Até que ele entendesse a situação pela explicação do anjo ele não poderia fazer nada se não abandoná-la ou condená-la à morte, segundo a Lei Antiga. Abandoná-la seria a maneira de salvá-la, pois pareceria que seu marido a abandonou. O culpado, aos olhos do povo, seria ele.

  2. São José estaria esperando a menarca, que nunca viria (pois ela foi preservada das consequências do Pecado Original, e as regras são uma delas!), para consumar o casamento. Quando ela apareceu grávida, até o anjo explicar tudo, ele se viu na mesma situação que expliquei acima.

Em todo caso, ele não estava em momento nenhum "deixando-a na mão". Ao abandoná-la, ele estaria assumindo sobre si suas dores e sua condenação. Dá para entender como Nosso Senhor foi escolher um homem tão bom e justo como pai adotivo, não? Isso é tanto mais impressionante por ser um homem que carregava consigo todas as consequências do Pecado Original.