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DOUTRINA DA PROSPERIDADE... OU DOUTRINA DA COBIÇA?
Fonte: Lista "Reflexões"
Transmissão: Antonio Xisto Arruda

"Se alguém ensina alguma outra doutrina e não concorda com as sãs palavras do nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino que santifica, é enfatuado, nada entende, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, suspeitas ruins, contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, supondo que a santificação [através da pregação do Evangelho] é uma fonte de lucro. Porém, grande fonte de lucro está de fato na santificação com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Mas tendo sustento e com que nos cobrir, estejamos com isto contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação e em cilada, em muitas concupiscências loucas [apetite sexual excessivo] e perniciosas, as quais submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns nessa cobiça se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores" (1Tm 6,3-10).

Muitos pastores encorajam as pessoas a crerem nesta tal doutrina da semente que, segundo eles, ensina que Deus abençoa de acordo com a quantidade de dinheiro que você dá numa causa de Deus. Isto é, você receberá de volta dobrado, triplicado, multiplicado aquilo que você ofertar. Como se fosse um depósito numa conta bancária (quanto maior o depósito, melhor) que rende grandes juros, onde hoje se deposita X e amanhã se retira XXX.

Entretanto, o que a Bíblia ensina é que Deus abençoa o nosso desprendimento ao dinheiro. Isto pode ser visto em 1Rs 3,5-14 ("...Apareceu o Senhor a Salomão, de noite, em sonhos e disse-lhe Deus: ‘Pede-Me o que queres que Eu te dê. ...'Dá, pois, ao Teu servo coração sábio para julgar o Teu povo'. Estas palavras agradaram ao Senhor, por haver Salomão pedido tal coisa. Disse-lhe Deus, 'Já que pediste esta coisa [sabedoria] e não pediste longevidade, nem riquezas, nem a morte de teus inimigos; mas pediste entendimento, para discernires o que é justo; eis que faço segundo as tuas palavras, dou-te coração sábio e inteligente, de maneira que antes de ti não houve teu igual, nem depois de ti o haverá. Também até o que não Me pediste eu te dou, tanto riquezas como glória; que não haja teu igual entre os reis, por todos os teus dias. Se andares nos meus caminhos e guardares os meus estatutos e os meus mandamentos, como andou Davi, teu pai, prolongarei os teus dias"). Quando Deus ofereceu Salomão para pedir qualquer coisa que ele desejasse e Salomão não escolheu riqueza material, Deus se agradou do desprendimento material no coração de Salomão e o abençoou com muitas riquezas. Portanto o que Deus abençoou foi o desprendimento ao dinheiro que Ele viu no coração de Salomão.

Este mesmo princípio pode ser visto em Mateus 6,24 onde Jesus ensina que não podemos ter dois senhores ("Não podeis servir a Deus e às riquezas").

O ato de dar deve ser exercitado com desprendimento àquilo que está se dando, e não com pena ou com interesse de receber de volta multiplicado. Na verdade, se for esta a intenção escondida por traz do ato da oferta (qualquer oferta, sem necessariamente ser de dinheiro, mas também de trabalho e ajuda) Deus não abençoa porque Ele vê o que está no nosso coração e qual foi a nossa verdadeira intenção por traz daquela oferta. E quando isto acontece, isto é, quando Deus não abençoa determinadas ofertas, as pessoas tendem a se voltarem contra Deus achando que Ele não cumpre com Suas promessas, porque lhes foi erroneamente ensinado que Deus abençoa desta forma. Com isto, as pessoas se desiludem de Deus e começam a achar (ignorantemente) que Deus não cumpre com Suas promessas e conseqüentemente aquela pessoa acaba se desviando dos caminhos de Deus e deixa de crer na benção da oferta verdadeira e genuína. Deus nunca prometeu abençoar a cobiça; que é exatamente no que está enraizado à oferta que deseja retorno dobrado. Muito pelo contrário, Deus condena a cobiça (Dt 5,21 - "Não cobiceis a mulher to teu próximo. Não cobiceis a casa do teu próximo, nem o seu campo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo").

O que Deus abençoa porém é o desprendimento ao dinheiro e coisas matérias e a obediência. O ato de dizimar por exemplo deve ser feito em obediência ao desejo de Deus que dizimemos (Ml 3,8-12): "Roubará o homem a Deus? Todavia, vós Me roubais e dizeis, Em que Te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a Mim Me roubais, vós, a nação toda. Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na Minha casa; e provai-Me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se Eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida").

O que Deus abençoa é obediência a este comando e não o dízimo em si. O dízimo e as ofertas somente são abençoados por Deus quando são dados com desprendimento e por obediência. Se ofertarmos algo a Deus (qualquer dinheiro, coisa material ou trabalho) com a expectativa de recebermos um retorno (multiplicado), imediatamente perdemos a benção da nossa ação. Porque Deus vê a nossa intenção nos nossos corações. O dízimo não é um favor que fazemos a Deus. É uma obrigação e deve ser dado com total desprendimento e sem esperar nada em troca. Deus porém, na Sua infinita graça, abençoa o generoso (o que dá sem medo de lhe faltar) e aqueles que são desprendidos do que possuem e de coisas materiais. É daí que vem a benção, do que possuímos dentro do nosso coração, e não no ato de dar em si mas no porque damos. Homens que ensinam essa doutrina da semente como uma espécie de conta bancária que rende grandes juros estão causando grandes danos espirituais em si próprios e nas pessoas por que estão desavergonhadamente causando as pessoas a crerem numa mentira.

Não há passagem nenhuma na Bíblia que ensina que Deus multiplica aquilo que damos (isto é, a ação de dar em si não prova nada para Deus). O que a Bíblia ensina porém é que bênçãos cairão do céu em tamanha quantidade para àquele que é obediente (que dá por obediência) e desprendido do dinheiro (que dá com desprendimento, sem restrição, e sem medo de dar) que ele não conseguirá conter Ml 3,11: "Por vossa causa repreenderei o devorador [o diabo] para que não vos consuma o fruto da terra; a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos Exércitos. Todas as nações vos chamarão felizes, porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o Senhor dos Exércitos"). Ou seja, justamente o contrário dos ensinos de muitos pastores e evangelistas fraudulentos que com seus falsos ensinamentos encorajam a cobiça no coração das pessoas.

Fiquem alertas meus queridos irmãos e tenham discernimento entre a voz do diabo e a voz do Espírito Santo. Tudo aquilo que não entra em harmonia total com a Bíblia não é a voz do Espírito Santo. Pois se esta doutrina da semente fosse algo de fato o que a Bíblia diz e ensina ("que Deus multiplica aquilo que damos"), a Palavra de Deus entraria em grande contradição. Porquê? Ora, pois num livro de total harmonia divina, como a Bíblia, uma coisa não contradiz a outra. Isto é, pois se em Mq 2,2: "Ai daqueles que no seu leito imaginam a iniqüidade e maquinam o mal!... ...Se cobiçam campos, os arrebatam; se cobiçam casas, as tomam..."), em Rm 7,7: "Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça se a lei não dissera, 'Não cobiçarás'"), também em Rm 13,9 ("...não matarás, não furtarás, não cobiçarás..."), e em várias outras passagens bíblicas Deus nos diz que não devemos nutrir nenhum tipo de cobiça e que devemos eliminá-la totalmente dos nossos corações, como é que podemos dar uma oferta esperando algo (de qualquer tamanho) em troca, como sugere a doutrina da semente? Claramente esta é uma doutrina enganosa e errônea e os únicos que estão se beneficiando dela são os seus ensinadores, que muitos estão ricos à custa de ensinarem uma mentira. Deus os irá manter responsáveis por esta heresia e a punição será bastante severa. Lembrem-se que Deus não pune apenas os falsos ensinadores mas também aqueles que se deixam ensinar erroneamente, pois nenhum ensino nos é dado exceto com o nosso próprio consentimento (Jr 14,15-16).

Pela leitura da Bíblia observamos que não devemos ser enganados e aprendermos as coisas erradas. Leiam a Palavra de Deus e deixe que Ela lhes ensine as verdades de Deus e assim os proteja das falsas doutrinas e falsos ensinamentos. Aprendam do Senhor e não dos homens!