A g n u s D e i

OS SANTOS: ESSES "SEPARADOS"
por: pe. Virgílio (ssp)
fonte: folheto "O Domingo" de 01.11.1998

Nos dias de hoje, até parece que ficamos cansados de Santos e Santas: intolerantes da presença deles e dispostos a apagar a lembrança deles. De fato, esta nossa geração, com pressa irrefletida, se encarregou de desalojá-los até dos altares laterais de nossas igrejas...

É que imaginamos os santos como indivíduos separados da realidade terrestre: fugitivos deste mundo, depois de terem lavado as mãos das coisas tristes que no mundo acontecem...

Mas estamos equivocados. Se eles fossem fugitivos e descompromissados, nem seriam santos. Mesmo assim, eles não deixam de ser uns "separados"; pois santo significa mesmo separado.

Separados por Deus a fim de anunciarem a salvação; para consolarem os aflitos e fortalecerem os fracos; para levantarem os oprimidos e levarem o perdão aos pecadores; para multiplicarem o pão dos pobres e devolverem a saúde aos doentes; para restaurarem a paz, acenderem a luz da fé, vivificarem a esperança e implantarem o amor.

Separados também no sentido de que não se fizeram cúmplices do sistema pecaminoso que rege um certo tipo de mundo. Separados da injustiça, mas sem abandonar o homem injusto; separados da violência, mas sem despachar para o inferno os violentos. Enfim, separados do pecado, mas sem desamparar o pecador...

Se é esta a lição que os santos nos deixaram, seja talvez por isso que nós os desalojamos de nossos altares e quase que os banimos de nossa memória. Sendo tal lição incômoda demais, preferimos ignorá-la, ignorando também os autores dela...

Não podemos esquecer que também somos chamados a viver em clima de "Separação". Isto é: a trabalhar neste mundo sem deixar-nos dominar pela lógica dele - mas abraçando a lógica do amor, a fim de que o mundo seja transformado e todo ser humano comece a saborear a felicidade, reservada a todos os filhos e filhas de Deus!

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