A g n u s D e i

ELEIÇÕES À VISTA
por: dom David Picão (bispo diocesano de Santos/SP)
transmissão: Altamir Diniz Targino

Estamos quase às portas das eleições. Nesta fase preparatória, há tantos candidatos e partidos que buscam direta ou indiretamente o apoio da Igreja em seus pastores. Não falo aqui dos que vivem na Igreja e a seguem sempre. Estes não precisam preocupar-se. Unidos a suas comunidades e nelas sempre presentes, merecem e recebem o devido apoio. Mas, os outros... Só aparecem nessa hora e desejam passar-se por fiéis defensores dos postulados cristãos. Chegam ao ponto de não falar sobre projetos contrários aos princípios cristãos, de até adiar a apresentação de tais projetos para não "atrapalhar" suas candidaturas.

A Igreja vela constantemente pelo bem de cada pessoa humana. Exorta e trabalha para que se atinja o bem comum de todos. Como responsável diante de Deus e dos homens, deve estar atenta ao acompanhamento da ação política em geral e nas comunidades.

Assim, a Igreja, como instituição, não faz política partidária. Não tem candidatos próprios. Exorta, porém, os cristãos a assumirem suas responsabilidades sociais no campo político, inclusive partidário. Dá seu aval aos candidatos que preenchem os requisitos de respeito à doutrina e à prática do dia-a-dia. Respeita, porém, a liberdade de cada um de votar de acordo, aliás, com sua consciência.

Por isso, a Igreja exorta a votar e a votar bem, com responsabilidade. Cabe ao eleitor estar atento ao que cada candidato pensa, ao que diz, ao que escreve, e ao que vive.

Há temas dos quais não se pode abrir mão. Assim, o respeito à vida, desde a concepção, contra o aborto, a eutanásia, a tortura, a unidade e indissolubilidade do matrimônio. Não se admite quem não respeita os bens dos outros, quer materiais, quer morais. Portanto, deve dizer-se não aos corruptos, aos aproveitadores, aos patrocinadores da comunicação imoral e sem ética, aos defensores de privilégios que geram desigualdades gritantes, como são por exemplo, os salários dos representantes do povo nas Câmaras...

Também não merecem apoio os que não respeitam as minorias indígenas, os racistas, os defensores ou omissos frente ao grave problema da droga e do tráfico, e à situação da violência urbana que produz cada vez mais vítimas.

É preciso votar em quem tem idéias claras e projetos válidos sobre Família, Educação/Escola, Trabalho (o problema do desemprego!), Habitação e Segurança.

Seria bom, no entanto, que toda essa problemática sócio-política não fosse tema só da época das eleições, mas fosse uma constante na programação do dia-a-dia de cada cidadão e das comunidades, onde estão inseridos. Estamos melhorando nesse sentido, graças, inclusive ao trabalho da Igreja com sua pastoral social. Urge, porém, dar passos mais largos, mais rápidos.

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