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FALTA DE RESPEITO CONTRA A VIDA
Autor: José Augusto
Fonte: Lista "Tradição Católica"

A ferida do pecado dá origem a todas as faltas de respeito contra a vida.

"A vida do homem provém de Deus, é dom seu, é imagem e figura dele, participação do seu sopro vital. Desta vida, portanto, Deus é o único senhor: o homem não pode dispor dela. Deus mesmo o confirma a Noé, depois do dilúvio: 'Ao homem, pedirei contas da vida do homem, seu irmão' (Gn 9,5). E o texto bíblico preocupa-se em sublinhar como a sacralidade da vida tem o seu fundamento em Deus e na sua ação criadora: 'Porque Deus fez o homem à sua imagem' (Gn 9,6).

Portanto, a vida e a morte do homem estão nas mãos de Deus, em seu poder: 'Deus tem nas suas mãos a alma de todo o ser vivente, e o sopro de vida de todos os homens' - exclama Jó (12,10). "O Senhor é que dá a morte e a vida, leva à habitação dos mortos e retira de lá' (1Sm 2,6). Apenas ele pode afirmar: 'Só eu é que dou a vida e dou a morte' (Dt 32,39).

Mas Deus não exerce esse poder como arbítrio ameaçador, mas sim, como cuidado e solicitude amorosa pelas suas criaturas. Se é verdade que a vida do homem está nas mãos de Deus, não o é menos que estas são mãos amorosas como as de uma mãe que acolhe, nutre e toma conta do seu filho: 'Fico sossegado e tranqüilo como criança deitada nos braços de sua mãe, como um menino deitado é a minha alma' (Sl 131[130],2; cf Is 49,15;66,12-13; Os 11,4). Assim, nas vicissitudes dos povos e na sorte dos indivíduos, Israel não vê o fruto de pura casualidade ou de um destino cego, mas o resultado de um desígnio de amor, pelo qual resguarda todas as potencialidades da vida e se contrapõe às forças de morte que nascem do pecado: 'Deus não é o autor da morte, a perdição dos vivos não lhe dá nenhuma alegria. Porquanto ele criou tudo para a existência' (Sb 1.13-14).

Da sacralidade da vida a sua inviolabilidade, inscrita desde as origens no coração do homem, na sua consciência. A pergunta 'que fizeste?' (Gn 4,10), dirigida por Deus a Caim depois de ele ter assassinado o irmão Abel, traduz a experiência de cada homem: no fundo da sua consciência, ele sente incessantemente o apelo à inviolabilidade da vida - a própria e alheia -, como realidade que não lhe pertence, pois é prioridade de Deus Criador e Pai.

O preceito relativo à inviolabilidade da vida humana ocupa o centro dos 'dez mandamentos na aliança do Sinai' (cf. Ex. 34,28). Nele se proíbe, antes de mais, o homicídio: 'Não matarás' (Ex 20,13), 'não causarás a morte do inocente e do justo' (Ex 23,7); mas proíbe também - como se explicita na legislação posterior de Israel - qualquer lesão a outrem (cf. Ex 21-12-27)" (João Paulo II - Evangelium vitae, 39 e 40).

Toda vida humana, desde o momento da concepção até à morte, é sagrada porque a pessoa humana foi querida por si mesma a imagem do Deus vivo e santo (Catecismo da Igreja Católica).

Portanto:

  1. O pecado, que é ruptura com Deus, leva inevitavelmente à divisão entre os irmãos. Desde o primeiro livro da Bíblia Sagrada vemos a proibição de matar. Em Gênesis 4,9-12 o Senhor Deus pede contas da vida de Abel, assassinado por seu irmão Caim. Em Gênesis 9,5-6 dá o mandamento de não matar a Nóe, após o dilúvio, acompanhado de uma advertência. Se a humanidade obedecer à Lei de Deus haverá paz, fraternidade e segurança.

  2. Aquele que mata, segundo a criatura, deve prestar contas de seu crime ao próprio Deus porque Ele fez o homem à sua imagem. Não adianta responder como Caim: "Sou, porventura, guardar de meu irmão?" (Gên 4,9) Sim, todo homem é guarda do seu irmão porque Deus confia o homem ao homem.