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Como os verdadeiros cristãos de hoje, os cristãos dos primeiros séculos
eram acusados de idolatria por venerarem os Santos. Mas, em vez dos
grupos heréticos (que tanto se difundiram após o século XVI), quem
propagava esta mentira era o rabinismo judaico, isto é, os judeus que
não abraçaram a fé cristã.
Talvez o primeiro texto que dá testemunho da veneração dos santos como
ainda nós católicos praticamos hoje, com honra, homenagem, celebração
dos heróis e modelos da fé, seja a Carta que a Igreja de Esmirna enviou
à Igreja de Filomélio, narrando o Martírio de São Policarpo (Bispo de
Esmirna e discípulo do Apóstolo São João). Este documento de meados do
segundo século é o texto hagiográfico mais antigo que se tem notícia.
A Carta nos dá testemunho que após o martírio de São Policarpo, os
cristãos de Esmirna tentaram conseguir a posse de seu corpo, para dar ao
mártir um sepultamento adequado. Mas, foram impedidos pelas autoridades
que eram influenciadas pelos judeus rabínicos, que diziam que os
cristãos queriam o corpo de São Policarpo para adorá-lo como faziam com
Cristo.
Na carta é interessante o comentário que os cristãos de Esmirna fazem
por causa da ignorância que os judeus tinham sobre a diferença da
adoração que os cristãos prestavam somente a Nosso Senhor Jesus Cristo e
a veneração prestada aos Santos. Semelhantes a nós católicos dos últimos
séculos, os católicos do passado escreveram: "Ignoravam eles que não
poderíamos jamais abandonar Cristo, que sofreu pela salvação de todos
aqueles que são salvos no mundo, como inocente em favor dos pecadores,
nem prestamos culto a outro. Nós o adoramos porque é o Filho de Deus.
Quanto aos mártires, nós os amamos justamente como discípulos e
imitadores do Senhor, por causa da incomparável devoção que tinham para
com seu rei e mestre. Pudéssemos nós também ser seus companheiros e
condiscípulos!" (Martírio de Policarpo 17,2; ~160 D.C).
E mais adiante esta importantíssima prova da fé primitiva, dá testemunho
do costume que a Igreja tinha em guardar uma data, para celebrar a
memória dos Santos, como Ela faz até hoje: "Vendo a rixa suscitada pelos
judeus, o centurião colocou o corpo no meio e o fez queimar, como era
costume. Desse modo, pudemos mais tarde recolher seus ossos [de
Policarpo], mais preciosos do que pedras preciosas e mais valiosos do
que o ouro, para colocá-lo em lugar conveniente. Quando possível, é aí
que o Senhor nos permitirá reunir-nos, na alegria e contentamento, para
celebrar o aniversário de seu martírio, em memória daqueles que
combateram antes de nós, e para exercitar e preparar aqueles que deverão
combater no futuro." (Martírio de Policarpo 18; ~160 D.C).
Como disse Nosso Senhor Jesus Cristo: "Quem tiver ouvidos para ouvir,
que ouça".