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NOSSA SENHORA DA ESPERANÇA
Autora: Nilza Botelho Megale
Fonte: Livro "Invocações da Virgem Maria no Brasil" (ed. Vozes)
Transmissão: Lista "Tradição Católica"

Os fiéis sempre invocavam o nome de Maria com a esperança de que Ela os ajudasse a resolver seus problemas pessoais. Assim este título não é novo, pois a Mãe de Deus na liturgia romana tem sido denominada "Esperança dos desesperados".

Algumas vezes Ela também é invocada e identificada como a Senhora do Amor Divino, da Expectação, ou do Ó, pois em alguns lugares esta devoção se referia à Esperança do Parto, pelo qual a Virgem Maria daria à luz brevemente o filho de Deus. Neste caso ela era representada grávida, tendo sobre o seio a pomba Divina, símbolo do Espírito Santo.

O mais antigo santuário de Nossa Senhora da Esperança de que se tem notícia é o da cidade de Mezières, na França, construído no ano de 930. Depois dele vários outros foram erigidos, espalhando- se este orago por toda a Europa.

Em Portugal, este culto desenvolveu-se muito na época das grandes descobertas marítimas, figurando entre os seus devotos o comandante Pedro Álvares Cabral, que possuía uma bela imagem da Padroeira em sua residência, trazendo-a consigo em sua feliz viagem às Índias. O Brasil foi portanto descoberto sob o olhar terno e protetor da Mãe da Esperança. Esta efígie histórica mostra a Virgem Santíssima com o Menino Jesus sentando em seu braço esquerdo e apontando para a pomba, que repousa sobre o seu braço direito. Ela está atualmente na cidade de Belmonte, numa capela onde se diz ter sido batizado o descobridor do Brasil, e foi trazida novamente ao nosso país durante o Congresso Eucarístico Internacional do Rio de Janeiro, em 1955.

Nos tempos modernos a devoção a Nossa Senhora da Esperança foi revivida em Saint Brieuc, na Bretanha, e espalhou-se de maneira excepcional após a aparição da Virgem Maria em Pontmain, nos dias terríveis da invasão prussiana, quando o inverno, a fome e a guerra se uniram para castigar o povo francês. (...)

Foram inúmeras as graças alcançadas no lugar da aparição e pouco depois ergueu-se ali uma bela basílica, que foi entregue aos cuidados dos padres Oblatos de Maria Imaculada, ordem para a qual entrou posteriormente José Barbedette, um dos pequenos videntes.

A Ordem dos Oblatos, instituída na França em princípios de do século XIX, espalhou-se pelo mundo devido à sua admirável obra missionária, chegando ao Brasil em 1946. Oito anos depois, os padres estabeleceram-se em Poços de Caldas, no bairro operário de Vila Cruz, onde formaram um colégio para crianças pobres. Ali, através da modesta igreja de São Sebastião, lançaram a semente do Seminário Menor, que depois foi magnificamente instalado numa colina próxima à cidade, recebendo como protetora a Virgem da Esperança de Pontmain. Devido à crise que atingiu a organização tradicional dos seminários, a dos Padres Oblatos de Poços de Caldas encerrou suas atividades e foi adquirido, em 1973, pela Prefeitura local, que o transformou em centro de ensino superior. Porém a imagem de Nossa Senhora da Esperança de Pontmain, com seu lindo manto azul semeado de estrelas, tendo na mão o crucifixo vermelho, ali continua para proteger todos os estudantes que freqüentam aquela casa de estudos e de difusão cultural.

Iconografia: A imagem clássica portuguesa da Senhora da Esperança representa a Virgem Maria de pé com o menino Jesus sentado em seu braço esquerdo, segurando com a mão direita o pezinho dele. O Divino Infante aponta com a mãozinha direita para uma pomba (símbolo do Espírito Santo), que repousa sobre o braço direito de sua Mãe. A Nossa Senhora de Pontmain é alta e esguia, está de pé vestida com um manto azul-marinho semeado de estrelas douradas e segura com a mão direita levantada um crucifixo vermelho. Usa uma coroa aberta sobre a cabeça.