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0 Imperador Trajano (98-117) em 107 quis oferecer ao povo de Roma
"grandioso espetáculo": homens ilustres e gladiadores seriam expostos a
11.000 feras no Coliseu, a fim de que o público presenciasse a luta e
"se divertisse". Entre os condenados, estava um cristão chamado Inácio,
bispo de Antioquia (Síria). Fora preso por causa da sua fé. Durante a
viagem para Roma, a escolta que o acompanhava fez escala em Esmirna
(Turquia de hoje); aí Inácio resolveu escrever uma carta aos cristãos de
Roma...
E que lhes diria? Queria pedir-lhes que não intercedessem em seu favor
junto às autoridades imperiais, mas deixassem que fosse levado até o
certame final e o martírio ("Deixai que seja presa dos animais ferozes,
por eles chegarei a Deus; oxalá seja moldo pelos dentes dos animais, para
tornar-me o pão puro de Cristo"). Dessa carta merece destaque, entre
outros, o seguinte trecho: "Se vos calardes a meu respeito, serei
Palavra (Lógos) de Deus; se, porém, amardes a minha carne, serei simples
voz (phoné)".
A distinção entre phoné - simples voz - e lógos - palavra ou
discurso significativo - era usual entre os antigos. S. Inácio a aplica a
si: o martírio ou o testemunho de Cristo proferido até a morte cruenta o
tornará palavra de Deus; caso contrário, perderia a grande oportunidade da
sua vida e se julgaria reduzido à condição de simples sopro.
Os dizeres de S. Inácio têm valor perene. Lembram-nos que todo homem, por
seu teor devida, pode assumir três configurações:
Todo cristão é chamado a responder a tal anseio, fazendo de sua vida a
expressão da mensagem de Deus.