»» Artigos Diversos |
Deixemos que as partes envolvidas, a Igreja Católica e a própria Maçonaria, respondam estas
indagações.
D. João Evangelista Martins Terra, bispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília, escreveu um livro que
aborda justamente este assunto: "Maçonaria e Igreja Católica", que é uma pesquisa histórica
sobre a maçonaria, sua expansão e situação no mundo de hoje, especialmente no Brasil. Faz uma
análise dessa organização e apresenta a posição da Igreja Católica pós-conciliar.
Usaremos este livro para mostrar a posição da Igreja Católica para com a maçonaria e como ela
orienta a seus fiéis e clérigos.
O CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO (Obra citada, pág. 70 a 72)
"O Código de Direito Canônico de 27-5-1917 contém os seguintes cânones relativos à maçonaria":
Façamos então uma nova pergunta: A situação hoje ainda é a mesma? Ou houve alguma
mudança?
Em 27 de novembro de 1983, entrou em vigor um novo Código de Direito Canônico: "O Novo Código
apresenta um cânon relativo à maçonaria":
CATÓLICO E MAÇOM?
C. W. Leadbeater, conhecido escritor maçônico, sustenta que "seria um empreendimento colossal
escrever uma história da Maçonaria, pois seriam necessários conhecimentos enciclopédicos e muitos
anos de pesquisas".
Por seu lado, Marius Lepage, em seu livro História e Doutrina Franco-Maçonaria, após perguntar
"quem poderia escrever uma história da Ordem em algumas semanas?", responde que "seriam
necessários anos de trabalho".
Dom Ivo Lorscheiter, Bispo responsável pelo Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil, escreve e assina: "O estudo da Maçonaria é, sem dúvida, difícil e
complexo. Sua história, suas concepções profundas, suas atitudes concretas, as sucessivas severas
manifestações do Magistério da Igreja Católica, o espírito de diálogo hoje reinante - tudo parece
conduzir a esta pergunta fundamental e de largas conseqüências:
Afinal, a Maçonaria e a Doutrina Católica são conciliáveis entra si?".
Todavia, todas as dificuldades apontadas e conhecidas não impediram que a Maçonaria fosse
agredida, injuriada, caluniada e condenada por muitos, mas principalmente pela Igreja Católica
Apostólica Romana. Vários Papas, que são os bispos da Diocese de Roma, chefes e reis do Estado
Pontifício com sede no Vaticano, têm condenado a Maçonaria, e eles foram:
Não vamos comentar todas as Bulas e Encíclicas. Vamos apontar as duas realmente importantes
para o nosso trabalho:
Clemente XII: a primeira condenação da Maçonaria. Notem que haviam decorridos apenas 21 anos
da constituição da Grande Loja de Londres (24/6/1717), e portanto a Ordem era pouco conhecida do
Vaticano. Alguns escritores afirmam que "o motivo da condenação não era religioso, mas de ordem
política".
Entretanto, o Padre Ferrer Benimeli, conhecido maçonólogo, garante que "esta hipótese é totalmente
insustentável do ponto de vista histórico, à luz da documentação vaticana da época".
O Padre Jesus Hortal, é teólogo e canonista, muito ligado aos temas de ecumenismo e diálogo
interreligioso; nos esclarece que o documento de Clemente XII é algo obscuro na sua redação, mas
que o resumo dele feito na Bula "Providas Romanorum Portificum" promulgada pelo Papa Bento XIV
aos 18 de maio de 1751 oferece uma melhor compreensão, pois ali estão enumeradas seis razões
para a condenação:
Não se iludam. Já se passaram 260 anos da condenação de Clemente XII, e a posição da Igreja de
Roma não mudou nada com relação à maçonaria e aos católicos que são iniciados na ordem
maçônica, como veremos adiante.
Além de considerar a maçonaria como uma seita, entre outras, conforme se constata na
Constituição Apostólica Ecelesian, 13/9/1821, do Papa Pio VII, condenando especificamente a
Carbonária, mas estabelecendo um laço de continuidade com os maçons do século XVIII condenados
por - Clemente XII e Bento XIV. Ainda mais: O Papa Leão XII na Bula ."Quo Graiora", 13/5/1825,
considerou a maçonaria como uma sociedade - que tem como finalidade "maquinar (ou seja,
conspirar) contra a Igreja e os legítimos poderes do Estado", conforme se lê nos Estudos da CNBB
n° 66, produzido pelo Padre Jesus Hortal.
Em 1917, quando foi promulgado o primeiro Código de Direito Canônico, manter-se a proibição dos
católicos filiarem-se à Maçonaria. Lá estava bem clara a pena de excomunhão (cânon 2335).
Passaram-se mais 57 anos, e, em 1974, a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé (SCDF)
enviou uma carta a algumas conferências Episcopais mantendo a pena do Cânon 2335
(excomunhão) para os que se inscreverem na ordem maçônica.
É muito importante a Declaração dos Bispos Alemães, publicadas em 12/5/1980, que conclui " pela
inconciabilidade, pelos seguintes motivos, entre outros:
Logo a seguir, uma declaração da SCDF, em 17/2/1981, confirmam e precisa:
A 26/11/1983 na véspera da entrada em vigor do novo Código de Direito Canônico, a Congregação
para a Doutrina da Fé, agora sob a direção do Cardeal Ratzinger, reafirma:
Parece-nos sem sombra de qualquer dúvida, ser impossível para o católico uma dupla fidelidade
eclesial e maçônica.
A linha 5 da CNBB, desde alguns anos vem realizando com a presença de bispos e sacerdotes, bem
como um grupo de maçons convidados - nós comparecemos em quatro reuniões - cujo assunto
principal era saber se a doutrina católica, era ou é compatível com a doutrina maçônica. Após
inúmeras discussões, que duraram anos, os maçons não conseguiram obter nenhuma declaração
favorável à maçonaria. Sempre esbarraram nos cânones do Vaticano, em vigor até hoje.
Na última reunião, realizada no dia 13/10/l997, o tema conciabilidade entre maçonaria e igreja católica
foi abandonado, e agendado: o simbolismo dos três primeiros graus, com interpretação católica e
interpretação maçônica.
Por tudo o que já foi apresentado documentadamente, preferimos concordar com o Padre Jesus
Hortal:
"Desses cânones do Código de 1917 resulta claramente que:
O Santo Ofício declarou, no dia 20 de abril de 1949, numa resposta ao bispo de Trento, que nada
tinha mudado na disciplina do Código de Direito Canônico a respeito da maçonaria".
No mesmo dia em que entrava em vigor o novo Código de Direito Canônico, L'Osservatore Romano
publicava esta Declaração da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, sobre a maçonaria:
"Foi perguntado se mudou o parecer da Igreja a respeito da maçonaria pelo fato de que, no novo
Código de Direito Canônico, ela não vem expressamente mencionada como no Código anterior.
Esta Sagrada Congregação quer responder que tal circunstância é devida a um critério relacional,
seguido também quanto às outras associações igualmente não mencionadas, uma vez que estão
compreendidas em categoria mais amplas.
Permanece, entretanto, imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações
maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da
Igreja, e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações
maçônicas estão em estado de pecado grave, e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão.
Não compete às autoridades eclesiásticas locais pronunciarem-se sobre a natureza das
associações maçônicas, com juízo que implique derrogação de quanto foi acima estabelecido, e isto
segundo a mente da Declaração desta Sagrada Congregação, de 17 de fevereiro de 1981 (cf. AAS 73,
1981, pp. 240-241).
O Sumo Pontífice João Paulo II, durante a Audiência concedida ao subscrito Cardeal Prefeito,
aprovou a presente Declaração, decidida na reunião ordinária desta Sagrada Congregação, e ordenou
a sua publicação.
Roma, da Sede da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, 26 de novembro de 1983". (Obra
citada, pág. 100 e 101).
E o que diz a maçonaria? Vejamos.
Não é nosso objetivo, pelo menos hoje, discutir ou debater as seis razões apontadas acima, as quais
serviram para os Papas Clemente XII em 1738 cominar a pena de excomunhão, e Bento XIV, em
1751, confirmá-la.
"Permanece portanto imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações
maçônicas, pois seus princípios FORAM SEMPRE CONSIDERADOS INCONCILIÁVEIS COM A
DOUTRINA DA IGREJA e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que
pertencem às associações maçônicas estão em estado de pecado grave e não podem
aproximar-se da Sagrada Comunhão. O Sumo Pontífice João Paulo II, durante audiência
concedida ao subscrito cardeal Prefeito, aprovou a presente declaração, e ordenou a sua
publicação".
"Maçonaria e Igreja Católica são simplesmente inconciliáveis, com uma inconciabilidade
que não depende de conjunturas históricas, nem de ações particulares, mas que é intrínseca
à própria natureza de ambas as instituições".