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O Papa João Paulo II disse que, muitas vezes, falsas doutrinas conseguem se
infiltrar até mesmo na própria catequese.
Existe, por exemplo, uma falsa interpretação da Bíblia no relato da
Multiplicação dos Pães, que nega o milagre de Jesus, chamado de "passe de
mágica", e afirma, contra a intenção dos autores do Evangelho, que Jesus
organizou o povo para uma "partilha comunitária" do alimento que eles mesmos
teriam trazido em quantidade suficiente para todos.
Essa interpretação naturalista e racionalista, como sabemos, é radicalmente
oposta à da Igreja Católica, que nos ensina a verdade através de seu
Magistério. O catequista deve saber que não podemos interpretar a Bíblia
livremente:
O Catecismo, em comentário oficial sobre a Multiplicação dos Pães, ensina,
no capítulo "Os sinais do Reino de Deus" (547-549):
Os sinais operados por Jesus testemunham que o Pai o enviou. Convidam a crer
nele. Aos que a Ele se dirigem com fé, concede o que pedem. Assim os
milagres fortificam a fé naquele que realiza as obras de seu Pai:
testemunham que ele é o Filho de Deus. (...)
Ao libertar certas pessoas dos males terrestres da fome, da injustiça, da
doença e da morte, Jesus operou sinais messiânicos: não veio, no entanto,
para abolir todos os males da terra, mas para libertar os homens da mais
grave das escravidões, a do pecado, que os entrava na sua vocação de filhos
de Deus e causa todas as suas escravidões humanas."
E o Catecismo complementa, no parágrafo 1335:
Este milagre é tão importante e mesmo central para o Evangelho, que os
quatro evangelistas escreveram sobre ele, deixando bem claro que de modo
algum havia comida suficiente para todos:
"Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação
pessoal" (2Pe 1,20).
"Jesus acompanha as palavras com numerosos `milagres, prodígios e sinais'
(At 2,22) que manifestam que o Reino está presente nele. Atestam que Jesus é
o Messias anunciado.
"O milagre da multiplicação dos pães, quando o Senhor proferiu a bênção,
partiu e distribuiu os pães através dos seus discípulos para alimentar a
multidão, prefigura a superabundância deste único pão da sua Eucaristia."
Lembremo-nos sempre das palavras do Papa Pio XI: "Se alguém vos quiser
proclamar um outro Evangelho em lugar daquele que vós recebestes nos joelhos
de uma mãe piedosa, dos lábios de um pai crente, da aula de um educador fiel
a seu Deus e à sua Igreja, que seja excluído." (Encíclica "Com preocupação
ardente", 14/03/37). É o que ensinava, com firmeza, São Paulo:
"Estou admirado de que tão depressa passeis daquele que vos chamou à graça
de Cristo para um evangelho diferente. De fato, não há dois evangelhos: há
apenas pessoas que semeiam a confusão entre vós e querem perturbar o
Evangelho de Cristo. Mas, ainda que alguém - nós ou um anjo baixado do
céu, - vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que
ele seja anátema. Repito aqui o que acabamos de dizer: Se alguém pregar
doutrina diferente da que recebestes, seja ele excomungado!" (Gl 1,6-9)