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JUBILEU
Autor: d. Eugênio de Araújo Sales
Fonte: Lista "Tradição Católica"
Transmissão: José Augusto

Quem assistiu, em todos os Continentes, à transmissão ao vivo, pela televisão, do encerramento do Grande Jubileu, no último dia 6, há de confirmar estes comentários que escrevi em Roma e que ora apresento. Na Praça de São Pedro e imediações apinhavam-se em torno de 100.000 pessoas. Os milhões, no mundo inteiro, também participavam do último capítulo desse inolvidável evento.

O balanço se resume nessa frase do Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Angelo Sodano, em entrevista ao jornal de maior: foram, entre outros, 24.500.000 de peregrinos. Isto circulação na Itália: "Tudo bem! Ocorreu verdadeiro milagre! Roma soube dar uma resposta de vida aos profetas pessimistas." Respondendo a uma pergunta, ele indicou como uma mancha num belo quadro, a manifestação "Orgulho Gay", em Roma. Ela foi levada a efeito, apesar dos protestos do Papa, que a considerava, - com razão - uma ofensa à Roma dos peregrinos.

Na véspera do ato final do Ano Santo, com a cidade invadida por grande multidão, instalado o caos no tráfego em torno da Basílica de São Pedro, o Comissário Extraordinário para o Jubileu, o então Prefeito de Roma, Francesco Rutelli, divulgou um balanço do acontecimento, desde a abertura, em 25 de dezembro do ano 2000, a 5 de janeiro último, véspera do encerramento: "Este Jubileu é um sucesso pleno e os números comunicados ao público pela Administração da Cidade, comprovam a afirmação significa um incremento de 23%, em relação aos católicos que, no ano anterior, viajaram à Cidade Eterna. Houve 3.400 manifestações e cerimônias religiosas, durante o ano 2000 e os primeiros dias antes do encerramento. Roma teve um acréscimo de 74.000 postos de trabalho a mais, em relação a igual período anterior. Para a segurança, a Polícia utilizou 20.677 agentes, enquanto a Guarda Municipal contou, para os eventos, com o apoio de 6.622 membros da corporação. A Diocese de Roma mobilizou 70.000 voluntários, no trabalho de acolhimento e assistência aos fiéis do mundo inteiro, que acorreram à Cidade de Pedro e Paulo. A Comissão Extraordinária para o Jubileu afirmou ainda que 98% das obras programadas de infra-estrutura da cidade, foram terminadas e utilizados 96% dos recursos financeiros".

Cita as principais realizações. Entre tantas outras, a reestruturação da Estação Termini, do Aeroporto Internacional Leonardo Da Vinci, em Fiumicino, a preparação da imensa área Tor Vergata, onde aconteceu o final do Encontro Mundial de Jovens, em agosto. E termina: "Este Ano Santo será recordado como prova de eficiência da Administração Pública e a positiva resposta dos romanos".

Todo o Ano Santo foi uma seqüência de acontecimentos profundamente marcados pela piedade, uma demonstração clara da universalidade da Igreja Católica. Acorreram a Roma, vindos do mundo inteiro, das diversas classes sociais, peregrinos de todas as raças e nações. Por outro lado, eram transmitidas pela TV para todo o orbe, imagens dessas cerimônias litúrgicas, de grande fervor. Com isto, despertava-se o entusiasmo religioso no milênio que termina e no outro, que se inicia. Um valioso e eficaz esforço de evangelização, pois a figura de Cristo, a pregação de sua Doutrina, o apelo à conversão dos pecadores, a oferta de possibilidades para sanar as feridas do pecado, pelas indulgências, despertavam e fortificavam a fé em milhões de pessoas. O que ocorreu em Roma, se repetia nas Dioceses de todo o mundo. A imensa Catedral do Rio de Janeiro e imediações receberam um público numeroso e entusiasmado para a conclusão do Ano Santo, na tarde do dia 5 de janeiro.

E entre tantos atos do Jubileu, sobressai, pela grandiosidade, organização e piedade, o Encontro Mundial dos Jovens, em agosto. Foram dois milhões e meio, com o encerramento em Tor Vergata, nos arredores de Roma. Na Missa do dia 6 de janeiro, após a clausura da Porta Santa, na Basílica de São Pedro, o Papa, lendo sua Carta Apostólica "Novo Millennio Ineunte" declarou o seguinte: "De modo especial, como não recordar o encontro jubiloso e estimulante dos jovens? Não será possível esquecer a Celebração Eucarística de Tor Vergata!" (nº 9).

Ao Documento da abertura "Tertio Millennio Adveniente", corresponde o do encerramento, que tomou o título, como de hábito, das primeiras palavras: "Carta Apostólica "Novo Millennium Ineunte" do Sumo Pontífice ao Episcopado, ao Clero, aos fiéis, no termo do Grande Jubileu do Ano 2000. João Paulo II nos convida a lembrar com gratidão o passado; a viver, com paixão, o presente; abrir-se, com confiança, ao futuro: "Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e sempre" (Hb 13,8). O Papa, nesse documento programático, descarta um vazio triunfalismo, uma auto-exaltação. E eu lembro que a Igreja, no Jubileu, pediu perdão pelas faltas cometidas por seus filhos, no decorrer de dois milênios.

O Papa continua: "Devemos auferir um novo impulso para a vida cristã; melhor, fazer dela a força inspiradora do nosso caminho" (nº 29). Ele nos fala com "confiante otimismo, embora sem subestimar os problemas" (nº 29). E ao mesmo tempo, vem a certeza que Cristo infunde em todos nós: "Eu estarei convosco". Trata-se de um programa para o Terceiro Milênio. São "Orientações pastorais ajustadas às condições de cada comunidade" (nº 29). O Pastor Supremo aponta algumas prioridades: a santidade, a oração, o sacramento da reconciliação, o primado da graça, a escuta da Palavra, o anúncio da mensagem de Cristo. Esta extraordinária Carta Apostólica termina lembrando que "o símbolo da Porta Santa fecha-se atrás de nós, mas para deixar mais escancarada ainda a Porta Viva que é Cristo" (nº 59).